Mar 20, 2012

A virada que abala o futebol

A renúncia do presidente da CBF Ricardo Teixeira,  e agora sua saída do Comitê Executivo da Fifa,  provocam enorme mudança no futebol brasileiro.
Ninguém esperava esta bruta virada. Nem os amigos nem, tampouco, os inimigos. Os jornalistas (onde o apoio  Teixeira era grande) ficaram estupefatos. O esporte predileto da maioria deles era ironizar os que eram contra e queriam a saída do ex-presidente da CBF. Diziam que eram “uns gatos pingados”, que caberiam num Fusca. Este apoio apaixonado a Teixeira, por longos anos, criou uma situação estranha. Para “limpar o passado” , muitos se tornaram (subitamente) críticos de Teixeira, chegando a ser os mais radicais nos ataque. Procuram levar os torcedores a esquecer os anos de bajulação que fizeram. Mesmo os que sempre criticaram Teixeira foram surpreendidos com a saída de cena do ex-presidente. Do Juca ao Antero, e mais o time de críticos, todos ficaram de boca aberta com a rápida e inesperada mudança.

O pior ocorreu na cartolagem. Aí então o apoio era quase “norte-coreano”. Nesta caso, a surpresa foi maior ainda. Os dirigentes de nosso futebol – em sua esmagadora maioria – via no presidente Teixeira o exemplo de quem sabe lutar e vencer. Já tinha sido alvo de CPI, quando muitos caíram, ele deu a volta por cima, todos os processos na Justiça tinham sido razoavelmente resolvidos, e a mídia “dominada” na parte que, segundo o ex-presidente, interessava. Some-se a tudo isso o fato de Teixeira ter uma grande articulação política. Era bem ligado a Sarney, Tasso Jereissati, Aécio Neves, Sérgio Cabral, e na última década  se tornou ” chapa” do presidente Lula.
Enfim, para os dirigentes do futebol brasileiro estava aí um exemplo de cartola blindado, imbatível, prestigiado, intocável. Foi este quadro de super-homem que levou o ex-presidente do Corinthians, Andrés , a dizer aquela coisa, sem sentido, de Zorro, Sargento Garcia etc. Daí porque, a queda súbita, deixa todos atordoados. Até sem rumo, procurando entender o que houve para tão grande mudança.
E não foi uma simples queda, como já ocorreu no futebol. Foi quase uma hecatombe, onde o ex-presidente  vendeu todos  os seus negócios,  saindo do país para morar em Miami. Tudo sem que se sabia, com exatidão, as razões. Não há um processo judicial (até onde se sabe); não há nova CPI; enfim,  nada identifica a tempestade que ocorre.

O “jornalista amigos” já se reciclaram (e passaram a atacar Teixeira), mas os cartolas ainda estão perplexos. Sem rumo e preocupados, como se este tipo de fato  fosse voltar a acontecer.  O mundo dos dirigentes de futebol sofreu o maior trauma que já ocorreu. Acho que nem a perda da Copa de 50 abalou tanto a cartolagem. Lá eles colocaram a culpa no goleiro. Este mundo dos dirigentes é uma área complexa , para dizer o mínimo.
Diferente da Europa, onde os clubes são de empresas e empresários (e ganhar dinheiro é a meta), por aqui os times de futebol são – quase todos –  de Clubes Sociais. E atuam sem finalidade de lucros.
Neste caso, não há espaço para cartola ganhar dinheiro, como na Europa. Mas a verdade é que o futebol coloca um mundo de interesses financeiros por todo lado. Empresários de jogadores, empresas de publicidade, materiais etc, tudo aponta para negócios e mais negócios,  e os dirigentes não podem ter qualquer interesse ou ligação (direta ou indireta).  Aí fica um campo minado, com todo tipo de problema. A queda – abrupta- de Ricardo Teixeira acendeu  a luz amarela para a cartolagem do futebol.
Se com ele , tão protegido e blindado, deu-se isso, imagine-se o que poderá acontecer neste mundo de promiscuidade (quase generalidade), que está por aí em nosso futebol. Não há dúvida que a queda de Teixeira é um marco.
Para onde vai só o tempo dirá.

 

Mar 19, 2012

Duas entrevistas de craques

(Caravaggio. “David mostrando a cabeça de Golias” (1605))

Duas entrevistas com dois grandes jogadores do Brasil: Romário, na Veja, e, Ronaldo, na Folha desta segunda.
Os dois últimos “foras-de-série” que tivemos. Brilharam no gramado e brilham agora, nesta nova fase, que encaram. Romário é sempre mais direto, Ronaldo, ainda com certa inibição, mas os dois falando coisas importantes do futebol.

Nas Páginas Amarelas da Veja
Romário foi um craque singular. Baixinho e genial. Com grande faro de gol era um perigo permanente na àrea. E o Brasil deve muito a sua genialidade. Ninguém esquecerá a Copa dos Estados Unidos, onde o jogador brilhou como nunca. Como deputado surpreendeu todo mundo. Normalmente jogadores são eleitos e desaparecem na máquina da política e, quase sempre, não são reeleitos. Cooptado pelos profissionais da política, tornam-se meros joguetes nas mãos de “profissionais” do meio político. Romário surpreende, porque trilha caminho diverso. É tão bom parlamentar como foi jogador. Atrevido, dedicado, espontâneo, quase um “peixe fora d’agua”, é um fator de renovação para a política. Esperamos todos que continue neste caminho de parlamentar atuante, sincero e correto. Na entrevista da Veja responde tudo o que lhe foi perguntado. E de forma direta, sem rodeios como fazia nas jogadas de gol. Sua advertência sobre a Copa é de uma precisão pouco comum para quem está saindo do campo de futebol para a tribuna parlamentar; “vai chover obra emergencial sem licitação […].
A Copa vai sair do papel, mas vão erguer alguns puxadinhos aqui, fazer maquiagens ali…
Sobre as mudanças na CBF, foi direto ao dizer que não muda nada: “trocamos um ruim por outro pior”.
Seguramente, nosso craque mostra que não está buscando cargos na CBF, no futebol em geral e nem no Governo.
É quase um deputado atípico. Viva, o futebol deu ao País um representante de primeira.
Craque, como foi no gramado.

Ronaldo, na Folha
Na entrevista de hoje, 19/3, na Folha, Ronaldo saiu-se bem respondendo tudo o que lhe foi questionado.
Sua posição é diversa da de Romário. Ronaldo foi indicado para o COL (Comitê Organizador Local) da Copa do Mundo pelo ex-presidente Ricardo Teixeira. Não nega nada. Mas diz que “o fato de ter recebido o convite de Ricardo Teixeira não me liga a ele”. E reafirma uma posição muito positiva para qualquer um que está no futebol: “dinheiro não é o meu objetivo”.
Está aí um questão de valor para qualquer um que quer ser Dirigente do futebol. Não vive do futebol.
Como disse “posso escolher as coisas que me dão gosto de fazer”.
Como o cargo no COI. Na entrevista, defendeu a criação de uma Liga dos Clubes e diz que espera que tudo venha após a Copa. Restou uma certa crítica ao Corinthians no caso Adriano, ao dizer que o Clube “podia ter sido mais amigável na rescisão”. E poderia mesmo.
Lamentou o ocorrido “não precisava de toda exposição”.
No final, diz que seus filhos torcem para o Corinthians . Viva, um craque e tanto!

Mar 18, 2012

Sem mudanças

(Caravaggio. “O Sacrifício de Isaque” (1603))

Não vi todo o jogo de hoje do Corinthians e Comercial, o que não faz muita diferença.
Num campeonato sem grandes emoções, com o Timão já classificado para a próxima fase, não é um pecado mortal começar a ver o jogo com atraso. Com time reserva, sem grandes obrigações, as emoções ficaram para o final, quando o Timão reagiu e empatou. Para sofrimento dos palestrinos e tricolores que, mesmo em jogo de pouca importância, não deixam o Timão sozinho.
O jogo não altera nada, apenas mostra que alguns reservas também estão abaixo do que o time precisa.
E vamos para quarta.

Um jogaço, no Ibope

O jogo do Timão não foi lá um partidaço. Para os torcedores. Para a Globo, que domingo passado sofreu o tempo todo, foi um passeio. O futebol “pegou” a audiência próxima de 10 pontos no Ibope. Entregou, após o jogo, com mais de 20 pontos. Em seguida a audiência voltou a cair. Fazer o que? Não dá pra Globo colocar na grade jogos do Corinthians o tempo todo.
Mas, que ela gostaria de transmitir só jogos do Timão, não há dúvida.

Sem grana

Se o Governo da Espanha fizer o que está prometendo, os Clubes de lá vão sofrer muito.
A dívida de todos eles é grande, quase impagável, e a nova Administração quer receber. Por lá, há muito tempo, os Clubes vivem de apoio do Governo até para contratar jogadores. Agora, com a crise econômica, o problema da dívida ficou grave. E o Governo quer receber.
Será um período de aperto para os Clubes espanhois.

Mar 18, 2012

Um ou outro

O portal UOL da Folha de S.Paulo anda confuso sobre as notícias do estádio do Corinthians.
Um dia a notícia é que os Governos do Estado, Município e União vão ajudar a construção. Cálculos, frases em off e um monte de informação dos “auxílios” que o Timão receberá dos governos.
Outro dia, como se o mundo tivesse virado de ponta cabeça, vem a notícia que o Corinthians fará empréstimo pra tocar a obra; que o Clube, ainda, não é dono de nada; que é de um fundo e que o Corinthians ficará com uma enorme dívida (de 800 mi/ 1 bi).
Seria bom que o portal encontrasse um caminho. Ou o estádio é uma doação, como diz o UOL alguns dias, e o Timão ficará numa boa; ou não, e o Corinthians ficará com uma enorme dívida a pagar.
Não dá para falar em ajuda, auxílio e, em seguida, dizer que o Clube terá que pagar tudo em um tempo curto.

Reforma do Morumbi
Quando foi decidido que o abertura da Copa seria no estádio do Corinthians, o SPFC disse que faria as reformas do Morumbi mesmo sem Copa. A mídia não informa se a reforma esta sendo executada, ou não.
Deve estar com obras aceleradas.

Triunvirato ou Duelo.
A Folha disse que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), com a saída de Ricardo Teixeira, iria ser dirigida por um triunvirato (Marin, Ronaldo e Andrés).
O jornalista PVC (Paulo Vinicius Coelho), do Estadão, neste domingo, 18/3, vê outro quadro. Para ele haverá uma guerra entre dois grupos: as federações, com Marco Polo Del Nero; e os Clubes (com o ex-presidente do Corinthians Andrés Sanches). Seria, na visão do PVC, uma guerra paulista, com os outros Estados apoiando um ou outro. Será?
Continuo achando que o Rio de Janeiro aceita entregar o Cristo Redentor, mas lutará, até a morte, para manter o controle da CBF e do COB.

Mar 18, 2012

O Corinthians na música

Lourenço e Lourival

“Corinthians e Palmeiras”

Tem corinthiano aí?
Tem, sim, senhor!
Tem palmeirense aí?
Tem, sim, senhor!

Quando o Corinthians ganha
Lá no bar o samba esquenta
Quando o Palmeiras ganha
Não há macarrão que aguenta

Fique Sabendo
Periquito palmeirense
Que o Corinthians ainda te pega
Pra cortar a tua asa
Em pouco tempo
Você fica depenado
Te botamos no espeto
Pra assar você na brasa

Tem corinthiano aí?
Tem, sim, senhor!
Tem palmeirense aí?
Tem, sim, senhor!
Quando o Corinthians ganha
Lá no bar o samba esquenta
Quando o Palmeiras ganha
Não há macarrão que aguenta

Passar na brasa?
Você já disse besteira
Quando jogar com o Palmeiras
Não vão ver a cor da bola

O corinthiano
Que se diz campeão da massa
Só sabe tomar cachaça
E quando fala a língua enrola

Tem corinthiano aí?
Tem, sim, senhor!
Tem palmeirense aí?
Tem, sim, senhor!

Quando o Corinthians ganha
Lá no bar o samba esquenta
Quando o Palmeiras ganha
Não há macarrão que aguenta

Viva o Corinthians!
Campeão do Centenário!
Não tem medo do Palmeiras
Timinho que não aguenta

É o Corinthians
Que sabe chutar o couro
O Palmeiras, coitadinho,
Só sabe comer polenta

Tem corinthiano aí?
Tem, sim, senhor!
Tem palmeirense aí?
Tem, sim, senhor!

Quando o Corinthians ganha
Lá no bar o samba esquenta
Quando o Palmeiras ganha
Não há macarrão que aguenta

Viva o Palmeiras!
Aonde só tem campeão
E no time do Corinthians
Só tem perna de pau
E dessa vez vão levar de dez a zero
Vocês vão ficar sabendo
Que o Palmeiras é o tal

Tem corinthiano aí?
Tem, sim, senhor!
Tem palmeirense aí?
Tem, sim, senhor!

Quando o Corinthians ganha
Lá no bar o samba esquenta
Quando o Palmeiras ganha
Não há macarrão que aguenta

Pros corinthianos
Vai nosso abraço apertado
Pra torcida do Palmeiras,
Vai nosso aperto de mão

Nossa desculpa por essa brincadeira
É o Corinthians e o Palmeiras
Alegria do povão

Tem corinthiano aí?
Tem, sim, senhor!
Tem palmeirense aí?
Tem, sim, senhor!

Quando o Corinthians ganha
Lá no bar o samba esquenta
Quando o Palmeiras ganha
Não há macarrão que aguenta

 

 

Mar 16, 2012

O Corinthians na música


Primeiro Hino.


Lutar… Lutar…
É nosso lema sempre, para a glória.
Jogar… Jogar…
E conquistar os louros da vitória.
E proclamar nosso pendão.
É alvinegro e sempre há de brilhar,

Lutar, viril
Para a grandeza e glória do Brasil.

CORINTHIANS… CORINTHIANS…

A glória será teu repouso
E nós unidos sempre…
elevaremos teu nome glorioso

Mar 16, 2012

Pré-candidatura de Ulysses Guimarães.Documento histórico.

No dia 22 de setembro de 1973, na convenção do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), Ulysses Guimarães proferiu um histórico discurso intitulado “Navegar é Preciso, Viver não é Preciso”.
Através dele, o principal líder da oposição democrática ao regime militar lançou a sua “anti-candidatura” à presidência da República, tendo como candidato à vice-presidência Barbosa Lima Sobrinho, outro grande democrata. Era uma demonstração de coragem para enfrentar o Governo do Gal. Garrastazu Médici, o então chefe do regime militar. Esta “anti-candidatura” – mesmo sem chance de vitória no Colégio Eleitoral, abriu caminho para a estrondosa vitória do MDB nas eleições parlamentares de 1974. 
Em tempos em que figuras da estatura de Ulysses e Barbosa Lima são cada vez mais raras na política brasileira, lembrar daqueles que lutaram pela democracia no Brasil é essencial, pois, como escreveu o filósofo George Santayana, “Aqueles que esquecem o passado, estão condenados a repetí-lo”.
Assim, transcrevo abaixo, na íntegra, este fantástico discurso.

“O paradoxo é o signo da presente sucessão presidencial brasileira. Na situação, o anunciado como candidato, em verdade, é o Presidente, não aguarda a eleição e sim a posse. Na Oposição, também não há candidato, pois não pode haver candidato a lugar de antemão provido. A 15 de janeiro próximo, com o apelido de “eleição”, o Congresso Nacional será palco de cerimônia de diplomação, na qual Senadores, Deputados Federais e Estaduais da agremiação majoritária certificarão investidura outorgada com anterioridade. O Movimento Democrático Brasileiro não alimenta ilusões quanto à homologação cega e inevitável, imperativo da identificação do voto ostensivo e da fatalidade da perda do mandato parlamentar, obra farisaica de pretenso Colégio Eleitoral, em que a independência foi desalojada pela fidelidade partidária. A inviabilidade da candidatura oposicionista testemunhará perante a Nação e perante o mundo que o sistema não é democrático, de vez que tanto quanto dure este, a atual situação sempre será governo, perenidade impossível quando o poder é consentido pelo escrutínio direto, universal e secreto, em que a alternatividade de partidos é a regra, consoante ocorre nos países civilizados.

Não é o candidato que vai percorrer o País. É o anticandidao, para denunciar a antieleição, imposta pela anticonstituição que homizia o AI-5, submete o Legislativo e o Judiciário ao Executivo, possibilita prisões desamparadas pelo habeas corpus e condenações sem defesa, profana a indevassabilidade dos lares e das empresas pela escuta clandestina, torna inaudíveis as vozes discordantes, porque ensurdece a Nação pela censura à Imprensa, ao Rádio, à Televisão, ao Teatro e ao Cinema.

No que concerne ao primeiro cargo da União e dos Estados, dura e triste tarefa esta de pregar numa “república” que não consulta os cidadãos e numa “democracia” que silenciou a voz das urnas.

Eis um tema para o teatro do absurdo de Bertold Brecht, que, em peça fulgurante, escarnece da insânia do arbítrio prepotente ao aconselhar que se o povo perde a confiança do governo, o governo deve dissolver o povo e eleger um outro.

Não como campanha, pois eqüivaleria a tola viagem rumo ao impossível, a peregrinação da Oposição pelo País perseguirá tríplice objetivo:
1 – Exercer sem temor e sem provocação sua função institucional de crítica e fiscalização ao governo e ao sistema, clamando pela eliminação dos instrumentos e da legislação discricionários, com prioridade urgente e absoluta a revogação do AI-5 e a reforma da Carta Constitucional em vigor.
2 – Doutrinar com o Programa Partidário, unanimemente aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral, conscientizando o povo sobre seu conteúdo político, social, econômico, educacional, nacionalista, desenvolvimentista com liberdade e justiça social, o qual será realidade assim que o Movimento Democrático Brasileiro for governo, pelo sufrágio livre e sem intermediários do povo.
3 – Concitar os eleitores, frustrados pela interdição de a 15 de janeiro de 1974 eleger o Presidente e o Vice-Presidente da República, para que a 1 5 de novembro do mesmo ano elejam senadores, deputados federais e estaduais da oposição, etapa fundamental para atuação e decisões parlamentares que conquistarão a normalidade democrática, inclusive número para propor Emendas e Reforma da Carta Constitucional de 1969 e a instalação de Comissões Parlamentares de Inquérito, de cuja ação investigatória e moralizadora a presente legislatura se encontra jejuna e a atual administração imune, pela facciosa intolerância da maioria situacionista.

Hoje, e aqui, serei breve.

Somos todos cruzados da mesma cruzada. Dispensável, assim, pretender convencer o convicto, converter o cristão, predicar a virtude da liberdade a liberais, que pela fé republicana pagam até o preço de riscos e sofrimentos.

Serei mais explícito e minudencioso ao longo da jornada,quando falarei também a nossos irmãos postados no outro lado do rio da democracia.
Aos que aí se situaram por opção ou conveniência, apostasia política mais rebelde à redenção.
Prioritariamente, aos que foram marginalizados pelo ceticismo e pela indiferença, notadamente os jovens e os trabalhadores, intoxicados por maciça e diuturna propaganda e compelidos a tão prolongada e implacável dieta de informações.
Quando a Oposição clama pela reformulação das estruturas político-sociais e pela incolumidade dos direitos dos cidadãos, sua reiteração aflige os corifeus dos poderosos do dia.

Faltos de razão e argumentos, acoimam-na de fastidiosa repetição. Condenável é repetir o erro e não sua crítica. Saibam que a persistência dos abusos terá como resposta a pertinácia das denúncias.

Ressaltarei nesta Convenção a liberdade de expressão, que é apanágio da condição humana e socorre as demais liberdades ameaçadas, feridas ou banidas.
A oposição reputa inseparáveis o direito de falar e o direito de ser ouvido.
É inócua a prerrogativa que faculta falar em Brasília, não podendo ser escutado no Brasil, porquanto a censura à Imprensa, ao rádio e à Televisão venda os olhos e tapa os ouvidos do povo. O drama dos censores é que se fazem mais furiosos quanto mais acreditam nas verdades que censuram. E seu engano fatal é presumir que a censura, como a mentira, pode exterminar os fatos, eliminar os acontecimentos, decretar o desaparecimento das ocorrências indesejáveis.
A verdade poderá ser temporariamente ocultada, nunca destruída. O futuro e a história são incensuráveis.
A informação, que abrange a crítica, é inarredável requisito de acerto para os governos verdadeiramente fortes e bem intencionados, que buscam o bem público e não a popularidade. Quem, se não ela, poderá dizer ao Chefe de Estado o que realmente se passa, às vezes de suma gravidade, na intimidade dos Ministérios e dos múltiplos e superpovoados órgãos descentralizados?
Quem, se não ela, investigará e contestará os conselhos ineptos dos Ministros, as falsas prioridades dos técnicos, o planejamento defasado dos assessores? Essa a sabedoria e o dimensionamento da prática com que o gênio político britânico enriqueceu o direito público: Oposição do Governo de Sua Majestade, ao Governo de sua Majestade.
A burocracia pode ser preguiçosa, descortês, incapaz e até corrupta. Não é exclusivamente na Dinamarca, em qualquer reino sempre há algo de podre. Rematada insânia tornar impublicáveis lacunas, faltas ou crimes, pois contamina de responsabilidade governante que a ordena ou tolera.
Eis por que o poder absoluto, erigido em infalível pela censura, corrompe e fracassa absolutamente.
É axiomático, para finalizar, que sem liberdade de comunicação não há, em sua inteireza, Oposição, muito menos Partido de Oposição.
Como o desenvolvimento é o desafio da atual geração, pois ou o Brasil se desenvolve ou desaparecerá, o Movimento Democrático Brasileiro, em seu Programa, define sua filosofia e seu compromisso com a inadiável ruptura da maldita estrutura da miséria, da doença, do analfabetismo, do atraso tecnológico e político.
A liberdade e a justiça social não são meras conseqüências do desenvolvimento. Integram a condição insubstituível de sua procura, o pré-requisito de sua formulação, a humanidade de sua destinação.
A liberdade e a justiça social conformam a face mais bela, generosa e providencial do desenvolvimento, aquela que olha para os despossuidos, os subassalariados, os desempregados, os ocupados em ínfimo ganha-pão ocasional e incerto, enfim, para a imensa maioria dos que precisam para sobreviver, em lugar da escassa minoria dos que têm para esbanjar.
Este o desenvolvimento vivificado pelas liberdades roosevelteanas, inspiradoras da Carta das Nações Unidas, as que se propõem a libertar o homem do medo e da necessidade. É o perfilhado na Encíclica Populorum Progressio, isto é, prosperidade do Povo, não do Estado, que lhe é consectária, cunhando seu protótipo na sentença lapidar: o desenvolvimento é o novo nome da paz.
Desenvolvimento sem liberdade e justiça social não tem esse nome. É crescimento ou inchação, é empilhamento de coisas e valores, é estocagem de serviços, utilidades e divisas, estranha ao homem e a seus problemas.
Enfatize-se que desenvolvimento não é silo monumental e desumano, montado para guardar e exibir a mitologia ou o folclore do Produto Interno Bruto, inacessível tesouro no fundo o mar, inatingível pelas reivindicações populares. É intolerável misitificar uma Nação a pretexto de desenvolvê-la, rebaixá-la em armazém de riquezas, tendo como clientela privilegiada, senão exclusiva, o governo para custeio de tantas obras faraônicas e o poder econômico, particular ou empresarial, destacadamente o estrangeiro, desnacionalizando a indústria e dragando para o exterior lucros indevidos.
É equívoco, fadado à catástrofe, o Estado absorver o homem e a Nação.
A grandeza do homem é mais importante do que a grandeza do Estado, porque a felicidade do homem é a obra-prima do Estado.
O Estado é o agente político da Nação. Além disso e mais do que isso, a Nação é a língua, a tradição, a família, a religião, os costumes, a memória dos que morreram, a luta dos que vivem, a esperança dos que nascerão.
Liberdade sem ordem e segurança é o caos. Em contraposição, ordem e segurança sem liberdade são a permissividade das penitenciárias. As penitenciárias modernas são mini-cidades, com trabalho remunerado, restaurante, biblioteca, escola, futebol, cinema, jornais, rádio e televisão.
Os infelizes que as povoam têm quase tudo, mas não têm nada, porque não têm a liberdade. Delas fogem, expondo a vida ou aguardam aflitos a hora da libertação.
Do alto desta Convenção, falo ao General Ernesto Geisel, futuro Chefe da Nação.
As Forças Armadas têm como patrono Caxias e como exemplo Eurico Gaspar Dutra, cidadãos que glorificaram suas espadas na defesa da lei e na proteção à liberdade. O General Ernesto Geisel a elas pertence, dignificou-as com sua honradez, delas sai para o supremo comando político e militar do Brasil.
A história assinalou-lhe talvez a última oportunidade para ser instituído no Brasil, pela evolução, o governo da ordem com liberdade, do desenvolvimento com justiça social, do povo como origem e finalidade do poder e não seu objeto passivo e vítima inerme.
Difícil empresa, sem dúvida. Carregada de riscos, talvez. Mas o perigo participa do destino dos verdadeiros soldados.
A estátua dos estadistas não é forjada pelo varejo da rotina ou pela fisiologia do cotidiano.
Não é somente para entrar no céu que a porta é estreita, conforme previne o evangelista São Mateus, no Capítulo XXIII, versículo 24.
Por igual, é angustiosa a porta do dever e do bem, quando deles depende a redenção de um povo. Esperemos que o Presidente Ernesto Geisel a transponha.
A Oposição dará à próxima administração a mais alta, leal e eficiente das colaborações: a crítica e a fiscalização.
Sabe, com humildade, que não é dona da verdade. A verdade não têm proprietário exclusivo e infalível.
Porém sabe, também, que está mais vizinha dela e em melhores condições para revelá-la aos transitórios detentores do poder, dela tantas vezes desviados ou iludidos pelos tecnocratas presunçosos, que, amaldiçoam e exorcizam os opositores, pelos serviçais de todos os governos, pelos que vitaliciamente apoiam e votam para agradar ao Príncipe.
A oposição oferece ao governo o único caminho que conduz à verdade: a controvérsia, o diálogo, o debate, a independência para dizer “sim” ao bem e a coragem e para dizer “não” ao mal – a democracia em uma palavra.
Senhores Convencionais:
Do fundo do coração digo-lhes que não agradeço a indicação que consagra minha vida pública. Missão não se pede. Aceita-se, para cumprir, com sacrifício e não proveito.
Como Presidente Nacional do Movimento Democrático Brasileiro agradeço-lhes, aí sim, o destemor e a determinação com que ao sol, aos ventos e desafiando ameaças desfilam pela Pátria o lábaro da liberdade.
Minha memória guardará as palavras amigas aqui proferidas, permitindo-me reportar às da lavra dos grandes líderes Senador Nelson Carneiro e Deputado Aldo Fagundes, parlamentares que têm os nomes perpetuados nos Anais e na admiração do Congresso Nacional.
Significo o reconhecimento do Partido a Barbosa Lima Sobrinho, por ter acudido a seu empenhado apelo.
Temporariamente deixou sua biblioteca e apartou-se da imprensa, trincheiras de seu talento e de seu patriotismo, para exercer perante o povo o magistério das franquias públicas, das garantias individuais e do nacionalismo.
Sua vida e sua obra podem ser erigidas em doutrina de nossa pregação
Por fim, a imperiosidade do resgate da enorme injustiça que vitimou, sem defesa, tantos brasileiros paladinos do bem público e da causa democrática. Essa Justiça é pacto de honra de nosso partido e seu nome é ANISTIA.
Senhores Convencionais:
A caravela vai partir. As velas estão paridas de sonho, aladas de esperanças. O ideal está ao leme e o desconhecido se desata à frente.
No cais alvoroçado, nossos opositores, como o velho do Restelo de todas as epopéias, com sua voz de Cassandra e seu olhar derrotista, sussurram as excelências do imobilismo e a invencibilidade do establishment. Conjuram que é hora de ficar e não de aventurar.
Mas no episódio, nossa carta de marear não é de Camões e sim de Fernando Pessoa ao recordar o brado:

“Navegar é preciso.
Viver não é preciso”.

Posto hoje no alto da gávea, espero em Deus que em breve possa gritar ao povo brasileiro: Alvíssaras, meu Capitão. Terra à vista!
Sem sombra, medo e pesadelo, à vista a terra limpa e abençoada da liberdade.”

Mar 15, 2012

Oh México!

 

(Alfredo Volpi. “Ogiva Azul”)

Empate

O Timão poderia ter vencido o jogo de ontem à noite contra o Cruz Azul do México. Foi muito superior e teve um número enorme de chances para marcar. Não o fez. Paciência. O resultado foi bom, mas poderia ter sido melhor. O time alvinegro é organizado, determinado, quase mecânico e é difícil de ser vencido. Deplorável foi a conduta daquela torcida de mexicanos. Digo a verdade: não tenho nenhuma simpatia pelo México: odeio a comida (rrrrr), não gosto da música deles, não faço turismo por lá, nunca fui atraído por sua literatura, e tenho horror de suas  novelas. Enfim, nada que aponte um pingo de simpatia, exceto pelo apoio que o povo mexicano deu aos republicanos espanhóis contra o facismo de Franco. Mas aquela conduta da torcida, jogando tudo  contra os jogadores, parecia coisa dos anos 1950.
Que triste, México!

Uma cervejinha

Essa discussão sobre bebidas alcoolicas nos jogos da Copa está num estágio maluco. Quem deve decidir se isto é aceitável ou não é o Ministério da Saúde. Ele é o órgão que comanda a política desta área no país. Deputados evangélicos, deputados “do Copo” e “da Copa”,  deveriam deixar este tema em nível secundário. Se o Ministério entender que a bebida alcoolica deva ficar fora destes eventos, que diga isto clarament. E ao Brasil caberia sustentar para a Fifa que aqui é assim. Como em muitos países do mundo, o alcool é vendido com restrições de idade e de local. E a Fifa vai aceitar. Quem luta contra são os fabricantes de bebidas do Brasil e do Mundo.

Como faz a indústria do cigarro, que é muito ativa na defesa do vício e de seus consumidores.

Porta fechada

Os jornais e as rádios vêm dizendo que a nova Direção do Corinthians tomou uma medida exemplar: os Empresários de jogadores não terão mais acesso livre à sala do Presidente, como vinha ocorrendo nos últimos anos. Resultado: muitos aplausos e elogios midiáticos.
Mas, peraí! Isso é elogiativo ou “criticativo”, como diria um membro da arquibancada?
Que dizer de empresários que entravam a qualquer hora na sala da Presidência?  Bela mudança, parabéns!
O problema é que isso não deveria ter ocorrido. Nem na sala do Presidente, nem em outro lugar. A relação com os empresários precisa ser formal, pública e sem esse tom de “meu parceiro”, “meu irmão”. É sobretudo uma relação de negócios. E cada um de seu lado. Sem muita proximidade. Nada de viagens “com amigos empresários”. Parabéns pela mudança.
É melhor mesmo manter distância nesta relação.

Parabéns à USP

Os jornais publicam no dia de hoje, 15/3, que a Universidade de São Paulo está entre as 70 mais prestigiadas universidades do mundo. Segundo o hanking britânico THE, um dos mais importantes na avaliação de instituições universitárias, a USP é a única bem classificada na América Latina.
Parabéns à USP e aos uspianos, mas parabéns mesmo ao Prof. Luiz Gonzaga Beluzo, palestrino de quatro costados, que há vinte e tantos anos, convenceu o Governador Quércia, outro palestrino, a fazer uma lei estabelecendo um percentual do ICMS para cada uma das universidades públicas do Estado de São Paulo (Unesp, 2,45%; Unicamp, 2,29%; e USP, 5,25% da arrecadação do ICMS – Decreto 29.598, de 2/2/1989).
Diferente do que ocorre em todas as outras universidades públicas, que não dispõem de vinculação de receitas para seus orçamentos, as universidades paulistas não precisam correr por todo lado para garantir sua gestão e projetos.
Enquanto as outras faculdades públicas sofrem cortes de orçamento, redução de dotações, contingenciamento etc., as instituições paulistas recebem todo mês seu quinhão do ICMS.
Aí está a razão de a USP ocupar a citada posição de destaque. Unicamp e Unesp, que também são beneficiadas, devem melhorar suas gestões, pois o que não lhes falta é financiamento público. 

Mar 14, 2012

CBF, Europa, Adriano e outras questões.

(El Greco. “Frei Hortensio Felix Paravicino”, 1609)

Jogar na Europa

Essa discussão de que jogador brasileiro deve ir pra Europa para ganhar “aprimoramento” e “visibilidade” sempre dá o que falar.
O jogador Neymar diz que não e, pelo que diz a mídia o técnico Mano Menezes, aprova esta ideia. Não sei se esta Europa em crise, financeira e de futebol, seria um lugar de aprimoramento. É certo que ir para um outro país sempre trará ganho a qualquer pessoa. Nova língua, nova cultura, novos amigos, tudo faz com que o craque cresça. Mas isso vale para todo mundo: técnicos, médicos, preparadores etc.  Agora tenho muitas dúvidas se este é o principal problema do futebol brasileiro. Por outro lado, depende para que Europa vai o jogador. E, principalmente, para que Clube.
Há países e clubes europeus em grande precariedade. Ir para estes é retroceder.

Triunvirato?

A Folha, de ontem (terça), diz que com a saída de Ricardo Teixeira da Presidência da CBF a entidade será dirigida por um triunvirato. Seriam o presidente formal, José Maria Marin, o craque Ronaldo e o Diretor de Futebol da CBF, Andrés Sanches.
Não sei. A Folha deve ter lá suas fontes de informação. Mas, pelo que ouço, o primeiro embate será entre os descontentes (as Federações e o Rio) e o novo Presidente.
Será uma luta dura, valendo tudo. Tudo mesmo!
Consolidado o poder (por um ou outro grupo), este passará a dar as cartas. Podendo até ocorrer uma composição de interesses entre os dois.
Mas não haverá triunvirato nenhum.

60 dias ? É muito.

O Estadão de hoje diz que o Diretor de Futebol Andrés Sanches decidirá, em 6o dias,  se fica na CBF. É muito tempo. Como já disse aqui, ele deveria não ter aceito o cargo. Diretor da CBF é para cartola de clube médio. Que faz composições e acordos o tempo todo. No DNA de cartola do Timão não deve ter este vírus.
O Corinthians, pelo seu tamanho, pela enorme inveja que atrai, é Clube de confronto. E não dá para ficar fazendo média com Vasco, São Paulo, Palestra, Flamengo etc. O Andrés deveria demorar 6 segundos e largar este cargo.
Não ganha nada ficando lá.

Adriano, caninha e bebedeira.

Os jornais de hoje, de forma discreta, mas persistente, dizem que o jogador Adriano teria saído do Corinthians por “bebedeira”, ou “caninha” como falam, reservadamente os Diretores do Timão.
Não deveriam falar nada. O problema de Adriano já era sabido e o Clube, quando o contratou, acreditava que poderia recuperá-lo. Não deu certo.
Pronto. Vamos para outro. Não devemos ficar querendo atacar o jogador para contrabalançar as notícias que sempre aparecem do “prejuízo” que o Clube teve.
A UOL chega a dizer que o atleta custou 12 mil por minuto ao Corinthians. Que ganhou 4,2 milhões etc. Deu errado. Deu prejuízo. Mas poderia dar certo? Poderia.
A falha do jogador já era conhecida. E a do Clube ficou clara em todo o período. Agora, ficar falando em bebedeira é um equívoco. O que poderia fazer o Clube é começar a promover palestras aos jogadores sobre o problema do alcoolismo. Especialmente aos jovens atletas, que aprendem que “uma cerveja” não faz mal. Para isso devem contratar especialistas de bom nome. Não vão querer fazer isso com nosso Departamento Médico. Aí não vai dar certo.
Como não deu com o Adriano.

Tostão

” Adriano só tem chance de jogar futebol, em bom nível, quando tratar, para valer, de seus problemas psíquicos e sociais, por quem entende muito do assunto. Não adianta apenas dar conselhos nem tapinhas nas costas “. Tostão, na Folha de hoje. Escreveu tudo em uma frase curta. Craque no campo e no computador. Viva !

Mar 13, 2012

Que segunda!

(Edgard Degas. “Les repausseses”, 1884, oleo sobre tela)

A saída de Ricardo Teixeira da Presidência da CBF bem que poderia ser um marco para uma grande mudança no futebol brasileiro. Acho que o ideal seria que nossa principal entidade de futebol trilhasse o mesmo caminho do Corinthians. Nossas autoridades federais poderiam estabelecer uma regra – que o Timão adotou – de proibição de reeleição por mais de um período, no nosso caso três anos. E isso deveria ser pra todo o esporte nacional.

No caso do futebol, o colégio votante deve incluir os Clubes da Primeira divisão (Segunda e Terceira, também), como ocorre em todo o mundo. Sem reeleição entrariamos em um novo ciclo do futebol (de todos os esporte, na verdade). Não sei se o Executivo e o Legislativo  topariam fazer uma mudança desta dimensão, mas este seria o momento.

Diretor de Futebol da CBF

Neste blog já disse que o ex-presidente Andrés Sanches não deveria ter aceito o convite para ser Diretor de Futebol da CBF. Como afirmei, não é do DNA de cartolas do Timão ocuparem cargos onde deverão fazer composições, acordos com SPFC, Palestra, Vasco e  Flamengo. Nosso Clube e sua presença social imensa, não permitem um convívio de barganhas e composições. E na Seleção é só isso o que existe.

Cargo na CBF é para Dirigente de Clubes médios, não para gente do Corinthians. Nós nascemos e crescemos no confronto.

E a CBF não é nossa praia.

O problemaço Adriano

Não vou repetir aqui tudo que já falei sobre o caso Adriano. Desde sua contratação pelo São Paulo em 2009, quando recebi uma saraivada de ataques dos tricolores, pois disse que o problema do jogador não era só uma recuperação muscular, mas envolvia outros (e mais graves) problemas, tenho mantido uma posição serena.

Agora, quando o Corinthians anuncia  seu desligamento, não vou mudar tudo o que falei. Não vou culpar o jogador por ele ter um problema. Quando contratamos sabíamos de tudo. Inclusive das dificuldades que o atleta teria para voltar atuar de forma adequada. Não creio que devamos fazer como outro Clube que, frustrado com a não recuperação do jogador, passou a acusar a doença e o paciente.

O Corinthians fez uma aposta. E ela deu errado. Ou porque o paciente era dificil ou porque não nos preparamos adequadamente para superarmos  os problemas. Como é sabido, não é apenas contusão muscular (isso se recupera) ou um pouco de peso. A depressão e o alcoolismo são de superação complexa. E não é coisa para médico ortopedista (isto quando o são).

Não cabe, neste momento, satanizar o jogador, como fará a mídia em geral. O Clube cometeu erros desde o momento da contratação, quando inventou que ele viria sob duas condições: receberia por produção (quer dizer, jogando ganhava); e o Clube poderia rescindir o contrato a qualquer tempo. Não havia nada disso. Era apenas uma mentirinha para acalmar a torcida que era contra.

Conhecendo os problemas do jogador, o Clube deveria ter procurado especialistas de gabarito para tentar resolver suas questões. Mesmo grandes profissionais teriam dificuldades. Mas, enfim, nada deu certo. E nós ficamos sem um atleta nas competições deste semestre. O Clube apostou, não se preparou bem e perdemos.

Vamos pra frente que o leite já foi derramado.

Que Ibope fraquinho!

No último domingo o Palestra goleou mas quase levou ao desespero a TV Globo na sua transmissão direta do Campeonato Paulista. Foi uma audiência fraca. Muito fraca. Que prejudica o futebol como um todo.

Olha a mídia, querendo limpar o passado.

Chega a ser constrangedor ver jornalistas (rádios, tv, jornais e blogs) que ficaram elogiando o ex-Presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ao longo destes anos,  e agora passam a fazer duros ataques a sua gestão. Tudo bem que este fenômeno de atacar quem cai  já é conhecido. Mas deveriam ser mais discretos.

Como também fica ruim para a mídia atacar o jogador Adriano, como se ele e sua doença fossem culpados de tudo. Ninguém na mídia se lembra do que divulgaram – quando da contratação – uma pequena mentira da Direção do Timão: o jogador ganharia por produção e o contrato poderia ser rescindido a qualquer tempo.

Como a mídia divulgou isso – de forma intensa e com elogios – lembrar hoje poderia respingar nas “cordeiríssimas” notícias que deram.