Vale a pena ler de novo
A mídia esqueceu a biografia do Bispo Edir Macedo
(Reprodução)
por Marcos Malaquias, professor, jornalista e escritor
A imprensa brasileira praticamente ignorou a biografia do Bispo Edir Macedo (Nada a perder, volume I) publicada pela Editora Planeta.
Um erro. Grave. O Bispo é fundador e principal dirigente da Igreja Universal do Reino de Deus. Sua Igreja, com menos de 40 anos, é um grande sucesso com templos em todo o Brasil, na América Latina, nos Estados Unidos e na África. Quem vai a Buenos Aires, Montevidéu, Santiago e outros capitais de países vizinho encontrará sempre um grande templo da IURD.
Não li uma resenha ( pelo menos uma) sobre o livro nos nossos principais órgãos de imprensa.
Perde a mídia e perde o público que ficam sem conhecer muito da história do nascimento da Universal.
Não é um livro de confronto religioso. As divergências doutrinárias entre a Igreja de Macedo e as demais organizações do cristianismo praticamente não aparecem no livro. Mesmo a Igreja Católica, sempre vista como inimiga dos evangélicos ( especialmente os de ramos pentecostal) , recebe apenas algumas linhas de críticas. A revolta contra os santinhos e uma citação sobre pedofilia são quase nada considerando o porte da dissidência que tiveram Lutero, Calvino, Erasmo e outros no século renascentista.
A rigor, o livro pouco traz dessa confrontação doutrinária. Uma série de citações da Bíblia numa análise pouco profunda de temas dos mais variados.
Provavelmente esta ausência de discussão doutrinária deva-se ao fato de que a Igreja Universal ter pouco a ver com os reformadores originários (como Calvino e Lutero). Basta lembrar a dura crítica que os dissidentes tiveram aos “cultos com superstição” que ,segundos eles, a Igreja Católica fazia. Velas, rezas, terços, água benta, etc, tudo era criticado pelos reformadores. Especialmente a coleta de dinheiro ( em troca de perdão) que tanto ajudaram a construção do Vaticano.
Nos dias atuais a IURD ( e outras denominações pentecostais) realizam atos que escandalizariam qualquer protestante dos anos 1.500: óleo da terra santa, porteira que tira os pecados, meias abençoadas, entre outros, muito próximos das superstições denunciadas quando do rompimento com a Igreja Católica.
Mesmo as citações bíblicas feitas na biografia do Bispo Macedo pouco contribui para um debate doutrinário. A fé firme na “Palavra de Deus” substitui qualquer discussão sobre a Bíblia .Para estas correntes do novo protestantismo, o livro sagrado veio do nada e num ato sem explicação. Nenhum crédito é dado a São Jerônimo que tanto trabalhou para traduzir e organizar os livros bíblicos nos anos 400 dc.
Caso a biografia do Bispo Macedo tivesse resumido a doutrina de sua Igreja ele poderia responder as questões duras que, nos tempos atuais, atinge as igrejas cristãs (especialmente a católica). Muitos dos livros bíblicos da “Vulgata”, dos anos 400, sofrem hoje grande contestação. Vários, para não dizer a maioria deles, tem sua autoria contestada e outros tantos fatos e citações tem hoje comprovação contrária aos ditames da “Palavra de Deus”. Lembre-se ainda das contradições entre os próprios livros bíblicos uma falando uma coisa e outro afirmando outra. O próprio São Jerônimo lutou com esses problemas ao organizar os livros “sagrados”. E teve dúvidas. O livro do Apocalipse, por exemplo, entrou e saiu várias vezes do “canone”.
A Igreja Católica vai enfrentando, como pode, as descobertas do século passado que tanto atingiram a história do cristianismo. Como sempre apoiaram na “tradição” do povo cristão, quando colocada diante de um fato incontroverso – e contrário a Bíblia- sai pela porta de que a Igreja recolhe a “tradição ” da versão católica.
E as novas Igrejas Evangélicas, como a IURD, como ficam? Preferem dizer que a Bíblia é uma obra do Espírito Santo que caiu por ai em um tempo incerto e num lugar indeterminado?
O livro do Bispo Edir Macedo pouco – ou nada- ajuda para conhecermos estas questões de doutrina.
A história que conta é de uma Igreja que nasce de brigas e brigas entre pastores e que o maior objetivo é enfrentar o sofrimento seja ele qual for o físico ( defeitos e doença), mental (por trabalho do diabo) ou financeiro.
A Igreja não nasce por uma divergência bem definida com outras correntes do cristianismo. Busca uma nova prática e sua origem é um sofrimento familiar ( sua filha nasce com um defeito físico). O caminho é a fé na superação dos problemas e a dedicação a causa. Seu comovente relato sobre o nascimento da filha mostra todo empenho em encontrar forças para vencer os obstáculos.
O livro, embora não doutrinário, é um roteiro interessante e sincero da história da Igreja. Mostra todo tipo de briga entre os “irmãos” inclusive com seu cunhado o missionário R. R. Soares para quem sobra as maiores farpas. Mas há outros adversários como o pastor Samuel Coutinho que acusa o Bispo Macedo de ter “tomado” sua primeira igreja.
Claramente a biografia é um ato de defesa. O Bispo Macedo sabe que seus inimigos estão por ai ( ele não esconde e ataca os que romperam com a Universal) e sabe que eles divulgam versões oposta a sua. Ele faz sua parte trazendo sua versão sobre os fatos.
Lamentável que a grande mídia tenha praticamente ignorado o primeiro volume da Biografia. Mesmo aqueles que são contra ( por opinião religiosa ou interesses comerciais) teriam bons motivos para ler o livro. Muitos fatos e pessoas citadas são inimigos do Bispo Macedo e poderiam dar suas versões em contrário.
Ao propor o silêncio sobre o livro a grande mídia comete um grande erro.
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É extremamente compreensível, Hoje Edir Macedo possui uma rede de TV que o patrimônio acima de 1 bilhão de reais .fora o interesse de outras Religiões (dominante) não queiram esse tipo promoção em massa.