História das Copas
Amarildo é a solução
O ESTADO DE S. PAULO
O reserva que fez o mundo esquecer a contusão de Pelé
SÃO PAULO – Uma notícia boa e outra péssima no início da campanha do Brasil na Copa do Mundo de 1962. Derrotou o México na estreia por 2 a 0, mas perdeu Pelé por contusão no segundo jogo da fase incial. A maior estrela do Brasil estava fora prematuramente do Mundial.
Amarildo entrou no lugar de Pelé. Havia, no entanto, a desconfiança de que não teria condições de substituir o melhor jogador do planeta. OEstadão noticiou pouco antes do campeonato mundial, inclusive, que a convocação de Amarildo estava longe de ser unanimidade.
Veio a desconfiança. Mas já no confronto seguinte, ante a Espanha, Amarildo demonstrou ser a resposta certa para o grande baixa da seleção brasileira. Fez os dois gols no triunfo duríssimo por 2 a 1 e garantiu a classificação à próxima fase. Mesmo assim teve sua atuação criticada nas páginas do Estadão. “Fraquíssimo no primeiro tempo, quando demonstrou nervosismo.”
Na semifinal, diante dos chilenos, donos da casa, a avaliação de Amarildo começou a melhorar, porém ele ainda era eclipsado por Garrincha. “Garrincha, Vavá e Amarildo, especialmente o primeiro, foram suficientes para, com habilidade e astúcia, deixar a descoberto as falhas da defesa chilena”, relata o Estadão no dia 15 de junho de 62.
Mas é a única citação que Amarildo recebe no texto. Mesmo sem estar em campo, Pelé estava no título da reportagem: “Além de Pelé, mais 4 estão contundidos.”
Mas se os gols em cima da Espanha e a boa atuação diante do Chile não bastaram para Amarildo convencer, na decisão da Copa veio sua consagração. Foi dele o gol que abriu o placar para o triunfo por 3 a 1 contra a Tchecoslováquia.
O Brasil conquistou o bicampeonato mundial e, enfim, não pairava mais qualquer dúvida sobre a importância de Amarildo. Junto com Garrincha, ele acabou como um dos mais aplaudidos pelo público na recepção da delegação em Brasília, relatouO Estado de S. Paulo. E por suas atuações, o substituo de Pelé recebeu o apelido de “Possesso”.
Amarildo defendia o Botafogo. Compunha junto com Garrincha, Quarentinha e Zagallo, um ataque formidável. Marcou 135 gols em 231 partidas. No ano seguinte à Copa foi contratado pelo Milan, onde jogou até 1967. Ainda na Itália, passou Fiorentina e Roma. Em 1974 encerrou a carreira no Vasco da Gama.
Em 2008, aventurou-se como técnico do América-RJ. Durou uma semana. Em reportagem na edição de 31 de janeiro de 2008, sob o título “A revolta do Possesso”, o Estadão conta que Amarildo fez jus à alcunha herdada de 62 após saber que fora demitido pelo clube carioca.”Aqui não melhora nada”, gritava ao sair do vestiário, descreveu o jornal.
Mas não foi como treinador e sim como jogador que Amarildo brilhou no futebol, especificamente em 1962, sua única Copa. Merecidamente, foi homenageado como um dos embaixadores do Brasil para a Copa de 2014 e pôde, desta vez realmente de forma discreta, sentir de novo o gostinho da competição que o consagrou
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A Copa é um sucesso.
APESAR DE PROBLEMAS, COPA VENCE O CAOS
Falhas esperadas não se confirmam, enquanto outros erros surpreendem
Lourival Sant’Anna
Apesar de alguns percalços, os torcedores estão conseguindo assistir às partidas. O caos temido não sobreveio. Está tendo Copa, sim, e o Brasil não está fazendo tão feio. O Estado acionou sua rede de correspondentes nas 12 cidades-sede, para um primeiro balanço da Copa – que obviamente não pode ser definitivo, transcorrida apenas uma das quatro semanas do evento.
O resultado é surpreendente: nos pontos em que se temiam mais problemas, como os aeroportos, o transporte e a segurança pública, as coisas estão indo relativamente bem. Por outro lado, surgiram problemas não imaginados, como a falta de comida nos estádios e as invasões de perímetro por torcedores sem ingresso, atropelando padrões de segurança impostos pela Fifa e seguidos internacionalmente.
Aeroportos. O funcionamento dos aeroportos, um dos principais motivos de preocupação, poderia ser muito melhor, mas os problemas estruturais não chegam a comprometer o evento. Com as viagens de negócios em São Paulo suspensas durante a Copa, as filas em Cumbica e Congonhas não estão acima do normal. Do dia 11, véspera do início do Mundial, até o dia 16, os voos atrasados representaram 4,1% e os cancelamentos, 8,2% – bem abaixo do limite estabelecido pelas autoridades brasileiras, que é de 15%. Em Campinas, a concessionária deveria entregar as obras em Viracopos no dia 11, o que não ocorreu. Mas o atraso não gera grandes transtornos.
As obras de ampliação do Aeroporto Afonso Pena, na Região Metropolitana de Curitiba, também não foram concluídas. No entanto, a parte realizada foi suficiente para atender à demanda. Um equipamento importante, que não foi comprado, o ILS, permitiria pousos e decolagens com tempo ruim. Mas, até agora, o aeroporto, tradicionalmente afetado pelas neblinas, não ficou fechado no período da Copa. O transporte coletivo entre o aeroporto e Curitiba é habitualmente eficiente. Além de um ônibus comum, por R$ 2,70, há um micro-ônibus, com tarifa de R$ 12.
Já em Porto Alegre, a neblina paralisou o aeroporto por algumas horas, em três manhãs, na semana que precedeu a Copa, causando dezenas de atrasos e cancelamentos de voos. O ILS, investimento de R$ 40 milhões, está instalado e foi homologado anteontem após 16 anos de espera – o que não impediu que o nevoeiro fechasse o aeroporto por três horas na manhã de ontem.
Outro forte nevoeiro, no Rio, na terça-feira, provocou o fechamento do Santos Dumont por quatro horas. Turistas se queixaram da falta de conforto – muitos tiveram de ficar sentados no chão do saguão – e de informação. Entre 6h e 10h, dos 50 voos previstos, 21 foram cancelados. Alguns passageiros perderam jogos. A Infraero afirma que a média de atrasos é menor do que o tolerado pelo padrão internacional.
Em Cuiabá, a falta de dois fingers (pontes entre os aviões e o terminal) – problema comum nos aeroportos do Brasil – dificulta o embarque dos passageiros. Um terminal remoto temporário, apelidado de “puxadinho”, teve de ser improvisado no lugar da ampliação do Aeroporto de Fortaleza, paralisada pela Justiça. Orçada em R$ 1,79 milhão, a estrutura provisória tem 1,2 mil m² e capacidade para 400 mil passageiros. Com ar-condicionado, quatro portões de embarque, sanitários, cafeteria, assentos e monitores dos voos, tem conseguido suprir a demanda. Mas as obras inacabadas de ampliação do terminal, cobertas por tapumes, deixam má impressão.
O mesmo acontece no Aeroporto de Salvador, envolto por tapumes. As obras dentro do terminal atrapalham a circulação dos passageiros e, fora dele, prejudicam o trânsito até o aeroporto. Apesar de parte dos novos guichês de check-in previstos no projeto ter sido entregue, as filas são longas.
O maior imprevisto no Aeroporto de Brasília até agora ocorreu na quarta-feira, quando Suíça e Equador se enfrentaram. Acabaram as notas de reais na casa de câmbio do aeroporto e vários torcedores que desembarcaram em cima da hora, sem dinheiro brasileiro, irritaram-se. Já no dia seguinte, não houve problemas. As filas de táxis fluíram com tranquilidade, sem espera. O mesmo se deu com os ônibus que vão para o centro de Brasília, nas proximidades do Estádio Mané Garrincha.
Inaugurado a quatro dias do início da Copa, o Aeroporto Governador Aluízio Alves, na Grande Natal, passou no teste. Embarque e desembarque foram feitos normalmente, embora turistas tenham reclamado de falta de sinalização. Em um lance raro de boa gestão no Brasil, o fluxo foi aliviado pelo uso do aeroporto antigo, Augusto Severo, que depois da Copa será desativado, e está servindo só às seleções.
Mobilidade. Outra precariedade brasileira, o transporte público, em geral não tem comprometido o deslocamento dos torcedores – embora a situação varie de cidade para cidade. A concentração de atividades entre o centro e o Beira-Rio facilitou a vida dos torcedores em Porto Alegre. Eles podem percorrer a pé os 4,7 km do “Caminho do Gol”, do centro até o estádio. Ao final dos jogos, sem alterar muito o roteiro, podem ir para a Fan Fest, à beira do Lago Guaíba, ou para os bares da Cidade Baixa, que costumam lotar.
A Arena da Baixada também fica próxima ao centro de Curitiba, o que permite aos torcedores chegar ao estádio a pé ou em ônibus especiais. Embora tenha sido um dos últimos estádios a ficarem prontos, os acessos à Baixada funcionam bem, até mesmo para portadores de deficiência, com carrinhos especiais para transportá-los do estacionamento até a entrada do estádio.
Já a Arena Pernambuco foi construída em um lugar ermo, fora do Recife. Diante dos tumultos na Copa das Confederações, no ano passado, quando o metrô foi o meio de transporte utilizado por 70% dos torcedores – e não deu conta -, no Mundial foram oferecidas mais opções: o Bus Rapid Transit (BRT), com 4 estações concluídas de um total de 45, e estacionamentos para os torcedores deixarem seus carros e seguirem de ônibus para o estádio. Para evitar engarrafamentos, somente os que vão à arena, identificados por pulseiras coloridas, usam esses equipamentos nos dias de jogos.
Badalado como o maior legado para Cuiabá, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), licitado em R$ 1, 477 bilhão, não foi concluído, mas isso não trouxe dificuldades para os torcedores, que vão de ônibus do aeroporto para o centro e do centro para a Arena Pantanal.
O monotrilho, principal projeto de mobilidade urbana de Manaus, foi retirado da chamada “matriz de responsabilidade da Copa” ainda em 2013. A prefeitura colocou 15 ônibus da frota reserva para reforçar o transporte para os jogos na Arena da Amazônia e para a Fan Fest.
Apesar da implementação em Belo Horizonte do BRT, batizado de Move, torcedores levam até 3 horas para chegar ao estádio. Os ônibus especiais para os jogos também seguem completamente lotados.
Já em São Paulo, onde poderia haver os maiores transtornos, os torcedores têm tido facilidade de chegar ao Itaquerão, de metrô e de trem. O esquema de bloqueio das ruas no entorno do Maracanã funcionou. A maior parte do público no Rio segue para o estádio de metrô, sem dificuldades.
Segurança. As manifestações contra a Copa nas proximidades dos estádios não têm atraído muitos participantes, e os Batalhões de Choque das Polícias Militares têm tido êxito em evitar que obstruam o acesso dos torcedores. A polícia brasileira não tem tanta experiência com eventos desse porte quanto a de outros países, e a justaposição de responsabilidades com a Fifa – soberana na segurança do acesso aos jogos – torna ainda mais problemático o controle sobre o perímetro dos estádios. A brecha de segurança mais emblemática foi a invasão do centro de imprensa do Maracanã por cerca de 200 chilenos – 88 dos quais acabaram detidos -, na quarta-feira.
Também no Maracanã, três dias antes, no domingo, ao menos dez argentinos sem ingressos haviam furado o bloqueio e assistido à partida de sua seleção contra a Bósnia. Mesmo assim, só na sexta-feira, dois dias depois da invasão chilena, foi que a Fifa e o governo brasileiro esboçaram uma solução, anunciando o aumento de seguranças privados, a cargo da entidade, bem como de policiais militares, com retaguarda das Forças Armadas.
As revistas em busca de itens que oferecem perigo, na entrada de alguns estádios, como o de Brasília e o de Belo Horizonte, não têm sido bem feitas. No dia 14, torcedores ingleses entraram com barras de ferro na Arena Amazonas.
A violência nas Viradas Culturais em São Paulo e os arrastões nas praias do Rio prenunciavam problemas nas Fan Fests. Mas em geral elas têm sido bons lugares para assistir às partidas.
Houve incidentes isolados. Em São Paulo, durante o jogo do Brasil contra o México, na terça-feira, torcedores que não podiam entrar porque a lotação de 30 mil pessoas havia sido atingida jogaram grades de isolamento sobre os que faziam fila em uma das entradas. Pelo menos 15 pessoas ficaram feridas. Na quinta-feira, 14 brasileiros foram detidos depois de jogar rojões contra 60 ingleses em um bar no centro. Ninguém saiu ferido.
Em Belo Horizonte, na madrugada de ontem, a polícia jogou bombas de gás lacrimogêneo e deteve um torcedor, para desfazer uma briga entre argentinos e brasileiros. Nas outras cidades, não houve incidentes importantes.
Problemas existem. Mas a Copa do Mundo venceu o caos. Pelo menos até aqui.
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São Paulo é um sucesso.
SP surpreende e conquista estrangeiros
LAURA MAIA DE CASTRO – O ESTADO DE S.PAULO
22 Junho 2014 | 02h 02
Preparados para o pior, gringos elogiam metrô, comida e hospitalidade do paulistano; altos preços e sujeira, porém, assustam viajantes
Ninguém precisa mais imaginar como seria na Copa. Ela chegou há dez dias, trouxe um mar de estrangeiros para a capital paulista e bem menos problemas do que o esperado. “Falaram muito sobre a falta de organização e segurança, mas nós não passamos por nenhuma situação difícil. Tudo tem funcionado bem”, disse a inglesa Mary Yanni, de 28 anos. Em geral, assim como Mary, turistas de outros países que circulam pelas ruas de São Paulo revelam surpresa com a infraestrutura e as atrações da metrópole.
Eles dizem que a comunicação em outras línguas está complicada, mas garantem que as mímicas e a hospitalidade paulistana têm dado conta do recado. Há uma semana em São Paulo, Mary e mais duas amigas escolheram o metrô como meio de transporte e se surpreenderam com a rede. “Não esperava. O metrô é mais limpo, mais barato e até melhor que o de Londres”, diz Stephanie Gallegos, também de 28 anos.
Quando disseram para amigos e parentes que viriam ao Brasil, as inglesas tiveram de ouvir recomendações de todas as partes. As três, que são amigas desde o tempo da escola, já tinham viajado juntas para a Copa na Alemanha, em 2006, e hoje dizem que aqui no Brasil há “mais coisas para ver”. “Definitivamente, temos de voltar”, disse Stephanie sem esconder a empolgação durante o passeio pela Avenida Paulista.
Nas escadas da Pinacoteca, na Luz, centro da cidade, o engenheiro indiano Rakesh Karun, de 38 anos, e mais três amigos também da época da escola escolhiam o próximo destino turístico com um mapa da cidade na mão. Ele elogiou o transporte público e disse que houve mais organização do que esperava. “Diante das notícias que víamos antes de chegar aqui, esperávamos o caos, mas não foi isso que encontramos. Na realidade, houve mais organização até do que já vimos em alguns países europeus.”
Karun disse que nos primeiros dias em São Paulo, eles passaram sufoco para conseguir se comunicar, mas logo se adaptaram. “Depois que aprendemos palavras básicas como frango, arroz e caipirinha, ficou mais fácil de se comunicar e comer nos restaurantes”, brincou.
O inglês Paul Clay, de 35 anos, também aprendeu nomes de comida. Por volta de 12h de anteontem, ele e outros dois amigos tomavam cerveja e comiam torresmo em uma lanchonete no Largo do Paiçandu, na região central. Ele disse que adorou os sabores que experimentou até agora em São Paulo. “Comi churrasquinho, coxinha e torresmo”, dizia ele apontando para os salgados da estufa.
Clay afirmou que o grupo foi bem recebido no Brasil, mas que houve um dia que um taxista quis “se dar bem”. “Saindo da Vila Madalena, o táxi até o hotel deu R$ 10 mais caro do que o dia anterior. Sabíamos que ele tinha dado uma volta desnecessária, mas logo falamos que não íamos pagar e ele diminuiu o preço.”
Na estrada. A dona de casa colombiana Clemencia Bautista, de 61 anos, não tem recorrido aos serviços de taxistas. Ela e a família vieram desde Porto Alegre de carro e os altos custos da cidade surpreenderam os colombianos. “Achava que o trânsito ia ser pior por causa do tamanho de São Paulo, mas o que me impressionou foram os preços dos estacionamentos.”
O empresário costa-riquenho Bernal Corrales, de 41 anos, entretanto, elogiou os taxistas da capital. O único ponto negativo que ele e os amigos de viagem destacaram foi em relação à limpeza. “Achei que seria mais limpo. Há muitas pichações por todos os lados, não esperava isso. Dá um ar de degradado em algumas partes da cidade.”
Corrales esperava que houvesse manifestações a todo instante e temia pelo deslocamento do grupo. “Por causa das notícias de antes do Mundial, achávamos que não conseguiríamos nos locomover pela cidade, mas isso não aconteceu. Vimos apenas um ato com cerca de 30 pessoas”, disse, ao sair do Mercadão, na região central. E o caos tão esperado não chegou e os gringos, empolgados, se espalharam, além do centro, também pela região da Avenida Paulista e Vila Madalena.
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A Copa é um sucesso.
Prenúncio de que Copa seria o ‘fim do mundo’ não aguentou 3 dias
Início do Mundial no Brasil reverteu expectativa da mídia internacional de que o evento seria desastroso para o país
Estádios que ‘Nunca’ ficariam prontos já receberam jogos –e sem grandes problemas
NELSON DE SÁDE SÃO PAULODo início do ano até a abertura da Copa do Mundo, a imagem do Brasil foi alvo de um ataque de histeria na mídia ocidental.
Na capa da revista alemã “Der Spiegel”, com o enunciado “Morte e jogos – O Brasil antes da Copa do Mundo”, uma bola em chamas caía como meteoro sobre o país.
Os tabloides ingleses avisavam que torcedores arriscariam suas vidas se viajassem ao Brasil, e que Londres já havia sido consultada para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 no lugar do Rio.
O correspondente do “New York Times”, Simon Romero, anunciava na primeira página que as obras atrasadas e mortais dos estádios simbolizavam o fim das “grandes ambições” do Brasil.
Iniciada a Copa, porém, o fim do mundo que fora anunciado por quase seis meses não aguentou três dias.
No sábado (14), a maior e mais independente agência de notícias, Reuters, informou que os torcedores estrangeiros estavam felizes de encontrar tudo de pé e que os protestos eram pequenos.
Desde antes, na verdade, celebridades e jornalistas vinham tuitando a estranheza por não encontrar o caos imaginado ao chegar ao país.
A qualidade crescente dos jogos pesou na mudança de humor, assim como os xingamentos à presidente.
A inglesa “Economist” creditou a grosseria aos “paulistanos endinheirados” e afirmou que eles não representavam ameaça à reeleição. Análises posteriores disseram que podiam até ajudar.
A mistura de gols com infraestrutura abafou o pouco que havia de protesto, que passou a ter dificuldade para ser ouvido –como observavam os próprios veículos que não os ouviam.
As manifestações que ocorreram no início resultaram em breves críticas à repressão policial, por ter ferido jornalistas estrangeiros.
Ao fim da primeira semana de jogos, vieram os balanços e o veredicto do correspondente de “NYT”, Sam Borden, de que as “previsões de dia do juízo final dão lugar a soluços menores”.
Estádios que não ficariam prontos “nunca” já tinham recebido jogos –e seus problemas não passavam de fios visíveis ou grama pintada.
Os tabloides londrinos, que antes alertavam para a violência no Brasil, destacavam que um comentarista de TV deixou a Copa às pressas, depois de um violento assalto a sua casa na Inglaterra.
Questionavam ainda uma integrante do governo que havia recomendado evitar viagem à sede da Copa –e que, agora, aparecia em fotos no Brasil, festejando.
Antes do torneio, um especialista do King’s College havia previsto que a cobertura exageradamente negativa reduziria as expectativas –e acabaria revertendo, no final, em avaliação positiva.
A reversão aconteceu não só antes do esperado, mas em grau bem maior.
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Livro sobre Democracia Corinthiana entre os melhores da Itália
O livro “Compagni di Stadio”, publicado pela jornalista Solange Cavalcante, é um sucesso na Itália.
Na última semana -informa nosso conselheiro Sérgio Scarpelli (diretor do Timão à época da Democracia)- o livro entrou na lista dos 10 melhores publicados recentemente na Itália, em concurso no Festival do livro de Cortona, na Toscana.
Há um outro concurso importante com voto popular pela internet. Quem desejar participar deve se cadastrar para receber uma senha e depois votar.
Para votar, basta visitar este link: http://www.cortonamixfestival.it/mixprize.php
A autora deu entrevista a RAI e participou do evento em Milão. Tudo falando do Corinthians e do que foi a “Democracia”.
Vejam o destaque do livro, na Toscana:
COMPAGNI DI STADIO
SOLANGE CAVALCANTE
FANDANGO
Negli anni bui e silenziosi della lunga dittatura militare brasiliana, una squadra di calcio ispirò un’intera nazione e contribuì al ritorno della democrazia e della libertà. Questa è la storia dell’ingenua Comune, repubblica democratica o incredibile soviet calcistico, che fiorì e prosperò in Brasile nello Sport Club Corinthians Paulista tra il 1981 e il 1985.
Il consiglio del libraio la Feltrinelli:
«Compagni di squadra racconta la storia del Corinthians di San Paolo, la squadra di Socrates, con la precisione della grande cronaca e il respiro dell’epica»
Erros e acertos da Copa
Ninguém nega: a Copa do Mundo de futebol de 2014 é um sucesso e tanto. A força do futebol e e o peso deste evento superaram as críticas que apareciam por todos os lados no período que antecedeu o evento.
A realização da Copa no Brasil é um notável sucesso e vem apresentando uma incrível lista de acertos e erros que espanta qualquer pessoa acostumada com o mundo do futebol.
O maior dos erros desta Copa é a quase absoluta incapacidade dos governos de defenderem o evento, mesmo diante dos mais medíocres ataques.
Quando as manifestações do ano passado começaram -com a campanha contra aumento da passagem de ônibus- o grito maior dizia que o País gastava muito na organização da Copa e pouco nas áreas de transporte, saúde, educação etc.
Era puro engodo. Mas, incrivelmente, até setores do governo passaram a defender o “grito das ruas” dando razão aos detratores da Copa.
A Copa era um projeto de todos os governos: federal, estadual e municipal. Estava acima dos partidos e das disputas eleitorais e partidárias.
Mas bastou uma ou outra passeata para que todos os governos e políticos iniciassem uma demagógica luta para “tirar o corpo” e “jogar a carga para o outro”.
As manifestações eram um grito difuso contra tudo e todos e representava um conjunto de frustrações especialmente dos setores de classe média.
As oposições começaram a dizer que o governo estava gastando muito dinheiro com as obras da Copa o que, todos sabiam, não era nada verdadeiro. Não foram poucos os líderes de oposição -que mesmo estando no evento Copa em seus Estado e municípios- passaram a atacar o evento.
E o governo federal -que deveria liderar a defesa da Copa- passou a adotar a tática do tatu. Correu para dentro de casa e ficou esperando a tempestade passar. Quando agia era para acusar a Polícia Militar (especialmente a de São Paulo) de ser o motivo dos protestos. O que era -evidente- equívoco. O momento mais trágico foi quando o partido do governo resolveu convocar seus militantes para engrossarem uma manifestação de protesto na Av. Paulista contra a….Copa que seu governo estava fazendo.
Esta fase -de defesa débil da Copa- afetou todo o evento e só está sendo superada agora com a força do futebol.
Bastaria aos governos assumir -sem qualquer vacilação- a defesa da Copa e os argumentos dos “protestantes” fariam água. Veja-se o exemplos dos estádios sempre lembrados como foco de gastança. Peguemos a Arena da Amazônia – acusada a todo momento de ser um elefante branco- construída na cidade de Manaus. Imagine-se o que diria o mundo se o Brasil fizesse uma Copa e excluísse a Amazônia. É um custo. É. Mas esse é o preço por termos a Amazônia. Não dá para ficar dizendo a “Amazônia é nossa” e quando faz uma Copa tirar a Amazônia do mapa. Incrivelmente ninguém -dos governos todos- lembrou de dizer isso.
Mas a Copa chegou a a força do futebol virou tudo. Poderia ser um momento fantástico de fortalecimento do pais. Não está sendo porque os governos erraram o tempo todo.
Veja este último trágico erro:
A Abertura da Copa- realizada com grande sucesso na Arena Corinthians- acabou gerando um barulho por todo lado porque a presidente Dilma foi xingada, de forma vil por torcedores presentes no estádio. Deplorável e vergonhoso.
Mas tudo dentro de um grande erro: a presidente foi à abertura mas tomou medida para não aparecer muito e levar algumas vaias. Acreditando que isto seria possível, alteraram o cerimonial e a presidente -que deveria declarar aberta a Copa, ficou na última fila de um camarote.
Incrível erro. Como já fora o lamentável discurso na TV antes da Copa quando, caindo no papo dos inimigos, começou a desfilar números de investimento em…saúde, educação etc.
Se a presidente Dilma ouvisse mais pessoas do mundo do futebol e menos esses marqueteiros inúteis, teria comparecido ao estádio e declarado aberto os jogos como todos os outros países fizeram.
Seria vaiada? Lógico. Quem não é vaiado em campo de futebol? Até minuto de silêncio recebe vaia.
Tomada a vaia e fortalecida porque não se escondeu ou se omitiu, teria receberia apoio pelo seu gesto por todo lado. Destaque-se que na plateia estava em maioria o pessoal VIP numa boca-livre oferecida pelas empresas e entidades.Quase 80% do público ali presente não tinham comprado ingresso por caminhos regulares.
O xingamento foi grosseiro e deplorável mas os marqueteiros ajudaram muito. E provocaram esse desgaste que ficará cada vez maior quando o público olhar pela TV outros presidentes de outras nações comparecendo aos jogos. Ontem mesmo a Sra. Merkel, primeira ministro da Alemanha -apareceu mais do que o Cristiano Ronaldo. Foi até ao vestiário tirar uma fotos. No outro jogo apareceu o vice-presidente dos EUA com toda a delegação para apoiar o jogos de seu país.
É claro que a presidente Dilma deveria ir a todos os jogos do Brasil mas, tendo errado na abertura, ficará com esta saia justa a Copa toda.
Mas, entre erros e acerto, a Copa vai ser um sucesso. Poderia ser maior? Poderia. Mas, com esta praga de marqueteiros que infestam o país por ai, até que estamos saindo bem.
Balanço da Copa pela BBC
Balanço da Copa: bom futebol e ‘fantastic people’ contrastam com falhas nas arenas
Pablo Uchoa e Renata Mendonça
Da BBC Brasil em Londres e em São Paulo
Nem tanto ao céu, como os organizadores esperavam, nem tanto ao inferno, como muitos pessimistas previam. A Copa do Mundo do Brasil começou com um certo ceticismo por parte da mídia nacional e internacional, principalmente por conta dos atrasos nas preparações e da iminência de greves e protestos. Cinco dias após o início da competição, a primeira rodada fluiu com alguns problemas de organização, mas sem que o maior espetáculo do futebol fosse afetado.
Com todos os estádios “estreados”, já foi possível perceber algumas dificuldades em comum. A primeira delas sendo um velho problema brasileiro, principalmente em lugares com uma grande concentração de pessoas: a internet e o sinal de 3G. Antes da Copa, o “padrão” nas arquibancadas do Brasil era não se conseguir utilizar o 3G pela maior parte em que elas estavam povoadas. Durante o Mundial, a melhora foi nítida, e os torcedores até têm conseguido mandar as famosas selfies para as redes sociais – mas a instabilidade do sinal ainda é notável.
- Para os jornalistas, em algumas arenas, a conexão wifi já tem sido suficiente para trabalhar. Nas em que o sinal de internet sem fio era instável, restou apelar para a rede cabeada, que tem funcionado muito bem nos 12 estádios, segundo apurou a BBC Brasil.
O segundo grande desafio desta Copa do Mundo no Brasil tem sido enfrentar o trânsito em algumas das cidades-sede. Em capitais onde o congestionamento já é frequente, como Salvador e Manaus, por exemplo, os dias de jogos foram um pouco caóticos, e os torcedores que tentavam ir de carro à Fonte Nova e à Arena Amazônia, respectivamente, sentiram na pele os problemas de mobilidade urbana das duas cidades.
Já dentro do estádio, a grande reclamação é com relação aos voluntários. Todos muito elogiados pela educação e prestatividade, mas criticados principalmente por não saberem passar informações básicas – localização de banheiros, bares, assentos, etc. Se a pergunta vem em inglês, é ainda mais difícil conseguir uma resposta – os voluntários bilíngues ainda são uma raridade nas arenas.
Alguns desses problemas são explicados pela demora na entrega dos estádios. Segundo a Fifa, em coletiva de imprensa realizada um dia depois da abertura do Mundial, a entidade está preparada para lidar com esses desafios, que tendem a ser maiores nos estádios que estão sendo utilizados para valer pela primeira vez durante a Copa – as seis arenas já testadas na Copa das Confederações já não teriam os mesmos problemas.
Protestos
Os incidentes mais preocupantes mesmo neste início de Copa dizem respeito aos enfrentamentos entre manifestantes e policiais, que têm aplicado mão dura contra os protestos – apesar de estarem ocorrendo em números bem menores do que os de junho do ano passado. No primeiro deles durante o Mundial, na manhã da abertura do torneio, em São Paulo, duas jornalistas da CNN foram feridas pelo estilhaço de uma bomba de efeito moral disparada pela polícia militar. A manifestação tinha pouco mais de 200 pessoas e ficou longe de se aproximar das dependências da Arena Corinthians, em Itaquera.
Em outra manifestação, desta vez no Rio de Janeiro, no último domingo, houve mais confronto entre manifestantes e PMs, que usaram bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar os cerca de 150 que estavam protestando nas ruas próximas ao Maracanã. O que mais chamou a atenção foi que um policial chegou a descer do carro e dar tiros para o alto com uma arma de fogo – ele estava passando pelo local quando viu a manifestação e decidiu agir.
Segundo a Polícia do Rio, o próprio oficial se apresentou voluntariamente admitindo o uso da arma e agora será aberta uma sindicância para determinar se houve irregularidade na situação.
O que deu errado
O grande teste brasileiro de organização nesta Copa começou no dia 12 de junho, com a abertura no estádio popularmente conhecido como Itaquerão, em São Paulo. Lá houve falha dos geradores de energia no primeiro tempo do jogo, mas nada que afetasse efetivamente o bom andamento do jogo. A grande reclamação ficou por conta da falta de comida nos restaurantes e bares.
Na sequência, o jogo em Natal entre México e Camarões: estava tudo pronto para o pontapé inicial, com exceção do próprio estádio, que finalizou seus 10 mil assentos temporários (arquibancadas móveis) em cima da hora, sem que os bombeiros conseguissem emitir o alvará que liberaria os lugares para serem utilizados. Segundo o COL (Comitê Organizador Local), 100 cadeiras acabaram interditadas por questões de segurança, e os torcedores tiveram que ser realocados.
Além disso, a chuva forte que castigou Natal nos últimos dias deixou a cidade em estado de calamidade pública e dificultou o acesso à arena – o próprio entorno dela ficou envolto em uma grande poça de água no primeiro jogo. Na última segunda-feira, porém, Gana e Estados Unidos jogaram por lá em condições climáticas bem mais favoráveis.
Salvador recebeu dois dos melhores jogos de futebol da Copa até aqui: Espanha 1 x 5 Holanda e Alemanha 4 x 0 Portugal. O grande problema da cidade, no entanto, foi para chegar ao estádio. Sem feriados decretados, o trânsito de Salvador ficou caótico nos dias dos dois jogos e torcedores relataram que demoraram 1h30 para chegar do Rio Vermelho (região mais turística da cidade) até a Fonte Nova.
Outra cidade que sofreu com o trânsito foi Manaus, onde Itália e Inglaterra fizeram outro jogo de grande interesse no sábado. Uma das equipes da BBC que chegava para o jogo com três horas de antecedência, precisou desviar do caminho principal para a Arena da Amazônia, percorrendo 2 km em 40 minutos na tentativa de fugir do congestionamento. Houve muita gente que foi desistindo no caminho para ir a pé.
Em Brasília, o problema foi na logística da entrada do estádio. Muitas filas se acumularam na revista e na checagem dos ingressos e, faltando menos de 10 minutos para o início do jogo, o correspondente da BBC Brasil João Fellet relata que viu milhares de pessoas ainda esperando para entrar. Muitos deles só conseguiram se acomodar no Mané Garrincha quando o jogo entre Suíça e Equador já havia começado.
Os inconvenientes comuns a alguns dos estádios foram com relação à conexão de internet e ao serviço dos voluntários. No Maracanã (RJ), Mané Garrincha (DF), Itaquerão (SP) e Arena da Baixada (PR), houve reclamações quanto a oscilações do 3G e do wifi fornecido para a imprensa. Já em Recife, Manaus, Belo Horizonte e de novo São Paulo, houve críticas aos voluntários, por não saberem dar informações corretamente e/ou não falarem inglês.
A primeira grande “gafe” da Copa ficou para Porto Alegre. Uma falha técnica impediu a execução dos hinos de França e Honduras no Beira-Rio, e o secretário da Fifa, Jérôme Valcke, chegou a emitir um comunicado às federações dos dois países com um pedido de desculpas formal.
O melhor até agora
Se fora dos gramados ainda há problemas a serem resolvidos, dentro deles o espetáculo tem sido garantido. A primeira rodada da Copa do Mundo chega ao fim nesta terça-feira após jogos emocionantes, muitas goleadas e, por enquanto, somente um 0 a 0, entre Irã e Nigéria.
Com direito a uma goleada surpreendente de 5 a 1 da Holanda sobre a Espanha, na reedição da final do Mundial passado, e a um jogo de tirar o fôlego entre Itália e Inglaterra – com os italianos vencendo por 2 a 1 -, passando por uma vitória inesperada da Costa Rica por 3 a 1 sobre os bicampeões mundiais uruguaios e um resultado conquistado no último segundo do cronômetro pela Suíça contra o Equador (2 a 1) – já está se falando que a “Copa das Copas” prometida pelos governantes brasileiros está acontecendo mesmo dentro das quatro linhas.
Fora delas, a hospitalidade dos brasileiros tem garantido a satisfação dos turistas, que estão aproveitando para viver uma “grande festa” na Copa do Mundo no Brasil. A BBC Brasil conversou com croatas, ingleses, mexicanos, argentinos e tantos outros estrangeiros – quando perguntados se estavam gostando do Brasil, a respostas tinha sempre algo em comum: “Fantastic people” (povo fantástico).
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O drama de 50.
A pena perpétua de Barbosa
O ESTADO DE S. PAULO
Goleiro do Brasil na Copa de 1950 paga 50 anos por erro na final contra o Uruguai
SÃO PAULO – Barbosa costumava dizer que jamais alguém no Brasil recebera uma pena tão longa quanto a sua. Goleiro da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1950, foi condenado pelo fracasso na final contra o Uruguai. Jogando em casa, ao Brasil bastava empatar para ser campeão mundial pela primeira vez.
Era o que acontecia, até o atacante Ghiggia disparar um chute cruzado, aos 34 minutos do segundo tempo, e fazer 2 a 1. Em reportagem de O Estado de S. Paulo, de 18 de julho de 1950, Barbosa é considerado um dos culpados. “Duas bolas perfeitamente defensáveis foram às redes brasileiras”, relata o texto.
“Dei um passo à frente, senti que (Ghiggia) cruzaria a bola, aí eu poderia pegar com facilidade. Não sei se ele chutou mesmo com efeito ou se quis se livrar da bola, pois estava sendo acossado; o que sei é que a bola entrou entre a minha perna e a trave.” O Estadão relembrou a explicação de Barbosa para o lance em reportagem publicada em 8 de abril de 2000, um dia após a sua morte.
Com o passar dos anos, a cada reencontro entre Brasil e Uruguai, a história do “Maracanazzo” era retomada. Filmes foram produzidos e livros escritos em torno do fato. No curta-metragem “Barbosa”, o personagem interpretado por Antonio Fagundes volta no tempo para tentar alertar o goleiro sobre o desfecho para o chute de Ghiggia, tamanho trauma que aquela derrota causara na vida dele.”Nenhum brasileiro esquece o drama de 50″, era o título de reportagem à página 21 do Estadão do dia 17 de junho de 1970, 20 anos após o “Maracanazzo”. Jogadores da seleção tricampeã falaram acerca das lembranças que tinham daquela final.
Em entrevista para aquela reportagem, Barbosa resumiu assim as suas memórias: “Depois daquela derrota fomos levados para fora do estádio e nem sei onde fui parar. Durante uma semana andei abobalhado por aí. Só lastimo que não tenham respeitado minha dor”.
Barbosa passou a vida falando do fatídico segundo gol uruguaio. “A pena máxima para um crime no Brasil é de 30 anos. Eu pago por aquele gol há 50”, lamentava. E precisava sempre lembrar seus momentos de glória. Foi seis vezes campeão carioca defendendo o Vasco da Gama e conquistou a Copa América em 1949 pela seleção. O goleiro também não concordava que culpassem o lateral-esquerdo pelo lance. “Se houve um culpado fui eu”, assumia.
Igualmente, o “carrasco” Ghiggia foi diversas vezes procurado para recordar o tento que deu o bicampeonato mundial à Celeste Olímpica. Em uma das entrevistas a respeito, ele confirma a versão de Barbosa de que pensava em cruzar, antes de ver o goleiro brasileiro sair da meta.
E afirmou, durante as comemorações de 20 anos do Maracanã, que Barbosa era um dos melhores goleiros de todos os tempos, comparando-o à época a Mazurkiewicz, arqueiro da equipe uruguaia nas Copas de 66, 70 e 74.
Em 1993, aos 72 anos, Barbosa passou pelo constrangimento de ser barrado na concentração da seleção brasileira, na Granja Comary. O Brasil enfrentaria o Uruguai, no Maracanã, em jogo decisivo das Eliminatórias para a Copa de 1994.
A fim de evitar qualquer relação com o fracasso de 1950, a comissão técnica na época, comandada por Carlos Alberto Parreira, impediu que Barbosa conversasse com o goleiro Taffarel. Barbosa aceitou e retirou-se calado.”Falaram que eu podia transmitir uma imagem negativa”, declarou na ocasião. “Não sou pé-frio, só queria passar otimismo aos jogadores.”
No ano 2000, o Maracanazzo voltou com tudo ao noticiário. Ano em que o mais traumático revés da seleção brasileira completou 50 anos. Revisto à demasia, o suposto erro de Barbosa tornava-se cada vez menos evidente.
Homenagens foram prestadas. Três meses antes do cinquentenário,em abril, Barbosa morreu, aos 79 anos. Goleiro injustiçado,partiu absolvido, lembrado como um dos melhores de sua época.
www.estadao.com.br
Vaias e xingos.
Juca Kfouri
Ao trazer a Copa do Mundo para o Brasil em 2007, num momento em que o país bombava e tudo dava certo, o ex-presidente Lula não calculou que sete anos depois as coisas poderiam estar diferentes.
Mais: não se ligou que Copas do Mundo não são para o povão, mas apenas para quem pode pagar caro por um ingresso nos novos estádios erguidos a peso de ouro para recebê-las.
Eis que a bomba explodiu no colo de sua sucessora, pouco familiarizada com a mal vista cartolagem do futebol.
Se Dilma Rousseff soube guardar profilática distância de Ricardo Teixeira e, agora, de José Maria Marin (ninguém o viu perto dela ontem) , nem por isso ela evitou a hostilidade da torcida endinheirada que esteve na Arena Corinthians.
Se em Brasília, na abertura da Copa das Confederações, a presidenta foi vaiada, em São Paulo foi xingada mesmo, com palavrões típicos de quem tem dinheiro, mas não tem um mínimo de educação, civilidade ou espírito democrático.
Ninguém precisava aplaudi-la e até mesmo uma nova vaia seria do jogo.
Mas os xingamentos raivosos foram típicos de quem não sabe conviver com a divergência, mesmo em relação a uma governante legitimamente eleita pelo povo brasileiro.
A elite branca tão bem definida pelo insuspeito ex-governador paulista Cláudio Lembo, mostrou ao mundo que é intolerante e mal agradecida a quem lhe proporciona uma Copa do Mundo no padrão Fifa.
Que os próximos governantes aprendam a lição.
www.blogdojuca.uol.com.br
Uma bela festa na Arena Corinthians
Com vitória do Brasil, Arena Corinthians recebe a abertura da Copa do Mundo
A Copa do Mundo FIFA 2014 está oficialmente iniciada. E o palco da primeira partida do mundial foi a Arena Corinthians, que recebeu Brasil e Croácia, nesta quinta-feira. A Seleção Brasileira venceu seus adversários por 3 a 1, com gols de Neymar e Oscar.
Há três anos, no dia 30 de maio, o Timão deu os primeiros passos para construir sua casa, a Arena Corinthians. Passado esse tempo, o estádio abriu a Copa do Mundo FIFA 2014, com um grande espetáculo da torcida brasileira, que fez a festa e viu o Brasil estrear com pé direito no mundial.
A Arena Corinthians ainda receberá mais jogos da Copa do Mundo. Pela primeira fase, Uruguai e Inglaterra, Holanda e Chile e Coreia do Sul e Bélgica jogam na casa corinthiana. Além destes confrontos, um jogo das oitavas de final e semifinal também acontecerão no estádio alvinegro.
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