Gol de Letra

A Folha deste sábado, no Caderno Ilustrada, informa que a obra “Brás, Bexiga e Barra Funda”, de Antonio Alcântara Machado terá uma nova edição. Viva!  É um clássico do nascente modernismo brasileiro. Retrata, de forma pioneira, a cidade dos anos 20 do século passado. Os imigrantes, a cidade crescendo, suas atividades e tudo mais. E também o futebol aparece com destaque.

Para todos os corinthianos esta obra diz muito. Alcântara Machado era um intectual, advogado formado no Largo de São Francisco e de família quatrocentona. E com uma grande paixão: era corinthiano fanático.

Quando o clube pensou em construir seu primeiro estádio ( na Ponte Grande) em 1918, foi Alcântara Machado que alavancou. Arrumou tudo: terreno, dinheiro e material. Pelo seu trabalho foi declarado Presidente Honorário do Corinthians clube que apoiou por toda vida. Seguia os passos de seu pai outro corinthiano fanático. Nasceu em São paulo em maio de 1901 e faleceu aos 34 anos.

Neste livro, que completa 85 anos de idade, Alcântara Machado fala de um jogo  de futebol e do Timão em Corinthians 2 x Palestra 1 . É dos mais belos contos da língua portuguesa. Os gritos dos torcedores, as jogadas, a confusão com a polícia, os gols etc aparecem pela primeira vez na literatura brasileira.

 Paulo Francis em 1994, no jornal o Globo, dizia que ” falta ao país um estudo decente sobre Alcântara Machado ” Esperemos que com este novo lançamento inicie-se uma pequisa mais profunda do nosso querido  presidente de honra. Como disse Menotti Del Picchia, autor de” Juca Mulato” e um dos  organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922: O Corinthians é um fenômeno sociólogico a ser estudado em profundidade”. E Alcântara Machado fez isso.

Ficha Limpa

O atacante Adiano fez acordo com o Corinthians e encerrou sua disputa trabalhista. Segundo o Blog do Birner ( Corinthians vai pagar  2 milhões para Adriano. Veja os detalhes do acordo e a íntegra da sentença http://www.blogdobirner.net ) o assunto foi morto e  encerrado sem confusão.

Aquela briga toda que havia sido prometida pelos jornais, não se confirmou. O Corinthians dizia que tinha ” um caminhão” de provas que justificavam a justa causa na demissão. Ou não confiou “no caminhão” ou descobriu que lá, também, estavam as autorizações do Departamento Médico para suas ausências no tratamento e no clube. Sem justa causa, sem briga e com um dinheirinho no bolso.

Ronaldinho é melhor que Garrincha !

Não sei se todos lembram mas, houve um tempo ( creio que no período da Copa na Coréia e no Japão)  onde vários jornalista iniciaram um interessante discussão. Será, diziam eles, que ” não é hora de reconhecer que o Ronaldinho Gaúcho é jogador superior a Mané Garrincha e só abaixo do Pelé“.  Lembram ? Os jornalistas esqueceram disso.

Sim e Não…

Quando o Corinthians anuncia a chegada de jogadores como Romarinho, Victor Jr e Elton (para citar alguns nomes) está adotando uma política de contratação com duas consequências: por um lado, aposta em jogadores jovens e promissores (se darão certo ou não é outra coisa) mas, por outro lado, desestimula totalmente os jogadores da categoria de base do clube.

No primeiro caso – contratações de promessas de outros clubes – muitas vezes a aposta dá certo. Na história do Timão, encontramos muitos exemplos de jogadores que chegaram, sem carreira consolidada, e tornaram-se grandes jogadores do clube.  São muitos os exemplos recentes ou antigos. Cito o goleiro Gilmar. O maior arqueiro da história do Corinthians e da Seleção Brasileira. Veio do Jabaquara, de contrapeso na contratação do volante Cassiá. Cresceu e virou o maior goleiro da história do clube. Nas últimas décadas tivemos várias situações de sucesso em contratação de jogadores  para “compor o elenco”.

Mas tivemos muitas (e põe muitas nisso!!!) situações de fracasso com jogadores em formação. O peso da camisa, o susto com a torcida, a diferença dos adversários e tudo mais, na maioria das vezes, impedem a evolução positiva dos novatos contratados.

Ocorre que, quando chega  um jogador contratado com este projeto, há uma consequência ruim na base do clube. Lá estão inúmeros atletas que buscam um “lugar ao sol”. E a luz é a promoção para o elenco principal. Cada um que chega do Bragantino, do Avaí ou do Vasco, fecha uma porta para os jovens da base.

Nas últimas décadas, não foram poucos os momentos em que o clube (por falta de dinheiro ou de atletas no mercado) voltou-se para sua base. Jogadores para compor o elenco sempre foram trazidos das categorias inferiores do Timão. Muitas vezes, revelamos craques (para citar um, lembro Rivellino) e,  em outras, jogadores bons (médios)  que muito fizeram pelo Corinthians.

Creio que esta política de partilhar o “passe” (contrato) dos jogadores da base desestimulou o clube de revelar jogadores. Que interesse terá o Corinthians de promover, para o elenco principal, um jogador cujos “direitos contratuais” (passe) são de fulano ou beltrano? Nenhum!

Uma estratégia de promoção de jogadores da base “para compor o elenco”, só voltará quando tivermos atletas com 100% dos direitos (passe) pertencentes ao clube. De outra forma, continuaremos contratando jogadores que estão em fase igual aos nossos da base. E pouco ganharemos.

O futebol na TV e rádio

Não é segredo para ninguém que o futebol vem perdendo espaço na TV e nas emissoras de rádio. Programas de esportes vêm caindo no “Ibope”, de forma contínua em todas as emissoras. Mesmo as transmissões das partidas de futebol vêm diminuindo sua audiência.

Os conhecedores desta área têm um número grande de explicações. Alguns justificam que a Internet está “tomando” ouvintes e espectadores, e outros dizem que o formato desses tipos de programa está esgotado.

Muitos acham que o exagero no humor destes programas (que a rigor não é humor) com discussões “arranjadas”, críticas e gozações de baixo nível de criatividade levam as pessoas a deixar de ver e ouvir.

Não sei o que está ocorrendo, nem sei qual é a solução para este problema. Mas acho que o futebol é paixão e entretenimento e deve ter um certo grau de descontração. Mas nada com estas baixarias que aparecem de vez em quando. Outro problema é que estes programas trazem, todo dia, melhor dizer, toda hora, novas e novas contratações de jogadores que …em seguidas não se confirmam. E o ouvinte ou telespectador começa a ficar cansado.

Não sei como devem as TV´s e rádios agirem para mudar isso, pois essa programação é de grande importância para o futebol. E precisa ter boa audiência.