Oct 8, 2014

As mudanças que o Bom Senso quer.

Os jornais de hoje (07 de outubro) informam que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e o movimento Bom Senso, organizado por jogadores, estariam chegando a um acordo que permitiria a aprovação da lei que refinancia as dívidas fiscais dos clubes.

Haveria ainda algumas divergências que impedem -até este momento- uma rápida votação.

Um dos pontos de conflito é o percentual de orçamento dos clubes a ser gasto no futebol. Segundo informam, cada equipe somente poderia gastar 70% no futebol, isto é, em salários e contratações.  O restante deveriam ser direcionado às categorias de base.

Somente o extremo desespero dos clubes leva-os a discutir essa matéria nos termos atuais. É claro que é importante direcionar investimentos às categorias de Base. Este blog já falou sobre isso (leia aqui).

Também é igualmente importante estabelecer limites nos gastos de salários e contratações. Mas parece inviável propor um lei geral aos clubes regulando esta matéria. Chegar a esses detalhes é um exagero que não ajuda o futebol.

Os gastos do futebol e dos demais itens deveriam ser limitados pela receita de cada clube. Quem não tiver orçamento equilibrado (com receitas e despesas se igualando) deverá sofrer as consequências.

Se submeter a ideias como estas, propostas pela lei só se explica pela posição de rendição dos dirigentes do futebol.

Acrescente-se que a maioria das agremiações têm outros esportes olímpicos, que não podem sofrer uma interrupção súbita. Basquete, natação, vôlei etc estão presentes na maioria dos grandes clubes.

Pelo que diz a mídia, a outra medida proposta é a que limita as antecipações de receitas por partes dos clubes. Seria estabelecido um limite de 30% do recebível no exercício do primeiro ano de uma nova gestão que poderia ser comprometido. Também já debatemos isto aqui no blog (leia aqui). Não há dúvidas que os clubes precisam limitar este avanço em receitas futuras. Seria melhor que cada clube estabelecesse em seus estatutos as devidas normas limitadores das contínuas antecipações.

Ainda que de forma um pouco confusa, é positivo que esta lei trate deste problema.

Curioso nisso tudo, no entanto, é ver os jogadores impondo normas nas gestões dos clubes. Só uma situação de absoluta penúria das agremiações possibilita este quadro atípico. Interessante, também, é que não apareceu, até agora, nenhuma idéia do Bom Senso para limitar as parceiras entre os clubes e  “investidores” que dividem os direitos econômicos dos contratos de jogadores. A Fifa já tomou medidas positivas nesta área (leia aqui). Talvez, porque entre os “parceiros” muitos sejam jogadores e “ex-jogadores”.

Nestes casos, como vemos, o Bom Senso fica no silêncio.

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