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Sep 20, 2012

Só espinhos


(Carlos Alberto Parreira) (Reprodução)

Ser técnico da Seleção Brasileira é estar aberto a todo tipo de crítica.
Quase sempre – diferentemente do que ocorre nos Clubes – na Seleção não há defensores que equilibrem o jogo de torcida.

Ontem, 19/9,  a torcida voltou a pegar no pé do técnico Mano Menezes, gritando o nome do técnico Felipão, o último campeão.
Isso é regra para técnico de Seleção, quase sempre leva vaias, e, no caso brasileiro, a torcida está vaiando em qualquer jogo, já que a equipe não está disputando nada.

Recordo-me do caso do técnico Carlos Alberto Parreira, um profissional de primeira qualidade.
Após uma temporada de grande sucesso no Corinthians, onde ganhou títulos e apoio dos alvinegros, Parreira foi submetido a uma campanha terrível, que pretendia sua volta à Seleção. Sinceramente, não queria. Mas ante a pressão de Zagallo (profissional que havia aberto as portas para Parreira em 1970), do presidente Ricardo Teixeira e dos barões das imprensas carioca e paulista, ele cedera mesmo com clara má vontade.

Já havia dirigido a Seleção e ganho um título especial, na Copa dos Estados Unidos, 1994.
Sua fama de retranqueiro, inventada pela mídia de São Paulo, tinha ido por água abaixo em 2002, com o time do Corinthians jogando leve, organizado e  com belo futebol.

Tinha grande admiração da torcida corinthiana.
Era aplaudido em todos os restaurantes da cidade, em cenas que ficaram na história. Mas a pressão insana – aliada a seu caráter correto (não poderia abandonar quem tanto tinha ajudado em sua carreira) – o levou a voltar para a Seleção.

Alguns meses após sua saída do Corinthians, fui ao Rio de Janeiro participar de um evento onde estava a família de Parreira e vi o tamanho da revolta de seus familiares por ter ele trocado o Corinthians pela Seleção Brasileira. Todos seus familiares declaravam que o melhor período de sua vida tinha sido no ano em que dirigiu o Corinthians.
Suas filhas e esposa diziam  para mim e Eliane que nunca deixavam de assistir os jogos do Timão como torcedoras fanáticas.

Mas a surpresa maior veio da mãe de Parreira, uma senhora já bem idosa (hoje  falecida), que desabou a criticar o filho pelo retorno à Seleção.
Entre elogios, a torcida corinthiana dizia que aquilo (a Seleção) era um inferno e que Parreira só fez isso porque não havia contado para ela. Poucos instantes após, chegaria ao evento o ex-presidente Ricardo Teixeira e as palavras da mãe do técnico tornaram-se ainda mais duras. Ela contestou, em voz alta, aquela insensatez que havia sido o retorno à Seleção.
Por mais que eu e Eliane tentássemos fazer colocações amenas, a idosa senhora não interrompia suas críticas.

Esta é a vida de técnico de Seleção: críticas e mais críticas, sem direito a qualquer defesa.
Nos Clubes é diferente, os técnicos que caem no gosto do torcedor, como  Parreira ou Tite, passam a ter um escudo da torcida, defendendo-os em todo lugar.

Sep 19, 2012

Um campeonato sem sabor


(Reprodução)

Esta claro que não acho este Campeonato Brasileiro seja a oitava maravilha do mundo.
Eu ainda uso a fórmula antiga, não esta atual usada por um banco para eleger o Cristo Redentor como uma “maravilha”.
Mas, tanto em uma quanto noutra fórmula, o Brasileirão não está bem colocado.

E qual seria a razão deste “pouco encanto” do atual campeonato?
Muitos são os motivos. Este  calendário, que amontou uma disputa com outra, e por consequência eliminou a possibilidade de as grandes equipes disputarem todas as competições em igualdade, comprometeu, em muito, a temporada.

O fato de o Corinthians, por razões conhecidas e explicadas, estar quase como “visitante” no campeonato rebaixa a competição.
É o que estamos vendo. A mídia, um dia, aponta um “virtual” favorito à conquista, para noutra semana mudar de favorito, restando somente uma competição onde os ponteiros não “apaixonam” ninguém. Se voce perguntar para um torcedor sonolento qual a melhor equipe do Brasileirão ele dirá: o Corinthians. E está correto.
É um dos poucos times com esquema de jogo definido, colocação da equipe de forma organizada e que joga quase sem surpresas.

Quando há o maior interesse do grupo – em um ou outro jogo – dá-se o ritmo à equipe.
E nos demais, quase nada. Um dia o Flu tem um jogo razoável  e em seguida se desmancha. O Atlético Mineiro é o exemplo de campeonato sem rumo. É quase um delírio imaginar que um time jogando o que joga será “campeão brasileiro”.
O Grêmio se sai melhor quando a torcida canta o hino (do Rio Grande, é claro) do que quando a boa rola.

É neste marasmo – e nesta falta de ritmo de assustar – que o Brasileiro vai seguindo em frente. Sejamos claros: trata-se do mais fraco campeonato dos últimos anos.
Vamos torcer para dar uma melhorada nas próximas rodadas.
É só o que desejamos.

Sep 18, 2012

Mais um gol do craque Romário !

 
(Goya, “Inquisição” (1812))

Blog do Citadini: O Deputado Romário está demonstrando que é possível brilhar no gramado e na atividade parlamentar.
Para alguns está surpreendendo, para outros, apenas confirmando que é uma pessoa séria  e que não se deixou envolver pela cartolagem e pela política de baixo extrato. Embora seja de um partido que apoia o governo, não tem perdido oportunidades de colocar problemas que o mundo do esporte vive por todo lado. Romário traz para a Câmara a mesma agilidade, criatividade e astúcia que tinha nos gramados. Continuando neste ritmo, será uma das belas surpresas para o Parlamento brasileiro. E o futebol ganhará muito com seu desempenho,  que segue em caminho oposto a parlamentares (que nunca tiveram nada com o esporte) e que, nos dias atuais, só fazem agradar aos cartolas e pinçar algum lugar na mídia esportiva.
O Blog do Juca publicou discurso de Romário,  onde o Deputado 
parabenizou  a iniciativa do Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, de vetar recursos públicos à Confederações esportivas que não tenham alternância de poder. Como lembra Juca, a medida  atingirá, diretamente, o famoso COB ( Comitê Olímpico Brasileiro).
Veja abaixo o texto na íntegra:

“Assisti ontem (13) à entrevista do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, ao jornalista Fernando Rodrigues e gostaria de parabenizá-lo pela iniciativa de vetar recursos públicos e outros benefícios às confederações esportivas que não tenham alternância de poder em suas direções.

Ele e a presidenta Dilma têm o meu apoio total.

Só espero que eles não se esqueçam de incluir o Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

Há tempos eu venho dizendo que é preciso consertar uma coisa: o esporte sobrevive do dinheiro público, mas a gestão continua privada.

Talvez isso finalmente mude agora.

Os presidentes das Confederações de Atletismo e de Desporto Aquático, por exemplo, já estão há mais de 20 anos no poder.

Muita cara de pau!

E o presidente do COB, Carlos Nuzman, tá querendo se reeleger mais uma vez agora em outubro.

Se conseguir, também chegará a duas décadas à frente do COB.

E para quê?

Para vermos o fiasco que aconteceu em Londres?

Não seria melhor para o esporte se houvesse alternância no poder?

Soube que o Nuzman não recebe salário. Então por que tanto apego?

O que eu sei é que o COB precisa mudar de cara e deixar de ser amador.

Precisa começar a fazer uma gestão mais profissional e que dê resultados mais satisfatórios diante de tanto dinheiro aplicado nos últimos anos.

Desde que o Comitê Paraolímpico Brasileiro passou a alternar os presidentes, os resultados apareceram e hoje evoluímos para a sétima potência mundial nas Paraolimpíadas.

Por isso, concordo com o ministro Aldo para limitar o tempo de permanência e o número de mandatos desses caras dentro de alguns parâmetros. A renovação sempre é bem vinda nessas entidades e seria uma maneira de estimular a democracia.

E a idéia dele de baixar uma regulamentação no próprio Ministério do Esporte para condicionar essas entidades privadas ao preenchimento de alguns requisitos para terem acesso aos recursos públicos foi ótima.

Dessa forma, o governo não legislará sobre entidade privada nenhuma, mas definirá parâmetros para liberar os recursos que as mantêm. Se quiserem receber, precisam se enquadrar às regras impostas pelo governo. Certíssimo.

Pra finalizar, acho que entre essas normas elaboradas pelo governo deveria estar também a garantia do voto direto aos atletas. Nada mais justo do que o próprio competidor que rala e representa o país lá fora possa ajudar a escolher os melhores administradores de suas confederações e do COB. Fica a sugestão.

O ministro disse corretamente na entrevista que essas entidades não são “casas reais”.

Concordo. Até porque, se fossem, os dirigentes não seriam os reis, mas os bobos da corte.”

 

Sep 17, 2012

O gol e o craque

 


Quando Romarinho entrou, como um Corisco, por trás da defesa do Palestra, tomou a bola e marcou o primeiro gol do clássico de ontem,16/9, no Pacaembu, pensei em desligar a TV.
O domingo estava completo e acabado. O que viesse após seria quase sem importância.

O craque só ganha fama quando marca gols importantes contra um adversário igualmente expressivo.
É o caso deste Romarinho.

Nenhum torcedor vive dizendo por aqui: “que beleza aquele gol contra o XV na partida de ontem”. Atacante que quer ser importante tem que marcar gols que a torcida (adversária) não esquece.
São estes tentos que criam sua fama e consolidam o nome do atleta.

Neco só é esta legenda no Corinthians por ter sido impacável contra o Palestra.
Embora tenha jogado nos anos 1910 e 20, o torcedor fala até hoje com respeito pelo craque, que virava uma fera quando enfrentava o  Alviverde. E há tantos outros. Teleco e Servílio  também atormentaram os adversários prediletos. Sócrates jogava tudo contra São Paulo, Palestra e Santos, e, em partidas contra adversários menores, quase sempre andava em campo. No que fazia muito bem. Neto, Baltazar, Carbone, Marcelinho, Tevez, todos têm gols narrados até hoje pelos fãs. Gil não podia ver a camisa do Tricolor e destruía o adversário, assim como também fazia Casagrande contra este e em clássicos contra o Palestra.

Não sei se o Romarinho virará um grande ídolo do futebol brasileiro. Para nós corinthianos já é figurinha carimbada inesquecível.
Porque marca gols contra o Palestra e fez aquele genial gol contra o Boca, no jogo de Buenos Aires, na Libertadores de 2012.

Não tem a mesma fama de jogadores que são falados nos dias atuais. Contra ele funciona o anti-corinthianismo dos adversários e de parte da mídia. Tanto que ontem, após o gol, e numa atitude normal, beijou a camisa e houve uma explosão de ódio contra a “provocação”. Calma! O que agrediu foi o gol e a bela jogada que fez.
Nada mais.

Este esporte é paixão e nada apaixona mais um torcedor que seu atleta marcar um gol relevante em um jogo importante.
É isso que faz o futebol.

Sep 16, 2012

Um grande clássico

(Anita Malfatti, “Samba”)

Neste final de semana, Corinthians e Palmeiras se enfrentarão pelo Campeonato brasileiro de 2012.

Com o Corinthians afastado da disputa pelo título, por razões por demais conhecidas, o jogo será muito importante para o Palestra.

Se notarmos pela história, Corinthians e Palmeiras, ou Palestra, centralizaram por muito tempo grandes paixões, embates, brigas, vitórias e derrotas.

Nas primeiras décadas do esporte, Corinthians, Palestra e Paulistano dividiam as maiores proezas e craques do futebol. Após a década de 1930, com o desaparecimento do Paulistano, Santos e São Paulo vieram incorporar-se às grandes disputas contra o Corinthians.

Não há dúvidas que ainda hoje, para uma legião de pessoas, este clássico é o que mais emociona.

Basta lembrarmos da crônica de Alcântara Machado, “Corinthians 2,  Palestra 1” ,  para vermos a importância que a partida tem na história do futebol brasileiro.

Nada como rever um conto do livro que marca o nascimento do Modernismo no Brasil.

Corinthians (2) vs Palestra (1)

Prrrrii!
– Aí, Heitor!
A bola foi parar na extrema esquerda. Melle desembestou com ela.
A arquibancada pôs-se em pé. Conteve a respiração. Suspirou:
– Aaaah!
Miquelina cravava as unhas no braço gordo da Iolanda. Em torno do trapézio verde a ânsia de vinte mi1 pessoas. De olhos ávidos. De nervos elétricos. De preto. De branco. De azul. De vermelho.
Delírio futebolístico no Parque Antártica.
Camisas verdes e calções negros corriam, pulavam, chocavam-se, embaralhavam-se, caíam, contorcionavam-se, esfalfavam-se, brigavam. Por causa da bola de couro amarelo que não parava, que não parava um minuto, um segundo. Não parava.
– Neco! Neco!
Parecia um louco. Driblou. Escorregou. Driblou. Correu. Parou. Chutou.
– Gooool! Gooool!
Miquelina ficou abobada com o olhar parado. Arquejando. Achando aquilo um desaforo, um absurdo.
Aleguá-guá-guá! Aleguá-guá-guá! Hurra! Hurra! Corinthians!
Palhetas subiram no ar. Com os gritos. Entusiasmos rugiam. Pulavam.
Dançavam. E as mãos batendo nas bocas:
– Go-o-o-o-o-o-ol!
Miquelina fechou os olhos de ódio.
– Corinthians! Corinthians!
Tapou os ouvidos.
– Já me estou deixando ficar com raiva!
A exaltação decresceu como um trovão.
– O Rocco é que está garantindo o Palestra. Aí, Rocco! Quebra eles sem dó!
A Iolanda achou graça. Deu risada.
– Você está ficando maluca, Miquelina. Puxa! Que bruta paixão!
Era mesmo. Gostava do Rocco, pronto. Deu o fora no Biagio (o jovem e esperançoso esportista Biagio Panaiocchi, diligente auxiliar da firma desta praça G. Gasparoni & Filhos e denodado meia-direita do S. C. Corinthians Paulista, campeão do Centenário) só por causa dele.
– Juiz ladrão, indecente! Larga o apito. gatuno!
Na Sociedade Beneficente e Recreativa do Bexiga toda a gente sabia de sua história com o Biagio. Só porque ele era freqüentador dos bailes dominicais da Sociedade não pôs mais os pés lá. E passou a torcer para O Palestra. E começou a namorar o Rocco.
– O Palestra não dá pro pulo!
– Fecha essa latrina, seu burro!
Miquelina ergueu-se na ponta dos pés. Ergueu os braços. Ergueu a voz:
– Centra, Matias! Centra, Matias!
Matias centrou. A assistência silenciou. Imparato emendou. A assistência berrou.
– Palestra! Palestra! Aleguá-guá! Palestra Aleguá! Aleguá!
O italianinho sem dentes com um soco furou a palheta Ramenzoni de contentamento. Miquelina nem podia falar. E o menino de ligas saiu de seu lugar. todo ofegante, todo vermelho, todo triunfante, e foi dizer para os primos corinthianos na última fileira da arquibancada:
– Conheceram, seus canjas?
O campo ficou vazio.
– Ó… lh’a gasosa!
Moças comiam amendoim torrado sentadas nas capotas dos automóveis. A sombra avançava no gramado maltratado. Mulatas de vestidos azuis ganham beliscões. E riam. Torcedores discutiam com gestos.
– Ó… lh’a gasosa!
Um aeroplano passeou sobre o campo.
Miquelina mandou pelo irmão um recado ao Rocco.
– Diga pra ele quebrar o Biagio que é o perigo do Corinthians.
Filipino mergulhou na multidão.
Palmas saudaram os jogadores de cabelos molhados.
Prrrrii!
– O Rocco disse pra você ficar sossegada.
Amilcar deu uma cabeçada. A bola foi bater em Tedesco que saiu correndo com ela. E a linha toda avançou.
– Costura, macacada.
Mas o juiz marcou um impedimento.
– Vendido! Bandido! Assassino!
Turumbamba na arquibancada. O refle do sargento subiu a escada.
– Não pode! Põe pra fora! Não pode!
Turumbamba na geral. A cavalaria movimentou-se.
Miquelina teve medo. O sargento prendeu o palestrino. Miquelina protestou baixinho:
– Nem torcer a gente pode mais! Nunca vi!
– Quantos minutos ainda?
– Oito.
Biagio alcançou a bola. Aí, Biagio! Foi levando, foi levando. Assim, Biagio! Driblou um. Isso! Fugiu de outro. Isso! Avançava para a vitória. Salame nele, Biagio! Arremeteu. Chute agora! Parou.
Disparou. Parou. Aí! Reparou. Hesitou. Biagio Biagio! Calculou.
Agora! Preparou-se. Olha o Rocco! É agora. Aí! Olha o Rocco! Caiu.
– CA-VA-LO!
Prrrrii!
– Pênalti!
Miquelina pôs a mão no coração. Depois fechou os olhos. Depois perguntou:
– Quem é que vai bater, Iolanda?
– O Biagio mesmo.
– Desgraçado.
O medo fez silêncio.
Prrrrii!
Pan!
– Go-o-o-o-ol! Corinthians!
– Quantos minutos ainda?
Pri-pri-pri!
– Acabou, Nossa Senhora!
Acabou.
As árvores da geral derrubaram gente.
– Abr’a porteira! Rá! Fech’a porteira! Prá!
O entusiasmo invadiu o campo e levantou o Biagio nos braços.
– Solt’o rojão! Fiu! Rebent’a bomba! Pum! CORINTHIANS!
O ruído dos automóveis festejava a vitória. O campo foi-se esvaziando como um tanque. Miquelina murchou dentro de sua tristeza.
– Que é – que é? É jacaré? Não é!
Miquelina nem sentia os empurrões.
– Que é – que é? É tubarão? Não é!
Miquelina não sentia nada.
– Então que é? CORINTHIANS!
Miquelina não vivia.
Na Avenida Água Branca os bondes formando cordão esperavam campainhando o zé-pereira.
– Aqui, Miquelina.
Os três espremeram-se no banco onde já havia três. E gente no estribo. E gente na coberta. E gente nas plataformas. E gente do lado da entrevia.
A alegria dos vitoriosos demandou a cidade. Berrando, assobiando e cantando. O mulato com a mão no guindaste é quem puxava a ladainha:
– O Palestra levou na testa!
E o pessoal entoava:
– Ora pro nobis!
Ao lado de Miquelina o gordo de lenço no pescoço desabafou:
– Tudo culpa daquela besta do Rocco!
Ouviu, não é Miquelina? Você ouviu?
– Não liga pra esses trouxas, Miquelina.
Como não liga?
– O Palestra levou na testa!
Cretinos.
– Ora pro nobis!
Só a tiro.
– Diga uma cousa, Iolanda. Você vai hoje na Sociedade?
– Vou com o meu irmão.
– Então passa por casa que eu também vou.
– Não!
– Que bruta admiração! Por que não?
– E o Biagio?
– Não é de sua conta.
Os pingentes mexiam com as moças de braço dado nas calçadas.

(Wikisource, http://pt.wikisource.org/wiki/Corinthians_(2)_vs_Palestra_(1))

Sep 14, 2012

Sem jogos oficiais e com craques demais

Rubens Gerchman, “Não há vagas” (Reprodução)

O fato de o Brasil não disputar a etapa de classificação para o Mundial de 2014 é claramente negativo para nossa esquadra.
Não que não seja correta esta regra, que garante ao país que sedia a Copa uma vaga no Mundial, mas a falta de jogos oficiais  compromete a organização do time.

Sem disputas oficiais, os amistosos passaram a ser o único foco da preparação e, como sabemos, os jogos não têm sido lá estas coisas.

Em partidas amistosas (diria melhor, festivas) aparecem sempre “grandes jogadores”.
Nada mais falso para o time.

É no calor de uma disputa para valer que surgem os craques legítimos e desaparecem os “craques”.
Este é um grave problema em nossa atualidade. Há uma gama de “craques” famosos e comentados por todo lado. Mas será que  este jogadores estão amadurecidos para as grandes disputas?
Ensaiar dancinha na concentração não é o mesmo que estudar o adversário e ver a melhor forma de vencê-lo.

Esta é uma seleção – que pelo número de convocados nos últimos anos – mostra que estamos na estaca zero.
E o caminho de formação da equipe ainda será trabalhoso e complicado.

Para a história  

Completa no dia de hoje (14/9) 102 anos do primeiro gol feito pelo Timão.
Foi marcado por Luiz Fabbi na vitória corinthiana contra o Estrela Polar. O resultado foi 2×0 e o outro gol foi de Jorge Campell.
O jogo foi no Bom Retiro – onde nasceu o Timão – na atual rua José Paulino, hoje ocupada por comércio atacadista que serve todo o Brasil.

 

Sep 13, 2012

Nem tango, nem samba

 


O empate do Corinthians na noite de ontem, 12/9, com a Ponte Preta no Pacaembu, mostra que o Campeonato para o alvinegro segue sem ritmo.
Por mais que o técnico grite à beira do gramado, o time joga no ritmo que bem quer. Há poucos dias, superou o Grêmio, o Atlético-MG e empatou com o Flu (no Rio), todos estes candidatos ao título.
Segundo a mídia, já seriam os favoritos.

Mas, faltando ritmo, o time não engrena uma sequência de bons resultados, que poderia mudar todo este modorrento campeonato.
Nada que nos preocupe muito, mas é claro que a torcida corinthiana gostaria de vencer esta disputa.

Talvez este seja o mais fácil campeonato dos últimos tempos, pois Atlético-MG, Grêmio e Flu não assustam ninguém!

Sep 12, 2012

Vida dura

Eliseu Visconti (1866-1892). “Uma rua da favela” (1890) (Reprodução)

A crise econômica da Europa está tendo um efeito devastador no futebol de vários países que estão quebrados.

Exceto alguns times da Inglaterra (dominados por investidores russos e árabes), o Paris Saint German (coberto por petrodólares) e um ou outro do Leste Europeu, tudo mais vive uma crise de dar piedade.

Embora disfarcem bem, os times da Espanha são os mais afetados pela crise.
Tradicionalmente, viviam de dinheiro barato dos bancos de lá e de ajuda do Governo. Os dois estão no chão. Bancos estão sendo socorrido por alemães, enquanto o Governo local não consegue dinheiro nem para pagar merenda escolar. A crise do Crisitano Ronaldo é exemplo desta dificuldade. Em outra época, o Real Madrid iria a um banco qualquer e levantaria tudo o que se afirma que a “estrela” quer. Hoje, os Clubes de lá não tem mais a mão amiga, ou melhor, a “grana amiga” que permitia qualquer loucura. No dia de ontem, a Catalunia promoveu uma grande manifestação por sua independência e pelo orgulho dos catalães. Isso é só fumaça.
A verdade é que o grandes Estados da Espanha estão quebradinhos, como todos os outros,  e gritam qualquer coisa.

Na Itália, os grandes Clubes começaram o campeonato sem qualquer contratação bombástica.
O Milan disse que contrataria Kaká, escanteado no Real Madrid, mas depois desconversou. Todos os Clubes começam a temporada com equipes modestas, sem negociações capazes de assustar o tesouro.

Portugal, Grécia, Turquia etc. nem contam, porque nunca foram grande coisa.
A Alemanha vive com o que pode e controla as finanças de seus times impedindo qualquer salto à loucura.

No Brasil, a situação é melhor por vários motivos.
Primeiro, porque nunca fomos um país de compradores de jogadores. O segundo motivo, que garante relativa estabilidade aos Clubes, é o contrato com a TV. A entrada da Rede Record na briga por direitos de transmissão (e o fim da cláusula de preferência) motivou a TV Globo a encontrar mais recursos para bancar o futebol.
É esta grana que permite um Campeonato nos termos em que se encontra.

O grande Clube que não se equilibrar com recursos deste contrato de TV, nunca mais sairá do vermelho!
E poderá chorar à vontade.

Fala, Mestre

“Dentro de campo, nunca vi tanto jogador de baixa qualidade técnica vestindo a camisa de times grandes”, diz Paulo Cézar Caju, em seu artigo de ontem, 11/9, no Jornal da Tarde.
Ele está certo.
Estamos diante da pior safra de “craques” do futebol brasileiro desde 1954.

Sep 11, 2012

Sem Zizao, China não resiste e é goleada.


(Reprodução)

A seleção da China foi goleada, ontem à noite, 10/9, em Recife, pela Seleção Brasileira por 8×0.
Tivemos de tudo na partida, inclusive “dancinha” para comemorar os importantes gols . Este tipo de comemoração é importante, pois mostra (segundos os psicólogos do esporte) o nível mental de amadurecimento do atleta.
Tudo bem.

Mas o que teria faltado ao time chinês para conseguir um bom resultado?
Tudo. A China já está fora do próximo mundial  e, no ranking da Fifa de Seleções, ocupa uma posição próxima (mas não muito melhor) do Butão.

Lamentavelmente, o treinador chinês  não convocou o astro Zizao, jogador do Timão.
Se o fizesse, a festa seria outra.

Não seria igual à apresentação do Corinthians no início do ano, já que aquela é inigualável.

Como evento, a  festa de apresentação do Zizao só perdeu para a chegada de Ronaldo (o fenômeno). Perdeu, não.
Em alguns quesitos  (como coreografia), foi superior. Afinal, segundo marketing do Timão, ele abriria as portas do “mercado chinês” para o alvinegro.
Entendi!

Uma pena! Se Zizao tivesse com aquela camisa vermelha da China, a coisa seria diferente.
Muito diferente.

 
Vai, Colintias! 
(Reprodução)

Mistificação ou fraude

No início do ano, um pouco antes das eleições no Clube, uma notícia ocupou a mídia por todo lado: o Corinthians teria um novo patrocínio na camisa.
Seria uma empresa coreana (ou japonesa, para alguns mais ousado) e seria o maior contrato já visto no futebol tapuia.

Mas o ponto alto daquela ofensiva de notícias vazadas pelo marketing corinthiano foi uma foto que provocou o maior barulho na internet (em blogs, sítios etc) e, em seguida,  nos jornais,  rádios e TVs.

A foto – com definição muito ruim – “mostrava” um coreano (ou japonês) com uma camisa do Timão e a propaganda da montadora Hyundai.
Era a prova que faltava do negócio realizado.

Foi um alvoroço só.
Falavam que o Corinthians estaria com um contrato fechado (na mão, como dizia um Diretor) de publicidade na camisa para o ano de 2012, e a mídia trazia inclusive os números do acerto.
Pelo que afirmavam, os Diretores do Marketing do Timão  seriam 50 milhões por ano, em contrato de 3 anos.

Não houve quem não tivesse aplaudido.
Os membros da “Republica”, que reúne do pessoal de aplauso fácil (e caro)  até jornalistas “independentes”, parabenizavam o Corinthians por tão grande proeza.

A foto do tal coreano provaria o acerto conseguido.
Muitos se preocuparam em dar o nome ao tal empresário que a foto borrada trazia.

O resto da história é conhecido de todos.
O tal “acordo” acertado não existia, embora o marketing corinthiano tivesse espalhado por todo lado notas da bombástica contratação.

Estamos chegando ao final do ano e o Clube ainda vive sem publicidade na camisa.
Ficou apenas a foto escura da área Vip do Pacaembu.

Ainda bem que a Globo chamou os Clubes para aditar o contrato de transmissão de jogos  (até 2017,18 ou 19?).
Com grana adiantada, pela TV,  está sendo possível tocar o barco.
E o tal marketing nada tem com a venda da TV.

Sep 9, 2012

Corinthians coloca pimenta no campeonato

 

O Corinthians, que por razões conhecidas e repetidas, não teve um bom desempenho no primeiro turno do Campeonato Brasileiro.
Mas é o time que está dando o ritmo na disputa. Enfrentando os tais “favoritos”, vem batendo um a um.
Ontem, no Pacaembu, foi a vez do Grêmio gaúcho dançar. Poderia ter sido um placar maior se o juiz não estivesse, digamos, numa noite infeliz. Mas, deixa para lá.
O Corinthians vem dando o tempero nesta disputa arrastada, onde ninguém é favorito de nada. Não há uma grande equipe disputando o título.
O destaque é o Corinthians, que vence os fortes de forma indiscutível, como diria Mário Moraes.

TV e Grana

Neste domingo, no Estadão, o jornalista Paulo Vinícius Coelho, reclama da divisão de dinheiro da TV.
Segundo ele, os dois grandes (Timão e Fla) estão ficando cada vez com mais dinheiro. Agora, com os aditivos ao contrato de TV, a diferença entre o primeiro grupo e os outros estaria aumentando mais ainda. Diz o jornalista em estado de alerta: ” Criar um grande campeonato não inclui apenas contratações ou manutençao de grandes craques. É preciso dividir o dinheiro de maneira mais igualitária”.
Ficaríamos assim, no quadro do PVC: um traz a audiência e os anunciantes e os outros ficam com o cofrinho para receber a divisão (igualitária , é claro).
É uma proposta simples, que revoga as leis de mercado. Só.

A cada um segundo seu trabalho, como diziam os marxistas. Nada de fazer um “socialismo” de araque. Neste quadro quem pode mais chora menos. E quem quiser mais dinheiro faça como fez o Timão. Comece num bairro simples, lute muito (contra tudo e todos), fique grande e aí a conversa é outra.
Ou sejam participantes secundários .

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