Sem sal, sem açúcar
(Mary Cassat, “The loge”, 1882) (Reprodução)
Sem jogos do Corinthians durante a semana, o mundo desportivo fica sem rumo.
E sem assunto. A quarta fica sem cara de quarta-feira.
Vejam em que nossa mídia anda insistindo: no caso do roubo atribuído ao pessoal do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), em Londres; no contrato de amistosos da Seleção Brasileira; e, como faz tradicionalmente, em uma ou outra fofoca sobre o estádio do Corinthians.
O caso do roubo em Londres (que parece não ser só na Inglaterra) é ruim para o Brasil e deveria ser clareado o quanto antes.
Com direito a nomes e números.
A Seleção é outro assunto que volta quando não temos alguma coisa expressiva no esporte.
Qualquer destes times contra os quais o Brasil vem jogando nos últimos anos tanto faz para nosso torcedor.
Quase todos os selecionados escolhidos são fracos.
Ah! Há um assunto que poderia render muito, mas a imprensa não gosta.
Trata-se das declarações do Deputado Romário (craque no campo e no microfone). Não sei o que está esperando nossa mídia que não cobra alguma resposta dos citados para a crítica que o Deputado faz.
Sim, é certo que a estratégia da CBF é a do silêncio absoluto. Mas, convenhamos, isto não obriga a grande imprensa a ficar calada.
Há também uma ou outra notícia sobre a construção do estádio do Corinthians.
Nada que mude nada.
Falta emoção
(Mario Schifano (1934-1998), “Futurismo rivisitato”) (Reprodução)
Na partida de ontem, 5/9, por mais que o técnico Tite gritasse ao lado do gramado, o jogo não mudava de ritmo.
O Corinthians, mesmo com o time misto, teria todas as condições de sair com uma vitória de Florianópolis, mas sua cadência no campeonato não permite. Não há dúvida de que o Timão jogou para vencer (e poderia ter conseguido), mas aquela falta de “fome de vitória” é um fator importante. E o Corinthians está – rigorosamente – jogando para cumprir a tabela. Uma pena!
Não que isso mude o mundo, mas retira o sabor da disputa e diminui o campeonato.
É grana II
A imprensa espanhola diz que Cristiano Ronaldo só não tem aumento de salário porque o Clube ainda não conseguiu “vender” outro jogador, o brasileiro Kaká.
Vender não seria o verbo mais apropriado. O Real pretende mesmo se ver livre do meia. Só não quer continuar pagando o salário para um atleta que fracassou completamente na equipe. Opa! Retifico, senão a mídia tupiniquim cai de paulada: um jogador que não teve tanto sucesso na equipe do Real Madrid.
Cristiano Ronaldo ficará “tristinho” por mais algum tempo até que o Clube consiga grana para fazer voltar seu sorriso.
Que grana!
Sei que a mídia vive pegando no pé da TV Globo por ela ter o contrato que lhe dá os direitos de transmissão dos jogos de futebol.
Reclamam de tudo: horários, locais de entrevistas e muito mais. Nunca entrei neste barco. A televisão (neste caso a Globo) é um fator importante para o futebol. Nossos Clubes sobrevivem nos dias atuais – em boa parte – em virtude do dinheiro da TV. A prorrogação do contrato – que gerou uma grana extra – está permitindo aos Clubes enfrentar a falta de recursos, que vinham de outras fontes, garantindo que toquem o barco nos campeonatos.
Viva a TV! E a sua grana.
Nossa grana
Sem publicidade fixa na camisa, o Corinthians está perdendo um dinheirão, apesar de tantos e tantos jogos televisionados.
Como está mais do que claro – neste campo – quem define as contratações é o mercado. Como já lembramos aqui, a crise econômica levou as empresas a “puxarem o breque” neste gastos. Mesmo com o Corinthians tendo títulos e torcida de sobra, o mercado hoje tem dinheiro de menos. E aí vamos para o fim da temporada sem um patrocinador definido. O marketing pode ser competente para alimentar a mídia, à guisa de grandes tacadas que não se realizam. Isso é fácil! Basta lembrarmos do coreano (ou japonês) que foi fotografado, no Pacaembu, com uma camisa de propaganda de uma montadora. Seria “o maior contratado do futebol”. A foto (meio escura e sem grande definição), transformada em viral, espalhou-se pela internet da República, sempre acompanhada de grandes e bombásticas informações. Passaram as eleições no Clube, o Campeonato Paulista e a Copa Libertadores, mas duas coisas ficaram sem resposta: a existência do tal contrato (que já estaria até assinado); e quem era aquele coreano ou japonês com a camisa da montadora no Pacaembu.
Turbinando
(David Hockney) (Reprodução)
A Copa do Brasil do próximo ano ganhará uma nova cara.
Irá até o final do segundo semestre e terá a participação das maiores equipes do país. Viva!
Será uma competição no sistema mata-mata, que cobrirá quase todo o ano.
Nunca houve motivo para a reduzida participação das equipes nesta disputa.
Veja o que ocorreu neste ano: poucas vezes tivemos uma competição com tanta esquadras fracas. As mais fortes – em grande número – estavam na Libertadores e excluídas da Copa do Brasil.
Trata-se de um avanço, que deveria ser seguido por uma reformulação da Copa Sul-América.
Seria interessante receber, também, os maiores Clubes de cada país (acho que deveriam tentar envolver o México e os Estados Unidos). Seria uma disputa (em mata-mata), que poderia desenvolver os mercados do Norte do continente para o futebol.
Este era o objetivo quando foi criado.
Plágio do plágio
O UOL diz que o Corinthians (não é bem o Corinthians) teria questionado o Remo por usar do símbolo da campanha da República Popular do Corinthians.
Estariam plagiando o “grande” feito de publicitários – alimentados pela Nike – em campanha de torcedores.
É plágio de um plágio, pois o símbolo utilizado pela tal República é uma cópia vulgar do símbolo da dinastia dos Romanov, que governou (e barbarizou) a Rússia por 700 anos.
Como o dinheiro da Nike é dela, pode fazer o que quiser.
E sempre há alguém, de uma empresa de publicidade, para trazer uma “grande idéia” (com grande custo, é claro) para a empresa “tocar”. Não conheço nenhum corinthiano que esteja envolvido por esta campanha. Exceto – é claro – os que estão fazendo o merchand e gastando a grana da Nike. Agora, brigar com o Remo é de lascar!
Oh, gênios!
Dois pesos e duas narrações
Engraçado esta rádio Jovem Pan.
Vive levando ao ar o gol que Rogério marcou contra o Corinthians (dizem que o número 100 de sua carreira). Não falam, no entanto, um piu sobre os gols que ele tomou do Corinthians. É proibido dizer qual é o número? Quando ele marcou é 100, quando ele tomou, não sabem.
Tenho um conhecido que fez a relação de todos os gols e, se a Jovem Pan quiser, acho que ele empresta.
Japonês de Hiroshima
Diz a lenda que há uma síndrome em Hiroshima: uma pessoa foi ao banheiro e, justamente, no momento em que caiu a fatídica bomba, estava apertando o botão da descarga.
Foi difícil fazer crer ao pobre homem que não tinha sido ele quem produziu aquele barulho todo. O Secretário Geral da Fifa vive esta síndrome. Está dizendo que foi aquela sua declaração de bêbado (a do “chute no traseiro”) que provocou o avanço das obras da Copa. Se ele souber com se faz um conjunto de reformas e construções tão complexo como este, verá que seu ato nada tem a ver com o avanço das obras.
É a síndrome de Hiroshima.
Futebol e fome.
(Norman Rockwell (1894-1978), “Hobo e o cão”, 1924) (Reprodução)
Qualquer pessoa que estivesse ontem, 26/8, no Pacaembu dirá que o Corinthians poderia ter goleado o Tricolor só com o que jogou nos primeiros 20 minutos de partida.
O Clube adversário estava totalmente abatido e espremido na defesa. Mas, então, por que o Corinthians não marcou três ou quatro gols naquele início fulminante? Porque faltava uma coisa básica no futebol: fome.
Fome para ganhar, para vencer para buscar o resultado.
Embora a exibição fosse lindíssima, acabou relaxada. Pelo menos dois gols foram perdidos por pura falta de visão coletiva do futebol.
Quem chutou poderia ter passado para um companheiro em situação muito melhor para marcar.
A equipe não jogou uma partida ruim, mesmo quando o placar virou. Mas faltou aquela determinação que faz o belo futebol virar um grande resultado.
Este estado de espírito, que faz uma equipe disputar um Campeonato como quem joga um amistoso, é o maior alimento para partidas como a de ontem.
Sem fome de vitórias, elas não vêm. Mesmo quando a equipe atua bem.
Nada que mude o mundo.
Mas poderia ser diferente.
Eu presido
É comovente o esforço do Presidente José Maria Marin em anunciar jogos, eventos, encontros etc e tal, procurando mostrar uma atuação dedicadíssima à frente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Ontem, no Pacaembu, falou mais do que o locutor do estádio. A mídia, como sempre, entra na onda e começa a “mostrar” o serviço realizado. O problema do Presidente Marin é a falta de terra onde está seu pé. Está se compondo com gregos, troianos e baianos, em busca de uma legitimidade como chefe do futebol pátrio. Falta fazer a cabeça da Presidente Dilma. Ela já derrubou o mais poderoso presidente que a CBF já teve. E se ela continuar de cara fechada, daqui a pouco teremos problemas. Mesmo com todo apoio de dirigentes, de políticos e da (como sempre) mídia. Teixeira teve tudo isso. Faltou o que – até agora – falta a Marin.
E a situação pode ficar complicada.
Que belo gol!
No jogo do Corinthians ontem, 19/8, na Baixada, gostei mesmo do gol de Martinez.
Bonito, bem executado e que dá mostras que este jogador poderá fazer história no Timão. Gostei, também, dos toques do Romarinho que, cada dia mais, joga um futebol de encantar os olhos dos torcedores. Outros jogadores do Timão foram bem e merecem destaque. O que marcará o jogo, entretanto, foi o triplo impedimento. Quem conhece o time da baixada não deve ficar admirado. Eles têm longa história neste tipo de evento. Não nos esqueçamos de Santos e Milan, no Maracanã, na década de 1960, na final do Torneio Intercontinental. Na sua biografia, o jogador Almir Pernambuquinho (jogador do Santos) contou tudo. Incrível, como este livro é pouco lembrado pela mídia.
Dinheiro e Fama
A mídia diz por aí que o Neymar falou ao jogador Guilherme, do Timão, “que ele nunca vai ganhar dinheiro”, reclamando de uma entrada.
Não sei se é verdade, mas não devemos levar muito a sério declarações no calor da partida. Até porque o santista tem tradição em trocar as frases. Ninguém esqueçe aquela entrevista, ao Estadão, quando perguntando se sentia qualquer manifestação racista relativa a cor, respondendo na lata: “Não, eu não sou negro”.
Portanto, nada de levar muito ao pé da letra o que ele diz.
Comemoração e ódio
A comemoração dos santistas no final do jogo mostra tudo.
A derrota na Libertadores ainda não foi digerida. Foi menos uma manifestação de alegria e mais um grito de ódio pela eliminação no torneio americano. Fazer o quê? Paciência. Só o tempo cura.
Será que, no caso deles, curará?
Olha aí!
Tarsila do Amaral, “Sol Poente” (1929)
Este Blog, há muito tempo, vem discutindo o momento ruim que vive nosso futebol.
Sobretudo com ausência de jogadores “foras-de-série”. Isto já ocorreu na Copa da Africa so Sul, 2010, onde o elenco era dos mais fracos que o futebol brasileiro já apresentou. Não adianta a mídia inventar que este ou aquele é craque, por uma ou outra jogada. Com o tempo, a realidade se impõe. O craque Tostão, na Folha de hoje, 15/8, fala deste grave problema.
É hora de refletirmos sobre ele, ou então, a Copa de 2014 será pesada.
Pior do que pensava
TOSTÃO
Após as más atuações e a derrota para o México, o futebol brasileiro está pior do que pensava
Prefiro ver o Brasil melhor no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do que ganhar mais medalhas. De qualquer maneira, se quiser evoluir, em todas as áreas, incluindo o esporte, será necessário diminuir as patotas, a perniciosa relação de troca de favores e colocar os mais bem preparados e mais dignos nos cargos estratégicos.
Não basta planejar e investir.
Projeto não fala, não pensa, nem tem alma.
O Brasil joga hoje, contra a Suécia, a última partida no estádio Rasunda, onde ganhou a Copa de 1958. Recentemente, vi, em DVD, todos os jogos, na íntegra. A seleção era melhor do que imaginei com 11 anos, ao escutar as partidas pelo rádio. O Brasil mostrou ao mundo que era possível unir o futebol imprevisível, descontraído e criativo com a eficiência.
Chico Buarque, décadas atrás, em um belíssimo texto, disse que os europeus eram os donos do campo, por ocuparem melhor os espaços, e os brasileiros, os donos da bola, por gostarem de ficar com ela e de tratá-la com intimidade. Hoje, o Brasil não é dono do campo nem dono da bola.
Está pior do que pensava. Antes da Olimpíada, achei que o time, por ser quase o principal, diferentemente de outros países, seria o grande favorito e que nossos jovens dariam show em defesas de jogadores desconhecidos. Enganei-me.
Contra o México, Mano errou ao colocar Alex Sandro no meio-campo, aberto, com a função de ser secretário de Marcelo. Alex Sandro e o time já tinham jogado mal contra a Coreia do Sul. Mano errou também ao levar Hulk. A prioridade era mais um zagueiro ou um lateral direito. A defesa jogou muito mal em todas as partidas.
O Brasil não tem um craque definitivo. O único com chance de ser um fora de série é Neymar. Ainda não é. Sem craques experientes a seu lado, no Santos e na seleção, ficará muito mais difícil para ele evoluir. Neymar vive um momento perigoso. Deram a ele o prestígio de uma celebridade mundial, de gênio, e também uma enorme responsabilidade. Se o Brasil não for campeão do mundo, os mesmos que o adulam vão massacrá-lo.
A formação ineficiente e, muitas vezes, promíscua, nas categorias de base dos clubes, e o estilo de jogar dificultam o aparecimento de craques. Com menos craques, há menos chances de isso mudar. Mano, pelo menos no discurso, tenta fazer alguma coisa, sem sucesso. As marcas da mediocridade foram impregnadas na alma dos jogadores, técnicos e de parte da imprensa.
Não adianta trocar de técnico, a não ser que surja alguém especial, romântico e racional, profundo conhecedor de detalhes técnicos, táticos, observador da alma humana e, ao mesmo tempo, corajoso, combativo e que não precisa gritar, se exibir e dizer que é tudo isso. Falta ao futebol um Zé Roberto.
www.folha.com
Apoio (em excesso) prejudica
Di Cavalcanti, “Samba” (1925) (reprodução)
Tanto o técnico Mano Menezes quanto o Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Sr. Carlos Nuzman, vêm recebendo declarações de apoio por todo lado.
Da mídia em geral, de dirigentes, de políticos, de atletas, de analistas etc. Todas muito interessantes, mas, ao mesmo tempo, muito preocupantes.
Com a derrota para o México, na final do futebol nas Olimpíadas de Londres, o técnico Mano Menezes passou a ser contestado por muita gente.
Mas, defendido por um número ainda maior de pessoas. O Presidente da CBF, José Maria Marin, e o Diretor da Seleção, Andrés Sanches, saíram logo com declarações de apoio ao treinador. A CBF divulgou que até o ex-presidente Lula teria telefonado e elogiado o desempenho brasileiro pela medalha de prata conquistada.
Mano Menezes é um experiente profissional do futebol e sabe que todos estes discursos vão abaixo se a Seleção não começar a apresentar uma boa atuação nos próximos jogos.
Palavras (ainda que belas) não seguram ninguém no cargo, especialmente na Seleção. Ou vence – e bem – os próximos jogos, ou deve ficar preparado para o pior. E com este elenco de “estrelas” que tem nosso futebol qualquer técnico “suará frio” para dirigir a Seleção.
O Presidente do COB, Sr. Carlos Nuzman, é outro que vem sendo defendido pelo desempenho em Londres da equipe olímpica do Brasil.
Tabelas, gráficos e elogios brotam como nunca. Da mídia, de políticos e do governo.
Tudo ajuda pouco. Deve o Sr. Nuzman lembrar-se que o governo gastou muito para resultados tão pequenos em Londres.
Isto é um problema. Mas o problema mesmo é que a Presidente Dilma Roussef , que já derrubou o presidente da entidade que dirige o futebol (CBF) , tomou uma simples medida: recusou-se a receber em audiência o Sr. Ricardo Teixeira. Mesmo com apelos de muitos segmentos (desde cartolas até de políticos – e até mesmo do ex-presidente Lula), a Presidente bateu o pé e disse: Não recebo! E o Presidente da CBF viu que não daria para comandar o futebol – em uma Copa do Mundo – com um veto deste tamanho.
O Presidente Marin nunca foi recebido pela Presidente da República, mas ele finge que “não é com ele”.
Isto é, não pede audiência. O Sr. Nuzman deve ficar atento. O apoio do governador Cabral e do prefeito do Rio, Paes, são importantes, mas, como no caso da CBF, se a Presidente bater o pé, a coisa toda muda. E aí não adianta apoio na mídia, na política, etc.
Ninguém teve tanto apoio quanto Ricardo Teixeira na hora em que deixou o Rio de Janeiro e foi para Miami.
Muito apoio pode atrapalhar.
Golaço! E de letra
O belo gol de Romarinho salvou o fim de semana desportivo de nossa gente.
Um toque de gênio na vitória do Corinthians em Curitiba por 2×1, contra o Coxa. Romarinho mostra, cada dia mais, que pode se tornar um ótimo jogador para o Timão e para a Seleção Brasileira. Não só pelos belos gols que faz (um deles na primeira linha da história – aquele de Buenos Aires), mas pelo refinado toque de bola que tem. Vamos torcer para que sua carreira avance e ele – numa nova fase – consolide-se como o grande atacante que já dá claros sinais de ser. Tivesse ele o apoio da mídia, como os Lucas, Oscares ou Marcelos da vida, já estaria ocupando todo o espaço de rádios, TVs e jornais.
Melhor assim, seguir contra a maré, sem bajulação, pois a conduta da mídia nada resolve.
Conduta que só dá a ideia, errada, de que jogador médio é que merece ser rotulado como craque.
Seleção e derrota
A Seleção Brasileira perdeu no sábado, 11/8, para a do México, em jogo que não deixa espaço para choros e caras de brabo.
Perdeu, merecidamente. Trata-se de uma Seleção em que 80% dos jogadores que lá estão poderiam ficar de fora que ninguém sentiria falta. Creio que boa parte deles permaneça por lá, ainda que sem grandes resultados, e com a mídia insistindo que são craques. E este é o time “principal” do Brasil.
Com esta geração jogando esta bola, toda a Copa de 2014 pode se tornar um evento trágico para o “País do Futebol”.
Evento londrino
A abertura e o encerramento das Olimpíadas de Londres foi no mesmo ritmo: lento, arrastado, quase sonolento. Não deixará saudades e não intimida o Rio de Janeiro para daqui 4 anos. Qualquer escola de samba, com uma boa bateria e um razoável carnavalesco, fará uma apresentação muito mais criativa.
Aquela entrada com as Bachianas de Villa-Lobos indica um bom caminho para os organizadores do evento no Brasil.
Bem pior do que a festa londrina foi o desempenho da delegação do Brasil.
Com o Comitê Olímpico Brasileiro recebendo 2,1 bilhões para sua preparação (o dobro do que recebeu o grupo da Itália, e mais do que recebeu a “gigante” Austrália, 1,7 bi), o número de medalhas conquistadas e os índices obtidos foram pífios. Com o dinheiro todo centralizado no COB, e distribuído para os “amigos” das Confederações, o Brasil faz o trabalho oposto ao que todos os exemplos de sucesso indicam. Nada se investe em Clubes, universidades, escolas e centros de formação de atletas, procurando concentrar-se em gastos administrativos de entidades, qu pouco contribuem para o crescimento dos esportes e devido suporte aos atletas. Com as mudanças na CBF fica cada vez mais difícil manter este reinado de miséria (em vitórias) e de fartura em grana vinda do governo. Vamos torcer para que a Presidente Dilma Roussef venha a ter com os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro a mesma postura que aplicou ao futebol.
Aí, sim, a coisa muda.
1914, o ano que não terminou
(Ana Maria Dias, “Manhã Luminosa”, 2008) (Reprodução)
O ano de 1914 é muito importante na história do Corinthians.
Trata-se do ano em que o alvinegro conquistou seu primeiro grande título. Foi Campeão Paulista invicto, não perdendo, nem empatando uma só partida. Teve ainda o destaque de seu mais importante jogador, Neco, que foi o artilheiro da competição.
Mas 1914 não é importante somente por ter sido o ano em que o “time dos carroceiros” venceu o Campeonato Paulista.
Neste ano o Corinthians teve sua estreia em partidas internacionais em duas partidas contra o Torino da Itália.
Curioso este fato de o Timão ter sua estreia mundial com o time que ficaria marcado em nossa história. O Torino voltaria ao Brasil em excursão, durante 1948, quando venceu todo mundo com a famosa “esquadra”, que era a própria Seleção Italiana. Só perdeu um jogo: para o Corinthians por 2×1, no Pacaembu em 1948.
No ano seguinte (em 4 de maio) um terrível desastre aéreo extinguiu a equipe torinese. O Timão promoveu a famosa partida em homenagem aos italianos, jogando no Pacembu contra a Portuguesa, vestido com a camisa do Torino. A renda do evento foi doada às famílias dos jogadores do Torino e esta foi a única homenagem que recebeu a famosa “seleção azzurra” do Torino.
Há dois anos, o alvinegro voltou a lembrar estes fatos com o lançamento da bela camisa grená com a qual o Timão passou a jogar como uniforme alternativo.
Jogadores famosos e craques
Quando aparece um negócio com algum time europeu, como este de Lucas (ex-Marcelinho), a mídia surfa.
Começa a ver traços de “fora-de-série” em um jovem atleta, que ainda não tem sua carreira consolidada. Grandes transações financeiras (quando elas realmente existem) não garantem um status de craque “fora- de-série” para ninguém. Acrescente-se que o jogador precisa superar várias etapas para se consagrar. Uma delas é tornar-se titular – indiscutível e indispensável – da Seleção Brasileira. Já vimos muitos jogadores, envoltos em ruidosas transações, seguirem para a Europa e depois minguarem. Seria inútil criar listas destes “futuros craques” que foram para a Europa e deram chabu. Menos para a nossa mídia.
Bem menos.
Olimpíadas e futebol
Thomas Eakins, “The Biglen Brothers Racing”, 1873 (reprodução)
Estas Olimpíadas não são a maravilha toda de que falavam por aí.
Primeiro, aquela abertura que mais parecia com Jogos Colegiais de Xiririca. Monótona, arrastada, sem criatividade, dando ao Rio a possibilidade de, mesmo sem grandes esforços, fazer um papel bem melhor.
Agora, nesta edição londrina dos jogos, aparecem confusões por todo o lado. Entrega de resultados em modalidades como o badmiton (sinceramente, nem sabia que isso existia), envolvendo 4 países numa trama ao estilo da máfia. Depois, o “corpo mole” de algumas equipes para fugirem de confrontos na fase seguinte.
Por último, os casos de doping, já comprovados, que mancham qualquer disputa.
E sempre com um tratamento leve da mídia.
Hoje pela manhã, um brasileiro que não conseguiu classificação, foi direto ao falar com a TV: “não dormi bem”. Pronto, está dada a explicação! Simples, sem qualquer fuga. E a mídia nada diz. Poderia ter perguntado se foi o travesseiro, o aparecimento de uma pulga, ou até mesmo uma goteira no quarto…
Nada, nenhum questionamento.
Imagino se no futebol algum atleta aparecer com esse tipo de justificativa o que ocorreria. Cairia o mundo. E nem se diga que os olímpicos são atletas “amadores”. Muitas das confederações gastam rios de dinheiro (público) e não são objeto de qualquer cobrança ou indagação.
O COB, bem, o COB é aquilo que já conhecemos.
Dinheiro sobrando, distribuído para os chapas das confederações.
E grande parte dos recursos é consumida com a própria burocracia olímpica.
É, acho que é melhor acompanhar apenas o futebol.
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