De Gilberto Gil, “Corintiá”
Ser corintiano é decidir
Que todo ano a gente vai sofrer
Se enrolar no pano da bandeira
E reclamar se o time não vencer
Mas de repente o ano é santo, a gente tá no céu
O time é forte, a sorte é grande, o axé tá com a Fiel
O axé tá com a Fiel
Voa suave o gavião
O axé tá com a Fiel
Bate na trave o coração
Ser corintiano é mergulhar
No oceano da ilusão que afoga
Não importa o plano do destino
Cada jogo é o coração que joga
Bate na trave a ilusão da gente, vai que vai
Chuta de novo que o coração entra e o grito sai:
É gol!
Corintiá
É gol!
Corintimão
Toquinho, “Corinthians do meu coração”
És grande no esporte bretão,
O passado ilumina tua história.
Ciente de tua missão:
Vitória, vitória, vitória.
Corinthians do meu coração,
Tu és religião de janeiro a janeiro.
Ser corinthiano é ir além
De ser ou não ser o primeiro.
Ser corinthiano é ser também
Um pouco mais brasileiro.
Tens a tradição
De um clube tantas vezes campeão.
Pelos teus rivais, temido;
Pela tua FIEL, querido.
Ser corinthiano é ir além
De ser ou não ser o primeiro.
Ser corinthiano é ser também
Um pouco mais brasileiro.
Primeiro Hino do Corinthians
Lutar… Lutar…
É nosso lema sempre, para a glória.
Jogar… Jogar…
E conquistar os louros da vitória.
E proclamar nosso pendão.
É alvinegro e sempre há de brilhar,
Lutar, viril
Para a grandeza e glória do Brasil.
CORINTHIANS… CORINTHIANS…
A glória será teu repouso
E nós unidos sempre…
elevaremos teu nome glorioso
Sem surpresas
Kurt Schwitters (1887-1948), “Merzbild Rossfett“, 1919 (Reprodução)
O futebol é um esporte fantástico, porque não admite unanimidade.
O torcedor sempre se encarrega de contestar algo, criando um caminho diferente para descrever os fatos. Ontem, tivemos mais uma rodada do Campeonato Brasileiro.
Emoção, gritos e choros sobraram por todo lado.
O Corinthians, como qualquer guri sabe, vive um momento pouco comum no futebol.
Suas duas últimas conquistas ainda não saíram da cabeça do torcedor (e também dos jogadores). Não adianta dizer que isso é bom ou ruim, sendo melhor disputar o Brasileirão com uma fome insaciável de vitórias. Os fatos são mais fortes que este desejo. Por esta razão o time alterna boas e más atuações, vitórias e derrotas.
Até o empate entra na categoria de “deixa prá lá”.
Na noite passada, o Corinthians não fez a melhor exibição do mundo, mas poderia ter vencido.
Mesmo com o Flu mordido, querendo a vitória (que interessante, todos querem sempre jogar tudo contra o Timão!) o resultado poderia ser melhor.
Nada que mude o mundo.
Clássico é clássico
Vi nos jornais que o Palestra perdeu para a Lusa e o Santos foi batido pelo Bahia.
Pelo que diz o noticiário nos jornais, houve protestos de torcedores palestrinos e santistas. No caso dos esmeraldinos, acho um exagero: clássico é clássico e tudo pode acontecer, como diz a mídia. Inclusive uma vitória por 3 gols da Lusa. No caso santista, não sei qual seria uma boa justificativa. Talvez dizer que jogar contra times baianos é muito difícil. Pode ser.
Alguns acreditarão.
Mudança
Qualquer mudança na legislação desportiva do país precisa estabelecer o fim da reeleição para os cargos de dirigentes.
Clubes, Federações e Confederações de qualquer esporte devem ter mandatos de até 3 anos e nada mais.
O pessoal dos tais “desportos olímpicos”, que vivem uma “eternidade” nos altos cargos, que procure o que fazer.
Turbinando
(David Hockney) (Reprodução)
A Copa do Brasil do próximo ano ganhará uma nova cara.
Irá até o final do segundo semestre e terá a participação das maiores equipes do país. Viva!
Será uma competição no sistema mata-mata, que cobrirá quase todo o ano.
Nunca houve motivo para a reduzida participação das equipes nesta disputa.
Veja o que ocorreu neste ano: poucas vezes tivemos uma competição com tanta esquadras fracas. As mais fortes – em grande número – estavam na Libertadores e excluídas da Copa do Brasil.
Trata-se de um avanço, que deveria ser seguido por uma reformulação da Copa Sul-América.
Seria interessante receber, também, os maiores Clubes de cada país (acho que deveriam tentar envolver o México e os Estados Unidos). Seria uma disputa (em mata-mata), que poderia desenvolver os mercados do Norte do continente para o futebol.
Este era o objetivo quando foi criado.
Plágio do plágio
O UOL diz que o Corinthians (não é bem o Corinthians) teria questionado o Remo por usar do símbolo da campanha da República Popular do Corinthians.
Estariam plagiando o “grande” feito de publicitários – alimentados pela Nike – em campanha de torcedores.
É plágio de um plágio, pois o símbolo utilizado pela tal República é uma cópia vulgar do símbolo da dinastia dos Romanov, que governou (e barbarizou) a Rússia por 700 anos.
Como o dinheiro da Nike é dela, pode fazer o que quiser.
E sempre há alguém, de uma empresa de publicidade, para trazer uma “grande idéia” (com grande custo, é claro) para a empresa “tocar”. Não conheço nenhum corinthiano que esteja envolvido por esta campanha. Exceto – é claro – os que estão fazendo o merchand e gastando a grana da Nike. Agora, brigar com o Remo é de lascar!
Oh, gênios!
Dois pesos e duas narrações
Engraçado esta rádio Jovem Pan.
Vive levando ao ar o gol que Rogério marcou contra o Corinthians (dizem que o número 100 de sua carreira). Não falam, no entanto, um piu sobre os gols que ele tomou do Corinthians. É proibido dizer qual é o número? Quando ele marcou é 100, quando ele tomou, não sabem.
Tenho um conhecido que fez a relação de todos os gols e, se a Jovem Pan quiser, acho que ele empresta.
Japonês de Hiroshima
Diz a lenda que há uma síndrome em Hiroshima: uma pessoa foi ao banheiro e, justamente, no momento em que caiu a fatídica bomba, estava apertando o botão da descarga.
Foi difícil fazer crer ao pobre homem que não tinha sido ele quem produziu aquele barulho todo. O Secretário Geral da Fifa vive esta síndrome. Está dizendo que foi aquela sua declaração de bêbado (a do “chute no traseiro”) que provocou o avanço das obras da Copa. Se ele souber com se faz um conjunto de reformas e construções tão complexo como este, verá que seu ato nada tem a ver com o avanço das obras.
É a síndrome de Hiroshima.
Briga sem trégua
Edward Hopper (1882-1967), “Nighthawks” (Reprodução)
Não faço parte do exército que acha o jogador Kaká um craque fora-de- série.
Nunca foi, mesmo quando ganhou prêmios e mais prêmios. Acho que era só um bom jogador. E ponto!
Agora, o que está fazendo o técnico José Mourinho nesta briga para tirá-lo do Real Madri é deplorável.
Tudo aponta que o Real não quer mais o meia.
Comprou por uma fábula (65 milhões de euros) e quer vender por 25 milhões de euros. Quer, também, ficar livre do salário do atleta nos próximos anos. Até aí é um problema do Clube espanhol.
Errou e agora está colérico.
O que não é justo é quererem se vingar no jogador pelos prejuízos da contratação toda.
Quem quis a compra foi o Real. Se não deu certo o problema foi criado pelo Clube. O jornal El País, da Espanha, diz que Mourinho quer que Kaká vá para o “terceiro mundo do futebol”. Isto quer dizer: EUA, Mundo Árabe ou Japão.
Quer varrer qualquer possibilidade de recuperação do atleta na Europa ou na América Latina.
O “Estadão” hoje informa que Mourinho acusa Kaká de “atrapalhar seu projeto” no Real.
Lorota. Quer o lugar para contratar outro “seu” jogador para a vaga do brasileiro. Fez bem o pai de Kaká ao responder à altura ao empedernido técnico: “Projeto seu, não? Seu e do Jorge Mendes” (superempresário que faz e desfaz no Real). Já tem cinco jogadores dele por lá e quer uma boquinha para colocar mais alguns.
Independente de não fazer parte da claque permanente (e eterna) do jogador Kaká, acho que o comportamento do Real (e de seu treinador) uma página vergonhosa para o futebol.
Torcidas organizadas
Quando é que as autoridades policiais vão divulgar os relatórios que elaboram sobre “conflitos” entre torcedores organizados?
Seria bom para todos conhecerem de onde vêm os maiores problemas nesta área difícil da Segurança. As torcidas do Timão deveriam cobrar que a polícia divulgasse esses números da forma mais clara possível. Como muita gente já sabe, teríamos surpresas e mais surpresas neste campo. Santinhos mostrariam seu lado de demônios.
E os que são satanizados pela mídia mostrariam que não são tão problemáticos como dizem os preconceitos.
Futebol e fome.
(Norman Rockwell (1894-1978), “Hobo e o cão”, 1924) (Reprodução)
Qualquer pessoa que estivesse ontem, 26/8, no Pacaembu dirá que o Corinthians poderia ter goleado o Tricolor só com o que jogou nos primeiros 20 minutos de partida.
O Clube adversário estava totalmente abatido e espremido na defesa. Mas, então, por que o Corinthians não marcou três ou quatro gols naquele início fulminante? Porque faltava uma coisa básica no futebol: fome.
Fome para ganhar, para vencer para buscar o resultado.
Embora a exibição fosse lindíssima, acabou relaxada. Pelo menos dois gols foram perdidos por pura falta de visão coletiva do futebol.
Quem chutou poderia ter passado para um companheiro em situação muito melhor para marcar.
A equipe não jogou uma partida ruim, mesmo quando o placar virou. Mas faltou aquela determinação que faz o belo futebol virar um grande resultado.
Este estado de espírito, que faz uma equipe disputar um Campeonato como quem joga um amistoso, é o maior alimento para partidas como a de ontem.
Sem fome de vitórias, elas não vêm. Mesmo quando a equipe atua bem.
Nada que mude o mundo.
Mas poderia ser diferente.
Eu presido
É comovente o esforço do Presidente José Maria Marin em anunciar jogos, eventos, encontros etc e tal, procurando mostrar uma atuação dedicadíssima à frente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Ontem, no Pacaembu, falou mais do que o locutor do estádio. A mídia, como sempre, entra na onda e começa a “mostrar” o serviço realizado. O problema do Presidente Marin é a falta de terra onde está seu pé. Está se compondo com gregos, troianos e baianos, em busca de uma legitimidade como chefe do futebol pátrio. Falta fazer a cabeça da Presidente Dilma. Ela já derrubou o mais poderoso presidente que a CBF já teve. E se ela continuar de cara fechada, daqui a pouco teremos problemas. Mesmo com todo apoio de dirigentes, de políticos e da (como sempre) mídia. Teixeira teve tudo isso. Faltou o que – até agora – falta a Marin.
E a situação pode ficar complicada.
Crise e contratações
(William H. Johnson (1901-1970), “Músicos de Rua” (1939-40)) (Reprodução)
O início da temporada de futebol na Europa mostra os perversos resultados da crise economica para o esporte.
Se na Inglaterra, ainda surfando em dinheiro russo e árabe, é possível ver algumas “grandes contratações”, nos demais países do bloco quase nada disso acontece. O caso do Paris Saint Germain é um ponto isolado no continente, já que a grana de Dubai jorra mais do que petróleo.
Espanha e Itália são as maiores vítimas do brutal “furacão financeiro”, cujos efeitos estão por toda a parte.
Não falo de Portugal, Grécia ou Turquia, porque sempre foram secundários para o futebol. Na Espanha, o tão sonhado “campeonato das estrelas” começará – pela primeira vez em muitos anos – sem qualquer contratação bombástica. Isto sem falar no incrível esforço de espanhois e italianos para “venderem” nomes consagrados que recebem grandes salários.
É por esta razão que qualquer contratação arrasta-se como uma novela “O direito de nascer”.
Veja-se o caso Ganso, com todos os conflitos entre seus “proprietários”. Se estivesse a Europa em outro momento, poderia o atleta já ter sido negociado para algum Clube de lá.
Mesmo em situação inversa (onde o Clube quer vender), o quadro também é muito complicado, devido a falta de dinheiro no mercado.
O caso do meia Kaká é um exemplo marcante. Sei que muitos acham que tenho má vontade com o meia e portanto só deveria elogiá-lo, ou então nem falar dele. Não vejo assim. Kaká foi um bom jogador (bom, só bom), mas nada que justificasse a posição que a mídia queria lhe atribuir. Seu melhor período foi no SPFC, no início da década passada, quando disputou grandes partidas. Lamentavelmente, para muitos, teve o azar de enfrentar um Corinthians que tinha gosto em vencer o Tricolor. Vampeta, Gil, Ricardinho, Dida e outros tantos tinham enorme alegria em partidas contra o SPFC. Mas após este bom período no Tricolor – que injustamente criticava o craque – Kaká foi para a Europa e fez algumas boas temporadas. Agora, no Real Madrid, seu desempenho vem sendo muito criticado e o Clube quer, por qualquer caminho, negociá-lo.
Vários times já manifestaram interesse em alguma negociação, mas, com a falta de dinheiro no mercado, tudo fica difícil. E também o Clube espanhol não é muito feliz neste momento. Ontem, no jogo contra o Barça, poderia tê-lo colocado para jogar, pelo menos parte da partida. Mas creio que, com bronca por ter feito uma grande contratação, que afinal se mostrou frustrada, os espanhois façam bom negócio.
Estão reagindo de cabeça quente, o que pouco ajuda no negócio de um atleta.
Tudo isso ocorre pela falta de grana no mercado.
Em outro tempos, tanto Ganso quanto Kaká já estariam em novos Clubes.
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