O Corinthians conseguiu mais uma proeza. Após enfrentar o líder do campeonato fora de casa, vencer e convencer, o Timão foi até Manaus e em campo neutro perdeu para o Botafogo, até então o lanterna do Brasileirão . Com a derrota, o time viu escapar a possibilidade de entrar no G-4 nessa rodada e dependendo dos resultados a situação ainda pode piorar. Dureza.
Começo eletrizante, intervalo decepcionante
O Corinthians começou a partida em ritmo alucinante. Em menos de dois minutos, Bruno Henrique arriscou de média distância e meteu uma paulada que carimbou o travessão botafoguense. A impressão é que a pressão seguiria e o time abriria logo vantagem.
Entretanto, o desfalque de Renato Augusto, a lentidão de Danilo e a inoperância de Romero que jogava ao lado de Luciano (Malcom ficou no banco) quebravam o ritmo de jogo do Timão que em nenhum momento propôs o jogo para valer.
Com isso, o Botafogo começou a gostar do jogo. Sem dificuldades, os cariocas chegavam, mas não concluíam por falta de qualidade. O lanterna do campeonato, então, contou com uma ajuda do lateral Fabio Santos que meteu a mão na bola. Pênalti que Wallyson converteu.
A partir da vantagem inicial, o Bota se fechou e o Corinthians ficou nervoso. No restante da primeira etapa, muita pancada e pouca qualidade. Mano teria muito trabalho no intervalo.
Corinthians é todo ataque no segundo tempo
Mano Menezes mudou a equipe no intervalo sacando Guilherme Andrade e promovendo a entrada de Malcom. Com isso, a equipe se lançou toda ao campo de ataque em busca do gol que traria a igualdade à partida. Sobrando vontade e faltando capacidade, os jogadores não arriscavam de média e longa distância e com muitos cruzamentos equivocados o Timão não ameaçava. Apenas Luciano, em conclusão de perna esquerda, conseguiu finalizar antes dos 15 minutos.
O tempo foi passando e a equipe não evoluía. O Corinthians estava preso na marcação botafoguens e sofria com o excesso de faltas. Por não parar com elas, Bolatti acabou advertido duas vezes com cartão amarelo em um espaço de dez minutos. Com um a mais e extremamente ofensivo (Jadson entrou no lugar de Fagner) restava ao Timão tentar o empate nos quinze minutos finais.
Aos 31, o goleiro Helton Leite falhou após cruzamento de Fábio Santos. No rebote, Malcom encheu o pé e o goleiro botafoguense fez grande defesa. A chance do empate escapou. Logo em seguida,Jadson arriscou de fora e a bola passou perto.
Com 39 minutos, Mano lançou Tocantins que fazia sua estreia como profissional. O garoto teve a chance do empate aos 41, mas o goleiro carioca mais uma vez fez a defesa.
O Botafogo teve a chance de matar a partida e fazer o segundo gol aos 43, mas Cássio fez grande intervenção. A partida foi corrida até o final, mas o Corinthians foi incompetente e não furou o bloqueio adversário. Antes do apito final, o goleiro ainda fez grande defesa em cabeçada de Tocantins. Até Cássio tentou ir para a área, mas não foi suficiente.
Com a derrota, o Timão estaciona nos 46 pontos e perde a chance de voltar ao G-4. Com a possibilidade de vitórias de Grêmio e Atlético-MG, a situação pode ficar ainda pior.
O Corinthians volta a jogar no Brasileirão no próximo domingo, contra o Internacional, em Porto Alegre. Antes disso, entretanto, o Timão vai até BH encarar o Atlético-MG no segundo jogo das quartas de final da Copa do Brasil. Na partida de ida, o Corinthians venceu por 2 a 0 e poderá até perder pela diferença de um gol que sairá do Mineirão classificado.
Com um gol de Luciano, time alvinegro prega uma peça no Cruzeiro e consegue a vitória por 1 a 0, em Belo Horizonte
Artilheiro e também talismã, Luciano mais uma vez saiu do banco de reservas para marcar um gol, como fizera contra o Atlético-MG e contra o Sport. A diferença é que o gol de ontem foi muito mais importante do que os outros. Foi com esse gol que o Corinthians bateu o líder do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro, no Mineirão: 1 a 0. O resultado manteve o time muito perto do grupo dos quatro primeiros do Brasileirão. E deu também um pouco mais de sabor à competição de pontos corridos.
A vitória comprovou a tese de que o Corinthians gosta mesmo é de jogos grandes. Se tivesse um bom aproveitamento também contra equipes que lutam para não cair, estaria brigando ponto a ponto com o próprio Cruzeiro pela liderança.
O resultado e a maneira como conquistou a vitória reforçam o momento do time de Mano Menezes, que é de ascensão.
Foi o terceiro triunfo consecutivo, levando em conta também os 2 a 0 sobre o Atlético-MG, pela Copa do Brasil.
Não foi fácil, é verdade, derrotar o Cruzeiro. Até os 30 minutos do primeiro tempo, os mineiros dominaram o Corinthians. O time de Marcelo Oliveira invertia o jogo com sabedoria e, principalmente, com rapidez. Atacava pelas laterais. E bombardeava Cássio. Era com Marcelo Moreno, pelo alto, Willian e Marquinhos.
Atordoado, o Corinthians ficou preso em seu campo. Fagner e Fábio Santos, ameaçados, fincaram posição na defesa. A missão de Guilherme Andrade, Bruno Henrique e Petros era desarmar e desarmar. Sem a bola, não havia sequer contra-ataques. Malcom não foi páreo para Manoel. Romero desapareceu.
Nesse cenário, foi possível tirar uma conclusão: o Corinthians sentiu mais a ausência de seus titulares do que o Cruzeiro. Os substitutos de Elias e Guerrero tornam o time de Mano muito mais comum do que já é. Marcelo tem mais opções para montar a equipe sem Everton Ribeiro e Ricardo Goulart.
O Corinthians só conseguiu equilibrar o jogo nos 15 minutos finais do primeiro tempo. O time subiu a marcação, saiu de seu campo e Renato Augusto chamou a responsabilidade no meio de campo.
Mano conseguiu reposicionar a equipe com a bola rolando e foi para o intervalo ao menos com a ideia de que era possível conter e levar perigo ao melhor time do campeonato.
No segundo tempo, o Corinthians conseguiu controlar mais o jogo. Bruno Henrique foi de fato um segundo volante e melhorou o meio de campo. Já Romero foi sacado, dando lugar a Luciano, uma alteração mais do que necessária àquela altura.
E o gol foi típico do Corinthians de Mano Menezes. Petros deu o bote na hora certa, aproveitou a indecisão de Henrique e passou a bola para Luciano. Ele ganhou de Leo e bateu cruzado, rasteiro.
A sequência de jogos fora de casa não poderia ter começado melhor para um time que colecionava tropeços como visitante. Sábado, o adversário será o Botafogo, em Manaus.
FICHA TÉCNICA:
CRUZEIRO 0 X 1 CORINTHIANS
CRUZEIRO – Fábio; Mayke, Léo, Manoel e Egídio (Ceará); Henrique, Lucas Silva e Marlone (Dagoberto); Marquinhos, Willian (Alisson) e Marcelo Moreno. Técnico – Marcelo Oliveira.
CORINTHIANS – Cássio; Fagner, Felipe, Anderson Martins e Fábio Santos; Bruno Henrique (Danilo), Guilherme Andrade (Ferrugem), Petros e Renato Augusto; Malcom e Ángel Romero (Luciano). Técnico – Mano Menezes.
GOL – Henrique, aos 28 minutos do segundo tempo.
ÁRBITRO – Leandro Pedro Vuaden (Fifa/RS).
CARTÕES AMARELOS – Henrique (Cruzeiro); Cássio e Anderson Martins (Corinthians).
Os jornais de hoje (07 de outubro) informam que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e o movimento Bom Senso, organizado por jogadores, estariam chegando a um acordo que permitiria a aprovação da lei que refinancia as dívidas fiscais dos clubes.
Haveria ainda algumas divergências que impedem -até este momento- uma rápida votação.
Um dos pontos de conflito é o percentual de orçamento dos clubes a ser gasto no futebol. Segundo informam, cada equipe somente poderia gastar 70% no futebol, isto é, em salários e contratações. O restante deveriam ser direcionado às categorias de base.
Somente o extremo desespero dos clubes leva-os a discutir essa matéria nos termos atuais. É claro que é importante direcionar investimentos às categorias de Base. Este blog já falou sobre isso (leia aqui).
Também é igualmente importante estabelecer limites nos gastos de salários e contratações. Mas parece inviável propor um lei geral aos clubes regulando esta matéria. Chegar a esses detalhes é um exagero que não ajuda o futebol.
Os gastos do futebol e dos demais itens deveriam ser limitados pela receita de cada clube. Quem não tiver orçamento equilibrado (com receitas e despesas se igualando) deverá sofrer as consequências.
Se submeter a ideias como estas, propostas pela lei só se explica pela posição de rendição dos dirigentes do futebol.
Acrescente-se que a maioria das agremiações têm outros esportes olímpicos, que não podem sofrer uma interrupção súbita. Basquete, natação, vôlei etc estão presentes na maioria dos grandes clubes.
Pelo que diz a mídia, a outra medida proposta é a que limita as antecipações de receitas por partes dos clubes. Seria estabelecido um limite de 30% do recebível no exercício do primeiro ano de uma nova gestão que poderia ser comprometido. Também já debatemos isto aqui no blog (leia aqui). Não há dúvidas que os clubes precisam limitar este avanço em receitas futuras. Seria melhor que cada clube estabelecesse em seus estatutos as devidas normas limitadores das contínuas antecipações.
Ainda que de forma um pouco confusa, é positivo que esta lei trate deste problema.
Curioso nisso tudo, no entanto, é ver os jogadores impondo normas nas gestões dos clubes. Só uma situação de absoluta penúria das agremiações possibilita este quadro atípico. Interessante, também, é que não apareceu, até agora, nenhuma idéia do Bom Senso para limitar as parceiras entre os clubes e “investidores” que dividem os direitos econômicos dos contratos de jogadores. A Fifa já tomou medidas positivas nesta área (leia aqui). Talvez, porque entre os “parceiros” muitos sejam jogadores e “ex-jogadores”.
Nestes casos, como vemos, o Bom Senso fica no silêncio.
Bom Senso quer clubes gastando até 70% do orçamento com salários e reforços
POR BERNARDO ITRI
CBF e Bom Senso estão próximos de um acordo sobre a formatação da lei que refinancia as dívidas fiscais dos clubes, mas um ponto ainda causa divergência. Os atletas querem que os clubes se comprometam a gastar, no máximo, 70% de seu orçamento anual com o futebol profissional –leia-se salários e contratações– e invista o restante em áreas como as categorias de base. Os clubes, porém, ainda relutam em aceitar a limitação.
Questão de tempo. O Bom Senso sustenta que a aplicação de um teto de gastos com o futebol é uma medida que vai contribuir para a gestão dos clubes a longo prazo. O movimento acredita que, apesar das diferenças com os cartolas, o acordo sobre este tema deve sair nos próximos dias.
Gasto contido. Outra limitação proposta pelo Bom Senso, mas que desta vez foi aceita pelos clubes é referente à antecipação de receitas, prática comum dos dirigentes e que vem desidratando as finanças dos times. O acordo prevê que o presidente de uma agremiação só pode antecipar até 30% das receitas do primeiro ano de gestão de seu sucessor. Hoje, contratos longos são antecipados.
Relógio. A CBF e o Bom Senso pretendem enviar à Casa Civil e ao Ministério do Esporte até a próxima semana todos os pontos acordados para a redação final do projeto de lei que refinancia as dívidas fiscais dos clubes. Ainda não há previsão para que o texto seja votado.
CORINTHIANS METE 3X0 NO SPORT E FAZ A LIÇÃO DE CASA EM ITAQUERA
Do Blog www.meutimao.com.br
Do blog m
O Corinthians entrou com uma missão definida no jogo de hoje contra o Sport: conquistar os três pontos. E, apesar das constantes dificuldades de transição entre o meio e o ataque, conseguiu cumprir seu objetivo e conquistou pontos importantes para seus objetivos no campeonato.
O jogo começou desenvolvido em um plano de equilíbrio muito grande. O Sport teve duas chances de gols e não aproveitou, enquanto o Corinthians teve em Renato Augusto o principal articulador e criador de suas jogadas.
E o esforço de Renato Augusto durante o primeiro tempo foi premiado. Em uma bola parada, um escanteio, ele bateu com muita categoria e encontrou Anderson Martins livre que, com muita categoria, subiu mais que todo mundo e botou o Timão na frente do placar.
Com a vantagem consolidada, o Corinthians voltou a recuar o time e a tocar a bola em seu campo defensivo. Apesar dessa postura um tanto quanto discutível, o Sport não avançou suas linhas e o primeiro tempo se arrastou até o final.
Vale o destaque que Guerrero, novamente, aparecia com uma boa opção ofensiva e sempre esteve em condições de receber as bolas enfiadas por Renato Augusto e Petros.
Volta Do Segundo Tempo E A Mudança De Postura
A volta do segundo tempo trouxe uma boa impressão ao torcedor que esteve presente na Arena Corinthians. O time parecia disposto a buscar mais gols e voltou muito mais ligado.
Destaque, para variar, para Renato Augusto que estava em todo lugar do campo, seja marcando, seja arrumando bons passes para ligar os contra-ataques.
O Timão, apesar de ter todo o domínio do jogo até os 15 do primeiro tempo, não conseguia definir as jogadas e levar perigo ao gol do Magrão. O jogo, que estava controlado, não era definido por “falta de vontade” em pressionar o Sport e fazer mais gols.
Contudo, esse problema seria resolvido pelo sempre mortal Paolo Guerrero.
Em um lance de muita beleza, em que o gol surgiu com a participação de Renato Augusto, Luciano,Elias (que deixou a bola) e Guerrero, que concluiu com extrema categoria para o gol, o Timão fez os dois a zero e fechou o caixão do Sport na Arena. O peruano, que finalizou cinco vezes até conseguir marcar o seu gol, era premiado pela raça e dedicação de sempre.
A partir do segundo gol, o Timão começou a valorizar a posse de bola e buscar o terceiro gol sem desespero. Contudo, o Sport parecia “satisfeito” com os 2 a 0, e conseguiu se segurar no campo de defesa.
É justo dizer que o menino Malcom, dessa vez, não fez um bom jogo embora tenha se movimentado demais. Luciano, que entrou em seu lugar, deu uma nova dinâmica ao ataque alvinegro e conseguimos criar boas chances de ampliar ainda mais o placar.
E a recompensa por toda supremacia na posse de bola e na criação das jogadas veio nos acréscimos. E, se o artilheiro da Arena marcou o dele, o vice também deixou a sua marca. Foi a vez de Luciano balançar as redes do Sport em uma bela finalização da entrada área.
O Timão conseguiu se portar extremamente bem tanto na defesa quanto no ataque na partida dessa noite.
A maior prova da solidez da equipe foram as poucas chances criadas pelo time do Sport. No segundo tempo, o time rubronegro não levou nenhum perigo ao gol de Cássio que, praticamente, só assistiu o jogo.
Como um belo destaque final fica a saída de Guerrero, aos 43 do segundo tempo, que contou com uma homenagem ensurdecedora da torcida alvinegra.
Os mais jovens torcedores corinthianos pouco sabem, porém os mais antigos nunca esquecerão a primeira metade da década de 50.
O Corinthians formou uma equipe com grandes craques na primeira metade dos anos 50. Venceu o campeonato paulista de 1951; foi bi-campeão em 1952; campeão da pequena Taça do Mundo na Venezuela em 1953; bi-campeão do Rio-São Paulo em 53-54; campeão do Torneio Internacional Charles Miller em 1955; e vencedor do grande e inesquecível título de campeão do IV Centenário da Fundação da cidade de São Paulo. Neste mesmo período, o time também conquistou por duas vezes a disputada Taça dos Invictos.
Esta fase tão rica em vitórias, e que tanto ajudou o clube a conquistar torcedores, marcou gerações e gerações de corinthianos. A Esquadra alvi-negra é sempre lembrada pelos jogadores excepcionais que teve: Gilmar e Cabeção, Idário, Julião, Olavo, Roberto Belangero, Cláudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Mário. Esse são exemplos de nomes que se tornaram figurinhas carimbadas para todos corinthianos.
No ano de 1951, o famoso ataque (Cláudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Mário) chegou a marca de 103 em 28 partidas. Foi uma incrível média de 3,67 gols por jogo, feito este comemorado por décadas e décadas.
Pouco lembrado deste período é um fato que merece grande destaque: a primeira excursão do Corinthians à Europa. Foi um grande sucesso, com o clube enfrentando fortes equipes e fazendo quinze partidas invictas.
Foi um jogo do Corinthians que inaugurou o Estádio Olímpico de Helsinque, na Finlândia, onde seria disputada a Olimpíada daquele ano. Cheio de vitórias e com grande prestígio, o Corinthians voltou para o Brasil com o título extra-oficial de Faixa Ouro do futebol brasileiro.
Aquele time arrasador da primeira metade dos anos 50 nenhum corinthiano esquece.
Após vitória, Mano responde a críticos, desabafa e cutuca Felipão
Mano Menezes, 52, vem do Rio Grande do Sul. Estado onde, ele mesmo reconhece, as pessoas têm o hábito de escutar rádio esportivo. O técnico do Corinthians não esquece o que é escrito e falado sobre ele. Volta e meia, lança mão da expressão “penso que” para começar uma frase.
Invariavelmente, quando diz isso, é porque já pensou. E Mano tem pensado, mais do que antes, em rebater quem o critica, aqueles que acredita serem os responsáveis por formar a opinião da torcida do Corinthians. Após a vitória sobre o Atlético-MG, nesta quarta (1º), pela Copa do Brasil, o técnico entrou na sala de entrevistas salivando (em sentido figurado) para dar o troco.
A pecha de retranqueiro o incomoda. Desde a saída da seleção brasileira, em 2012, muita coisa o incomoda.
“Ouço desde que cheguei aqui [sobre o defensivismo do Corinthians]. Desde antes de chegar, escuto. O torcedor repete o que vocês [jornalistas] falam. No Rio Grande do Sul se escuta muito rádio esportivo. Uma pessoa me chamou atenção de que o torcedor está no estádio e fica escutando a narração do rádio. Ele está vendo o jogo, mas acredita mais no comentarista do que no jogo que ele está vendo”, ressaltou.
Virou uma relação de gato e rato. A cada derrota, há críticas de que o Corinthians vai pouco à frente, é um time sem força ofensiva. Que se defende mais do que ataca. Quando a equipe ganha, Mano dá a resposta. Como fez após a vitória por 2 a 0 sobre o adversário mineiro.
Com o resultado favorável, ele descarrega. Há semanas escuta que pode ser trocado por Tite. Que poderia deixar o Corinthians na próxima temporada. Que não seria o técnico favorito de Roberto de Andrade, provável candidato da situação à presidência do clube. As eleições estão marcadas para fevereiro de 2015. Como escuta, vê e lê, Mano sabe perfeitamente de tudo isso.
Na sala de conferência de imprensa do Itaquerão, ele lembrou que precisa se reunir com a diretoria após a temporada e ver se a continuidade interessa às duas partes. O 2 a 0 sobre o Atlético abriu a possibilidade de chegar à semifinal do torneio. Ficaria a apenas quatro jogos do título e da vaga na Libertadores.
O recado de Mano Menezes é simples. Não basta ver se o Corinthians o quer. É preciso ver se ele também quer o Corinthians.
Tudo é uma via de mão dupla. O chavão é que no futebol se vive de resultados. Para Mano Menezes, são os resultados que lhe dão as armas para a revanche.
As afirmações, ironias e respostas do técnico precisam ser lidas sempre nas entrelinhas. “Eu sou um sujeito que guarda as coisas. Não extravaso”, reconheceu.
Menos quando viu Luciano empurrando a bola para o gol vazio. Foi o segundo do Corinthians nesta quarta. Lance que dobrou a vantagem de sua equipe para jogar em Belo Horizonte, no próximo dia 15. O treinador começou a dançar, braços abertos, em saltos lentos, uma cena que tinha tão pouco a cara de Mano Menezes que espantou a todos.
“Não extrapolei, não. Sou assim mesmo. Sou autêntico. Não concordo com os que dizem que o Corinthians joga atrás. A gente tem de evoluir, aceitar a normalidade e extravasar um pouco”, completou, tão de bom humor que confessou poder continuar a entrevista coletiva até às “duas da manhã”.
Não é apenas para responder à imprensa, à torcida ou a dirigentes que ele quer o título. Chegou a hora de voltar a ganhar porque, no futebol, só tem razão quem vence. E a seleção ainda é uma ferida aberta para ele.
Não é qualquer um que é privado da chance de comandar a seleção mais vencedora da história do futebol antes de disputar uma Copa do Mundo em casa. Isso sem ter tido nenhum resultado catastrófico para causar sua demissão. Mano Menezes foi vítima dos acontecimentos e da queda da dupla Ricardo Teixeira/Andrés Sanchez do comando da CBF.
Isso é difícil da aceitar. Tão difícil que ele não perdeu a chance. Quando ouviu a pergunta que citava Luiz Felipe Scolari e a “turma do amendoim”, os corneteiros da época de Felipão no Palmeiras, sentiu que a bola quicava. Tinha de chutá-la.
“Você citou o nome de um técnico que, em um momento, tentou fazer algo que não dava para fazer. E aí vocês sabem o que aconteceu.”
Pouca diferença fez não ter citado o nome. Em duas frases, Mano o seu sucessor na seleção (aquele sobre o qual paira a suspeita de ter negociado para voltar ao cargo quando Mano ainda estava no comando), a controversa decisão deste em escalar Bernard contra a Alemanha, na semifinal do Mundial, e o vexame histórico do 7 a 1 no Mineirão.
Mano Menezes pensa que, no futebol, só ficam aqueles que conseguem os resultados. E apenas os resultados lhe dão a liberdade para extravasar contra aqueles que ele não ousa dizer o nome.
Há três dias, a FIFA anunciou grandes mudanças para o futebol, especialmente nas contratações e vendas de atletas. Decidiu a entidade maior do futebol que de qualquer jogador ou contrato os direitos econômicos são exclusivamente dos clubes aos quais estão vinculados estes atletas. Desta forma, está encerrada a fase das parceiras com os investidores que estavam por toda parte e tanto prejudicavam os clubes brasileiros.
Anunciou também a FIFA, nesta reunião, que por interesse da América do sul essas medidas seriam implementadas obedecendo um prazo de transição que será agora fixado.
O Corinthians, várias vezes citado por dirigentes europeus, é um exemplo clássico de quanto prejudicou o futebol e o próprio clube esse esquema pelo qual o jogador atuava no Timão e quando era vendido, os valores do negócio iam parar nas mãos de fundos e empresários.
Essa política de “parceria” adotada nos últimos anos pelo Timão é um dos grandes responsáveis pela difícil situação financeira em que se encontra o clube.
Para os dirigentes europeus, que tanto se esforçaram por garantir somente aos clubes os direitos econômicos, o sistema de parceria com os fundos e empresários estava gerando um estado de completa promiscuidade entre os diretores dos clubes (que formalmente deveriam defender os interesses da agremiação) e dos parceiros que, de fato, comandavam os negócios. Em todos os clubes, em menor ou maior grau, há “investidores” que estão bem relacionados com a diretoria e conseguem sempre grandes e bons negócios. No Corinthians, a situação chegou ao ponto de os jogadores das categorias de base serem quase todos parcelados com investidores, que hoje festejam quando um jovem começa a brilhar na equipe.
Há muito, tem sido identificado neste quadro uma das maiores dificuldades do Corinthians. Nos últimos anos, os diretores de futebol sempre afirmaram que sem essas nocivas parcerias não seria possível montar um time. Agora, com a decisão da FIFA, este dilema acabou. O Corinthians, que deveria ser o bom exemplo no futebol, vem sendo citado pela FIFA como um dos clubes “problemáticos” nesta questão.
Em verdade, esses negócios só funcionavam porque os dirigentes tinham uma frágil posição de defesa do clube frente aos interesses dos empresários.
Hoje, o que vemos em todo futebol são casos de dirigentes que, subitamente, tornam-se empresários ou agentes associados a fundos e investidores, num conflito de interesses inadmissível.
Foi muito interessante de ver que os que mais resistiram ao fim desta farra de empresários foram os dirigentes brasileiros, incluindo os da CBF. Não é à toa que este problema é mais agudo por aqui.
Mudar este quadro é essencial para os clubes, especialmente para o Corinthians. Agora, com o aval da FIFA, torna-se prioritário que o clube recupere os seus direitos e passe a ser o único detentor dos interesses de seus atletas.
Com esta decisão, serão os melhores nos próximos anos aqueles times que valorizarem e cuidarem melhor da sua base. A FIFA fez a parte dela, esperemos que o futebol faça a sua.
Corinthians não chuta, leva 1 a 0 do Atlético-PR e segue em queda livre
O Corinthians teve domínio no meio-campo e maior posse de bola. Só que pouco chutou – seis finalizações contra 13 do adversário. Como castigo, levou gol de pênalti do retrancado Atlético-PR e perdeu por 1 a 0 a partida na Arena da Baixada, na tarde deste domingo, pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Foi o atacante Cléo quem converteu, aos 41 minutos do primeiro tempo, a cobrança de um pênalti claro de Elias sobre ele mesmo. O resultado leva o Atlético-PR para a décima colocação, com 31 pontos, e o Corinthians cai para o sétimo posto, com 40.
Na próxima rodada, o Corinthians recebe o Sport, no sábado, às 18h30, no Itaquerão. Já o Atlético-PR faz o clássico contra o Coritiba, no Couto Pereira, no mesmo dia, às 16h20.
Fases do jogo
O Corinthians teve boa movimentação e dominou a primeira etapa com controle bem maior da posse de bola. O grande problema é que o time pouco finalizou.
Por uma dessas jogadas ao preferir passe do que chute, Malcom chegou a levar bronca. Já Guerrero chutou a melhor chance corintiana da primeira etapa para fora.
O Atlético-PR ficou o duelo inteiro posicionado à espera de contra-ataques. Eles eram mais perigosos e incisivos. Basta ver que o time levou boa vantagem em finalizações na primeira etapa – 8 a 2.
A vantagem paranaense também no placar foi conquistada em pênalti claro de Elias sobre Cléo. O mesmo atacante marcou aos 41 minutos.
O cenário do segundo tempo com o Atlético-PR em vantagem óbvio que foi o mesmo. O time paranaense permaneceu ainda mais fechado com a saída do atacante Douglas Coutinho e entrada do lateral Sidcley logo nos primeiros minutos da etapa.
Em meio a dura crise financeira que o Corinthians foi jogado, um assunto tomou todo mundo de espanto: a antecipação de receitas futuras.
Revelada à conta gotas, em verdade escondida, a crise mostrou alguns itens que necessitam ser analisados. Após uma ação na Justiça Federal por débitos fiscais -que assustou todo mundo- o presidente Gobbi passou a falar outra linguagem na entrevistas. Aquele mundo de boas notícias que os balanços e “Relatórios de Sustentabilidade” traziam foi solenemente jogado ao Deus-dará. Uma nova história aparece com o presidente mostrando que o clube está em difícil situação financeira.
Foi um choque em todos os membros do clube. De repente o clube soube que não pagou impostos e que precisa de uma Lei para sair do rolo; que o futebol tinha gasto o dinheiro que não tinha; que o Futebol estava pagando comissão para tudo (compra, venda ou empréstimo de atletas); que o clube inovou no pagamento de comissão aos empresários por renovação de contrato e até por contratação de técnico; que fêz um grande parcelamento de débitos fiscais etc. Para agravar, o clube viu-se em situação complicada ao adotar uma política de “parceria” com empresários nas compra e venda de jogadores. Vende, compra, vende compra e quase sempre os resultados -para o clube- são pífios. E descobriu-se que até os jogadores da Base são do esquema de “parcerias”.
Se todos os problemas financeiros são preocupantes, veio uma notícia que agrava mais ainda: o clube adotou a política de antecipar as receitas futuras para enfrentar a situação presente. Embora o clube tenha apresentado um aumento de receita expressivo nos últimos anos, as contas continuaram no vermelho. No período pré-Copa, as receitas deram um salto. No Corinthians e em outros clubes, a TV, a publicidade e os materiais esportivos aumentaram de valor. Mas o clube gastou demais.
As contratações que não deram resultado (o que é sempre um risco no futebol) e as novas idéias de pagamento de comissões para tudo (compra,venda,empréstimo) sangraram e as receitas não cobriram os gastos, embora o clube tenha disputado quase todas as grandes competições.
O avanço nas receitas futuras é um grave problema que necessita ser analisado sob pena de termos mais e mais problemas. Nosso estatuto pouco ajuda para enfrentar esta situação. A rigor, a Diretoria Executiva, que controla a maioria do Conselho Deliberativo, do Cori e do Conselho fiscal, sem muito trabalho aprova todas as medida de antecipação de receita. O presidente Gobbi, ao dizer em público que estava antecipando receita, tomou o cuidado de informar que tinha entrado no mesmo caminho dos dirigentes anteriores. Não é bem assim. As antecipações sempre ocorreram de forma episódica, diferente do quadro atual que foi geral e frequente.
Pelo que informa a direção -sempre de forma confusa e por etapas- o clube já antecipou receita da TV por 3 anos, o que será um grave problema para as contas do futuro. CBF, Federação Paulista, e todas as empresas “parceiras” do clube já tiveram dinheiro sacado da receita futura. No caso das empresas de materiais -pelo que diz a direção á mídia- adotou-se a política de fazer contratos longos, mas com um pagamento inicial de luvas totalmente desproporcional ao usual, deixando ao futuro um contrato quase sem retorno. Também tem problema no parcelamento de dívidas fiscais (os tais Refis) que o clube pagará nos próximos 15 anos. Adotou-se o sistema inverso: aqui os pagamentos iniciais são pequenos e vão aumentando no futuro.
Está mais do que na hora do clube pensar em mudanças. Uma das mais importantes será estabelecer regras que limitem estes quadros de antecipação de receita. É muito complicado ver o clube fazer contratação ou pagar um contrato lunático para jogadores e técnicos sacando dinheiro do futuro. Torna-se urgente que adotemos um regramento que impeça este tipo de prática. Além de transparência, é preciso ter freios na Diretoria Executiva. Se isso existisse, não faríamos uma contratação por 15 milhões de euros de um jogador problemático.
Sem novas regras, poderá haver uma sequência de antecipação de ganhos futuros com uma gestão comprometendo a outra.
O equilíbrio entre receita e despesa, que o clube urgentemente necessita, só virá com mudanças que limitem estas antecipações.