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Nov 15, 2012

No gol

Eu só penso no Corinthians campeão’
Com o Mundial na cabeça, goleiro diz não temer o Chelsea e desafia: ‘É em campo que vamos decidir quem é melhor’

RAPHAEL RAMOS , VÍTOR MARQUES – O Estado de S.Paulo

A fala mansa e pausada pode passar a falsa impressão de que Cássio continua tímido e inocente como quando tinha apenas 13 anos e deixou a pequena Veranópolis (RS) para tentar a sorte no Grêmio. Mas, com a experiência de ter passado quase cinco de seus 25 anos na Europa, o goleiro se transformou em uma pessoa de personalidade forte e opiniões contundentes.

Em entrevista ao Estado, ele diz que a Libertadores é mais difícil do que o Mundial e que o Chelsea terá de provar em campo que é melhor do que o Corinthians. Sobre a seleção brasileira, afirma que ficar fora da lista de convocados não tira o seu sono e que aqueles que criticam a sua ida para o time nacional não respeitam o seu trabalho.

Como está a preparação para o Mundial?

Vamos chegar bem tecnicamente e fisicamente. Sabemos que são dois jogos difíceis, mas, independentemente do que acontecer, estaremos bem preparados. O nosso time vinha tomando muitos gols, mas já corrigimos isso e os jogadores que estavam machucados estão voltando. Vamos chegar fortes.

Você já se sente consagrado por causa da Libertadores ou somente com o Mundial é que atingirá o patamar de ídolo?

Ganhamos a Libertadores, que é uma coisa que o corintiano queria muito, e ficamos marcados na história do clube. Mas para ser eternizado é preciso ficar muitos anos no clube, jogar bem e ganhar vários títulos.

No Mundial de 2005, o Rogério Ceni fechou o gol e sempre é lembrado por causa daquele jogo contra o Liverpool. Você sonha com que tipo de atuação?

Eu só penso no Corinthians campeão. Essa é a única coisa que passa pela minha cabeça. Só espero fazer um bom campeonato, mas sei que para isso acontecer tenho de pensar no coletivo, e não apenas em mim.

As equipes da Europa estão realmente um nível acima dos times brasileiros?

Antes de pensar na final, não podemos esquecer da semifinal. Todo mundo achava que seria fácil, mas o Inter perdeu para o Mazembe (em 2010). Os times ingleses chutam bastante de fora da área, são fortes fisicamente e bons nas bolas aéreas, mas é só em campo que vamos decidir quem é melhor.

Assusta sobrar cara a cara com um atacante como o Fernando Torres ou algum outro jogador do Chelsea?

Não, porque não fico pensando se esse ou aquele jogador vai chutar. Na hora do jogo, tenho de tomar cuidado com todos.

O que é mais difícil, a Libertadores ou o Mundial?

Na Libertadores, é muito difícil jogar fora de casa. Contra o Emelec, por exemplo, foi muito complicado. No Mundial, vamos jogar em campo neutro, com gramado bom, iluminação boa, bola boa… Teremos tudo do bom e do melhor.

Faltando pouco tempo para a viagem para o Japão, passa um filme na sua cabeça sobre o que você já fez pelo Corinthians, principalmente aquele jogo contra o Emelec, quando assumiu a vaga do Júlio César?

Falavam que eu não iria me firmar no Corinthians e que a diretoria teria de ir atrás de outro goleiro. Eu ouvia tudo isso, mas confio muito em mim. Sabia que aquele jogo contra o Emelec era a minha chance. Tinha na minha cabeça que se fosse bem não sairia mais.

Esse jogo foi o mais difícil que você fez no Corinthians?

O mais difícil foi contra o Vasco (partida de volta das quartas de final da Libertadores). Foi um divisor de águas. Por tudo o que aconteceu naquele jogo, acho que a gente ganhou o título ali.

Naquele jogo, você fez uma defesa cara a cara com o Diego Souza. O que passou na sua cabeça naquele momento?

Na verdade, nem deu tempo para pensar muita coisa. Primeiro, pensei em sair para tirar a bola, mas vi que não dava. Aí, tive a frieza de esperar ele definir para fazer a defesa mais importante da minha carreira.

Antes de chegar ao Corinthians, você ficou quase cinco anos na reserva na Holanda (no PSV Eindhoven). Saiu frustrado?

Sim, pelo fato de não ter tido uma sequência de jogos. No dia em que fui embora, perguntei para o treinador (Fred Rutten) por que ele não me deu uma chance. Até agora estou esperando uma resposta.

No Corinthians, você chegou como reserva. Pensou que poderia acontecer tudo isso de novo?

Era inevitável pensar, mas cheguei e trabalhei para conquistar o meu espaço. Desde o dia em que cheguei o meu objetivo era ter uma oportunidade.

Você se decepcionou por não ser convocado pelo Mano para o Superclássico do dia 21?

Achava que seria lembrado, mas não é uma coisa que vai me fazer perder o sono ou me desmotivar. É uma escolha do treinador, que achou que deveria chamar o Diego Cavalieri.

Acha que o título do Fluminense pesou na convocação?

Se for pensar assim, todo time campeão tem de ter todos os seus jogadores convocados.

Ficou chateado quando ligaram a sua convocação ao fato de você e o Mano terem o mesmo empresário (Carlos Leite)?

Cada um fala o que quer e tem gente que fala muita m… Foi uma falta de respeito com o meu trabalho. Fui campeão da Libertadores e o Corinthians teve a defesa menos vazada. Automaticamente, isso me credenciava para a seleção.

www.estadão.com.br

Nov 14, 2012

Merece todo aplauso.

R9 diz que despedida pelo Timão deve ficar para a nova arena

TimãoNet

O torcedor que ainda sonha com uma despedida de Ronaldo pelo Corinthians terá de aguardar até o fim de 2013. Foi o que avisou o ex-camisa 9, na tarde desta terça-feira.

– Essa ideia (despedida) está de pé, eu quero muito fazer esse jogo de despedida pelo Corinthians. Mas a gente está aguardando, queremos fazer no novo estádio do Corinthians – disse Ronaldo, em entrevista no programa “Arena Sportv”.

O estádio de Itaquera está previsto para ficar pronto apenas no fim de 2013. O Timão tem a esperança de antecipar o prazo da entrega das obras para setembro, apesar de a previsão ser dezembro. O local será a sede de abertura da Copa do Mundo de 2014.

Ronaldo se aposentou em fevereiro de 2011, após a trágica eliminação para o modesto Deportes Tolima (COL) na Copa Libertadores. Em junho, ele chegou a disputar um amistoso no Pacaembu, diante da Romênia, para fazer a despedida com a camisa da Seleção Brasileira, onde sagrou-se o maior artilheiro de Copas do Mundo, com 15 gols.

Após o título da Libertadores, o marketing corintiano sonhava com sua presença em campo no Mundial de Clubes da Fifa, algo prontamente descartado pelo departamento de futebol. Então, a ideia era que ele fosse como uma espécie de embaixador. Ele, no entanto, já descartou sua ida ao Japão, pois participará do quadro “Medida Certa” (para perder peso), do Fantástico, da TV Globo, e também garantiu presença na despedida do goleiro Marcos, no dia 12 de dezembro, data da estreia do Timão no Mundial.

www.timaonet.com.br

Nov 12, 2012

O problema é o Diário Oficial

Mano só é o técnico ‘atual’ da seleção, diz presidente da CBF

FERNANDO RODRIGUES

DE BRASÍLIA

 

2014O presidente da Confederação Brasileira de Futebol, José Maria Marin, evita falar em Mano Menezes como técnico do Brasil na Copa do Mundo de 2014. “Ele é o técnico atual da seleção brasileira”, diz.

Em entrevista ao “Poder e Política”, projeto da Folha e do UOL, Marin, 80, preferiu não ser assertivo ao analisar o futuro de Mano. Ao mesmo tempo disse não querer deixar o técnico e os jogadores sob pressão.

Marin evita falar de Mano como técnico em 2014 (2:09)Presidente da CBF referiu-se a Mano como “técnico atual da seleção”, mas não falou sobre a Copa de 2014. A entrevista aconteceu em 7 de novembro de 2012.

Advogado formado pela USP, ex-ponta direita do São Paulo no início da década de 50 e político paulista com longa carreira no Estado, Marin assumiu a CBF em março deste ano, depois de a entidade ter sido comandada 23 anos por Ricardo Teixeira.

Conservador, Marin apoiou a ditadura militar (1964-1985). Hoje, é filiado ao PTB. Na CBF, está revisando contratos da gestão anterior, mas com a ajuda remunerada de Teixeira ¬-que recebe R$ 100 mil mensais por essa consultoria.

Na entrevista, revelou ter sido procurado por Ronaldinho Gaúcho, jogador do Atlético Mineiro, que se colocou “à disposição”. Para Marin, seria “ideal” tentar “misturar a experiência desses jogadores consagrados com esses jovens”.

Sobre seu mandato, que termina em 2015, sugere não ter pretensão de continuar. Quem pode sucedê-lo? “O Ronaldo [Fenômeno] dirigente, em qualquer sentido, me agrada. De clube, de federação, de CBF”.

Sobre discursos que fez na década de 70, como deputado estadual paulista, à época em que foi preso e morto o jornalista Vladimir Herzog, o presidente da CBF diz ser uma “intriga” e uma “infâmia” atribuir a ele responsabilidade pelo episódio.

A propósito da fria relação com o governo federal, tem uma explicação: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “é do futebol”, um “boleiro”. Já Dilma Rousseff, não. Dado a formalismos, Marin usa o plural majestático para falar da atual ocupante do Planalto: “Nós temos o maior respeito e admiração pela atuação da presidente”.

A seguir, trechos da entrevista realizada no último dia 7:

Folha/UOL – O desempenho na Copa das Confederações é importante para a permanência do técnico Mano Menezes na seleção?

José Maria Marin – Quando cheguei à presidência da CBF, o técnico já estava escolhido. Demos um voto de confiança. Não se trata apenas da Copa das Confederações. Toda a partida é importante para observação, para análise e para a conclusão. Ele é o técnico atual da seleção brasileira. Não posso raciocinar em termos de hipóteses. Não quero que os jogadores e a comissão técnica estejam trabalhando sob pressão.

Mas a seleção está em formação…

Está ocorrendo uma coisa muito boa. Jogadores que já jogaram na seleção estão conversando comigo, colocando-se à disposição.

Quem?

O Ronaldinho Gaúcho, por exemplo. Eu o encontrei em Porto Alegre, na véspera do jogo entre Atlético e Internacional. Uma pessoa educadíssima. Veio em minha direção e de maneira alegre, totalmente à vontade, disse: “Ô, presidente, eu estou à disposição”.

Qual é leitura disso?

Que ele tem interesse em voltar a defender a seleção brasileira. Isso é muito bom. Se ele retornar… Quem decide isso é a comissão técnica.

Jogadores mais experientes são necessários numa Copa do Mundo?

Seria bom. Se nós pudéssemos misturar a experiência desses jogadores consagrados com esses jovens seria bom para um Oscar, para um Neymar. Seria ideal. Mas quem decide é o técnico.

O calendário brasileiro deve ser adaptado ao europeu?

De forma nenhuma. Não se pode desejar fazer um calendário brasileiro moldado em calendário europeu. O nosso país é um continente. Cabe quase 83% da Europa dentro do nosso país. Isso nunca vai acontecer.

Algo pode ser aperfeiçoado?

Precisamos estudar uma forma de, no período da seleção brasileira, em amistosos, não convocar mais do que um jogador de cada clube.

Essa proposta não alivia o Santos, que sempre tem Neymar convocado…

O Neymar tem satisfação em jogar pelo Santos. Mas ele tem uma alegria enorme em defender a seleção brasileira.

E se o time preferir não ceder?

Direito do clube. Se algum clube filiado à CBF não desejar que um atleta seu seja convocado, mande uma carta para mim dizendo isso textualmente.

O clube não será punido?

Não. Nenhuma punição.

O sr. é presidente da CBF e também do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo. Há conflito de interesses entre essas funções?

Não existe conflito. Mas não fui eu que criei essa situação. Eu cheguei e já existia. O ex-presidente Ricardo Teixeira era presidente da CBF e também presidente do COL. Eu vou procurar apenas cumprir a minha missão.

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, considera necessário limitar o número de mandatos dos dirigentes de entidades como a CBF. O sr. concorda?

Eu vou cumprir o mandato. Quem decide isso são os presidentes das federações e os presidentes de clubes. O meu mandato termina em 2015.

O ex-jogador de futebol Ronaldo Fenômeno expressou interesse em ser dirigente do futebol brasileiro, até presidir a CBF. O que sr. acha?

O Ronaldo é um vencedor. Como atleta, como empresário. Um homem respeitado no mundo inteiro.

O sr. vê com simpatia o nome dele?

Com muita simpatia. O Ronaldo deu uma grande contribuição ao futebol brasileiro. O Ronaldo dirigente, em qualquer sentido, me agrada.

Na CBF?

Ele pode ser de clube, de federação, de CBF. Faz parte do jogo democrático.

Contratos da gestão anterior à sua na CBF estão sendo revistos e analisados?

Estamos estudando. Temos chamado alguns patrocinadores. Você já deve saber, a TAM deixará de nos patrocinar. Nós já estamos em entendimento com outra empresa ou outras empresas.

Continua em vigor o contrato de consultoria de Ricardo Teixeira com a CBF?

Continua. Temos muitos contratos que continuam sendo examinados. Tem que haver uma consulta quase que constante [a Ricardo Teixeira] para nós sabermos algumas minúcias que precisam ser esclarecidas.

O valor do contrato dele é de R$ 100 mil mensais?

É mais ou menos isso.

Será mantido?

Eu espero, este ano [2012], devemos acabar de fazer análise de todos os contratos. Encerrando o período de exame dos contratos assinados anteriormente, eu acredito que no próximo ano [2013] não haverá necessidade dessa consultoria -que até hoje tem sido muito válida e necessária.

Por que a CBF não é mais transparente a respeito de salários de funcionários e custos da entidade?

Nós temos auditoria na CBF. As contas são julgadas por uma assembleia geral, apresentadas aos presidentes de 27 federações, aos presidentes de clubes. Não é uma coisa fechada, sigilosa.

Não seria melhor colocar na internet?

Mas a maioria ou a totalidade dos patrocinadores [tem] uma condição de confidencialidade. Se nós fizermos isso com um patrocinador, nós vamos afugentar a maioria.

É fria a relação entre CBF e o Palácio do Planalto?

Nós temos o maior respeito e admiração pela atuação da presidente [Dilma Rousseff]. Estamos totalmente integrados. Cada um trabalha de um lado. O COL está lado a lado. O ministro Aldo Rebelo [do Esporte] tem comparecido a vários eventos.

Em outras épocas o presidente da CBF tinha encontros mais regulares com o presidente da República…

Isso é fácil de explicar. O ex-presidente Lula eu respeitosamente chamo de boleiro. O Lula é do futebol. Adora o futebol. Frequenta estádio. Não é torcedor de véspera. Não é apenas um corintiano fanático. Há uma diferença muito grande. O ex-presidente sempre estava ligado. Porque ele é boleiro.

Dilma não é boleira?

Não… Mas veja, ela, naturalmente, deve gostar de outro esporte e a gente respeita.

Que avaliação o sr. faz do governo Dilma Rousseff?

É um governo de continuidade. O governo Lula foi muito bom. O desenvolvimento alcançou todas as camadas sociais. Ela está dando continuidade. Merece nossos cumprimentos.

Em quem o sr. votou para a presidente em 2010?

Olha, eu estou com os meus 80 anos, a minha memória nem anda boa, viu? [risos]

Quando o sr. foi deputado estadual paulista, fez discursos ácidos que podem ter ajudado no processo que levou à prisão e depois à morte do jornalista Vladimir Herzog, da TV Cultura?

Pura intriga.

Por quê?

Muito ao contrário. Eu fui o governador [do Estado de São Paulo] que extinguiu o Dops [Departamento de Ordem Política e Social]. Quando fui governador, nunca tive um único problema com o presidente Lula, que era [sindicalista] à época das greves.

O sr. fez um discurso muito duro contra a TV Cultura justamente na época em que Vladimir Herzog foi preso. É uma coincidência: o seu discurso e, depois, a prisão…?

Eu torno a insistir: é tudo intriga. Não tive nada a ver com isso.

Mas o sr. não era um crítico da TV Cultura na época?

Eu era deputado. Hoje, sou presidente da CBF. Querer fazer um julgamento do atual presidente da CBF invocando coisas do passado do qual não posso ser acusado de nada é uma intriga muito grande.

O sr. tinha críticas sobre como a TV Cultura era comandada?

Poderia até eventualmente fazer alguma crítica a um organismo, a uma empresa. Mas não procurar atingir uma pessoa. De maneira nenhuma. Procure na minha vida toda, como dirigente esportivo, como governador, se eu alguma vez procurei atingir individualmente alguma pessoa ou a honra de alguém individualmente. Sempre fui um homem conhecido pela conciliação, pela concórdia e pela tolerância. Primeiro, começaram dizendo que eu, José Maria Marin, tinha me apoderado de uma medalha. Para me desestabilizar antes de eu tomar posse. Uma medalha… Agora, vem essa infâmia. Por quê? Porque não encontraram nada, absolutamente nada para me criticar como dirigente de futebol.

www.uol.com.br

 

Nov 12, 2012

Começou a tremedeira

 

Di Matteo critica FA e revela “desespero” do Chelsea pelo Mundial

 

E não é só no Brasil que o calendário é alvo de reclamações. O técnico do Chelsea, Roberto Di Matteo, lamentou o fato de a Football Association (FA) negar o pedido de adiamento do jogo contra o Sunderland, pelo Campeonato Inglês, cinco dias antes da competição no Japão. Este fator fará com que o time inglês tenha apenas três dias para se preparar.

“Tentamos adiar o jogo para termos melhores chances, mas a FA não concordou. Isto certamente pressionará os jogadores, já que vamos chegar de viagem apenas três dias antes da estreia. Gostaríamos de ir antes para a adaptação ao fuso horário, já que são nove horas de diferença. Faremos de tudo, mas isto causará um sério risco de lesões”, explicou o treinador.

Di Matteo afirmou que a FA deveria pensar nos clubes ingleses, assim como outras organizações priorizam os seus compatriotas. “Pensamos que a FA estaria interessada em dar a chance de chegarmos melhores para o sucesso, que repercutiria positivamente para o futebol inglês. Sempre há um caminho. Estou surpreso, pois vemos outros se esforçando para ajudar”, lembrou-se.

Divulgação/Chelsea FC

Di Matteo criticou a FA por não ‘aliviar’ no calendário e revelou “desespero” do Chelsea pelo Mundial

Desde 2000, quando a Fifa começou a organizar o Mundial, os grandes clubes europeus se envolviam em uma polêmica: a importância dada à competição, muitas vezes deixada ‘de lado’, ou então como segunda prioridade, diferentemente dos brasileiros. No entanto, Di Matteo assegurou que os Blues irão valorizar o Mundial, que já virou “obsessão” em Londres. 

“É uma competição que pode não ser tão considerada na Inglaterra, mas se falarmos com sul-americanos, asiáticos e todos os outros envolvidos, veremos que é uma competição importantíssima. Vencer esse campeonato significa o mundo. É um troféu que nos falta na sala e queremos levá-lo para o Stamford Bridge desesperadamente”, finalizou o comandante italiano.

www.gazetaesportiva.net

Nov 12, 2012

Sábado,festa e confusões

Corinthians inaugura espaço para taça da Libertadores

  • AE – Agência Estado

O Corinthians inaugurou na manhã deste sábado um espaço definitivo para a réplica do troféu da Copa Libertadores. Antes, a taça entregue pela Conmebol permanecia no Memorial do Clube, junto com as outras conquistas da equipe, mas agora ficará numa área reservada dentro da sede alvinegra, no Parque São Jorge.

Por conta do histórico de quebras, desde 2005 a Conmebol entrega aos campeões da Libertadores apenas uma réplica do troféu, com o original ficando protegido na sede da entidade, em Assunção.

Além do espaço para a réplica da taça da Libertadores, o presidente Mário Gobbi também inaugurou outras melhorias internas do clube, com destaque para a reforma do gramado da Fazendinha.

“Na campanha, nós nos comprometemos a proporcionar um clube com mais qualidade ao sócio. Hoje, após nove meses de gestão, entregamos o primeiro lote de obras de melhorias que vai dar aos associados mais conforto e qualidade de lazer. Existe um projeto para que se faça, até o final da minha gestão, um total de 30 obras. Tudo isto está planejado, escalonado”, disse Gobbi.

Também foram inauguradas melhorias “estéticas e preventivas” do parque aquático do clube, o novo bar interno, nomeado Bar Salve Jorge, quadras poliesportivas, elevador para pessoas portadoras de necessidades especiais e bancos de reservas nas quadras de futebol society.

www.estadao.com.br

Nov 11, 2012

A deplorável história do DOI-CODI

Verdade e História

Na última quinta-feira acompanhei na Câmara Municipal uma sessão da Comissão da Verdade ( Wladimir Herzog) o depoimento de meu amigo e colega de militância estudantil e partidária Waldir José de Quadros. Hoje, um professor da Unicamp na área de Economia, cabelos brancos , voz suave mais sempre o mesmo cara correto dos anos 70.

Waldir foi presidente da Juventude do MDB ( eu era seu vice) naquele período de grande dificuldades para os que lutavam na oposição. Na àrea universitária militava junto com membros do PCB ( Partido Comunista Brasileiro) uma das poucas ( talvez a única) organização de esquerda que condenava a luta armada e defendia a militância politica pacífica para sairmos da ditadura implantada à partir de 1964.

O nome de Waldir foi sugerido a Comissão da Câmara Municipal por Pedro Tavares de Lima (também membro do grupo do MDB) e hoje procurador de Justiça do Ministério Público de São Paulo.

Waldir falou com clareza as dificuldades daquele tempo. Era o segundo semestre de 1975 e o regime desencadeou uma onda de prisões a pretexto de combater os membros do clandestino PCB. E todas as torpezas foram praticadas: prisões ilegais ( como era prática do regime); tortura e morte dos dissidentes.

Logo após a prisão de Waldir e de um grupo grande de companheiros do MDB – duas semanas antes do assassinato de Waldimir Herzog- fizemos de tudo para salva-los de das prisões que poderia ser um passo para entrarem na lista de desaparecidos.

Procuramos denunciar à imprensa os fatos, embora a rigorosa censura bloqueasse a maioria das informações. Mesmo assim, com risco de toda a ordem, os jornais começaram a dar pequenas notas das prisões.

O pior era para a familia dos desaparecidos. Mães, esposas, filhos saiam por todo lado procurando informações para localizar seus familiares. O desespero das famílias era a parte mais difícil de enfrentar.

Uma das mães – em uma das continuas visitas a séde do MDB, na Cãmara Municipal, pediu -quase em desespero- que fôssemos a séde do II Exército e tentássemos falar com os militares.Consegui, com ajuda de José Luiz Portela ( há época estudante de engenharia e integrante de um grupo de jovens que acreditava numa liberalização do regime ) um contacto no comando militar. Sómente anos após soube que quem fornecerá o nome da pessoa fora Cláudio Lembo, há época presidente da Arena.

Com minha inesquecível Eliane reunimos um grupos de mães e fomos para o Ibirapuera onde estava o comando do Exército. Para nossa surpresa fomos recebidos pelo general Ednardo D’avila Mello comandante do II Exército e – acreditávamos- o responsável pelas prisões. Por duas semana fizemos visitadas diárias ao militares com mães, irmãos e filhos clamando pelo direito de verem seus parentes. Nada era informado mais tudo era prometido para o dia seguinte. E no dia seguinte, nada. Era remarcada para outro dia e nós lá estávamos nesta busca infrutífera.

Neste contactos conheci quase toda a cúpula dos militares de São Paulo. O General Ednardo (comandante ?), o general Antonio Ferreira Marques (chefe do Estado Maior) e até o coronel Paes ( então desconhecido) que viria -no futuro- frequentar a listas dos piores do regime . Éramos obrigado a ouvir horas e horas de pregações contra o comunismo, contra deputado Ulisses, contra o senador Brossard (tido como traidor da Revolução) e outros tantos. Trouxeram até um ex-membro da ALN ( que passará para o lado do regime -se é que alguma vez tenha sido contra) que ficava horas falando contra seus ex-companheiros.

Eu tinha um discurso claro: lutávamos pelo Estado de Direito e pela democracia e o MDB recebia de braços abertos todas as correntes que pretendesse mudar o regime por uma saída pacífica. Lembro que uma vez o ex- ALN ficou uma arara quando disse que a opção pela luta armada era um erro infantil da extrema – esquerda. Ele vivia- ou fazia crer que vivia – um dilema ainda não resolvido pela sua “militância” .
Os generais eram diariamente desmentidos por oficiais de patente inferior. Quem mandava era o Coronel Paes. O General ouvia e abaixava a cabeça. Era um completo quadro de quebra da hierarquia.
Mandavam os que atuavam nos porões da repressão. Os demais, davam cobertura.

Após duas semanas de visitas permanentes deu-se o terrível acontecimento em que foi o assassinato de Herzog e – a partir dai-eu e as mães , filhos e esposas dos presos fomos proibidos de entrar na àrea.
Foram 15 dias dramáticos para todos onde eu vi o mundo em que vivíamos.Um Exército sem hierarquia , com coronéis mandando em generais, e os grupos mais radicais do regime dando as ordens.

No depoimento de Waldir, da última quinta, relembramos dos terríveis acontecimentos de outubro de 1975 e que viria a marcar todas as nossas vida.
Espero que dias como aqueles nunca mais venham a ocorrer.
Publico abaixo duas notas divulgadas pela imprensa naquele período. Um é o comunicado das prisões que os jornais davam com grande dificuldades. Sómente a idade (de quase irresponsabilidade) permitiu-me assinar comunicados a imprensa sobre prisão naquele quadro onde a policia politica era a lei. Só para lembra muitos dos presos eram sindicalista (dentre eles o irmão do presidente Lula) mas nenhum Sindicato deu um píu pelas presos. A segunda nota foi um apelo para a soltura dos presos ( sem ordem judicial) e que estavam há quase três meses no DOI-CODI e no Dops. Fico espantado com o equilibrio da nota no período do natal que acredito tenha sido ponderações do Pedrinho ( Pedro Tavares de Lima) e do Marrey ( Luis Antonio Marrey). Não acho que sózinho faria uma nota tão serena que lida quase quarenta anos mostra interamente adequada.

JUVENTUDE DO MDB RELACIONA PRISÕES

O Departamento Estadual de Juventude do MDB de São Paulo divulgou ontem uma relação de pessoas presas nos últimos dias, entre as quais vários membros do partido, “sem cumprimento das formalidades legais” e que chegaram a seu conhecimento através de informações de parentes e amigos dos presos.

A nota, assinada pelo presidente do Departamento, Antonio Roque Citadini, contém a seguinte relação de nomes: Severian Loureiro, membro do Diretório da Juventude; Sérgio Azevedo Fonseca, membro da Juventude; Lenita Nobuko Yassuda, membro da Juventude; Ricardo de Moraes Monteiro, jornalista e membro da Juventude; Luís Guilherme de Moraes Monteiro, membro da Juventude; Paulo Sérgio Markum, jornalista e membro da Juventude; Diléa Markum, jornalista e membro da Juventude; David Capistranoda Costa Filho, membro da Juventude; Miguel Treffault Urbano Rodrigues, estudante de Biologia-USP; Benauro Roberto de Oliveira, professor; Cristina de Castro Mello, arquiteta; Luís Paulo da Costa, jornalista e membro do Diretório do MDB de São José dos Campos; Ubiratan de Paula Santos. membro da Juventude; Anthony de Chrysto, jomallsta.

Além dessas pessoas, presas recentemente, segundo a relação da Juventude do MDB continuam presas mais as seguintes pessoas: Waldir José Quadros, presidente do Departamento de Juventude do MDB; Sérglo Gomes da Silva, jornalista e membro da Juventude; José Salvador Faro, professor e membro da Juventude; Miguel Trujillo Filho, membro da Juventude e do Diretório de Sorocaba; Francisco José Cavalcanti de Albuquerque Lacerda, médico em Taubaté e membro da Juventude; Marisa Saenz Leme, membro da Juventude; José Carlos de Souza Alves, estatístico; Lázaro de Campos, membro do Diretório o MDB de Sorocaba; Aurélio Sabadin, Sorocaba; Manoel José Constantino, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, filiado ao MDB local; José Ferreira, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul; Pedro Daniel de Souza, ex-líder sindical e comerciante em São Caetano do Sul, filiado ao MDB local; Henrique Buzzoni, advogado, filiado ao MDB de Vila Madalena; Antonio da Costa Gadelha Neto, corretor de seguros; Jafet Henrique de Carvalho, arquiteto; Osmar Gomes da Silva, dentista; Ernesto Correa de Mello, feirante; Eleonora Machado Freire, médica; Frederico Pessoas da Silva, Jornalista; Simão Lorente, aposentado; Sônia Maria de Oliveira Morosetti, advogada, de Santos; Sandra Mara Nogueira Miller, advogada, de Santos; Roberto Caland Salles da Costa, de Santos; Luís Martins, presidente da Sociedade Amigos do Jardim Lavinha – São Bernardo do Campo; Álvaro Bandarra, comerciante, de Santos; Fernando Gomes da Silva, engenheiro; José Milton Ferreira de Almeida; Aldo Pedro Dettrich; Gildázio Westin Consensa; Armando Eurico Gomes; Ricardo Felício Mansur; Francisco Vítor Machado; Edwaldo Alves da Silva.

Foram comunicadas às auditorias militares mais as seguintes prisões ocorridas nos últimos dias: Elzo Ramos Júnior, 30/9; Nivaldo José Costa Miranda, 30/9; Sebastião Vitorino da Silva, 30/9; Emílio Bonafante de Maria, 1/10; Antonio Bernardino dos Santos, 1/10; Rosa Maria Colombo Faria, 1/10: Feliciano Eugênio Neto, 2/10; Fernando J. Dias, 2/10; Ana Marta Maduro Gonçalves Brandão Dias, 2/10; Geraldo da Silva Espinosa, 2/101 Sérgio Martins. 2/10; Francisco Stedel, 2/10; Adegildo Justiniano de Paula. 3/10; José Hortêncio. 3/10: Isaías Trajano da Silva. 3/10; Gumercindo Arias Rodrigues, 4/10; José Ferreira da Silva, 4/10.

DEPUTADO DENUNCIA

O deputado Dias Menezes, oposicionista por São Paulo, denunciou ontem na Câmara a prisão de jomalistas em diversos estados, “na mesma ocasião em que se instala na capital paulista a assembléia da Sociedade Interamericana de Imprensa”. Lembrou ele a contradição entre as prisões e a luta que aquela entidade mantém em defesa da liberdade de informar.

Citou o parlamentar a prisão dos jornalistas Luiz Paulo Costa, em São José dos Campos, e Paulo Sérgio Markum e sua mulher Diléa Markum, na capital.

(FOLHA DE S. PAULO, 21/10/1975)

APELO DO MDB

Os departamentos da Juventude e Trabalhista do MDB paulista, distribuíram ontem comunicado formulando apelo às autoridades no sentido de que o espírito natalino alcance também aqueles que, sem mandado judicial e sem prisão preventiva, se acham detidos há quase oitenta dias dentro dos quais se destacam: Waldir José de Quadros, presidente do Departamento de Juventude do MDB de São Paulo; Davi Rumel, Genivaldo Matias da Silva, Ricardo Moraes Monteiro, Sérgio Azevedo Fonseca e Ubiratan de Paula Santos, membros do Departamento da Juventude de São Paulo; Davi Capistrano Filho, Hélio Rodrigues e Osvaldo Luiz de Oliveira, de Campinas e Miguel Trujillo Filho de Sorocaba.

Assinado pelos dirigentes partidários Antônio Roque Citadini e João Gerônimo, respectivamente presidente em exercício do Departamento da Juventude e presidente do departamento Trabalhista do MDB, o documento assinala que, é de público conhecimento que todos os indiciados possuem endereço certo e conhecido, têm empregos definidos, são contribuintes do Imposto de Renda, sendo alguns mutuários do BNH, chefes de família regularmente constituída.

Não se tratam, portanto, de indivíduos clandestinos, de vida nômade e irregular e paradeiro incerto.

Quando de suas prisões, não houve maiores dificuldades para encontrá-los. Estavam em suas residências ou em seus locais de trabalho.

Solicitamos, por isso, seja acolhida a mensagem papal de liberdade, para que todos possam vivê-la em família, neste Natal de 1975. Não se pede a anistia (uma vez que ainda não foram julgados), mas o direito de responderem em liberdade as eventuais acusações que lhes sejam feitas.

Finalizando, os referidos departamentos reafirmam sua fé de que só com o restabelecimento do Estado de Direito – que possibilite os processos regulares, com prisões efetuadas sob mandado judicial, preservando aos acusados ampla defesa – ver-se-ão satisfeitos os anseios populares.

(DIÁRIO DA NOITE, 18/12/1975)

Nov 11, 2012

O bom e cordial silvícola

A missão

Como a ditadura ensinou técnicas de tortura à Guarda Rural Indígena

 

Folhapress
Desfile da Guarda Rural Indígena
Desfile da Guarda Rural Indígena

 

LAURA CAPRIGLIONERESUMO Filme que permaneceu oculto por 42 anos revela como a ditadura militar (1964-85) treinou a Guarda Rural Indígena (Grin) com técnicas de tortura como o pau de arara. Arregimentada para criar um poder militar em aldeias de cinco etnias, a Grin enraizou a violência policial em terras indígenas, dizem antropólogos.

AQUELE 5 DE FEVEREIRO de 1970 foi um dia de festa no quartel do Batalhão-Escola Voluntários da Pátria, da Polícia Militar de Minas Gerais, em Belo Horizonte. “Pelo menos mil pessoas, maioria de civis, meninos, jovens e velhos do bairro do Prado, em desusado interesse”, segundo reportagem da revista “O Cruzeiro”, assistiram à formatura da primeira turma da Guarda Rural Indígena (Grin).

Segundo a portaria que a criou, de 1969, a tropa teria a missão de “executar o policiamento ostensivo das áreas reservadas aos silvícolas”. No palanque abarrotado, viam-se, sorridentes, autoridades federais e estaduais, civis e militares: o ministro do Interior, general José Costa Cavalcanti (um dos signatários do AI-5, de 13 de dezembro de 1968); o governador de Minas, Israel Pinheiro; o ex-vice-presidente da República e deputado federal José Maria Alkmin.

Lá estavam também o presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), José Queirós Campos; o comandante da Infantaria Divisionária 4, general Gentil Marcondes Filho -que ganharia fama no comando do 1º Exército em 1981, quando militares-terroristas tentaram explodir o Riocentro; secretários de governo e o comandante da PM local, coronel José Ortiga.

Os 84 índios, recrutados em aldeias xerente, maxacali, carajá, krahô e gaviões, marcharam embandeirados e com fardas desenhadas para a ocasião: calça e quepe verdes, camisa amarela, coturnos pretos, três-oitão no coldre.

Feito o juramento à bandeira, quando prometeram “defender a nossa Pátria” (conforme registrou reportagem publicada pela Folha), desfilaram para mostrar o que aprenderam nos três meses de formação, sob as ordens do capitão da PM Manuel dos Santos Pinheiro, sobrinho do governador e chefe da Ajudância Minas-Bahia, o braço regional da Funai.

JUDÔ A primeira apresentação, de alunos de judô do tradicional Minas Tênis Clube, deu um ar benigno de confraternização infantil. Depois das crianças, foi a vez de os índios -todos adultos- exibirem seus conhecimentos de defesa pessoal. Também “deram demonstração de captura a cavalo e condução de presos com e sem armas”, conforme publicaria o “Jornal do Brasil” no dia 6, com chamada e foto na primeira página, sob o título “Os Passos da Integração”.

O que nenhum órgão de imprensa mostrou -eram tempos de censura- foi o “gran finale”. Os soldados da Guarda Indígena marcharam diante das autoridades -e de uma multidão que incluía crianças- carregando um homem pendurado em um pau de arara.

Gravadas há 42 anos, as cenas vêm a público pelas mãos do pesquisador Marcelo Zelic, 49, vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais/SP e membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo. Zelic coordena uma pesquisa colaborativa feita pela internet intitulada “Povos Indígenas e Ditadura Militar: Subsídios à Comissão Nacional da Verdade”.

ARARA Pesquisando no Museu do Índio, no Rio de Janeiro, Zelic topou com o DVD “Arara”, fruto da digitalização de 20 rolos de filme 16 mm, sem áudio.

A etiqueta levava a crer que se tratava de material sobre a etnia arara -índios conhecidos nas cercanias de Altamira (PA) desde 1850. Mas, em vez do “povo das araras vermelhas”, como se denominam até hoje seus 361 remanescentes (dados de 2012), era outra “arara” que nomeava a caixa.

Tratava-se de pau de arara, a autêntica contribuição brasileira ao arsenal mundial de técnicas de tortura, usado desde os tempos da colônia para punir “negros fujões”, como se dizia. Por lembrar as longas varas usadas para levar aves aos mercados, atadas pelos pés, o suplício ganhou esse nome.

No clássico “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil” (1835), que retrata a escravidão no país, o pintor francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848), membro da Missão Francesa de artistas e cientistas que dom João 6º patrocinou para estudar e retratar o país, mostra um negro sendo castigado no pau de arara.

Na ditadura militar (1964-85), porém, o pau de arara só aparecia sob a forma de denúncia, estampando jornais alternativos, em filmes e documentários realizados por militantes oposicionistas.

Entranhada nos porões, a tortura jamais recebera tratamento tão alegre e solto quanto naqueles 26 minutos e 55 segundos, que exibem o pau de arara orgulhosamente à luz do dia, em ato oficial, sob os aplausos das autoridades e de uma multidão de basbaques. Fotógrafos e cinegrafistas cobriram o evento, mas a cena, que assusta pela impudência, ficou de fora dos jornais e das revistas. Sobrou, ao que se saiba, apenas camuflada sob o título inocente.

O filme é parte do acervo sobre 60 povos indígenas, coletado durante quatro décadas pelo documentarista Jesco von Puttkamer (1919-94) e doado em 1977 ao IGPA (Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia), da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Descendente da nobreza alemã, mas nascido no Brasil, Von Puttkamer sabia o que era a repressão. Foi preso pela Gestapo quando concluía os estudos em química na Universidade de Breslau (Alemanha), por se recusar a se alistar no Exército durante a Segunda Guerra (1939-45). Safou-se ao provar que era cidadão brasileiro nato.

Trabalhou como fotógrafo no Tribunal de Nuremberg (1945-46), que julgou hierarcas nazistas por crimes de guerra. Já de volta, foi um dos fotógrafos oficiais da construção de Brasília (1956-60). Nos anos 1960, integrou pela primeira vez uma expedição em busca de tribos isoladas no Brasil central. Nunca mais largou os índios.

Deixou 43 mil slides, 2.800 páginas de diários de campo e filmes na bitola 16 mm que, desenrolados, chegariam a 330 km. São registros delicados e muitas vezes emocionantes da aproximação dos índios e de seu encontro com as frentes de exploração -e também das epidemias e mortandades por gripe, varíola e sarampo.

Em um documentário sobre Von Puttkamer, o sertanista Apoena Meirelles afirma: “Jesco nunca se promoveu, nunca enriqueceu, permaneceu no anonimato, mas seu trabalho possibilitou que se denunciasse e se documentasse muita coisa errada da política indigenista”. É o caso das aulas de pau de arara.

GRIN A formatura foi o ponto alto de uma longa preparação. Em 23 de novembro de 1969, reportagem no “Jornal do Brasil” mostrou os índios da Grin em sala de aula e contou o que aprendiam: princípios de ordem unida, marcha e desfile, instruções gerais, continência e apresentação, educação moral e cívica, educação física, equitação, lutas de defesa e ataque, patrulhamento, abordagem, condução e guarda de presos.

Em 12 de dezembro de 1969, nota no Informe JB, coluna política do “Jornal do Brasil”, fazia troça de tipo racista dos “selvagens”: “O presidente da Funai, Queirós Campos, dizia que a Guarda Indígena vai de vento em popa. Só há um problema, o do uniforme. Começa que não há jeito de fazer com que os futuros guardas usem botina ou qualquer tipo de sapato, […] machuca-lhes os pés. O quepe já perdeu toda a tradicional seriedade porque é logo enfeitado com uma pena atravessada. Finalmente, a fivela e os botões não param no lugar certo pois, como tudo o que brilha, são invariavelmente colocados na testa e nas orelhas.”

Na formatura, porém, botas, fivelas e botões tiniam, tudo no lugar e sem penachos -o filme mostra o capitão Pinheiro se desdobrando para ajeitar os cintos dos soldados. A ressalva foram os cabelos: não houve quem convencesse os krahô a aparar as melenas que lhes desciam até os ombros. E assim eles desfilaram.

O ministro Cavalcanti discursou em nome do presidente Emílio Garrastazu Médici: “Nada até hoje me orgulhou tanto quanto apadrinhar a formatura […] da Guarda Indígena, pois estou certo de que os ensinamentos recebidos por eles, neste período de treinamento intensivo, servirão de exemplo para todos os países do mundo”.

No dia seguinte, “os índios líderes, hígidos, sadios, fortes e inteligentes”, segundo Cavalcanti, embarcaram rumo a suas respectivas aldeias. Decolaram fardados, armados e com soldo mensal de 250 cruzeiros novos (pouco mais de R$ 1.000, em valor atualizado).

ANTROPOLOGIA “Nunca vi cena como essa. Já vi muitos filmes antigos, de 1920, 1930, 40, 50, 60. Mas cena como essa do pau de arara nunca apareceu”, disse Sylvia Caiuby Novaes, professora da USP, onde coordena o Lisa -Laboratório de Imagem e Som em Antropologia. Ela assistiu ao filme “Arara” a convite da Folha.

“Isso, por um lado, é expressão do fato de os índios, naquele momento, muito antes dos celulares com câmeras, serem filmados o tempo todo. Desde os índios de ‘cartão-postal’ do Xingu, na época dos Villas Bôas, passando pelos ‘índios gigantes’, Silvio Santos filmando na Amazônia, os índios eram objeto no nosso olhar curioso”, diz ela. “Eles eram aquilo que nós não éramos mais. O retrato da nossa alteridade. Moravam na ‘Mata Virgem’, eram [vistos como] puros, próximos da natureza.”

Segundo a antropóloga, a cena do pau de arara demonstra a existência de uma “face muito sombria do contato entre o Estado brasileiro e os grupos indígenas”. A face iluminada foram os esforços de “pacificação”, encetada por iniciativa governamental e levada a cabo por homens corajosos e tantas vezes voluntaristas, como os irmãos Orlando e Cláudio Villas Bôas.

Primeiro como empregados e depois como líderes da Expedição Roncador-Xingu, os irmãos foram a ponta de lança do plano de ocupação do território brasileiro, a Marcha para o Oeste, anunciada à meia-noite de 31 de dezembro de 1937, em discurso radiofônico proferido por Getúlio Vargas, diretamente do Palácio Guanabara.

“O verdadeiro sentido de brasilidade é a Marcha para o Oeste”, bradou Vargas. “No século 18, de lá jorrou o caudal de ouro que transbordou na Europa e fez da América o continente das cobiças e tentativas aventurosas. E lá teremos de ir buscar: dos vales férteis e vastos, o produto das culturas variadas e fartas; das entranhas da terra, o metal, com que forjar os instrumentos da nossa defesa e do nosso progresso industrial.”

Os irmãos Villas Bôas embrenharam-se no Brasil central com a missão assinalada pelo presidente: “Encurtar distâncias, abrir caminhos e estender fronteiras econômicas”. Construíram, por exemplo, 19 pistas de pouso ao longo de 1.500 km de picadas que abriram. Isso encurtou as viagens do Rio para os EUA, que, por falta de apoio em terra, eram bem mais longas, pois tinham de margear o litoral.

Os irmãos localizaram 14 povos indígenas desconhecidos. A maioria acabaria transferida para o Parque Nacional do Xingu, idealizado pelos irmãos Villas Bôas com o apoio do marechal Cândido Rondon (1865-1958), do antropólogo Darcy Ribeiro (1922-97) e do sanitarista Noel Nutels (1913-73). O presidente Jânio Quadros, em 1961, assinou o decreto de criação do parque, garantindo uma área de 27.000 km2, quase uma Bélgica.

Já sob a ditadura, virou show midiático o trabalho de atração, contato e remoção dos índios encontrados no caminho das estradas em construção. Em abril de 1973, “O Cruzeiro” estampou na capa o título “Sensacional!”, seguido pela chamada: “Orlando Villas Bôas fotografou com exclusividade os ÍNDIOS GIGANTES”.

A foto mostrava os panará, então isolados e chamados de kreen-akarore. Além de ter suas terras invadidas por garimpeiros, estavam no meio do traçado da BR-163 -que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA). Depois se viu que não se tratava de gigantes coisa nenhuma.

A população (ou o que restou dela) foi removida em 1975 para o Xingu, a 250 km da terra panará. “Fizemos isso porque eles estavam morrendo por causa do contato com os brancos”, disse Orlando. Doenças e massacres já haviam eliminado dois terços dos panará.

REFORMATÓRIO A Comissão Nacional de Verdade, cujos trabalhos incluem os crimes do Estado contra os índios, tem mostrado que, além de “atrair”, “pacificar” e “remover”, a política indigenista do regime de 64 também conjugou os verbos “reprimir”, “punir” e “torturar”. Obstinado em desenvolver um sistema de controle dos índios, o criador da Grin, capitão Pinheiro, ergueu em 1969 um reformatório-presídio para índios.

O Reformatório Krenak (assim chamado por ficar em terras dos krenak), em Resplendor (MG), perto da divisa com o Espírito Santo, funcionava como colônia penal e de trabalhos forçados, para “reeducar os desajustados e confinar os revoltosos que se recusavam a sair de suas terras tradicionais”, explica Benedito Prezia, antropólogo e assessor do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), entidade ligada à Igreja Católica e responsável pelas mais contundentes denúncias de desrespeito aos direitos humanos dos índios brasileiros durante o regime militar. “Aquilo era um verdadeiro campo de concentração étnico”, diz o pesquisador.

Nos registros oficiais consta a chegada de 94 índios ao Krenak entre 1969 e 1972, quando foram transferidos para a Fazenda Guarani, pertencente à PM de Minas Gerais, no município de Carmésia. Os motivos alegados para as prisões eram “atrito com chefe do posto indígena”, “vadiagem”, “uso de drogas”, “embriaguez”, “prostituição”, “roubo”, “saída da aldeia sem autorização”, “relações sexuais indevidas”, “pederastia”, “homicídio”, “agressão à mulher”, “problemas mentais”. Mas são registros incompletos, que não permitem que se entenda o que se passava no local.

Para José Gabriel Silveira Corrêa, 39, professor de antropologia da Universidade Federal de Campina Grande (PB), a ditadura foi “um momento de recrudescimento das práticas de violência que eram comuns nos postos indígenas”.

“Ao formar a Grin e o Presídio e Reformatório Agrícola Krenak”, diz Corrêa, “Pinheiro tornou sistemáticas essas práticas e ainda deu a elas uma aparência de legalidade, já que ele era o representante oficial do órgão de tutela estatal.”

Ele diz ter escutado diversos “relatos de aprisionamentos, trabalhos forçados, regime de prisão solitária, surras e desaparecimentos de presos”. Era uma prática de violência recorrente, “mas o pior de tudo é que o capitão fez com que fosse praticada pelos próprios índios, submetidos que estavam a um regime policial”.

Benedito Prezia aponta o “caráter perverso” de transformar índios em “agentes colaboradores no massacre de seu próprio povo”. Mas nem nisso a ditadura foi original, ele salienta. “Relatos de jesuítas no século 17 já mencionam o uso de indígenas para capturar negros da Guiné que haviam fugido do jugo da escravidão”, diz.

Em tempos de “Brasil Grande”, de integração nacional (“integrar para não entregar”, dizia a propaganda oficial) e da construção de estradas como a Transamazônica rasgando a floresta, os índios estiveram no centro do maior projeto estratégico do regime militar.

Apesar disso, curiosamente “a narrativa sobre os crimes da ditadura em relação aos direitos humanos quase nunca inclui a questão indígena”, observa Marcelo Zelic. Ele arrisca uma hipótese: “No fundo, isso mostra como, mesmo nos círculos democráticos mais combativos, as populações indígenas ainda não são vistas como portadoras de direitos.”

BALANÇO Três anos depois da pomposa formatura da primeira turma da Grin, o jornalista José Queirós Campos, presidente da Funai, já tinha sido apeado do cargo e substituído pelo general Oscar Jerônimo Bandeira de Mello. Fazia-se o balanço das ações.

“Tudo deu errado”, cravou o jornal “O Estado de S. Paulo” em outubro de 1973, em reportagem escondida na parte inferior da página 52, perto dos classificados.

Sobravam denúncias de espancamentos, arbitrariedades, insubordinação e até estupros cometidos pelos guardas que retornaram às aldeias. Na ilha do Bananal, um caboclo foi pego com quatro garrafas de cachaça (o que era proibidíssimo pela Funai). Apurou-se que foi obrigado “a praticar orgias com guardas carajás”.

Os jornais relataram a tortura cometida por guardas indígenas contra um pescador, também flagrado com cachaça para uso pessoal. Preso, foi obrigado a ir caminhando até a delegacia, a cinco quilômetros de distância, sob golpes de borduna.

Outro agente da Grin usou o soldo que recebia para montar um bordel na aldeia. A situação chegou a tal ponto, ainda segundo “O Estado de S. Paulo”, que o cacique carajá Arutanã, da ilha do Bananal, pediu à Força Aérea Brasileira (FAB) que extinguisse a Grin.

Em 1972, sem glórias, Pinheiro já havia sido destituído da Funai. Não se formaram novas turmas. No final da década a Guarda Rural Indígena começou a ser desmobilizada. Segundo Corrêa, isso não bastaria para extinguir suas práticas de violência. “Há relatos sobre índios que, atualmente, quando precisam punir alguém, levam-no às proximidades da casa do ‘capitão’ indígena, amarram-no em árvores e surram-no, revivendo antigas práticas ensinadas pelo órgão tutelar”.

“O reformatório e a Guarda Indígena são apenas exemplos do muito que há a investigar pela Comissão Nacional da Verdade”, diz Zelic. “Outros casos já estão em levantamento, como o dos guarani-caiová, que sofreram algo que beira o genocídio nas remoções feitas durante a ditadura.”

E conclui: “Só assim, com a verdade, a sociedade não índia entenderá a necessidade de respeitarmos as terras e os direitos dos povos indígenas”.

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Nov 11, 2012

Goleada

Corinthians aplica sua 1ª goleada no Nacional

Com ataque inédito, time de Tite passeia no Pacaembu e marca cinco gols no Coritiba

DE SÃO PAULO

Corinthians 5
Chicão, aos 6min, Fábio Santos, aos 19min e Paulinho, aos 20min do 1º tempo; Guerrero, aos 20min e Paulinho, aos 24min do 2º tempo

Coritiba 1
Deivid, aos 32min do 1º tempo

No penúltimo jogo em casa antes do embarque ao Japão, o Corinthians conseguiu sua primeira goleada no Campeonato Brasileiro.

Contra o Coritiba, em noite chuvosa no Pacaembu, a equipe de Tite, que experimentou uma inédita formação ofensiva, não encontrou dificuldades para marcar cinco gols. Pela primeira vez neste Nacional, o time fez mais de três gols no mesmo jogo.

Chicão, Fábio Santos, Guerrero e Paulinho, duas vezes, decretaram a 14ª vitória corintiana no campeonato.

O clube agora tem 53 pontos e, momentaneamente, ultrapassou o Internacional e o Vasco, que jogarão hoje.

O Corinthians agora está a apenas três jogos do Mundial de Clube -estreia no dia 12 de dezembro. Na próxima rodada, enfrentará o Inter e, depois, fará os clássicos contra o Santos e o São Paulo.

Ontem, em apenas 20 minutos de jogo, o Corinthians já vencia por 3 a 0. Tite armou o time com Martínez, Jorge Henrique e Guerrero formando o inédito trio ofensivo, com Romarinho no banco.

Logo aos 4min, o árbitro apitou pênalti em cima de Guerrero. Chicão cobrou e abriu o placar. Aos 19min, Fábio Santos arriscou chute de fora da área, a bola desviou e enganou o goleiro; no minuto seguinte, foi Paulinho quem contou com a sorte: cruzou para a área, a bola desviou na zaga e entrou.

O time continuou em ritmo acelerado no segundo tempo e marcou o quarto gol aos 20min. Após bela tabela, Danilo, que entrou no segundo tempo, cruzou e Guerrero, de cabeça, anotou o seu tento.

Quatro minutos depois e o Corinthians fechou a goleada. Paulinho, de cabeça após cobrança de escanteio, fez de cabeça e encerrou a partida.

“Temos que jogar concentrados [no Japão] do jeito que jogamos hoje”, disse Danilo

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Nov 11, 2012

A manchete diz o que a noticia não diz.

São Paulo registra mais homicídios que Rio em 2012

Surto de violência causado por facção criminosa aumentou número de assassinatos em 10% de janeiro a setembro

GUILHERME VOITCH

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Policiais fazem revistas em moradores e suspeitos na comunidade de Paraisópolis, São Paulo<br /><br />
Foto: Michel Filho / Agência O Globo

Policiais fazem revistas em moradores e suspeitos na comunidade de Paraisópolis, São PauloMICHEL FILHO / AGÊNCIA O GLOBO

SÃO PAULO – Em 2012, a violência urbana está crescendo em São Paulo e diminuindo no Rio de Janeiro. Dono da menor taxa de homicídios do Brasil até o ano passado, o estado de São Paulo vive um surto de insegurança provocado por uma grande facção criminosa. Reapareceu um cenário que havia se tornado incomum no estado desde o fim dos anos 1990. De outro lado, o Rio de Janeiro vem reduzindo, em números absolutos, seus altos índices de criminalidade. Enquanto São Paulo registra um aumento de 10% no número absoluto de assassinatos (de 3.225 ano passado para 3.536 homicídios de janeiro a setembro de 2012), o Rio vive situação inversa, com redução de 3.277 para 3.028 no período.

Em números relativos, São Paulo ainda está em situação bem melhor: em 2011, registrou taxa de 10,1 homicídios por 100 mil habitantes, enquanto o Rio amargou o alarmante índice de 24,9 mortes por 100 mil habitantes. Por enquanto, não foram divulgadas as taxas de 2012, mas a diferença continua grande.

Ainda assim, as tendências de alta da criminalidade em São Paulo e de queda no Rio são reflexo da fases vividas pelos dois estados na segurança pública. Especialistas apontam dois motivos para a queda do número de homicídios em São Paulo a partir do fim da década de 1990. Um deles tem a ver com a diminuição do número de armas de fogo em circulação, a criação de aparelhos de inteligência e a estruturação da investigação de homicídios, o que resultou em um aumento da taxa de resolução de crimes.

O segundo motivo guarda pouca relação com os esforços do poder oficial. Uma facção criminosa tornou-se hegemônica no estado, eliminando as rivais dentro dos presídios e nas ruas. Segundo Pedro Abramovay, ex-secretário nacional de Justiça, a hegemonia da facção fez diminuir o número de homicídios e aumentar o lucro do tráfico e dos crimes contra o patrimônio.

— Em São Paulo, deixou de existir uma guerra deliberada entre facções. A facção dominante não quer mortes, não quer chamar a atenção. Não há dois ou três grupos lutando por território. A facção quer lucrar ao máximo com o produto de seu crime — diz Abramovay.

Facção “continuou mandando em presídios”

Esse “equilíbrio” foi rompido duas vezes. Em 2001, com revoltas simultâneas em diversas penitenciárias, e em 2006, naquele que é, provavelmente, o maior episódio de violência vivido por São Paulo. Nos dois casos, a violência teve início a partir da revolta de líderes da facção criminosa que estavam presos. Houve descontentamento com transferências entre presídios e medidas de controle adotadas pelo governo.

Em 2006, a violência saiu das penitenciárias e chegou às ruas. Mais de 500 pessoas foram mortas, entre elas dezenas de agentes públicos. De lá para cá, a situação se acomodou. As chacinas tornaram-se raras, e as mortes de policiais diminuíram. Também não foram mais registradas grandes rebeliões em presídios.

— O grupo criminoso continuou mandando nas penitenciárias sem ser incomodado — diz o deputado Major Olímpio (PDT), membro da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de São Paulo.

— A facção continuou mandando nas penitenciárias e fazendo seus negócios, evitando mortes e confrontos com a polícia — concorda Guaracy Mingardi, ex-subsecretário nacional de Segurança Pública.

Na prática, vivia-se uma situação cômoda para os dois lados. Sem acerto de contas e sem provocar rebeliões em presídios, a facção continuou lucrando e expandindo seus negócios. A cúpula da Segurança, por outro lado, viu os homicídios diminuírem e as revoltas no sistema carcerário cessarem. Até que, este ano, a violência recrudesceu, com uma sequência de mortes na periferia da capital paulista e da Grande São Paulo.

— Alguma coisa quebrou esse equilíbrio — diz Mingardi, atentando para o fato de que, até o momento, os presídios continuam controlados. — Mas, na periferia, o que se vê é uma guerra suja. Os motivos disso ainda não são completamente conhecidos.

Na prática, a crise atual é vista como esgotamento do modelo responsável pela queda no número de homicídios no estado. Para Ligia Rechenberg, coordenadora de análise de dados do Instituto Sou da Paz, São Paulo passa por um momento de descontinuidade de iniciativas que deram certo em sua política de Segurança Pública.

—A criação do InfoCrime, que possibilitou mapear as ocorrências na cidade, e o fortalecimento do DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa), que aumentou a taxa de resolução de ocorrências, são exemplos. Isso deveria ser intensificado e aprimorado. Mas parece que houve descontinuidade — disse ela.

Procurada, a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública nega que tenha ocorrido um esvaziamento da Polícia Civil. Diz que as polícias fazem trabalhos distintos, e que a investigação continua sendo normalmente feita por policiais civis. Ainda de acordo com a secretaria, eventuais remanejamentos de policiais de um distrito para outro são normais.

Na outra ponta, o Rio está começando a colher os frutos de um combate à violência com planejamento e inteligência, depois de longo período de opções erradas na Segurança Pública.

— O Rio errou muito. Agora, há um esforço grande para reverter essa situação. A parceria com o governo federal é parte dessa política. Houve um investimento forte em metas e estratégia conjunta entre as polícias Civil e Militar. Hoje, os sistemas de informação da Polícia Civil carioca são muito mais informatizados do que os da polícia de São Paulo — diz Ligia Rechenberg.

Abramovay: há diferenças entre rio e SP

Para Abramovay, o pacote de medidas conjuntas anunciado pelo governo de São Paulo com o Ministério da Justiça pode aplacar a crise atual da Segurança Pública no estado.

— O Rio começou a reverter esse quadro de descontrole atuando em parceria com o governo federal — afirma.

Para ele, no entanto, as diferenças entre São Paulo e Rio precisam ser levadas em conta no enfrentamento da violência. O ex-secretário lembra que, no Rio, o poder público perdeu territórios para o tráfico e as milícias. Além disso, diferentes organizações criminosas disputavam pontos de tráfico, aumentando a taxa de homicídios com demonstrações de força, em uma realidade oposta à de São Paulo.

Aqui, o fundamental é aperfeiçoar o trabalho de inteligência e investigação. Não é necessário um grande aparato bélico, como no Rio. Não há território em que a polícia não entre. A questão é mais de inteligência.

Para Renato Sérgio de Lima, coordenador do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, as crises nos estados são sistêmicas e refletem a falta de política nacional de Segurança Pública.

— Nossa legislação penal é antiquada. Não resolvemos a questão dos presídios. Não delimitamos o poder e a função das polícias — diz.

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Nov 11, 2012

Grande Professor.

  • T ite dedica placar a funcionário que sofreu AVC
  • Tossiro NetoSão Paulo (SP)

Antes de o Corinthians subir ao gramado do Pacaembu na noite deste sábado, os jogadores ofereceram a oração a Gilvan, funcionário do clube que sofreu AVC (Acidente Vascular Cerebral) na madrugada de sábado e se encontra em estado de saúde grave. Ao fim da partida, vencida por 5 a 1, o resultado foi dedicado também a ele.

“Queria fazer menção de que todo o trabalho nosso foi para o Gilvan, para que ele possa estar legal, para que ele possa estar bem. Esse é o sentimento que o Cássio (goleiro) externou e foi o sentimento de todos nós dentro do vestiário”, disse o técnico Tite.

Gilvan trabalha na portaria do CT Joaquim Grava e é conhecido tanto dos jogadores quanto dos membros da comissão técnica. Ao serem informados do ocorrido neste sábado, todos se comoveram com a notícia e se uniram em oração ao companheiro de trabalho.

Quando a bola rolou, o Corinthians foi para cima e abriu o placar logo aos cinco minutos, em cobrança de pênalti convertida pelo zagueiro Chicão. Estava aberto o caminho da goleada, na noite em que Fábio Santos, Paulinho (duas vezes) e Guerrero também balançaram a rede da meta defendida pelo goleiro Vanderlei.

“Nosso nível de atuação foi muito bom, com consistência defensiva também, sem dar muitas oportunidades ao adversário. Convertemos as oportunidades que criamos. Tem jogo que temos que criar três ou quatro oportunidades para fazer um gol. Mas hoje (sábado) fomos efetivos. Esse foi um aspecto importante para o desfecho do jogo”, destacou o treinador.

“Em nenhum momento, mesmo com o placar, o time fez firula ou deu caneta para trás. Foi sempre tocando passes em direção ao gol. Eu pedia para os jogadores tocarem e infiltrarem. Por isso é que as oportunidades surgiram. Teve grito de olé (da torcida) com nossos passes, mas foram sempre passes para frente”, acrescentou Tite, bastante satisfeito pela atuação às vésperas do Mundial de Clubes.

Com mais três rodadas a disputar no Campeonato Brasileiro antes da viagem ao Japão, a equipe tem agora 53 pontos ganhos, na sexta posição. O próximo compromisso pela competição nacional será no sábado que vem, diante do Internacional, no Beira Rio.

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