CBF, Europa, Adriano e outras questões.
(El Greco. “Frei Hortensio Felix Paravicino”, 1609)
Jogar na Europa
Essa discussão de que jogador brasileiro deve ir pra Europa para ganhar “aprimoramento” e “visibilidade” sempre dá o que falar.
O jogador Neymar diz que não e, pelo que diz a mídia o técnico Mano Menezes, aprova esta ideia. Não sei se esta Europa em crise, financeira e de futebol, seria um lugar de aprimoramento. É certo que ir para um outro país sempre trará ganho a qualquer pessoa. Nova língua, nova cultura, novos amigos, tudo faz com que o craque cresça. Mas isso vale para todo mundo: técnicos, médicos, preparadores etc. Agora tenho muitas dúvidas se este é o principal problema do futebol brasileiro. Por outro lado, depende para que Europa vai o jogador. E, principalmente, para que Clube.
Há países e clubes europeus em grande precariedade. Ir para estes é retroceder.
Triunvirato?
A Folha, de ontem (terça), diz que com a saída de Ricardo Teixeira da Presidência da CBF a entidade será dirigida por um triunvirato. Seriam o presidente formal, José Maria Marin, o craque Ronaldo e o Diretor de Futebol da CBF, Andrés Sanches.
Não sei. A Folha deve ter lá suas fontes de informação. Mas, pelo que ouço, o primeiro embate será entre os descontentes (as Federações e o Rio) e o novo Presidente.
Será uma luta dura, valendo tudo. Tudo mesmo!
Consolidado o poder (por um ou outro grupo), este passará a dar as cartas. Podendo até ocorrer uma composição de interesses entre os dois.
Mas não haverá triunvirato nenhum.
60 dias ? É muito.
O Estadão de hoje diz que o Diretor de Futebol Andrés Sanches decidirá, em 6o dias, se fica na CBF. É muito tempo. Como já disse aqui, ele deveria não ter aceito o cargo. Diretor da CBF é para cartola de clube médio. Que faz composições e acordos o tempo todo. No DNA de cartola do Timão não deve ter este vírus.
O Corinthians, pelo seu tamanho, pela enorme inveja que atrai, é Clube de confronto. E não dá para ficar fazendo média com Vasco, São Paulo, Palestra, Flamengo etc. O Andrés deveria demorar 6 segundos e largar este cargo.
Não ganha nada ficando lá.
Adriano, caninha e bebedeira.
Os jornais de hoje, de forma discreta, mas persistente, dizem que o jogador Adriano teria saído do Corinthians por “bebedeira”, ou “caninha” como falam, reservadamente os Diretores do Timão.
Não deveriam falar nada. O problema de Adriano já era sabido e o Clube, quando o contratou, acreditava que poderia recuperá-lo. Não deu certo.
Pronto. Vamos para outro. Não devemos ficar querendo atacar o jogador para contrabalançar as notícias que sempre aparecem do “prejuízo” que o Clube teve.
A UOL chega a dizer que o atleta custou 12 mil por minuto ao Corinthians. Que ganhou 4,2 milhões etc. Deu errado. Deu prejuízo. Mas poderia dar certo? Poderia.
A falha do jogador já era conhecida. E a do Clube ficou clara em todo o período. Agora, ficar falando em bebedeira é um equívoco. O que poderia fazer o Clube é começar a promover palestras aos jogadores sobre o problema do alcoolismo. Especialmente aos jovens atletas, que aprendem que “uma cerveja” não faz mal. Para isso devem contratar especialistas de bom nome. Não vão querer fazer isso com nosso Departamento Médico. Aí não vai dar certo.
Como não deu com o Adriano.
Tostão
” Adriano só tem chance de jogar futebol, em bom nível, quando tratar, para valer, de seus problemas psíquicos e sociais, por quem entende muito do assunto. Não adianta apenas dar conselhos nem tapinhas nas costas “. Tostão, na Folha de hoje. Escreveu tudo em uma frase curta. Craque no campo e no computador. Viva !
Que segunda!
(Edgard Degas. “Les repausseses”, 1884, oleo sobre tela)
A saída de Ricardo Teixeira da Presidência da CBF bem que poderia ser um marco para uma grande mudança no futebol brasileiro. Acho que o ideal seria que nossa principal entidade de futebol trilhasse o mesmo caminho do Corinthians. Nossas autoridades federais poderiam estabelecer uma regra – que o Timão adotou – de proibição de reeleição por mais de um período, no nosso caso três anos. E isso deveria ser pra todo o esporte nacional.
No caso do futebol, o colégio votante deve incluir os Clubes da Primeira divisão (Segunda e Terceira, também), como ocorre em todo o mundo. Sem reeleição entrariamos em um novo ciclo do futebol (de todos os esporte, na verdade). Não sei se o Executivo e o Legislativo topariam fazer uma mudança desta dimensão, mas este seria o momento.
Diretor de Futebol da CBF
Neste blog já disse que o ex-presidente Andrés Sanches não deveria ter aceito o convite para ser Diretor de Futebol da CBF. Como afirmei, não é do DNA de cartolas do Timão ocuparem cargos onde deverão fazer composições, acordos com SPFC, Palestra, Vasco e Flamengo. Nosso Clube e sua presença social imensa, não permitem um convívio de barganhas e composições. E na Seleção é só isso o que existe.
Cargo na CBF é para Dirigente de Clubes médios, não para gente do Corinthians. Nós nascemos e crescemos no confronto.
E a CBF não é nossa praia.
O problemaço Adriano
Não vou repetir aqui tudo que já falei sobre o caso Adriano. Desde sua contratação pelo São Paulo em 2009, quando recebi uma saraivada de ataques dos tricolores, pois disse que o problema do jogador não era só uma recuperação muscular, mas envolvia outros (e mais graves) problemas, tenho mantido uma posição serena.
Agora, quando o Corinthians anuncia seu desligamento, não vou mudar tudo o que falei. Não vou culpar o jogador por ele ter um problema. Quando contratamos sabíamos de tudo. Inclusive das dificuldades que o atleta teria para voltar atuar de forma adequada. Não creio que devamos fazer como outro Clube que, frustrado com a não recuperação do jogador, passou a acusar a doença e o paciente.
O Corinthians fez uma aposta. E ela deu errado. Ou porque o paciente era dificil ou porque não nos preparamos adequadamente para superarmos os problemas. Como é sabido, não é apenas contusão muscular (isso se recupera) ou um pouco de peso. A depressão e o alcoolismo são de superação complexa. E não é coisa para médico ortopedista (isto quando o são).
Não cabe, neste momento, satanizar o jogador, como fará a mídia em geral. O Clube cometeu erros desde o momento da contratação, quando inventou que ele viria sob duas condições: receberia por produção (quer dizer, jogando ganhava); e o Clube poderia rescindir o contrato a qualquer tempo. Não havia nada disso. Era apenas uma mentirinha para acalmar a torcida que era contra.
Conhecendo os problemas do jogador, o Clube deveria ter procurado especialistas de gabarito para tentar resolver suas questões. Mesmo grandes profissionais teriam dificuldades. Mas, enfim, nada deu certo. E nós ficamos sem um atleta nas competições deste semestre. O Clube apostou, não se preparou bem e perdemos.
Vamos pra frente que o leite já foi derramado.
Que Ibope fraquinho!
No último domingo o Palestra goleou mas quase levou ao desespero a TV Globo na sua transmissão direta do Campeonato Paulista. Foi uma audiência fraca. Muito fraca. Que prejudica o futebol como um todo.
Olha a mídia, querendo limpar o passado.
Chega a ser constrangedor ver jornalistas (rádios, tv, jornais e blogs) que ficaram elogiando o ex-Presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ao longo destes anos, e agora passam a fazer duros ataques a sua gestão. Tudo bem que este fenômeno de atacar quem cai já é conhecido. Mas deveriam ser mais discretos.
Como também fica ruim para a mídia atacar o jogador Adriano, como se ele e sua doença fossem culpados de tudo. Ninguém na mídia se lembra do que divulgaram – quando da contratação – uma pequena mentira da Direção do Timão: o jogador ganharia por produção e o contrato poderia ser rescindido a qualquer tempo.
Como a mídia divulgou isso – de forma intensa e com elogios – lembrar hoje poderia respingar nas “cordeiríssimas” notícias que deram.
É doença
(Rembrandt, “Os síndicos da guilda de alfaiates de Amsterdã“. 1662, óleo sobre tela)
Clube também fica doente. É o caso do São Paulo: que quer (porque quer) tornar-se a maior torcida do Brasil.
Há uns 10 anos o Departamento de Marketing tricolor fixou a data em que teria mais torcida que o Corinthians: 2013. Concorrendo com as religiões que marcam o fim do mundo, o SPFC passou a divulgar um trabalho (cientifico, diziam) que mostrava a liderança tricolor a partir de 2013. Creio que acreditaram numa pesquisa da Folhinha (com crianças de 4 anos) e passaram ao delírio. Como 2013 está aí e a profecia não poderá ser cumprida, estaria na hora de encontrar outra data. A matéria “A torcida que cresce” no Estadão deste domingo, 11/3, do Paulo Vinícius Coelho marca o sobrepasso em uma nova data. O jornalista, especialista em números, estatísticas etc. passa agora a divulgar números do futuro, e profetiza: “a tabela das maiores torcidas daqui dez, vinte anos (pode mudar) e a resposta indica o São Paulo”. Pronto, os tricolores podem respirar aliviados! Não será mais no ano que vem que passarão a ser a maior torcida, mas daqui uns dez ou vinte anos. O jornalista, que faz a matéria sobre o Nordeste, com um sem número de informações do ex-presidente do SPFC, Carlos Miguel Aidar, mostra que tudo é um trabalho bem feito do Tricolor.
Tudo bem que ele acredite, mas não é o que mostram os números. A torcida que cresce é a do Timão, em São Paulo e nos outros Estados. O São Paulo, para desespero do jornalista, ocupou (um pouco) do espaço do Palestra. Nada mais. Bom, mais agora os tricolores não precisam sofrer tanto. Não será em 2013, como dizia o marketing tricolor, mas daqui uns 10 ou 20 anos.
Ufa! Estão salvos da data fatal de 2013!
O problemaço Adriano
O problema do jogador Adriano continua a atormentar o Corinthians e a agitar todo o futebol. Como disse várias vezes: o Corinthians necessita de um Adriano em boa forma física . É um jogador que, em boas condições, decide jogos. O atual time do Corinthians é um time organizado (o melhor do Brasil), compacto, que perde pouco, mas que ainda precisa de uns 2 ou 3 jogadores diferenciados para dar um salto nas competições que disputa.
Adriano, em forma, poderia ser um deles. Não adianta nada ao Mosqueteiro ficar acusando o jogador disso ou daquilo. Quando o Clube o contratou já sabia de seu currículo. Muita confusão, dispensas e boas fases. O Timão foi para uma jogada de risco. Como a torcida (na maioria) não via com bons olhos sua contratação, a Diretoria divulgou duas “mentirinhas”: que o contrato seria por produção (jogando, ganharia) , e que o Clube poderia rescindir o compromisso a qualquer tempo. Era lorota, como foi lorota a história de que “o Tevez não vem agora (julho de 2011), mas estará aqui no ano que vem (2012)”.
A mídia, “cordeiramente”, aceitou tudo. Agora querem acusar o atleta por um comportamento pouco profissional. Qual é a novidade na postura do jogador? Será a primeira vez que tem esta conduta?
O Clube – uma vez que requisitou o jogador – deveria ter se preparado para superar seus problemas. Soa como piada deixar Adriano e suas questões a cargo de nosso Departamento Médico, cujo chefe não é um poço de virtudes. Só tem prestigio na crônica esportiva e programas de esporte, não contando com qualquer atividade Acadêmica ou reconhecimento nas Universidades. Pelo contrário, é tratado de forma irônica. Mesmo com uma Comissão técnica de excelente qualidade, o trabalho seria difícil. E com um Departamento Médico como esse, a missão fica para lá de complicada. O que todos podemos fazer é figa. Que o jogador tenha um momento de reflexão e volte para sua carreira.
E o Corinthians precisa muito de um bom jogador.
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