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Apr 12, 2014

Que belo negócio ! Para o jogador.

NÃO FOI O COMPORTAMENTO QUE DERRUBOU SHEIK NO CORINTHIANS

Emerson Sheik já foi liberado pelo CorinthiansEmerson Sheik já foi liberado pelo Corinthians

Em pouco menos de três anos de Corinthians, Emerson Sheik se caracterizou por duas coisas: as polêmicas e o bom futebol. Prestes a ser emprestado ao Botafogo, o atacante vê seu mau comportamento e o histórico de confusões ser apontado como explicação para o fim de sua passagem no Parque São Jorge. Não foi. Em má fase há meses, o camisa 11 deixará o elenco comandado por Mano Menezesporque seu desempenho parou de compensar os problemas.

A análise é feita desde o início do ano pela diretoria e pela comissão técnica. Emerson, inclusive, não tem dado tanto trabalho em 2014. Mais pontual, tem seguido à risca as orientações que recebe e não foi notícia por nenhuma polêmica. O problema é que, em campo, ele não tem rendido.

Emerson não marca desde agosto da temporada anterior, fez só nove jogos neste ano e foi titular em apenas três. A despeito de ser um dos poucos atacantes do elenco corintiano, é o sétimo melhor do time em finalizações e a quarta opção do técnico, que prefere RomarinhoLuciano e Guerrero. Se continuasse em queda, poderia perder a briga até para Malcom, jovem recém-promovido da base.

Só que Sheik nem sempre foi assim no Corinthians. O atacante chegou do Fluminense em 2011 e, depois de um começo claudicante, foi protagonista na conquista do Brasileiro daquela temporada, jogando ao lado de Liedson.

No ano seguinte, o ápice veio na conquista da Libertadores. Emerson marcou contra o Santos na semifinal, deu o passe para Romarinho no primeiro jogo contra o Boca e fez dois na grande decisão no Pacaembu. Em uma noite, entrou para a história do Corinthians, mas sempre sem se enquadrar no padrão politicamente correto.

Emerson chegou demitido do Fluminense por cantar uma música do Flamengo na concentração, respondia a um processo sobre compra de carro ilegal e havia adulterado sua identidade (ele se chama, na verdade, Márcio Passos de Albuquerque) no começo da carreira. O Corinthians, portanto, sempre soube das polêmicas que acompanham o Sheik.

No clube, ele somou outras à lista. Chegou seguidas vezes atrasado, já foi multado por isso e mais de uma vez usou um helicóptero para chegar ou sair do treino. Emerson provocou rivais em redes sociais, deu um ‘selinho’ em um amigo e nunca escondeu seu gosto por baladas. Só que tudo isso, na verdade, tornou-se uma espécie de folclore do jogador.

‘[A gente] vai fazer uma despedida aqui [no CT]. Uma pena que não vai poder ser na casa dele, porque minha mulher não vai liberar’, disse Fábio Santos na última sexta, brincando justamente com o lado ‘festeiro’ do colega.

Emerson era o exemplo de uma política que deu certo no Corinthians. Em sua versão vencedora, o clube conviveu com outros jogadores com histórico de indisciplina, como Jorge Henrique e Chicão. O autocontrole do grupo, porém, sempre evitou medidas mais drásticas.

A conduta suave do elenco tinha o dedo de Tite, que chegou a se incomodar com Sheik, mas nunca rompeu a relação com o jogador, que é querido pelo elenco e pelos funcionários pelo bom trato diário.

Só que Emerson parou de corresponder. Em 2013, deixou de ser titular absoluto e passou a brigar por posição com Alexandre Pato e Romarinho. Sua última grande atuação foi na Recopa do ano passado, quando liderou o Corinthians no título contra o São Paulo, um dia depois de renovar seu contrato até o meio de 2015.

O novo compromisso já foi feito a contragosto. Àquela altura, o clube já entendia que Emerson era um investimento arriscado, mas tinha poucas opções de elenco, tinha acabado de liberar Jorge Henrique e não podia prescindir de um atacante desse porte sem reposição à altura.

Em 2014, nem esse papel Emerson conseguiu cumprir. Sua lesão na reta final do Paulista, justamente quando o Corinthians precisava vencer para se manter vivo, foi a gota d’água. Em seus momentos finais, o Sheik ainda deu trabalho para ser negociado por sentir-se confortável com um bom salário no ambiente familiar do Corinthians.

Para que o atacante topasse a mudança para o Botafogo, foi necessário que o presidente Mário Gobbi negociasse o empréstimo pessoalmente, deixando claro a Emerson que ele não estava mais nos planos. Com a garantia de que não perderia dinheiro e poderia voltar a atuar, o Sheik finalmente topou, e o negócio deve ser selado nos próximos dias.

Na nova casa, Emerson terá uma nova chance de mostrar que tem futebol para, se necessário, compensar as polêmicas que arrasta consigo.

Fonte: UOL

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Apr 11, 2014

Democracia Corinthiana

É Tudo Verdade 2014: Documentário sobre a Democracia Corinthiana relembra futebol, rock e política dos anos 80

É impossível agradar a todas as torcidas quando o assunto é futebol. Mas o documentário “Democracia em preto e branco”, que conta a história da Democracia Corinthiana, deve interessar, sim, a todos os fanáticos por futebol e até a quem não está nem aí para o esporte. O movimento liderado por Sócrates, Vladimir, Casagrande e Zenon rompeu as barreiras do campo, influenciando o processo de redemocratização do País. Tudo isso é contado ao som do melhor do rock nacional que, assim como a Democracia Corinthiana, trazia à tona o sentimento de descontentamento com a “década perdida”. O filme faz parte da competição brasileira de longas do É Tudo Verdade 2014, que ocorre entre os dias 3 e 13 de abril, em São Paulo, e de 4 a 12 de abril, no Rio de Janeiro (veja os horários de exibição abaixo).
Futebol e política se fundem quando Sócrates, na época ídolo do Corinthians e assediado por times europeus, decide colocar seu futuro nas mãos do Congresso, que poderia aprovar a emenda constitucional cujo objetivo era reinstaurar as eleições diretas para a presidência da república. Era 1984 e mais de 1,5 milhão de pessoas se reuniam no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, pedindo “Diretas Já”. Sócrates sobe então ao palco e promete: se a emenda for aprovada, não vou embora do meu país. A emenda não passou e ele partiu. O jogador, que morreu em 2011, foi entrevistado neste mesmo ano para o documentário. “O que eu tinha na mão era aquilo lá”, diz, relembrando o episodio. “Queria demonstrar meu sentimento, meu credo naquilo que eu pretendia para o meu povo”.
O diretor Pedro Asbeg, relembra com carinho seu encontro Sócrates, um de seus ídolos de infância. “Tivemos a chance de mostrar a ele um promo do filme e esse encontro foi igualmente emocionante, pois ele estava muito entusiasmado com o projeto”, conta. “O filme, inevitavelmente, é também uma homenagem a ele”.
Nesta entrevista, Asbeg, que é flamenguista, fala sobre a dificuldade de tratar de três temas tão ricos como a Democracia Corinthiana, a política e a música dos anos 80 em apenas um filme, reclama da dificuldade que os documentaristas encontram na negociação, autorização e compra de materiais de arquivo e adianta um pouco sobre seu novo documentário “Geraldinos”, em processo de montagem, para o qual gravou os últimos 10 jogos da “Geral” do Maracanã.

 

Em outra entrevista, você havia me falado que é fanático por futebol e achava que o esporte deveria estar mais presente na filmografia nacional. Agora que o documentário está para ser lançado você sente essa demanda do público, interessado em saber mais sobre histórias que envolvem o esporte?
Pedro Asbeg – Acredito que o universo do futebol, além de ser repleto de histórias ricas e fascinantes, é também parte integral da cultura popular brasileira. Por isso, apesar do numero crescente de filmes com temática futebolística, acho que ainda estamos aquém do potencial cinematográfico que o tema tem.

O documentário é construído sobre três pilares: a situação política da época (anos 80, Diretas Já), o surgimento do rock nacional e, claro, a Democracia Corinthiana e seus resultados dentro e fora do campo. Todos esses assuntos são interligados. Como foi abordar todos esses temas no mesmo filme?
Pedro Asbeg – Foi difícil e, ao mesmo tempo, necessário. Quanto mais eu pesquisava sobre o período e os temas, mais percebia que eles estavam diretamente ligados. Afinal, naquele momento cinzento da nossa história o voto e a liberdade de expressão eram desejos comuns de grande parte da população, principalmente dos mais jovens.

Como foi o processo de escolha e compra de material da arquivo?
Pedro Asbeg – O processo de pesquisa foi gigantesco e muito prazeroso, pois além de descobrir materiais riquíssimos e muito raros, pude contar com a colaboração do grande pesquisador Marcio Selem (que é pesquisador do filme “Bernardes”, também selecionado para o ÉTV 2014).
Infelizmente, o processo de negociação, autorização e compra do material de arquivo foi duro, burocrático e cansativo. Os preços subiram muito de 2010 até 2014, encaramos empresas intransigentes e que veem esse material apenas de maneira comercial. A ANCINE nos obriga a ter cartas de anuência inexplicavelmente e, pra piorar, temos uma lei que dificulta muito o uso de qualquer imagem, uma vez que todas precisam contar uma autorização formal. Desta forma, é quase impossível se fazer um filme de denúncia no Brasil.
Assim que terminar o festival pretendo iniciar um movimento entre documentaristas para tratarmos desses problemas. Gostaria de encontrar soluções práticas para o documentário brasileiro sobreviver de uma maneira que não seja apenas fazendo homenagens ou vivendo tão preso a regras feitas por pessoas que não tem qualquer compreensão do trabalho, apenas preocupações burocráticas e que protegem quem não deveria ser protegido. Chaim Litewski, diretor que venceu o É Tudo Verdade em 2009 com “Cidadão Boilesen”, por exemplo, está há anos tentando fazer um filme sobre PC Farias. Alguém acha que a família vai dar uma carta de anuência para a ANCINE?

A locução é da Rita Lee e, ao longo do filme, entendemos o motivo desta escolha. Como foi o contato com a cantora? 
Pedro Asbeg – Este sempre foi um filme que imaginei contar com um locutor. Aos poucos fui percebendo quantas eram as razões para ter a Rita fazendo esse papel. Além de ser uma verdadeira pioneira e rainha do rock brasileiro (e também corintiana), ela trazia um frescor feminino em um filme basicamente masculino. Por fim, ela viveu em 82 um episódio emocionante que tratamos no filme. Foram dois anos de tentativas e negociações até que conseguíssemos ter a Rita no filme, para apenas uma muito agradável tarde de gravações. Não tenho a menor dúvida de que valeu a pena.

Você já está trabalhando em algum outro projeto? 
Pedro Asbeg – Estou atualmente iniciando o processo de montagem de um filme que dirijo com meu amigo Renato Martins. Filmamos em 2005 os últimos 10 jogos da “Geral” do Maracanã, mitológica e popular área do estádio que reunia aqueles de menor poder aquisitivo. Hoje, às vésperas da Copa e com milhões de reais gastos com dinheiro público, percebemos que o fechamento da Geral foi uma parte do processo de “limpeza” pelo qual passam nossos estádios e outros ambientes públicos em geral. É sobre essas questões que trata “Geraldinos”.

Você disse que as entrevistas mais emocionantes para você foram as dos ex-jogadores Magrão (Sócrates) e do Casão (Walter Casagrande). Pode contar um pouco mais como foi a relação deles com o filme? Chegou a mostrar algum trecho para o Sócrates? E o Casagrande, já assistiu? 
Pedro Asbeg – Sim, considero estas as entrevistas mais emocionantes que fizemos para o filme, pois além de terem trazido depoimentos bonitos e sinceros, os dois são também meus ídolos de infância.
Gustavo Gama (produtor executivo do filme e co-diretor de “Bernardes”) e eu estivemos com o Sócrates em 2011. Tivemos a chance de mostrar a ele um promo do filme e esse encontro foi igualmente emocionante, pois ele estava muito entusiasmado com o projeto. Infelizmente não está aqui para ver o resultado final. O filme, inevitavelmente, é também uma homenagem a ele. Ainda não consegui mostrar nada do filme para o Casão, torço muito para que ele possa ir à sessão no dia 10.

Afinal, você é corintiano?
Pedro Asbeg – Sou torcedor do Flamengo, fanático por futebol e admirador da história da Democracia Corinthiana. Talvez por isso (espero), o filme gere interesse aos que torcem para qualquer time e mesmo para aqueles que não gostam de futebol. Afinal, os temas que costuram o filme são nacionais e até universais.

Pedro Asbeg é formado em cinema pela University of Westminster, dirige e edita documentários. Recentemente, montou os filmes de longa-metragem “Carta para o Futuro”, “Copa Vidigal”, “Enchente”, “Vou rifar meu coração” e “Cidadão Boilesen”, vencedor do festival de documentários “É Tudo Verdade” em 2009. Em 2011 dirigiu seu primeiro longa-metragem, que estreou na Première Brasil do Festival do Rio. Atualmente produz seu terceiro longa-metragem como diretor, “Geraldinos”.

Horários de exibição de “Democracia em Preto e Branco” no Festival É Tudo Verdade 2014

Rio de Janeiro 
Espaço Itaú Botafogo – SALA 4 – Praia de Botafogo, 316 – Botafogo
05/04 sábado – 21h
06/04 domingo- 15h

São Paulo 
Cine Livraria Cultura – Conjunto Nacional – Av. Paulista, 2073
10/04 quinta-feira – 21h
11/04 sexta-feira – 15h

www.estadao.com.br

 

 

Apr 11, 2014

O grande técnico Brandão.

BRANDÃO, O MAIOR COACH QUE CONHECI.
    Por Edgard Soares
Nenhum Blog trata os heróis corinthianos como o de Roque Citadini. Com respeito e fazendo justiça aos que construíram a verdadeira história do Campeão dos Campeões.
Num momento em que a crônica esportiva perdeu tanto a qualidade que um dia já teve é reconfortante que alguém, que não pertence a ela profissionalmente, como é o caso de Roque, dê este exemplo. Que bom se fosse seguido.
No ensejo do lançamento de livro sobre Oswaldo Brandão, mais uma vez, foi possível anotar este comportamento, quando o Blog posta matéria sobre o “inesquecível” Brandão.
Ao lê-la em meu e-mail, enviada por seu autor, não poderia deixar de registrar um depoimento a respeito daquele que considero o melhor treinador de futebol que conheci.
E, pelos motivos que expus no primeiro parágrafo, resolvi fazê-lo aqui, neste espaço que reverencia os verdadeiros ídolos do alvinegro.
Neste Blog, recorda-se que o Corinthians não foi fundado em 2007, como muitos supõem.
Falando com emoção:
Tive a felicidade de conhecer Brandão como repórter da Folha da Tarde. E, como tal, o entrevistei várias vezes no Parque São Jorge em uma de suas quatro passagens pelo clube.
No meu caso isso ocorreu antes de 1977, quando ele foi supervisor do departamento de futebol no final da década de 60, tendo como técnico e seu subordinado, Aymoré Moreira, campeão mundial comandando a selecão brasileira no Chile, em 1962.
Há muito Brandão queria deixar de ser técnico e se transformar em Manager (ele, em sua maravilhosa e cativante simplicidade pronunciava “manáger”) e estava curtindo muito aquela experiência única em sua carreira.
Durou pouco, é verdade. Brandão voltou a ser apenas treinador, mas valeu a pena. O Corinthians era ainda dirigido por Wadih Helu e o desespero pela conquista do título que não vinha tornava impossível qualquer planejamento a médio prazo. E a implantação da idéia de Brandão necessitava exatamente disso, de tempo. Com o Corínthians na fila, não havia clima para tal. Os resultados tinham que aparecer imediatamente.
Mas, para mim, foi uma convivência inesquecível. Era, então, muito garoto, mas Brandão me dava a mesma atenção que dispensava a jornalistas bem mais experientes. Brandão não gostava muito de dirigir automóvel e, num final de treino, ele pediu uma carona para voltar para casa. Normalmente, Brandão utilizava taxi. Mas, naquele dia, ele voltou num carro da Folha. Claro que aproveitei para tirar dele uma “exclusiva”.
Ao chegar na porta de seu prédio, que ficava no bairro de Santa Cecília, a duas quadras da Avenida Angélica, na altura da Praça Marechal Deodoro, a surpresa: Brandão insistiu para que eu e o premiado fotógrafo Alfredo Rizzutti subíssemos até seu apartamento para terminarmos o papo. E fez questão de que o motorista do jornal, Zelão, também nos acompanhasse. Em seu apartamento, sua esposa nos recebeu com extrema delicadeza, com direito a cafezinho e refrigerante.
Brandão era assim, humano, cativante. Falou do Corinthians, de sua experiência como Manager, dos títulos que ganhou, de futebol em geral. Propiciou uma excelente entrevista.
Embora tendo sido criada a lenda em torno de Brandão de que era mais um psicólogo do que um estrategista, ele entendia, sim, e muito, de futebol; de como montar um time; e de como modificar a maneira de atuar de uma equipe, por exemplo, do primeiro para o segundo tempo de uma partida.
Claro que possuía uma liderança nata e uma capacidade motivacional incomum. Não poucas vezes fechava o vestiário, ficavam apenas ele e os jogadores. E quando estes voltavam a campo parecia uma outra equipe. Inclusive taticamente.
Mas essa não era sua única qualidade como Coach.
Não por outro motivo ele convocou e montou a seleção brasileira que disputou as eliminatórias para a Copa do Mundo de 1958 e que foi campeã na Suécia. Foi o primeiro treinador a ter coragem de convocar Mané Garrincha para a seleção brasileira e a classificou para a Copa num jogo decisivo no Maracanã contra o Peru, 1 a 0, gol de Didi. Com 120 mil pessoas no estádio, em abril de 1957.
Como possuía uma personalidade forte, Brandão após a classificação, tendo dado moral à seleção que vinha de dois fracassos marcantes em Copas do Mundo (1950, no Brasil e 1954, na Suiça), descontente com os dirigentes, surpreendeu a então CBF e pediu demissão.
Tivesse prosseguido com a seleção, que dali a um ano embarcou para a Europa e Brandão, ao lado de todos os títulos que conquistou, teria o de campeão mundial.
A base do time campeão em Estocolmo: Gilmar, De Sordi (Djalma Santos), Belini, Zózimo (Orlando) e Nilton Santos; Dino e Didi; Joel (Garrincha), Didi, Vavá, Dida e Pepe( Zagalo) ele já havia formado. E ainda tinha Roberto Belangero e Evaristo de Macedo, dois cracaços, entre os seus convocados.
Pelé seria uma convocação natural fosse quem fosse o treinador dali a um ano. Ou seja, a seleção campeã foi mesmo montada por Brandão.
A história se repetiu em 1977. Consagrado e no seu melhor momento como treinador, técnico da 2a. Academia e bicampeão brasileiro com o Palmeiras, Brandão foi chamado para a seleção brasileira em 1975 e formou uma equipe forte para disputar as Eliminatórias com vistas à Copa da Argentina. Certamente classificaria novamente o Brasil.
Brandão foi o primeiro treinador a chamar para a seleção Paulo Roberto Falcão e Toninho Cerezzo, inexplicavelmente desprezados na convocação final para a Copa de 78 pelo treinador que o sucedeu.
Tendo sido um ídolo na Argentina como treinador do Independiente, matreiro, Brandão, conhecia de sobejo o futebol e manha dos “irmanos” e seria o homem certo, no lugar certo, para a Copa naquele país.
Mas a pressão absurda da imprensa carioca, que sabia do temperamento de Brandão, fez com ele, pela segunda vez, abrisse mão do cargo logo após a primeira partida pelas Eliminatórias, 0 a 0 contra a Colômbia.
Seu substituto foi Claudio Coutinho, terceiro preparador físico na Copa do México de 70 (os outros dois eram Admildo Chirol e Carlos Alberto Parreira).
Coutinho era bom teórico, dava boas entrevistas utilizando termos em inglês, mas não possuía experiência nem currículo como técnico para uma Copa do Mundo.
O estopim da saída de Brandão foi a escalação de Vladimir, o lateral esquerdo e ídolo corinthiano que, por sinal, vivia o melhor momento de sua carreira.
A imprensa carioca criticou demais a escalação. Mas isso era, evidente, apenas um pretexto. O que os cariocas queriam era um treinador do Rio de Janeiro.
Tanto que os laterais esquerdos convocados por Coutinho eram, ambos, inferiores a Vladimir e, além de tudo, improvisados: Rodrigues Neto (um ex-ponta-esquerda) e Edinho (na verdade um quarto-zagueiro). Com Amaral e Polozzi convocados para a posição, a lateral-esquerda foi uma maneira de arrumar um lugar para o jogador do Fluminense entre os convocados.
Brandão sabia que as críticas a Vladimir eram apenas uma desculpa e não tinha paciência para enfrentar uma campanha tão mesquinha e despropositada. E decidiu ir embora.
Ou seja, o Corinthians e seus jogadores sempre estiveram muito presentes na vida e na carreira de Brandão.
Poderia ocupar o seu tempo, caro leitor, e o precioso espaço do Blog, falando de um Brandão pouco conhecido, mas creio que o livro tenha explorado bastante sua rica biografia.
Apenas para terminar, e como corinthiano, não consigo ver Brandão como treinador de outros clubes.
Embora ele seja o único técnico que foi campeão pelos três grandes clubes que dirigiu: Palmeiras, Corinthians e São Paulo. Este último, também, tirando-o da fila. E tendo ganho mais títulos pelo Palmeiras do que pelo Corinthians.
Mas para mim, fica e ficará sempre, o Brandão do Corinthians. É o único de que me recordo.
Num dos momentos mais trágicos, certamente o mais trágico de sua vida, o Brandão do Corinthians teve uma postura ímpar, sublime. Não conheço ninguém que a teria.
Brandão tinha uma paixão, um grande orgulho, o seu único filho, Márcio. Rapaz elegante, bem apessoado, era modelo. Nada tinha a ver com o futebol.
Na reta final do Campeonato Paulista de 1977, uma fatalidade. O filho querido, o rapaz saudável e bem sucedido na sua carreira, foi diagnosticado com uma doença incurável, terminal.
Na época, poucos sabiam a respeito.
E embora a direção do Corinthians o tivesse liberado inteiramente, Brandão reuniu forças para ficar todos os momentos disponíveis ao lado do filho e comandar, ao mesmo tempo, o time tão próximo de atingir o seu grande objetivo, que era voltar a ser campeão. Como tinha sido com ele, 23 anos atrás, em 1954.
Provavelmente, somente a crença de Brandão, kardeccista convicto, lhe possibilitou viver estes momentos tão angustiantes, com tamanho estoicismo.
Os jogadores sabiam do que ocorria. E todos, indistintamente, o idolatravam pela sua coragem ao enfrentar o drama pessoal que vivia. E ainda encontrar condições de os orientar e motivar.
Isto explica a desabalada corrida de Zé Maria, o capitão corinthiano, em direção ao Banco de Reservas, assim que Wanderlei Boschilla apitou o final da partida contra a Ponte Preta.
José Maria Rodrigues Alves, o Super Zé, aos prantos, levantou Brandão e o colocou em seus próprios ombros e saiu com ele pelo gramado.
Naquele instante, Brandão, a lenda, se eternizou.
Apr 11, 2014

Estamos esperando bom futebol.

APÓS FRACASSO NA EUROPA, ELIAS DIZ QUE, HOJE, SERIA TITULAR DO ATLÉTICO DE MADRI

Elias está de volta ao Parque São JorgeElias está de volta ao Parque São Jorge

‘Quando eu sai do Corinthians, em 2010, fui para o time certo, mas no momento errado. Hoje, todo mundo fala que eu seria titular do Atlético de Madri. Essas coisas (não dar certo na Europa) acontecem…’, disse o atleta, que custou na época 7 milhões de euros e disputou 18 partidas, anotando quatro gols pela equipe da capital espanhola.

‘Cresci muito jogando lá fora. É um futebol totalmente diferente, e tirei proveito disso para crescer como pessoa, profissional e atleta’, completou o meia.

Se ainda fosse colchonero, ele estaria disputando posição atualmente no forte meio-campo armado pelo técnico Diego Simeone, que costuma escalar Tiago, Gabi, Raúl Garcia e Koke como titulares, além de ainda ter o meia brasileiro Diego na reserva.

Após não se encontrar no Atlético de Madri, Elias foi negociado com o Sporting, de Portugal. Em Lisboa, também não mostrou o mesmo futebol que o levou à seleção brasileira sob o comando deMano Menezes, e acabou encostado até mesmo para o time B dos lusos.

Após empréstimo para o Flamengo, no ano passado, ele precisou abrir mão de R$ 1,5 milhão para ser liberado pelo Sporting e acertar com o Corinthians, ‘libertando-se’ de vez das amarras do futebol europeu, onde nunca conseguiu ser o mesmo jogador dos tempos de Brasil.

‘Foi um alívio (deixar Portugal). Falei para o (gerente de futebol) Edu Gaspar que perdi uns 30 quilos quando assinei a rescisão (risos). Agora, é bom estar em um ambiente onde gostam de você, te tratam bem, dão carinho, pressionam quando tem que pressionar… É importante para a vida de qualquer pessoa’, declarou.

‘Eu estava infeliz lá. Muito infeliz. Mas, graças a Deus, as coisas deram certo, e agora eu posso voltar a ser feliz’, celebrou o atleta alvinegro, que iniciou na quarta sua segunda passagem pelo Parque São Jorge. Na primeira, entre 2008 e 2010, venceu a Série B, o Paulistão e a Copa do Brasil até ser vendido para o Atlético de Madri.

Para ter o ídolo da torcida de volta, o Corinthians adquiriu 50% dos direitos econômicos do jogador, por 4 milhões de euros. O reforço, porém, só poderá entrar em campo depois do dia 14 de julho, quando o período de inscrições na CBF reabrirá. Até lá, ficará treinando e esperando a hora de jogar.

‘Vai ser muito difícil ficar esperando, vou sofrer ficando de fora sem poder ajudar, só treinando. Mas, se Deus quis assim, é porque tem algo melhor para mim lá na frente’, ressaltou.

Fonte: ESPN

www.meutimao.com.br

Apr 11, 2014

Esquece o pai e vamos jogar.

Elias diz ter ‘cara, coração e estilo maloqueiro’ do clube

CORINTHIANS
Principal reforço da equipe faz exames médicos e assina contrato de três anos

DE SÃO PAULO

O volante Elias, 28, insistiu em mostrar identificação com o Corinthians durante sua apresentação oficial ontem, no centro de treinamento, após exames médicos.

Campeão da Copa do Brasil e do Paulista em 2009 e da Série B em 2008 pelo clube, ele voltou com discurso ensaiado para se manter ídolo.

“Não tenho só a cara [do Corinthians]. Tenho cara, corpo, coração, estilo de rua. Sou maloqueiro”, disse na entrevista coletiva.

“Se vou vestir a camisa do Corinthians de novo? Essa eu nunca tirei”, afirmou o declarado torcedor corintiano.

Apontado como futuro “protagonista” do time pelo técnico Mano Menezes, ele avaliou que sua responsabilidade não será a mesma que o ex-atacante Ronaldo teve quando estiveram juntos ali.

“Se eu tivesse 10% da conta bancária dele, eu seria três Ronaldos”, brincou.

“Como não tem esse grande jogador, o elenco todo vai dividir a responsabilidade. Mas, quando o bicho pegar, o Corinthians pode contar comigo”, completou.

Por ter chegado depois da janela de transferência, ele só atuará em jogos oficiais a partir de julho.

www.folha.com

Apr 10, 2014

Ninguém esquece o grande técnico Oswaldo Brandão

Oswaldo Brandão é uma lenda em nosso futebol. Em seu livro, lançado esta semana, (Oswaldo Brandão, libertador corinthiano, herói palmeirense – Editora  Contexto) o jornalista Maurício Noriega resgata esta grande figura de nosso maior esporte.

Foi um jogador modesto, para dizer pouco. Começou no Sul vindo jogar no Palestra onde -por causa de uma contusão- encerrou a carreira de atleta.

Foi no próprio alviverde que começou a carreira de treinador. Passou por todos os grandes do futebol paulista: Palestra, Santos, Portuguesa, São Paulo e, principalmente, o Corinthians. Dirigiu também -com grande sucesso- o Independente da Argentina e o Penarol, de Montevideo. Foi também – por algumas vezes- técnico da seleção brasileira. Venceu em quase todas as equipes, conquistando muitos títulos.

Mas, sem querer diminuir nada do que fez, sua vida é marcada com o Corinthians.

Um título inesquecível. Campeão do Quarto Centenário.

 

Chegou ao alvinegro num momento especial para nosso futebol. Disputava-se -em 1954- o campeonato do Quarto Centenário da cidade.

Ano de notáveis acontecimentos tivemos na “terra da garoa” eventos dos mais significativos. Na arte, na politica, nos negócios e … no futebol.

Todos queriam ganhar o título de campeão do quarto centenário.

O Corinthians era chamado o “Campeão do Centenário” por ter vencido o campeonato de 1922, ano que comemorava a independência do Brasil.

Em 1954, todos queriam vencer o mais importante campeonato do país. Corinthians, Palestra, São Paulo e Santos prepararam-se com todos os esforços para conquistar o título.

O Corinthians, que havia vencido o campeonato de 1952, tinha uma grande equipe e seu técnico era Oswaldo Brandão.

Foi uma disputa sem igual que apaixonou à todos. No fim, venceu o Corinthians sendo, à partir daí, chamado o “Campeão dos centenários”.

Brandão conquistava sua maior façanha e o Corinthians nunca mais esqueceria aquele time de 1954.

Gilmar, Homero e Alan; Idário, Goiano e Roberto; Cláudio ,Luizinho, Baltazar, Carbone (Rafael) e Simão. O técnico foi Oswaldo Brandão.

É um dos títulos mais importantes na história do Corinthians.

Mas, para Oswaldo Brandão, sua marca com o alvinegro não estava completa.

Em 1977, no dia de outubro, Oswaldo Brandão venceria mais um campeonato histórico do Corinthians.

Num Morumbi com 146.082 pessoas -o maior público da história do estádio- o Timão venceu a Ponte Preta, com o famoso gol de Basílio, e conquistava o título tão esperado.

Oswaldo Brandão havia vencido o último título do Timão em 1954, no campeonato dos centenários, e, agora – em 1977 – voltava a vencer o campeonato paulista.

Não! Ninguém deve esquecer Oswaldo Brandão. Sua história com o Corinthians é uma grande marca de nosso futebol.

-Noite inesquecível de 13 de outubro de 1977. O Corinthians vence e Brandão é festejado pela torcida.-

www.blogdocitadini.com.br

Apr 8, 2014

Democracia Eterna

 

Golaço! 

 

 do blog  do Juca Kfouri

 

20140407-141546.jpg

 

Democracia em Preto e Branco – Trailer from TvZERO

www.blogdojuca.uol.com.br

Apr 7, 2014

Gol de Letra. Maurício Noriega lança biografia de Oswaldo Brandão

A biografia de Oswaldo Brandão

Um dos maiores técnicos do futebol brasileiro, pouco lembrado e reverenciado, injustamente, recebe, finalmente, uma belíssima biografia: “Oswaldo Brandão – Libertador corintiano, Herói palmeirense” (Editora Contexto).
Oswaldo Brandão, para aqueles que conviveram com ele, dentro e fora dos gramados, era muito mais do que um simples técnico. Um ser humano incrível.
Ficou marcado para sempre na história do futebol brasileiro como o técnico que conseguiu livrar o Corinthians do longo jejum de 22 anos sem um título, no ano de 1977. Mas Brandão representa muito mais do que essa conquista, que chega a parecer simples para um profissional com tanta vivência no futebol.
Maurício Noriega acertou em cheio na escolha. O livro foi escrito com alma, porque “Nori”, como é conhecido e tratado pelos amigos, tinha razões pra lá de pessoais com o personagem biografado. Seu pai, um dos maiores jornalistas esportivos do país, Luiz Noriega, era muito amigo de Brandão. Nori “abraçou” a produção da obra quase como uma “missão”. Gol de letra. Brandão ficará agradecido, com certeza. Luiz Noriega, idem. E Nori, segue o caminho de ambos. Vale também conferir reportagem especial feita com o autor, Maurício Noriega, aqui no Literatura na Arquibancada (http://www.literaturanaarquibancada.com/2012/03/mauricio-noriega-paixao-pelo-jornalismo.html )
Sinopse (da editora):
Paizão, descobridor de talentos, disciplinador, Oswaldo Brandão foi um dos maiores técnicos do futebol brasileiro do século XX. Ganhou inúmeros títulos e marcou especialmente a trajetória dos grandes rivais paulistas Corinthians e Palmeiras. Foi o técnico que mais vezes comandou ambos os times. Pelo Palmeiras, conquistou três campeonatos brasileiros e quatro paulistas e liderou a equipe na fase áurea da chamada “academia de futebol”. No Corinthians, ganhou dois paulistas, sendo que um deles (de 1977) encerrou um dramático jejum de 23 anos.
Também atuou na Argentina e no Uruguai e teve passagem de destaque pela seleção brasileira, embora nunca tenha ido a uma Copa do Mundo. Com a narrativa brilhante do jornalista e comentarista esportivo Maurício Noriega, entramos no mundo pessoal e profissional deste personagem marcante na crônica esportiva do país.
Capítulo de abertura
Por Maurício Noriega
13/10/1977
Uma multidão invadiu o gramado do estádio do Morumbi. Fazia apenas alguns segundos que o Corinthians tinha sido campeão paulista, após vinte e dois anos e alguns meses de jejum.
Histeria coletiva, choro, gente percorrendo de joelhos o campo de jogo, pagando promessas. O repórter Carlos Eduardo Leite, o Dudu, da TV Cultura de São Paulo, aproximasse de José de Souza Teixeira, auxiliar técnico do Corinthians. Microfone em riste, ele percebe Teixeira inabalável, apenas observando.
Não vai comemorar, Teixeira? – pergunta.
Eu sabia que seríamos campeões – respondeu, com o olhar fixo em uma cena em particular.
A poucos metros dali, um senhor algo grisalho, de sorriso e bigode fartos, era carregado por uma procissão. Parecia que o povo conduzia o altar de um santo, agradecendo uma graça recebida.

Aquela imagem do Brandão sendo carregado pelo povo está na minha memória. Eu fiquei em pé, em cima da cobertura do banco de reservas, olhando tudo aquilo. Os policiais tinham levado o troféu embora, esconderam dos torcedores.

Mas eles não queriam o troféu, queriam o Brandão – recorda Teixeira.
Naquela noite fria de 13 de outubro de 1977, Oswaldo Brandão estava cumprindo sua maior missão. Espírita kardecista, ele ainda demoraria 12 anos para desencarnar, como dizem os adeptos da doutrina.
Eu me guardo. Choro pra dentro – dizia aos repórteres.
Mas, naquela noite, milhões viram Brandão chorar, ao vivo e pela TV. Um paletó azul-escuro que cobria um suéter azul-celeste sobre uma camisa social branca se destacava no mar de gente que escondia o verde do gramado. Parecia flutuar acima deles. Todos queriam tocá-lo. Vestindo o paletó estava Brandão.
E ele chorava.

Trinta anos tinham passado desde que Brandão trocara a função de jogador de futebol pela de técnico. Foi em 1947 que ele assumiu o time principal do Palmeiras. Pouco antes tinha deixado de jogar, por causa de uma contusão no joelho direito.

Com a bola nos pés, foi ora lateral-direito, ora centroavante. Chutava forte. Com os jogadores nas mãos, tornara-se um dos maiores técnicos de futebol do Brasil. Fez sucesso na América do Sul. Foi campeão no Brasil, no Uruguai e na Argentina. Até mesmo na seleção brasileira, que classificou para a Copa do Mundo de 1958 e dirigiu por algumas vezes, dando a primeira oportunidade a muitos futuros craques. Em três décadas tinha deixado sua marca.
Embora colecionasse títulos de torneios mais importantes, Brandão passaria a ser lembrado para sempre, a partir daquela noite, como o técnico que tinha libertado o povo corintiano da escravidão de gozações e humilhações dos adversários.

O roteiro parecia de cinema. O Corinthians havia sido campeão pela última vez, em 1954, com Brandão como treinador da equipe no jogo decisivo contra o Palmeiras. E foi no comando do grande rival histórico do Corinthians que, em 1974, o treinador prolongou o sofrimento alvinegro, vencendo o título paulista daquela temporada, derrotando a equipe da Fiel e, ironia do destino, cravando seu nome também como o maior treinador da história do alviverde Palestra Itália.

Aquele senhor de 61 anos em nada lembrava o jovem que deixara a cidade de Taquara, no Rio Grande do Sul, para ganhar a vida como jogador de futebol e, quem sabe, evitar o destino previsível da maioria de seus companheiros de infância, o de seguir os passos dos pais e trabalhar na indústria ferroviária.
Até chegar ao título de 1977, provavelmente o mais marcante de sua carreira, Brandão tinha acumulado a experiência de jogador mediano no Sul, com passagens por Internacional e Grêmio, e uma breve carreira no Palestra Itália.

Assumiu como técnico do Palmeiras para quebrar um galho em 1945. Retornou como técnico de fato dois anos mais tarde, e só deixaria o futebol em 1989, quando desencarnou (como espiritualista, ele evitava o termo morte).

Marcou gerações de torcedores e influenciou profundamente jogadores e treinadores com quem trabalhou.
Inclusive alguns que nem sequer o conheceram, mas que imitam seus gestos, métodos e até mesmo algumas de suas frases.
Poucos olhos viram a vida e o futebol como os de Oswaldo Brandão.
Sobre o autor:

Maurício Noriega, paulista de Jaú, cidadão de Bariri, é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero de São Paulo e mestrando em Jornalismo Digital pelo Instituto Internacional de Ciências Sociais. Em mais de 25 anos de carreira, trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Diário Popular, A Gazeta Esportiva e Lance!, e na Rádio Bandeirantes. Organizou ainda a operação editorial brasileira do portal esportivo internacional SportsJÁ! Participou de diversas coberturas internacionais, entre elas Jogos Olímpicos, Jogos Pan-americanos, Copa América, Eurocopa, Copa do Mundo, GPs de Fórmula 1, Atletismo e Mundiais de Vôlei e Basquete. Desde 2002 é comentarista e apresentador do canal SporTV, com passagem pelo jornal Bom Dia São Paulo, da Rede Globo. Ganhou por cinco vezes (2005, 2006, 2007, 2010 e 2011) o prêmio Ford/Aceesp de melhor comentarista esportivo. Pela Editora Contexto publicou o livro “Os 11 maiores técnicos do futebol brasileiro”.

www.literaturanaarquibancada.com
Apr 6, 2014

Grana da TV

São Paulo revela nova cota de TV de R$ 85 mi, e distância para Corinthians aumenta

Por Marcus Alves, de São Paulo (SP), para o ESPN.com.br
Gazeta Press

A diferença atual entre os clubes é de R$ 33 milhões no contrato televisivo
A diferença atual entre os clubes é de R$ 33 milhões no contrato televisivo

O São Paulo não deverá ter um aumento significativo em sua cota de TV a partir do novo ciclo firmado com a Rede Globo. Segundo a cúpula tricolor, o atual contrato de direitos de transmissão do Brasileiro deverá saltar apenas de R$ 72,2 milhões para R$ 85 milhões no triênio de 2016 a 2018. A conta não inclui o dinheiro arrecadado com a venda dos pacotes de pay-per-view, no entanto.

O novo valor foi confirmado ao ESPN.com.br pelo diretor financeiro do clube, Osvaldo Vieira de Abreu, neste sábado, durante a eleição para o novo Conselho Deliberativo tricolor, em sua sede social.

Caso ele venha a se confirmar, crescerá ainda mais a distância em relação ao rival Corinthians e também ao Flamengo, que recebem hoje R$ 120 milhões pela transmissão de seus jogos e passarão a lucrar R$ 170 milhões pelo mesmo período a partir de 2016.

O time de Morumbi não se mostra preocupado.

“O Corinthians e o Flamengo foram os responsáveis por quebrar o Clube dos 13, então, eles levam essa vantagem. Nós somos atualmente os terceiros colocados”, afirma Osvaldo Vieira ao ESPN.com.br.

Provocou surpresa nesta semana a divulgação do balanço financeiro do São Paulo em 2013 com uma queda na arrecadação com a televisão de R$ 112 milhões para R$ 72,2 milhões em relação à última temporada. A equipe explica, no entanto, que a diferença se deve às luvas pagas no exercício anterior pela Rede Globo por conta do acordo fechado na ocasião até 2018.

Nos bastidores, o time tricolor trabalha com a possibilidade de uma extensão desse novo contrato por mais um ano, sendo prorrogado até 2019 e proporcionando, assim, o depósito de mais um bônus por parte da emissora.

A princípio, ela deverá encaminhar essa questão somente ao fim da Copa do Mundo. O diretor executivo da Globo, Marcelo Campos Pinto, se reuniu recentemente com a equipe para tratar desse e outros assuntos.

Neste sábado, durante a eleição do novo Conselho Deliberativo do clube, tanto o candidato da situação, Carlos Miguel Aidar, quanto o da oposição, Kalil Rocha Abdalla, colocaram o tema como uma de suas prioridades a partir do anúncio do próximo presidente em 16 de abril.

www.espn.com.br

Apr 2, 2014

Uma entrevista que esclarece muita coisa.

BEBETO DE FREITAS (VÔLEI E FUTEBOL)

01/04/2014

 

A ERA DE CHUMBO DO ESPORTE BRASILEIRO É AGORA

Por Fabiana Bentes

Paulo Roberto de Freitas, conhecido como Bebeto de Freitas, ainda hoje é apontado como um dos grandes técnicos do vôlei mundial e é o único profissional brasileiro, entre todos os esportes, a ser campeão do mundo com outra seleção (da Itália, em 1998).

Sua experiência como jogador olímpico – disputou os Jogos de 1972 e 1976 – foi fundamental para que ele atuasse na transformação técnica do vôlei brasileiro na década de 80. As mudanças foram consagradas com o primeiro resultado expressivo da seleção: a medalha de prata nos Jogos de Los Angeles 1984.

Em seguida, trocou de esporte e passou a atuar como dirigente esportivo de clubes de futebol. Assumiu a presidência do seu clube do coração, o Botafogo, em 2002 e a direção do Atlético Mineiro, em 2008.

Nesta entrevista a jornalista Fabiana Bentes, ele critica a gestão do esporte no país.

Esporte Essencial: Qual a sua opinião sobre a situação do esporte olímpico e do futebol no país?

Bebeto de Freitas: Um caos. Mas um caos que já chegou ao desespero. Para começar, nós não temos uma política esportiva. Você só tem o alto de rendimento quando tem quantidade de desportistas. Uns anos atrás saiu num estudo americano que para cada recordista mundial de natação, eles tinham que ter 3 mil atletas de nível internacional e desses eles tirariam um. O desenvolvimento do esporte só vem com um número grande de atletas que praticam num certo nível. Então, para melhorar o esporte num país, é preciso melhorar o nível médio de todos os atletas. Na medida em que você melhora seu nível médio, você aumenta a quantidade de jogadores e atletas. Aqui no Brasil, ao mesmo tempo em que fez um trabalho muito bom no voleibol, o Nuzman decretou a falência do esporte no país. O vôlei é o único esporte nosso que há mais de 30 anos conquista medalhas no masculino e feminino em todas as divisões. Num país de mais de 200 milhões de habitantes, nós temos 10 equipes de ponta.

EE: No seu ponto de vista, qual é a real situação do voleibol no Brasil, como esporte, não no aspecto de gestão?

BF: Então, nós temos duas realidades: a do voleibol no Brasil e a do voleibol do Brasil. Nuzman mudou esse conceito porque percebeu que o valor que ele tinha enquanto presidente da confederação era a seleção brasileira. Não tinha problema político, fazia da forma que ele quisesse e o faturamento era direto para ele, não tinha clube, não tinha nada. Se for reparar bem, a história do voleibol no Brasil, a saída dos clubes e a entrada das empresas foi um “start up” muito importante para o esporte. Só que com o tempo, ele foi impondo condições. A primeira condição é que não existe patrocinador, esse é o grande erro que nós ainda mantemos no Brasil. O que existe é um investidor no esporte. Então, o patrocinador é quem acredita e investe no esporte, sabendo que o esporte pode dar à empresa dele o retorno ao investimento que está fazendo. Não é “paitrocínio”. Quem faz investimento grande precisa de um retorno no mesmo nível do investimento. E essa política que o Nuzman criou é uma política da elite. Então, há 30 anos, o voleibol brasileiro trabalha com a elite da elite. O voleibol se popularizou no Brasil pela seleção brasileira, não pelos clubes. Ninguém sabe quem foi o campeão brasileiro de dois anos atrás, eu mesmo não me lembro. A cada ano saem equipes e entram outras, porque não existe o clube, são empresas.  Sobre o escândalo da CBV, agora vamos esperar a apuração dos fatos.

EE: Mas qual é o impacto real dessa situação no esporte?

BF: Da mesma forma que existem os nichos de mercado em que empresas diferentes atuam, também existem nichos no esporte. No voleibol, por exemplo, cerca 65% dos torcedores assíduos são mulheres. Então, atrai empresas que tem interesse nesse tipo de público. O único esporte que não é possível determinar um nicho específico é o futebol, porque abrange todas as camadas da população. Não da forma como a gente imagina, essa “pátria de chuteiras”, hoje você tem um percentual maior dos que rejeitam do que os que são apaixonados.

A questão importante é que a política criada pelo Nuzman no voleibol foi a que serviu de exemplo para todas as outras. As Confederações se preocupam com as suas seleções, porque é a forma que tem para ganhar dinheiro. Apesar de ter feito coisas boas, Nuzman fez coisas muito ruins e a primeira foi trabalhar com a elite. O resultado é que o Brasil, com 200 milhões de habitantes tem uma política esportiva pior do que Cuba, que trabalha com 7 milhões de habitantes. Quando tinham recursos, os cubanos tinham um projeto de selecionar crianças a partir dos dois anos de idade. A partir de testes, eles identificavam uma tendência daquela criança para determinados esportes e a criança era encaminhada para os centros da sua cidade, que não eram de alto nível nem nada. Mas com tempo e orientação, esses locais selecionavam as melhores dessas crianças, que iam para outro estágio e depois outros até chegar à seleção. E eles não tinham apenas uma seleção, tinham duas, três. E o Nuzman fez isso no voleibol.

Quando o voleibol começou a ganhar medalha, em 1991, nós tínhamos campeonatos estaduais, como o do Rio de Janeiro, com 14 equipes. São Paulo e Minas Gerais também tinham grandes campeonatos com equipes do interior. Hoje não sei nem quantos times tem. Ninguém está preocupado com o campeonato brasileiro, ninguém está preocupado em desenvolver clubes.

EE: Como foi a sua participação para o desenvolvimento do voleibol no Brasil?

BF: Eu contribuí muito quando assumi a seleção brasileira em 1981. Naquela época, não tinha nada, do ponto de vista de alto nível, no voleibol brasileiro. E eu vinha de fora, tinha passado cinco anos nos EUA jogando, estudando e trabalhando. Então, nós fomos criando uma estrutura de desenvolvimento do alto nível no voleibol. Eu fui técnico da seleção brasileira, no primeiro período, de 1981 a 1984. Nós não tivemos mais de 16 jogadores nesse período, porque não tínhamos jogadores em quantidade. Além disso, a diferença do treinamento era muito grande. Em clubes, treinava-se três vezes por semana, e esses atletas da seleção treinavam duas vezes ao dia. E aí, obviamente, nós tivemos um resultado da seleção e o vôlei foi crescendo, ganhando importância, ganhando uma indústria. Mas nunca desenvolveu essa indústria. E essa sempre foi a minha diferença com o Nuzman. Com a ida para o COB, ele conseguiu levar esse modelo para todos os outros esportes. As outras Confederações não estão preocupadas nesse desenvolvimento e as que estão, não tem alto nível.

 

 

A famosa “geração de prata” (direita para a esquerda): Major Paulo Sérgio da Rocha, Jorge Barros (Jorjão), Bernard, Leonídio, Fernandão, Rui, Xandó, Domingos Maracanã, Amaury, Bebeto de Freitas, José Carlos Brunoro, José Mathias, Marcus Vinícius, Montanaro, Bernardinho, Renan, William, Ronaldão, Cacau e Badá

 

EE: Houve então um impacto nas confederações?

BF: Sim. Transformou a confederação em inimiga dos clubes, porque as confederações se tornaram agências de esporte, de marketing. E o COB se transformou na mesma coisa, em relação ao esporte todo. O COB não tem autoridade, o motivo dele existir é trabalhar as seleções olímpicas brasileiras. E, hoje, nós temos uma política esportiva em que a grande maioria das leis é do Estado Novo, ainda. A legislação esportiva no Brasil é a maior vergonha do mundo. Agora aconteceu um movimento de atletas, mas eles não ganharam nada. O fato do cara não poder se reeleger mais de duas vezes é importante, mas não é o principal.

O que domina a política são os casuísmos do estatuto. No COB, por exemplo, você só pode ser candidato depois de cinco anos a frente de não sei o que. Então, isso já está limitando. Depois, para ser presidente da Confederação Brasileira, você precisa de 13, 14 votos. Com 13 votos você é o presidente do esporte no Brasil. Eu trabalhei na Itália, um país de aproximadamente 60 milhões de habitantes. Lá, para ser presidente da Federação de Vôlei, o candidato disputava cerca de 16 mil votos. O que adianta eu ter tido experiência no voleibol se eu não posso votar? Se eu não estou entre os 13 ou 14, acabou.

EE: Como você vê a situação dos atletas no Brasil?

BF: Quem vive do esporte é pedinte, porque o COB briga com o patrocínio. Veja quantas empresas patrocinaram a seleção brasileira de voleibol que eram empresas que patrocinavam clubes. Aconteceu que o nicho era muito bom, a repercussão era muito boa, mas a seleção dava mais. Então, o Nuzman ia lá e tirava o patrocinador da equipe, que se tornava o patrocinador da seleção, e acabava o clube e o time.

EE: Como você avalia a legislação do esporte no país?

BF: O esporte no Brasil é um caos porque a legislação é um caos. Nós nem sabemos direito que legislação é essa. Criaram o Estatuto do Torcedor, Lei Zico não foi a lei que ele preparou e, em seguida, a Lei Pelé, que também não foi o que ele fez. O Zico nem quer que misture o nome dele com a lei, porque é muito diferente do que ele fez. Não temos como criar uma estrutura para o esporte sem que seja democrática, sem que seus direitos sejam preservados. No futebol, o clube não tem direito à imagem do seu jogo, ele vende porque se não vender não aparece na televisão. Infelizmente no Brasil, mesmo o jogo sendo na minha “casa”, o adversário também tem direito à imagem. Então, se ele não assinar o contrato, não vai ter jogo televisionado. E aí entra a questão de não ter concorrente. Se eu discordo do que o Botafogo quer receber, por exemplo, não posso fazer nada, porque se não aceitar, o clube não joga. No momento que você não tem direito, passa a ter só deveres. Enquanto não tivermos leis que protejam os direitos do atleta, nada vai melhorar. A maior vergonha que tem no esporte brasileiro é a questão do direito de imagem dos atletas. Os atletas tinham que receber pela veiculação da sua imagem, é lei inalienável, mas eles conseguiram mudar sem data de prescrição. Ou seja, eu poderia cobrar de você, daqui a 30 anos por uma entrevista, por exemplo. Mas aí eles conseguiram, através de lobby, passar para 5 anos. Eu tenho de hoje a cinco anos para entrar na justiça contra a veiculação da minha imagem sem pagamento. Daqui a cinco anos, meu direito acaba. Na verdade, tudo o que fazem é para tirar dos atletas os direitos, em todos os esportes. Nos outros esportes que não são futebol, a luta por um lugar ao sol é muito grande. Então quando o cara chega num determinado lugar, ele que era contra tudo o que acontecia, consegue. É a vida… Eu fui embora do Brasil para não me sujeitar a isso.

Isso do direito de imagem me causou um problema seríssimo. Se é direito do clube, eu poderia assinar com quem quisesse o direito dos jogos que eu tenho mando, mas não é assim que funciona. No voleibol, o contrato do campeonato brasileiro com televisão não é com os clubes, é com a confederação, os clubes não recebem nenhum tostão. No vôlei de praia, que existe um patrocínio enorme por conta da grande repercussão, o atleta é quem paga tudo. A questão é que, por lei, os atletas têm direito a 20% do que entra. E aí o que ocorre é que o ex-atleta quando assume uma posição de dirigente, se ele está lutando por uma vida melhor, ele passa para o outro lado. Existem pessoas, não vou falar nomes, que eu briguei muito para que tivessem salário e prêmio por jogar na seleção brasileira. Isso foi uma indisposição com o Nuzman, porque a gente via o faturamento, mas não via o retorno para os atletas. Alguns desses se tornaram dirigentes, continuam da mesma maneira e não podem exigir muito porque, como o mercado é pequeno, perder o emprego não é uma opção. Então ficam todos “pianinhos”, a política é do terror, do tipo “Se você fizer contra, eu te arrebento”.

EE: E que malefício essa estrutura trouxe para o futebol? 

BF: O futebol é um absurdo… Apesar de todos os problemas que existem, o futebol é o único esporte no Brasil democrático. No futebol, nós temos campeonatos profissionais, não interessa o nível, em todos os Estados da União.

EE: Mas apenas do futebol masculino…

BF: Esse é outro assunto. Mas o futebol é isso, nós temos poderes locais, regionais e nacionais. E tem a repercussão nacional, que é a coisa mais importante. No voleibol, o campeonato nacional dura quatro meses, tendo Natal, Ano Novo, Carnaval e, às vezes, Semana Santa no meio. Então, não são quatro meses no total. Esse é um fator limitador, por isso a repercussão que tem o voleibol no Brasil é zero. Mas quando joga a seleção brasileira, é outro nível. Tudo isso representa dinheiro. Esse é o grande mal que o Nuzman fez ao esporte: elitizou.

Aí nós chegamos agora, às vésperas de uma Olimpíada no Brasil, com uma enxurrada de técnicos estrangeiros no Brasil… Você vai dizer: “Mas nós não temos esses esportes no Brasil, então temos que buscar de fora”. Eu não sou contra técnicos estrangeiros no Brasil, o que eu sou contra é não dar a estrutura para os técnicos brasileiros que hoje é dada para um técnico de qualquer outro país. Sem tirar nenhum mérito ou crédito dos técnicos estrangeiros, até porque eu mesmo já fui técnico da seleção italiana (e ganhei um Mundial, disputando a semifinal contra o Brasil). Então, eu sei o que é ser técnico fora. Aliás, eu sou o único técnico brasileiro, de todos os esportes, a ser campeão do mundo com outra seleção.

EE: Você conseguiu ser um excelente técnico por que foi para fora do Brasil? Ou você acredita que aqui, com a estrutura daquela época,  você conseguira chegar a esse nível?

BF: Eu fui para fora porque aqui eu não tinha como trabalhar, já que batia de frente… Eu sou o maior crítico do Nuzman, e falo isso com a maior tranquilidade. Mas ele confundiu o lado pessoal dele com o de dirigente. Quem trabalhou para o Nuzman ser presidente da Federação do Rio de Janeiro fui eu. É uma história até interessante, porque o primeiro vice-presidente dele foi o meu pai, assim como o primeiro diretor financeiro da Federação era o meu tio. A partir do momento em que o Nuzman começou a fazer o trabalho aqui no Rio, nós, imediatamente, fizemos força para ele ser o presidente da confederação. Quando ele entrou na CBV, estávamos todos empolgamos trabalhando pelo vôlei. O campeonato brasileiro estava crescendo… O último campeonato brasileiro que teve todos os nossos atletas jogando no Brasil foi o de 1988-1989. Nesse campeonato, surgiram Tande, Mauricio, Giovanni, Marcelo Negrão, que viriam a ser campeões olímpicos três anos depois.

Quando eu falo tudo isso, sou muito cavalheiro. Porque a polícia que ele implantou foi de terrorismo e acabou com os clubes. E aí alega-se que os clubes terminaram por causa das empresas…

EE: Qual a sua percepção sobre os clubes e o esporte de alto rendimento?

BF: O esporte de alto nível é caro. É preciso desenvolver o jogador em atleta e, com o avanço da tecnologia e da medicina esportiva, exige-se constante atualização. Então, uma coisa é o clube trabalhar sem estrutura… O que você tem de escolinha de voleibol no Brasil hoje é uma loucura. A confederação faz os torneios brasileiros de seleção ainda, porque não tem clubes suficientes. E aí a seleção do Rio vai jogar com a de São Paulo e assim por diante.

Tem as escolinhas, os clubes pequenos, os campeonatos locais… Os técnicos da CBV selecionam os garotos, já pegam os melhores e já levam para Saquarema. Então, nós temos garotos de 15, 16 anos que estão fora da escola porque passam seis meses treinando. Hoje nós já temos gente no voleibol com o problema do futebol. Isso se vê muito por duas razões: porque não tem carreira e por falta de estrutura. Esse trabalho de elite é um trabalho para um país, para um clube e para trabalhar com menos gente e tirar proveito disso. Mas num país como o nosso…

EE: Joaquim Cruz falou em entrevista ao EE: “Tenho orgulho das minhas conquistas, mas o título de “único” [atleta brasileiro a vencer uma prova de pista] me deixa triste”.

BF: Isso também entra nesse mérito… O Brasil era para ser no voleibol hoje o que a NBA é para o basquete internacional.

EE: Em entrevista, perguntamos ao Nuzman se ele tinha conhecimento de que os atletas têm medo das confederações e que as confederações tem medo do COB. Ou seja, os atletas não podem ter opinião própria porque temem represálias.

BF: Eu sou um exemplo disso. A questão do atleta é de oportunidade. Tirando o futebol, o atleta brasileiro só tem repercussão se for de seleção ou se for de certo nível. Você sabe quem foi o último colocado da final dos 100m rasos? Ninguém sabe, só o próprio. Não dão espaço para ele. O espaço que dão para os outros esportes é para o campeão. Então foi uma surpresa para todos o Brasil ser campeão mundial de handebol. O técnico dinamarquês, por melhor que ele seja, o que ele teve nas mãos de estrutura para treinar foi muito superior àqueles que criaram essas jogadoras. Eu não tenho dúvida que o trabalho dele tenha sido superior, em função da experiência que ele tem com o esporte. Mas também não tenho dúvida de que a experiência que ele tem é com estrutura, já os nossos técnicos daqui tem a experiência que nós tivemos até hoje, sem estrutura. Mas a estrutura não impediu de chegar a um determinado nível, que vem melhorando. Antes teve um técnico espanhol aqui… Mas a nenhum técnico brasileiro foi dada a oportunidade de chegar a esse nível. Não tinha um campeonato brasileiro de grande porte e isso é o que vai ter.

Qual é o segundo esporte do Brasil? O vôlei. Mas isso só acontece porque querem. Porque talvez o vôlei não seja o terceiro ou quarto em quantidade de atletas jogando. Então, um país como o Brasil que tem títulos, que é bicampeão olímpico, tem 20 clubes de profissionais, com um campeonato que dura quatro meses. A atividade do cara que não é de seleção é muito baixa. Se a empresa que investe tem que pagar 12 meses para ter um retorno de três, vai pagar menos. Um país como o nosso, jovem e com possibilidade de crescimento, tem uma indústria esportiva ditatorial. Nós vivemos no esporte a era de chumbo. Depois que se descobriu que o esporte era um retorno importante de imagem e de grana, o esporte se fechou. O governo não deu trela, não organizou uma política específica e hoje nós vivemos uma ditadura esportiva.

Eu chego a ficar estupefato… Porque nunca se trabalhou tanto pelo esporte nesse país quanto no período de governo do Lula e da Dilma. Criou-se a Lei do Esporte e um monte de outras coisas, mas do ponto de vista democrático, para a população, não se fez nada. Entre Lula e Dilma, os benefícios para o esporte foram incalculáveis, mas não houve uma política esportiva para que chegasse a dar um resultado.

EE: O que faltou nesse período?

BF: Faltou democracia. Saiu uma matéria que falava que quase 50% do orçamento da Lei Piva vai para a gestão. Então, o que chega ao esporte é quase nada. É feita uma seleção dos melhores, que fazem um tipo de treinamento. Vê o que o COB recebeu de dinheiro nesse período e o que isso reverteu em resultados. O custo dessas medalhas é altíssimo.

EE: Durante a entrevista, Nuzman falou que o resultado de medalhas na gestão dele foi excelente, porque antes o Brasil não tinha resultados tão expressivos.

BF: Eu concordo. Mas qual é o legado dessas medalhas? Nenhum. Construímos um velódromo e depois destruímos. Construímos uma piscina que não serve para a Olimpíada. O Pan-Americano foi o maior engodo que se vendeu no Brasil. Do ponto de vista esportivo, o Pan-Americano não representa mais nada, porque pouquíssimos esportes se classificam nessa competição para a Olimpíada. Todos os esportes de maior repercussão vivem na mesma situação.

EE: Esse medo da represália existe? Você viveu isso?

BF: Eu fui trocado por patrocínio… Eu sempre tive uma relação de amizade com o Nuzman, jogamos juntos no Botafogo, tinha essa questão com o meu tio e o meu pai. Mas muito cedo eu percebi que o interesse era outro. Não era interesse de desenvolver o voleibol no Brasil. Um dos projetos era ter aqui uma grande liga de voleibol. Você não pode crescer no esporte se não tiver um alto nível interno. E você não pode ter repercussão interna se não tem interesse pelo esporte em todos os estados. Hoje, ainda existem estados do Brasil em que as pessoas nem sabem que tem voleibol, mas quando joga a seleção brasileira, todo mundo vê. Todo mundo sabe quem são os técnicos das seleções, mas ninguém se lembra dos técnicos e jogadores dos times. Nós ainda não temos uma repercussão no Brasil do esporte no Brasil.

Vem agora a Olimpíada e não mudou absolutamente nada. Os investimentos que estão sendo feitos são apenas em estrutura. O Brasil não precisava de um grande ginásio para vôlei, quando temos o Maracanãzinho arrumado.

EE: Quando entrevistamos João Havelange, ele falou que queria a Copa do Mundo em todos os estados do Brasil porque ia alavancar o turismo e uma série de outros benefícios.

BF: Quem sou eu para entrar nessa questão! Sobre o COB, a questão é a seguinte: o Pan-Americano foi o maior engodo. Do ponto de vista técnico, o sacrifício que foi feito não serviu de nada ao Brasil. Tirando um ou outro esporte que classifica para a Olimpíada (que eu nem sei quais são), foi um desfile de… nada. O Pan-Americano já foi importante, na época em que todos os esportes se classificavam lá para as Olimpíadas. A partir do momento em que o dinheiro começou a pesar, as federações internacionais optaram pelos torneios pré-olímpicos, que aí todas as confederações ganham. Então, você faz o pré-olímpico, valoriza seu esporte, o que é justo, eu não acho errado. E o Pan-Americano tornou-se apenas uma questão da OEA, que do ponto de vista de organização mundial também não quer dizer nada hoje em dia. O COB e o Nuzman venderam o Pan-Americano ao Brasil como uma coisa importante, mas do ponto de vista técnico, é irrelevante. Tirando a equipe brasileira que estava com o que tinha de melhor, outros países não vieram com as equipes principais. Os americanos devem ter mandado a quarta equipe de natação… Eles não vêm com a força máxima, com a elite, vêm com os atletas mais jovens ou os mais fracos… Aqui no Brasil fizeram aquela festa toda para os campeões pan-americanos, porque aqui se tornou um trampolim para a Olimpíada.

EE: E sobre as instalações para os Jogos Olímpicos no Rio, qual a sua opinião?

BF: Outro absurdo dos absurdos… Eu participo do movimento olímpico desde 1972 e é a primeira vez que vejo as instalações olímpicas serem criadas no lugar mais caro da cidade. A preparação de quatro anos para as Olimpíadas serve justamente para recuperar áreas da cidade. Eu me lembro de quatro cidades exemplares. A primeira Olimpíada que eu fui, como jogador, foi Munique 1972, a vila estava numa parte nova da cidade, isolada do centro. Os condomínios eram de altíssimo nível para depois vender os apartamentos. Depois, em Montreal, construíram-se novos prédios, mais altos, concentrados numa parte isolada, assim como na Cidade do México, onde foi criado tudo novo. Em Barcelona, eles mudaram a cidade todinha. Eu fui à cidade antes e era um lugar que não se podia ir à noite. Onde tem o restaurante mais típico, antes das Olimpíadas, eles aconselhavam os turistas a só ir de taxi. Em Seul, eu estive treinando com a seleção em 1983 ou 1984, você não conseguia andar, porque o fedor do rio que passava na cidade era insuportável. Los Angeles não serve de parâmetro para ninguém, porque eles não construíram nada. Práticos como são, os americanos conseguiram fazer uma Olimpíada que deu dinheiro.

O Brasil faz a Olimpíada no local onde tem mais licença mobiliária, isso quer dizer que é um lugar procurado. Em vez de jogar essa grana num lugar que precisa ser renovado, criando alguma coisa que dê conforto para a população. Em vez disso, você vê um estádio que já foi reformado 440 vezes, ser reformado de novo por R$ 1 bilhão. Ninguém aguenta! Chega disso!

 

 

O estádio do Maracanã antes e depois das reformas para a Copa do Mundo, que custaram R$ 1,192 bilhão


EE: Quando eu remava, aos 17, 18 anos,  eu pensava no meu futuro como remadora, e via os remadores treinando em péssimas condições. Resolvi estudar e não ser uma atleta de alto-rendimento…

BF: Se você tivesse uma estrutura que te facilitasse, nada te impediria de continuar tendo uma vida paralela ao esporte. Agora, o atleta tem que decidir entre uma coisa e outra. E vem aquela ilusão. Se você com 18 ou 19 anos não se dedica em tempo integral, não vai chegar longe. É nesse momento que você tem que decidir também a sua vida. Enquanto nós não tivermos aqui uma política do governo que defina as coisas, vai continuar do jeito que está. As leis protegem os dirigentes. O esporte olímpico não faz nada para o atleta, de maneira geral, só faz para os grandes campeões.

EE: Para os campeões não, para os que aparecem na mídia. A Fabiana Beltrame, que foi campeã mundial de remo, a única do esporte no país,  não tem a exposição merecida e o retorno devido.

BF: É porque o remo não é um esporte de repercussão. Mas se tivesse uma estrutura, poderia ser. Há 40 anos, o Botafogo não tinha uma flotilha, eu trouxe da China e, não é à toa, o clube foi campeão brasileiro agora. Se hoje nós estamos reclamando disso, imagine há 20 anos, que a estrutura geral era inferior, as empresas acreditavam menos no esporte e a repercussão era muito menor…

EE: Você comentou em entrevista com o jornalista Juca Kfuri que fez dois mandatos no Botafogo, mas não ia para o terceiro de jeito nenhum, porque precisava viver de outra coisa, já que os clubes eram amadores. O que há de errado na estrutura dos clubes brasileiros?

BF: Toda a estrutura é errada. Você não tem como se dedicar sem que seja profissional. A maior falácia é dizer que um cara que trabalha há 30 anos faça por amor. Por mais amor que tenha, é difícil. O meu sacrifício, eu fiz. Eu queria fazer por motivações pessoais e ninguém tem nada com isso. Agora você não pode se dedicar da forma que é preciso se tiver outra vida paralela.

E aí vêm os absurdos… Se você não for presidente de federação, não pode se candidatar. Se eu posso me candidatar a presidente do Brasil, por que não posso me candidatar a presidente do COB? Essas são as formas que o Nuzman conseguiu de cercar a política. Você só pode ser candidato a presidente do COB tendo cinco anos de presidente de alguma confederação esportiva. Por mais que tanto o Lula quanto a Dilma tenham feito para o esporte brasileiro, a política não mudou nada e o esporte está pior do que estava. Isso não tem cabimento.

EE: Você acha que o impacto dos Jogos Olímpicos para o esporte no país não vai ser bom?

BF: É sempre bom, porque vai dar mais exposição. Agora, se a estrutura é viciada antes, ela vai ser viciada depois com mais repercussão.

EE: Mas você acredita que vai haver algum legado para o esporte, além do físico? Por exemplo, cuidado com o pós-carreira, cuidado com a formação dos atletas.

BF: Se mudou até agora, em dois anos é difícil… As medalhas que nós podemos ganhar, todos sabemos em que esportes são. E aí vem a tal da meritocracia do COB. Agora o que eles fazem para alavancar os outros esportes? Nada. Obviamente, os esportes que tem algum tipo de chance real de resultado estão sendo preparados da melhor forma possível. Vai atrás da ginástica artística, que tem condições de brigar. Até pouco tempo quem fazia os aparelhos do campeão olímpico [Arthur Zanetti] era o pai dele. Quando ele ganhou a medalha, isso se tornou um problema para o COB. Aí o handebol ganha o Mundial e o Nuzman diz que foi trabalho dele…

EE: Qual a sua visão sobre a FIVB?

BF: A questão da FIVB é a corrida internacional. No início dos anos 90, a Itália conseguiu montar um campeonato que era a NBA do voleibol. O nível de competição era o nível de competições internacionais, como o Mundial, porque jogavam ali os melhores atletas dos outros países e o voleibol da Itália era importante na época. Então, tinham várias equipes de nível em que cerca de oito podiam ser campeãs. As outras confederações e a FIVB começaram a ter problemas por causa disso e começaram a criar dificuldades para o campeonato italiano. Criaram em novembro um torneio no Japão, no meio da temporada de clubes. O Brasil se aproveitou desse torneio e o campeonato brasileiro começou a acontecer depois dessa competição. Então, os clubes ficavam parados o ano inteiro, disputando pequenos campeonatos locais. Quem é que tem condição de pagar 12 meses e ter retorno três, quatro meses? Só que de dinheiro os clubes não ganham absolutamente nada, nem sabem que tipo de contrato tem. Agora, poderiam fazer diferente. Quando se cria a lei, tem condições de se criar o próprio campeonato. Então, os clubes podem se juntar, fazer um campeonato brasileiro e sair fora do campeonato da CBV. A CBV não tem que se meter nos clubes. Mas os clubes não fazem isso porque não sabem e a empresa que patrocina não quer entrar em conflito público com a CBV. Então, os clubes e as empresas têm medo disso e a política fica na mão dos mesmos de sempre.

EE: O que você acha que poderia mudar no futebol brasileiro com a Copa desse ano? Vai ter algum legado para o futebol?

BF: Eu espero que tenha, mas já vi que dificilmente terá, porque a política é a mesma. Eu esperaria que os direitos individuais fossem respeitados. A partir do momento que o clube tenha direito a sua imagem e não tenha nenhum tipo de retaliação, nós teremos condições de ter um campeonato brasileiro mais equilibrado. Hoje, nós temos cinco clubes que detém 54% do dinheiro da televisão. Num país como o Brasil, em pouco tempo, vamos ter cada vez menos times disputando.

EE: Como vai ser o esporte em 2014, levando em conta os Jogos de Inverno, Copa do Mundo, protestos populares e a continuação do ciclo olímpico?

BF: Eu vejo mal o esporte, sempre. Enquanto nós tivermos a opressão no esporte, não terá jeito. Enquanto as pessoas confundirem o pessoal com o institucional, acabou. E é o que acontece hoje. Pessoas se acham mais importantes e agem com raiva contra atletas, querem impor coisas que não tem cabimento. Quando um cara ganha a Olimpíada e diz que a confederação não ajudou em nada, fica todo mundo na bronca com ele. Mas como ele é campeão olímpico, aí fica todo mundo dando desculpa que ele falou de cabeça quente e arranjam um jeito. E o cara começa a ter um retorno financeiro da atividade que se propôs a fazer de uma forma tão intensa ou mais do que qualquer profissional de outra área. Quando acontece. Quando ele faz tudo isso e chega em quarto ou perde, ele não tem retorno. Aí acontece como aquela menina de Pernambuco, Yane Marques, que ninguém nunca tinha ouvido falar. Ela surgiu do nada. Agora, se ela não conseguir ficar independente com o que ela está fazendo… Se ela se dedica, como está fazendo, para ganhar uma Olimpíada, ela é uma profissional.

Eu estou falando aqui já completamente desesperançoso, porque não vejo nada mudar. Isso tem que vir do governo. Aí você tem o Ministério do Esporte que publicou um livro de todas as mazelas do futebol, agora quer fazer um Proer [Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional] para o futebol para acabar com as dívidas dos clubes. Quer dizer, o cara que sabe como foram criadas as dívidas é o que vai vir para perdoar. E não querem que o povo reclame? E não querem que o povo vá para a rua para reclamar?

EE: Poderia fazer um panorama do esporte?

BF: O dia que os atletas entenderam que quem faz o esporte são eles, as coisas podem melhorar. Se eles entenderem que a vida de alto nível é curtíssima e que não tem nada depois, vai ser difícil eles se dedicarem. E o durante, que eles poderiam ter, eles abrem mão porque não tem conhecimento. Não se permite o conhecimento dos direitos, porque existem interesses tão grandes que é feita essa política de abafar. Tem certas coisas que não se falam, são tabus. E os dirigentes continuam aí justificando dinheiro de outras formas, dizendo que ganharam herança ou que tem isso ou aquilo, ficando ricos de uma hora para a outra… A minha esperança, sinceramente, era com esse governo. Só era preciso pequenas coisas… Nunca teve tanto dinheiro na vida, nunca faltou dinheiro no Brasil para o esporte. Só que nunca foi preparado para crescer. E começa a discussão de onde deve ser a estrutura, no colégio, na universidade, nos clubes. Por mim, pode ser onde for, desde que seja feita, porque hoje não tem. Esse é um ponto que seria uma pergunta para esses dirigentes: e o direito de arena desses atletas? Uns esportes eu sei que assinam para ganhar uma mixaria.

EE: Qual a sua opinião sobre o doping?

BF: O doping é uma praga no esporte e já estamos num ponto em que existem muitos laboratórios que desenvolvem técnicas para esconder o doping. No Brasil, o descredenciamento do Ladetec ficou um ponto de interrogação em casos importantes. Na medida em que o laboratório é descredenciado tudo fica em aberto. A praga do doping no Brasil é assustadora da mesma forma que em outros países.

EE: Para você, o esporte é essencial?

BF: O esporte é essencial por todas as razões socioeducativas. Mas num país como o Brasil em crescimento, é fundamental que o jovem tenha uma ocupação sadia, uma disciplina, mas acima de tudo é uma indústria empregatícia. No esporte, além do atleta,  você precisa de médicos, arquitetos, engenheiros, recursos humanos de todos os lados. Para o governo está em moda preocupar-se com outros esportes, quero dizer exceto futebol, imagina todos estes anos que não tivemos este apoio.

Foto: Miriam Jeske / Divulgação

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