2 x 0, resultado perigoso
(Antonio Peticov. “Man dragora”) (Reprodução)
O Corinthians venceu mais um jogo no Paulistão (ou seria Paulistinha?), no Pacaembu, ontem no domingo de Páscoa.
Mas a mídia pouco falou sobre a vitória ou da co-liderança do Campeonato. Preferiram destacar o placar de um a zero com que foi batido o Paulista, de Jundiaí. Mas, 1×0 por acaso, é empate ou derrota ? Quando se trata do Timão, a mídia tem critérios que nem Deus explica. O time não perdeu, e daí? Mas também não goleou, dirão. E desde quando este deve ser o objetivo num campeonato disputado em conjunto com outro.
A vitória foi importante mas deixa, para os corinthianos sinceros, algumas preocupações.
A maior delas é a precária condição física de alguns jogadores de grande importância para a equipe. Está mais do que na hora de termos um elenco em boas condições físicas, para as duras competições que vêm pela frente. O time está organizado, joga de forma compacta e, em geral, controla o jogo. Mas necessita de alguns jogadores em melhor forma para enfrentar adversários mais fortes. O ideal, como já foi dito, era termos mais uns 3 ou 4 jogadores – de boa qualidade – e com boa preparação física.
Para a mídia – no entanto – o assunto que importa é o placar apertado. E muitos torcedores do Timão entram nesta onda. Ontem, quando saía do Pacaembu, um jovem torcedor aproximou-se com esta queixa midiática. 1×0… 1×0… 1×0…, só isso? Respondi de forma cordial e irônica: “prefiro o 1×0 porque 2xo é um resultado muito perigoso, como diz a mídia”. O torcedor entendeu a minha brincadeira e passou a falar de outras coisas, inclusive sobre alguns atletas que “estão correndo pouco”.
Aí concordamos e saímos andando e comentando o sofrimento dos nossos adversários (até em campeonatos simples, como o Paulista).
A Nova CBF
Quem achava que o novo presidente Marin seria um mero elemento dominado por todos, deve estar surpreso.
Ele está correndo por todo lado. Articula com Federações, Clubes, Estados, Municípios e com a União. Fará tudo (tudo, mesmo) para manter-se no poder. E não há composição impossível para sua pretensão e para os interesses que o futebol e a Copa movimentam. Para ele não há direita nem esquerda, velho ou novo, Flamengo ou Vasco, Corinthians ou São Paulo, Ministros, Secretários ou Governadores.
Todos serão aliados – pelo menos em potencial – desde que concordem com sua manutenção no cargo. Até a mídia diminuirá suas críticas. O problema será quando um acordo com um aliado atingir interesse de outro, também aliado. Aí mora o perigo de confusão. Mas ele lutará para que isso não ocorra.
Mentirinha ou mentirona?
“A mentira é condenável em sua natureza” diz a Igreja Católica no seu Código ( § 2485).
Acrescenta ainda que “a culpabilidade é maior quando a intenção de enganar acarreta o risco de consequências funestas”. Mas a própria Igreja, conhecendo a natureza humana, afirma que “uma simples mentira é um pecado venial”, isto é, pode ser perdoado mediante arrependimento e rezas. Dante Aleghieri, em sua notável obra, A Divina Comédia, coloca a mentira no segundo círculo do inferno, dando-lhe um caráter grave. Mas há situações onde aparece uma mentira piedosa – quase sempre dizendo proteger a pessoa envolvida- vítima do pecado. É o caso do médico de Violeta, na ópera La Traviata, quando seu médico diz que a cura do seu mal está próximo – embora ela estivesse às portas de falecer. Sentencia a “dama das camélias”, na ópera de Verdi: ” os médicos tem direito de dizer mentiras piedosas”.
Tudo vem à tona quando os médicos anunciam a “repetição” da cirurgia do jogador Adriano. O atleta será operado pelo médico José Luiz Ronco, que trabalha no Flamengo e na Seleção Brasileira e convidará para participar da intervenção o médico do Corinthians que fez a anterior. E que será agora repetida! Justificam, tanto um, quando outro,que o atleta “não cumpriu” as regras pós-operatórias. Curioso a conduta destes médicos. Parecem lembrar o médico de La Traviata, ou até coisa pior. Ninguém disse, nestes meses todos, que havia problema na recuperação da cirurgia. Todo problema era o peso. Peso… balança… peso… balança.
Uma centena de vezes isto foi afirmado sem que nunca tenham dito, como diz agora o médico do Corinthians, que já havia “programado essa cirurgia para o fim do ano”.
O melhor a ser feito nesta situação seria contratar médicos que não vivem o futebol, (e há tantos especialistas na matéria) e deixar que eles resolvesse (ou tentasse fazê-lo) os problemas do jogador. Mas isso é sonho no mundo do futebol. Os médicos que atuam por aí -na maioria- são boleiros. Vivem sendo endeusados em programas de futebol. Tratam jogadores e jornalistas o tempo todo. Também, na sua maioria, não tem qualquer respeito acadêmico. Isto é, grandes Escolas e professores falam cobras e lagarto desse pessoal do futebol. Mas o prestígio na área esportiva é grande, embora na maioria, não tenham publicado uma apostila de suas “especialidades”. Este caso do Adriano marca bem a situação. Tudo será resolvido entre os mesmos, com todo corporativismo que já marca a profissão. Não nos esqueçamos do tal “dr. Roger” famoso em “reproduções” que vivia nas páginas e programas como estrela. Embora muitas pacientes tenham – por longos anos- reclamado do dito cujo- os órgão de controle da profissão ficaram mudos. Mudos não, na moita. Quando a Justiça denunciou o médico, os fiscais da medicina reuniram as denúncias velhas e expulsaram o ex- famoso doutor.
Neste caso do jogador Adriano – independente do seu problema no tendão- não é este o caminho para sua recuperação. Os ” doutores” mentem ( de forma piedosa ou não), mas seu problema é outro. Como já foi dito, por um sem -número de gente séria, é alcoolismo e depressão. Mas convenhamos, alguém acha que estes médicos de clubes citados são especialista no tratamento de tais doença? É quase um escárnio o fato da mídia ficar ouvindo, entrevistando, badalando médicos que não tem nenhuma condição de resolver tais problemas.
Mas afinal, será que a mídia não sabe disso? Sabe e é conivente.
Quarta sem Timão
(Reprodução)
Não vamos ser chatos mas, quarta-feira sem jogo do Corinthians, é um problema e tanto.
Primeiro, é uma encrenca para a TV. Com o Timão na TV é audiência certa dos corinthianos e (dizem) dos que procuram secar o alvinegro. Mas, pelo que estamos vendo nos últimos anos, o Corinthians leva nas costas o produto futebol.
É a enorme presença social do Clube na região mais importante para o mercado publicitário. Liderar na região Sudeste não é pouca coisa. Mesmo com a má vontade da mídia (que fala muito do Timão, mas fala para o achincalhar), o Corinthians é um fenômeno de audiência.
Queiram os adversários ou não, Ibope é com o Timão.
A Fifa perdeu o rumo?
A tentativa de a Fifa enfiar seu Secretário-Geral em uma audiência do Senado é coisa de amadores.
Ou de quem se acha muito esperto. O convite foi para o presidente da Fifa depor e, se ele não puder agora, que se marque outro dia. Porém, a tentativa de substituí-lo mostra que a Fifa perdeu o rumo. Após aquela declaração grosseira, chula e pedante do Secretário-Geral, o que esperam os dirigentes da federação de futebol mundial?
Como já está claro, o Mundial de 2014 é da Fifa (inclusive o lucro), mas a grana é do Governo.
Agarrar, pode?
Não assisti ao jogo do Barça com o Milan na tarde de ontem, 3/4.
Vejo que muitos reclamam dos pênaltis marcados, especialmente o segundo, em que o beque do Milan agarrou a camisa do jogador do Barça. Não vi, mas procedeu bem o juiz em marcar este tipo de jogada, feita por defensores italianos. Após aquele maledetto jogo da Espanha de 1982, onde o defensor da Itália rasgou a camisa de Zico e o juiz não deu nada, não perdoo os italianos . Eles fazem isso o tempo todo. E qualquer pênalti marcado deve ser aplaudido. Ainda que fique a dúvida. Não quero atacar o Milan, time por que torci naquele escândalo na década de 60, no Maracanã. Foi uma dos maiores sacanagens já feitas no futebol. Quem quiser saber é só ler a biografia do Almir Pernambuquinho. Ele jogava no Santos e nos conta todo o acerto com o juiz argentino.
Mas aquela simpatia pelo Milan, garfado no Maracanã, terminou em 1982.
Mais uma
O UOL publica – pela décima vez, creio – uma matéria sobre o estádio do Timão e sua propriedade.
É um conjunto de informações confusas, que amanhã mesmo podem ser corrigidas em outra matéria do mesmo UOL. O importante é que o estádio vai sendo construído, e que o Timão livrará São Paulo de um vexame sem precedentes: ficar fora do Mundial. Isto é importante para a Cidade . E pouca coisa mais.
TV Timão.
A notícia de dificuldades na TV Timão não é nenhuma surpresa.
Quem conhece o futebol, os clubes e os projetos de televisão sabe – e bem – que as premissas com que o Corinthians lançou sua TV eram irrealistas. Trata-se de um fruto da marketagem, achando que pode a tudo resolver, apenas importando seguir em frente com mais uma “boa” ideia. Poderiam ter visto o que já foi feito pelo mundo (as experiências de Barça, Milan, Juventus, Real etc). Mas a auto-suficiência é um caminho para o fracasso.
E agora terão que resolver o problema criado pela arrogância.
Discurso para brasileiro ver.
(Leonardo Da Vinci. “A Gioconda”.) (Reprodução)
A organização em território brasileiro de grandes eventos internacionais de esporte é uma mudança e tanto para o Governo, dirigentes do Esporte e todo o Brasil.
Após o Pan, no Rio de Janeiro, teremos o Mundial de 2014 e a Olimpíada – no Rio – em 2016. Alguns pontos ligam todos esses eventos. O mais comum é ver um discurso de mentiras, enquanto o evento é aprovado pelos órgãos internacionais.
Comecemos pelo Pan do Rio de Janeiro. Quando foi decidida sua realização, o orçamento apresentado pelo Sr. Nuzman era de 440 milhões de reais para os governos. E a justificativa que a iniciativa privada teria uma grande participação. Tudo lorota. O gasto final do Pan ficou em 4,4 bilhões, e o Presidente do COB, para justificar este salto, disse uma frase famosa: “Só é possível termos o orçamento quando terminarmos todo o evento”. Uma loucura completa que deixou atordoados todos os especialistas em Administração Pública e em Direito Administrativo.
O orçamento, que é peça da maior importância, deve ser feito previamente, exatamente para se saber quanto irá ser gasto, ficou para o final. Quer dizer, o evento seria construído “em aberto”, e o Governo enfiando dinheiro. Foi o que ocorreu. Da iniciativa privada não chegou nada e somente o Governo bancou tudo.
Esta é uma estratégia conhecida na Administração Pública. Antes de realizar a obra ou o serviço é feito um orçamento “irreal”, como fez o COB. Diz que vai gastar pouco, e todo mundo aplaude. Com o tempo, vai aparecendo o quadro real. E são feitos aditivos, com mais e mais dinheiro. Foi o Sistema Nusman de realização.
Um golpe de prefeito de cidadezinha, mas que deu certo numa grande cidade.
Outra mentira veio à tona com a preparação do Mundial de 2014.
Na fase anterior à aprovação da Fifa, o presidente Ricardo Teixeira dizia que a Copa era um evento “praticamente” privado. E que o Governo entraria com quase nada. Uma ou outra obra de transporte urbano e nada mais. Nada disso! Era tudo lorota. Após a aprovação – e no decorrer dos meses que se seguiram – apareceu a realidade. A Copa de 2014 será uma Copa bancada pelo Governo. Como ocorreu em outros países, na Alemanha, na Itália, no Japão etc.
A tal presença “prioritária” da iniciativa privada era apenas discurso.
Creio que os dois únicos casos em que entidades privadas vão bancar obras para a Copa, serão os estádios do Corinthians e (pelo que dizem) o do Inter. Nos outros casos, tudo será feito com o dinheiro público. O Corinthians assumiu o desafio de construir um estádio para a abertura da Copa para livrar São Paulo de um vexame sem precedentes. A cidade quase fica fora do Mundial por não ter um estádio em condições para sua abertura. E o Clube está fazendo com empréstimos de todo lado (e bancos), que no final das contas será pago pelo Clube. É certo que o estádio poderá ser um grande fator gerador de receitas. Mas, neste caso, o Clube assumiu o risco por ele e pela Cidade. E deveria ser aplaudido por todas as torcidas. O caso do Inter não conheço, mas creio que será similar. Empréstimos, BNDES etc, mas no fim da conversa o Clube ficará com a dívida. No mais tudo é grana pública: Maracanã, Mineirão e todos mais. Lembro-me que a mídia dizia que teríamos “fundos da Fifa” para a construção e reforma de estádio. Muito pelo contrário. Como estamos vendo a Fifa quer é ganhar dinheiro. O evento é dela e quem banca é o País.
O resto é lorota e mais lorota.
Goleada
A vitória do Corinthians, na tarde de ontem em Presidente Prudente, não agradou muito à mídia.
Primeiro, porque não gostam quando o Timão vence. E ficam torcendo para que – caso vença – seja por vitória mínima. Com o três a zero o discurso ficou “oxo ” , como diria o caríssimo Walter Abraão. Liedson afastou a uruca e o mau-olhado que vinha sofrendo. Com o campeonato se arrastando (com jogos fracos por todo lado) o melhor que fazemos é aguardar a fase final do Paulistão (ou seria Paulistinha?). Para o Corinthians, que disputa duas competições, o melhor é acertar a equipe e – principalmente – conseguir que alguns jogadores cheguem a um bom preparo físico. É incrível que já no quarto mês do ano tenhamos jogadores fora de forma. Para os próximos jogos será importante termos, especialmente os mais famosos, no melhor momento da temporada.
“Especulação”
Dar chute de todo tipo não é exclusividade de jogadores. A mídia também é craque nesta atividade!
Jogadores “fechados”, que nunca fecham, é assunto prioritário da mídia. Mas não é só isso. Agora a moda é “especular” sobre o contrato de publicidade no uniforme do Corinthians. Já apareceu de tudo e todo tipo de valor. Há uns dez dias foi uma chuva de informação (99% de certeza) que o Timão teria um contrato com uma montadora coreana por 50 milhões ao ano. Divulgado por todo lado, a matéria foi desaparecendo como picolé no sol. Hoje a Folha vem com outra informação e totalmente diversa da semana passada. Diz o jornal: “Corinthians aceita receber menos por patrocínio”, e que o valor seria entre 27 a 30 milhões por cada ano . O valor seria quase a metade do que foi dito há uma semana e é menor do que o atual contrato que, segundo o jornal, seria de 38 milhões por ano.
Não acredito muito nem no que foi dito há 10 dias e nem no que está sendo afirmado hoje. É negociação que tem várias etapas. O problema é que a mídia gosta de especular e este pessoal de marketing (de todos os Clubes) gosta de “contar vantagens” aos jornalistas.
O que definirá o valor é o mercado. Pouco ajudará o charme do marketeiro. O Corinthians é o melhor “produto do futebol” e ganhará mais que os outros clubes. Mas será um valor que atenda às condições das empresas.
O resto é especulação. Como a mídia (e os marketeiros) gostam.
Bola pro alto…
A ombudsman (ou seria “o”) da Folha de São Paulo, Suzana Singer, retorna o assunto do diretor do São Paulo, que desmentiu publicação do Painel FC. Após publicar duas extensas carta do diretor tricolor (no Painel do Leitor) o jornal publicou um “erramos” onde deixa oculto que a nota publicada estaria incorreta. Que força tem este diretor do São Paulo: duas longas cartas em dois dias! E neste domingo, a ombudsman gasta quase a metade de sua página para explicar o caso do são-paulino. Mas, aproveitando a deixa, avança em considerações mais ampla, e, a nota “Bola Fora”, fica como uma crítica as colunas do jornal. Diz, de início, que as colunas ( Painel,Mônica Bérgamo e o Painel FC), vivem de informações passadas por “pessoas interessadas que não querem aparecer”. Pode ser. Mas não é só isso o problema destas colunas do futebol. É comum o jornalista, querendo “esquentar” assunto nas colunas, procurar pessoas do mundo do esporte e instiga-los a declarações e provocações.
É um jogo para “ferver o clima” de clube, jogadores etc. Mas há outros e mais problemáticos. Não quero aqui levantar os assuntos que envolveram a cobertura da parceria MSI- Corinthians. Fato grave que o jornal preferiu “fingir-se de morto”, mas é sempre preocupante a força que tem hoje “empresários” do futebol. Dentre eles, alguns que publicam tudo(em quase todo lugar) sobre seus jogadores. Alguns medíocres viram “craques” até serem negociados. Há também, problemas com a preparação da Copa do Mundo. Novas empresas e empresários chegam ao futebol e tornam-se “fontes” dos jornais. Lembro que um projeto de estádio (totalmente inviável e descartado pela diretoria do Corinthians) que teve uma ampla, extensa, cansativa e desconsertante cobertura da Folha. Ao finalizar sua análise diz a ombdsman que as colunas “devem checar as informações passadas”. Não dá. Com este procedimento a coluna perderia tudo. O que o jornal deveria fazer é ver se – com a existência da Internet- este tipo de jornalismo não é coisa do passado. E deveria mudar.
Novo Bosman
(Wassily Kandinsky. “Amarelo, Vermelho, Azul”. (1925)) (Reprodução)
A notícia de que a Justiça Suíça deu ganho de causa, em processo contra Fifa, ao jogador brasileiro Matuzalem, vai dar o que falar.
Mais uma vez, o jornalista Jamil Chade, correspondente do Estadão na Europa, marca um gol de placa, trazendo este assunto bomba.
Matuzalem atuava no Shaktar Donestsk, da Ucrânia, quando se iniciou o conflito. O jogador saiu e foi atuar na Espanha. O Clube do Leste Europeu recorreu à Fifa e ganhou a causa. Foram condenados o clube espanhol e o jogador, que deveriam pagar R$ 28,8 milhões aos ucranianos. Após o prazo (sem pagamento), o atleta não poderia defender nenhum clube de futebol. O jogador – que hoje está na Lázio, da Itália – recorreu à Justica Suíça e, aí, deu-se a surpresa: a Justiça disse que a decisão da Fifa não deveria atingir o jogador e este poderia jogar.
Trata-se de uma decisão perigosa para o “poder da Fifa”. Esta entidade tem um poder sem igual no mundo. Regula o futebol e os “negócios” dele decorrentes. Diferentemente de qualquer outro órgão mundial (ONU, UNESCO etc) tem grande poder coercitivo. Isto é, suas decisões são cumpridas pelas Federações nacionais e pelos Clubes. Quem não aceita seus decretos (no futebol e nos negócios), não cumprindo o que ela decidir – seja o Clube ou o jogador – fica proibido de atuar. E as Federações obrigam o fiel cumprimento de suas imposições, sob pena de elas próprias serem punidas.
A decisão do caso Matuzalem fulmina esta fortaleza. Não podendo excluir o jogador de atuação, suas sentenças pouco valerão, serão tranformadas em meras “resoluções”, como as da ONU, que vive determinando isso ou aquilo, mas só são aplicadas quando países como EUA, França ou Inglaterra resolvem mandar suas tropas e bombas (como no caso da Líbia).
A Fifa tem verdadeiro pavor das decisões das Justiça nacionais, mas sempre contou com uma certa proteção do judiciário suíço. Por esta razão, quando vê que vai perder, faz acordo, como no caso Bosman, onde falou muito e, depois, calou-se. Se esta decisão prevalecer, o mundo terá uma mudança, sem precedentes, no futebol. Como ocorreu no caso Bosman, os desdobramentos do caso Matuzalem vão repercutir por todo lado.
E possivelmente com intensidade maior.
Alô, Pelé
O maior jogador do mundo, Pelé, telefonou, no dia de ontem, para o Presidente da CBF, José Maria Marin. Nenhum assunto novo, nada extraordinário, mera rotina. Só uma diferença: o simples telefonema virou noticía em todos os jornais. Nas páginas esportivas e em colunas sociais. Claramente, foi divulgação da CBF. Ou seu presidente recebe poucos telefonemas, ou o assunto era importante e não foi revelado. Só faltou aos jornais perguntarem o que de tão relevante se discutiu na conversa telefônica. Pode ser muita coisa mas, provavelmante, não era nada.
Só algum assessor mostrando quanto tem influência na mídia, especialmente nas colunas “sociais” .
Chute no valor
(Reprodução)
O inverno chegou ontem, à noite, no Pacaembu, no jogo do Corinthians contra o XV de Piracicaba.
Frio, vento e uma partida sem grandes emoções. O Corinthians fez o básico e venceu. Bom para alguns jovens que começam a ganhar experiência de jogo. Ruim para outros jogadores que, já no terceiro mês da temporada, estão em precárias condições física. Outros, que vivem querendo ser titulares, mostraram que o técnico está certo. O melhor é continuarem na reserva. Além do frio e do jogo pouco criativo, o destaque foi o enorme policiamento. Parecia final de campeonato com policiais, cavalos e viaturas por toda parte. Parabéns. Mas acho que esta mobilização foi em jogo errado. Tudo bem.
Vamos ver nos próximos.
Dinheiro mais dinheiro
A mídia gosta de especular sobre o valor dos contratos que o futebol gera para os Clubes.
Os marketeiros também gostam de ficar vazando valores aqui e acolá. O Corinthians – pelo seu tamanho – é o preferido dos jornalistas. Agora, a respeito do novo contrato de publicidade de sua camisa, já se falou de tudo. Sobre valores e empresas. Um jornalista afirma que “está 99% fechado” com a empresa X, pelo valor “tal”. Logo depois, desaparece o noticiário, retornando em seguida, com outra suposta empresa e novas cifras. Estes dias a bola da vez é o contrato do Timão com uma montadora, por 50 milhões ao ano.
Vamos aguardar, porque nem sempre o que é falado na assinatura corresponde ao valor real. E isso ocorre em todos os Clubes. Veja-se o caso da contratação da TV.
Tudo o que se divulgou foi inflado, pelos Clubes em geral! Hoje sabemos que a TV paga quase 1/3 menos do que se propagandeou. E aí estão todos os Clubes. Os marketeiros gostam de dizer que os grandes contratos são obra de suas “jogadas”. Não é bem assim.
Quem define valores, patamares, tetos, limites é o mercado. Veja-se que todos os Clubes têm aumento de seus patrocínios quase em conjunto. Obviamente, respeitando-se o tamanho comercial de cada um.
Nos últimos anos, foi isso que ocorreu. Todos os contratos melhoraram, até de Clubes que não tinham Departamento de Marketing. É este movimento (das empresas e da economia) que aumenta ou reduz os valores.
Por esta razão é bom acompanharmos (todos os Clubes) para vermos para onde vai o mercado.
Sem anjos.
(Aldemir Martins) (Reprodução)
A briga do jogador Oscar, com a participação do SPFC, de seu empresário e do Inter, está interessante de se acompanhar.
Nesta confusão toda só há uma verdade: não há anjos neste caso. Os tricolores não são exemplos nobres nesta questão, pois já agiram de todas as formas para atrair jovens jogadores. E algumas delas nada santificadas. O jogador, normalmente, quer passar por pobrezinho, enganado, enrolado, usado etc, mas ele foi desmascarado por declarações dos próprios colegas.
Ficou claro – o que é comum neste casos – que o jovem não era vítima, mas participava de uma trama. Como no caso Nilmar/Lion/Corinthians, o rosto triste do atleta é só uma forma de dissimulação para obter apoio de torcedores. Seu empresário é conhecido no mercado, agindo desta forma contra e a favor de todos os clubes. O vento (clube) vira de acordo com seu interesse. Muito bem relacionado com a cartolagem, apronta poucas e boas para os clubes e, em seguida, é perdoado, partindo para novas transações.
O Inter é o Inter. Reclama, grita, chora e faz cara de vítima. Nem tricolor, nem colorado têm do que reclamar.
Interessante, também, nesta confusão, é ver a mídia dividida. Normalmente (quando é o Corinthians) ela fica do lado do jogador. O “pobrezinho” é apoiado por todos os brados de liberdade contra a “escravatura” dos contratos. Mas, nesse caso, está envolvido o “Mais Querido”… da mídia, e os jornalistas estão divididos. Poucos empunharam a bandeira da liberdade (do jogador), muitos passaram a exigir o cumprimento do contrato. Coisa que nunca fizeram e só o fazem agora por que o prejudicado é o Tricolor.
Relações perigosas
Se a Polícia continuar a investigar as torcidas organizadas, vamos ter surpresas. Quase todos os clubes, cartolas e políticos têm laços fortes com estas organizações. E as polícias Civil e Militar, também. Desde o fornecimento de ingressos à ajuda jurídica nas “encrencas” ; de ônibus ao apoio no carnaval, em quase tudo (quase tudo, mesmo), podem aparecer vereadores, deputados, secretários de governo, cartolas, oficiais da PM e policiais civis.
Por aí podemos entender porque tantas investigações anteriores andaram devagar (quase parando) e não chegaram a grande coisa.
Portugal é uma mãe
Não sei quais são os motivos que levaram o Diretor da CBF, Andrés Sanchez, a falar (de forma agressiva) do futebol português.
Hoje, na Folha ele diz “ se nós (cartolas brasileiros) fizéssemos o que se faz no Porto, estaríamos na cadeia”. Sem conhecer este caso (mas conhecendo outros), acredito que o futebol da “terrinha” não seja bom exemplo para ninguém. Seus grande clubes são dominados por dois ou três “empresários”, que são operadores de “investidores” do Leste Europeu. E fazem qualquer coisa .
Portugal é um paraíso fiscal, sem prestígio, mas com muitos “espertos”. Qualquer transação de jogador que passe por clubes lusitanos, é uma encrenca. Mas, para ser justo, alguns ex-dirigentes de lá estão condenados e foragidos da Justiça (na Inglaterra, é claro).
Inúteis decisões
(Almeida Junior, “Recado Difícil”, óleo sobre tela, 1895) (Reprodução)
Com mais uma morte, em meio à briga de torcidas organizadas, a Federação decidiu fazer o que sempre faz: tomou uma medida que significa rigorosamente nada.
Expulsou dos estádios as duas torcidas litigantes (Gaviões e Mancha Alviverde). Trata-se de um veto que não veta. O torcedor só não poderá entrar com os pertences alusivos à torcida, sem eles, não haverá problema.
É o mais completo caso de não fazer nada, dizendo que fez tudo.
Alguns perguntam: o que poderia fazer a Federação para encontrar solução deste problema? Há medidas – que são papel da Federação e não dependem de lei, do Ministério Público, do Governo ou da Polícia.
A primeira, e mais importante, é estabelecer a venda de ingressos de forma identificada (como é feito na Europa). Compras pela internet, com cartão ou boleto e de outras formas, que identifiquem quem está comprando. E garantir lugares marcados (ou áreas, como preferem alguns) . Sabe quando as Federações vão adotar estas medidas? Só quando os governos obrigarem.
Venda identificada é o fim de mamatas na fabricação e distribuição de ingressos, que ocorre na CBF, nas Federações e nos Clubes.
Nem vou falar hoje no problema grave da promiscuidade dos Clubes, Federações e torcidas com as polícias (civil e militar). Se for adotado o sistema europeu de venda identificada, os elementos punidos já não conseguiriam mais ingressos. Mas para se adotar um sistema desses, seria preciso comprar uma briga com as empresas que confeccionam as entradas. E, neste caso, a briga será de morte!
Maior do que entre torcedores de organizadas.
Mudei.
Na entrevista de ontem, no UOL, o ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, agora como Diretor de Futebol da CBF, disse que “é a favor de todos os dirigentes serem remunerados até para acabar com essa onda de que todo dirigente é ladrão”. É uma mudança e tanto no que sempre disse Andrés. Foram muitas as vezes em que defendeu que os Clubes e Federações tivessem, em sua direção, empresários bem sucedidos, sem necessidade de ganhar mais nada, inclusive salários. Chegava ao ponto de se auto indicar como exemplo. Mudou.
Não há problema em mudar de ideia. O que espanta é a forma tão radical, sem qualquer fato novo. É claro que o futebol necessita de profissionais bem remunerados: técnicos, médicos, jogadores, preparadores físicos, técnicos de administração etc. Mas ter os dirigentes remunerados (não são profissionais de áreas específicas), isto é outra conversa.
Com os clubes sociais, sem finalidades lucrativas, controlando o futebol, sempre será necessário o dirigente sem remuneração. Afinal, quem o sócio colocará para controlar o contratado?
Remunerar dirigentes só é possivel no modelo de clube-empresa. Não é o caso brasileiro.
Livro da discórdia.
Também no UOL, o ex-presidente ataca o zagueiro Paulo André, por este ter criticado Ricardo Teixeira.
Diz que ele deveria primeiro jogar e não dar palpite na casa dos outros. Foi infeliz a declaração. Como aquela do Zorro e o Sargento Garcia. O jogador está se recuperando de uma contusão e, pelas notícias, é dedicado a seu tratamento. Mas não creio que a bronca com o Paulo André tenha sido pelas críticas ao ex-presidente Ricardo Teixeira.
Acho que foi pelo lançamento do livro. Não fica bem pro mundo da bola ter um jogador que escreve e lança livros.
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