Com a verdade fora do jogo
No último sábado o Estadão publicou longa matéria, de João Villaverde, sobre as dívidas fiscais dos clubes de futebol e os Refis que andam sendo feitos pelas agremiações.
O diretor financeiro do Corinthians, Raul Corrêa da Silva, na matéria citada, repete a lógica do nazismo: uma mentira contada repetidas vezes pode tornar-se verdade.
O dirigente corinthiano, ao justificar os graves problemas fiscais atuais do clube, diz que “quando fomos para série B, em 2007, as dívidas do Corinthians poderiam levar o clube para a sérrie C”. Com essa tática diversionista, ele procura jogar num passado indefinido os problemas atuais do clube com o fisco.
É um equívoco completo essa tática de correr da verdade. Embora fora da direção executiva do clube (desde 2004) todos sabemos -e o dirigente também sabe- que os problemas fiscais do clube não são originários do que diz o diretor. A gestão que assumiu após 2007 não esconde que foi política sua -assumida e praticada- de não pagar os impostos (mesmo quando recolhido de outros) concentrando seus esforços em outras dívidas que dizia ter.
Se o Corinthians gastou o que não podia no futebol com contratações, renovações, comissões e salários lunáticos, agiu assim porque achou que deveria fazer. Querer encontrar outras explicações do motivo pelo qual o clube não recolheu os impostos é trabalho imaginoso (como ocorre agora), mas nem sempre verdadeiro.
No correr da matéria, o diretor financeiro mostra que mesmo quando se fala uma ardilosa mentira aparecem alguns pontos da verdade. Diz o financeiro: “O quadro hoje é muito melhor. Voltamos a pagar tudo em dia a partir de 2011 e negociamos o atrasado”. Ah, então a dívida é até 2011 e não a herança de 2007?
Só não explica o diretor o que foi parcelado e quem vai pagar as parcelas dos impostos devidos. Bom, isso é problema para os próximos anos e até lá o diretor financeiro buscará outra explicação.
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