May 10, 2012

Vitória e Secagem

 

(Claude Monet (1840-1926), “Almoço na relva” (1865-66))  (Reprodução)

Retornei há pouco do Pacaembu, onde o Timão venceu o Emelec por 3×0.
Com este resultado o Corinthians avança na Libertadores e enfrentará o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro. O jogo com estádio cheio é sempre melhor. A vibração da torcida, a presença de mulheres,  jovens e pessoas idosas dão sempre uma cor especial ao espetáculo.  Foi isto o que ocorreu no Pacaembu.

O Corinthians, em nenhum momento do jogo, esteve ameaçado pela equipe equatoriana. Os gols foram saindo, sem que o adversário reagisse em qualquer parte dos 90 minutos. Não foi lá uma partida brilhante do Timão mas, também, sempre estava clara sua vitória. A equipe  tem na sua organização (especialmente na defesa e meio de campo) o ponto forte de seu jogo. Vencida esta etapa ,vamos para o jogo contra o Vasco.

Secagem

No Pacaembu, vendo o jogo do Timão, ouvia em meu radinho a transmissão da partida. Que sofrimento da mídia!  É uma bruta torcida contra o Timão o tempo todo. Uma luta contra os fatos,  só para desqualificar o Corinthians. O comentarista da tal rádio lembrava o tempo todo que o Corinthians tinha perdido para o Tolima, que a torcida exigia que ganhasse a Libertadores, que o Timão tinha traumas no Torneio  e aquele blá-blá-blá conhecido.

Acho que estes radialistas deveriam exigir um adicional salarial de sofrimento nos jogos do Timão. Mas este não seria pela dramaticidade do jogo, mas pelo desejo-permanente- de ver o Corinthians perder. E como sofrem! Acho que para a mídia transmitir jogos do Timão é pior do que chegar aos círculos do Inferno da Divina Comédia, de Dante. Ao ver e transmitir os jogos do alvinegro, eles vão assistindo ao desenrolar do horror  dos piores crimes.
E o mal maior, para eles, é o Corinthians vencer.

Intervenção

A mídia anuncia que o Governo decretou uma intervenção branca (informal) no tal Comitê Organizador da Copa.
Nada mais justo. Só o Governo está gastando e sendo cobrado  por todo lado. Não faz sentido a CBF e a Fifa controlarem o negócio onde elas não colocam um mísero tostão. Quando foi anunciada a Copa do Mundo no Brasil o ex-Presidente da entidade brasileira, Ricardo Teixeira, disse que a Copa de 2014 seria “praticamente” privada. O Governo nada gastaria, exceto em aeroportos, policiamento etc.  Nada disso ocorreu (ou está ocorrendo). Só o Governo gasta, em tudo e por todo lado. Estão aí as reformas e construções de estádios para provar. Não há nenhuma grana privada, ou da Fifa e da CBF nessas obras.  Quem banca é o Governo e ele quer mandar. E está certo.
E terá cada vez mais poder.

May 9, 2012

Vai, Corinthians!

 

(Giotto, “Lamentação”)  (Reprodução)

O Corinthians enfrenta hoje o Emelec pela Libertadores.
Lembrei-me de dois gigantes que muito fizeram pelo Timão: Alexandre Magnani, segundo Presidente do Clube (na verdade o primeiro,  porque Miguel Bataglia ficara apenas 15 dias no cargo), que levou o Alvinegro da várzea até a conquista de seu primeiro título, em 1914. Magnani era motorista de tílburi (uma carroça, usada como táxi) e os adversários logo usaram isto para escolher o primeiro apelido para os corinthianos: Time de carroceiros. Magnani foi um heroi do Timão e a ele devemos a consolidação daquele Clube de operários,  que nascia e rompia com o domínio do futebol pela elite. Sempre que temos um jogo importante, lembro-me dele e vivo sua luta decisiva no Torneio, que escolheu um novo membro do Campeonato Paulista. Naquele período, o Corinthians que nascia venceu o Minas Gerais (1×0) e o São Paulo (4×0), chegando a desafio do então maior campeonato do esporte, envolvido em muita luta e dificuldades.
Outro nome de quem sempre me lembro nestes jogos decisivos é Guido Giacominelli, Presidente do Clube no tricampeonato de 1922/1923/1924.
Giacominelli era um imigrante italiano, determinado, briguento e defensor intransigente do Timão. O Clube deve muito a este, que foi o oitavo Presidente alvinegro e que tanto contribuiu para a grandeza do Corinthians. Hoje, no Pacaembu, vamos torcer para que o espírito de luta destes dois herois esteja presente. E vamos vencer.
Vai, Corinthians!

Sem rodeios

O Presidente da CBF, José Maria Marin,  trabalha sem qualquer preocupação de ser delicado.
Ao dizer que não gostou de alguns nomes nas últimas convocações do técnico Mano Menezes, praticamente “chutou o balde”. Como ao explicar que não entendia  de convocações de jogadores, que estavam em times do Leste Europeu  e dos quais “ele nunca havia visto falar”. Ao dizer, como disse, que eram convocações “estranhas”, o Presidente da CBF desqualificou o Técnico. E suas declarações não tem nada de improvisadas.

“Já vi listas que eu mesmo tinha dificuldade para saber quem era determinado jogador”, disse ao Estado, de terça. E completou “Não adianta dizer que tal ou tal jogador está estourando num campeonato totalmente desconhecido. Conheço todos os truques”. Não citou jogadores e campeonatos, mas, convenhamos, não precisava.

Isto é grave. Gravíssimo! Pois são  declarações – sem meias palavras – do Presidente da CBF. Não se trata da opinião de um jornalista, radialista ou de um blogueiro qualquer.

O pior é que  o Sr. Marin fala em todos os lugares o mesmo discurso e para qualquer jornalista. E sem nenhum compromisso de cordialidade com um subordinado. O técnico Mano Menezes, que não é nenhum principiante, já deve ter entendido os constantes recados de Marin.
E não poderá adiar por muito tempo um questionamento da mídia sobre as palavras e atos do Presidente.

May 8, 2012

Gratidão

 

(Jacopo Tintoretto (1518-1594) – Il Furioso, “O festim das bodas”)

Está provocando uma bruta discussão a nova camisa do Corinthians, por conter referência ao mapa de São Paulo.
Os críticos mais ferozes são pessoas que torcem contra o Corinthians, dizendo que o Timão quer ter a maior torcida no Brasil, mas mantém um símbolo regional. Não acho nada disso.
O Corinthians é Paulista até no nome. Tem as cores da bandeira paulista  e apresenta um dado incomum no futebol: mesmo não tendo o nome de sua Cidade é a maior torcida, apesar de haver outro Clube com o nome de São Paulo. Isso não ocorre em quase parte nenhuma do mundo. Em geral, o Clube com o nome da Cidade costuma agregar a maior torcida.
Aqui, não.

Mas o que deveria mesmo a Cidade  fazer seria construir  um enorme monumento ao Corinthians, por ele tê-la salvo do que seria o maior mico de sua história.
Com a construção do seu Estádio, o Clube livrou a Cidade de um dos maiores vexames dos últimos 500 anos. Ficaria fora da Copa do Mundo em 2014, por não ter um local adequado para sediar a competição. Mesmo possuindo a cidade bons hoteis, grandes hospitais, acesso a voos internacionais etc, ficaria fora do evento por falta de estádio. Ainda que sofra todo tipo de crítica, até as mais malucas e absurdas, o Clube está livrando a Cidade do vexame. Daí decorrem expressões como “Estádio do Lula”, “dinheiro público”, “orçamento superfaturado”, “é de uma empresa, não do Corinthians” blá-blá-blá e vão por aí.
Enquanto isso, o estádio alvinegro vai sendo construído e o risco de vexame em 2014 fica cada dia mais longe.

Não devemos nos esquecer, porém, que o Corinthians está correndo todos os riscos para que a Cidade tenha um estádio digno, que faça a abertura da Copa do Mundo. Ficará com uma bruta dívida. E daí? Só um Clube grande e forte como o Corinthians poderia correr semelhante risco. Que a Cidade fica cada vez mais em débito com o Clube, não há dúvidas. E esta será uma dívida eterna.
Incalculável.

Caso Oscar

Quem está acompanhando o caso Oscar-SPFC-Inter-Giuliano Bertolucci deve ficar preparado para novos (e emocionantes lances).
Pelo que leio no Blog do Birner, vem mais briga por aí. Aliás, o Blog apresenta mais discussões jurídicas do que o sítio do Tribunais de Justiça. A Folha, pelo Painel FC, é todo apoio ao SPFC. Não sei o que dará esta briga, sem anjos, nem arcanjos.
Mas será muito interessante acompanhá-la.

May 7, 2012

Dinheiro, futebol e crise

 

(Cícero Dias, “Sonhos” ) (Reprodução)

A enorme crise econômica que atinge a Europa e os Estados Unidos está batendo em cheio no mundo dos esportes.
Com o encerramento da temporada de futebol na  Europa, os Clubes começam a mostrar o  tamanho de seus  déficit. Praticamente todas as equipes estão no vermelho, e  seus acionistas, proprietários etc, terão que tirar dinheiro do bolso para tapar o buraco nas finanças. Mas, tudo fica pior quando olhamos a preparação para a próxima temporada. Muitas empresas estão puxando o freio nos investimentos em futebol. Itália, Espanha, França, Portugal e outros tantos já estão vivendo os perigos de uma nova temporada, com muito menos dinheiro. E os jogadores sabem disso. Ontem, 6/5, na RAI, pela manhã, na transmissão do campeonato, o que mais falavam é… tal jogador vai para o Quatar; outro, para a China… ou outro ainda, para um país árabe.
É o fim de contratos que os Clubes (e os jogadores também) sabem que não serão renovados.

Aqui, pelo Brasil, a mídia (desconectada do mundo) vive publicando balanços dos últimos anos, onde aparecem todos os Clubes com aumento de receitas.
Isto é passado. O mar em que estamos entrando é outro. Veja-se que um grande número de equipes está sem patrocínios em suas camisas. Até nosso Corinthians. E muitos arrumam anúncios apenas por um ou dois jogos. Há uma evidente mudança no mercado, indicando contratos menores com as principais empresas que investem no futebol. E não nos esqueçamos da grande contribuição que deu (nos anos passados) o ex-Presidente Lula, incentivando empresas e mais empresas a anunciarem no futebol. Quase todos os Clubes receberam um empurrão do ex-Presidente para conseguirem melhores patrocínios. Sem Lula na Presidência e com uma crise econômica, o trabalho de conseguir grandes contratos de publicidade ficou mais complicado.

Além de redução em valores dos contratos de publicidade, os Clubes terão de administrar a enxurrada de jogadores brasileiros que estão voltando da Europa.
As declarações de amor à camisa (de qualquer Clube), os discursos do desejo de viver na Pátria etc serão normais nas próximas semanas. E todos aceitarão ganhar um pouco menos. O que não quer dizer muita coisa, pois ganhavam muito nos Clubes europeus em que atuavam.

Estádio

Dirigentes do Corinthians (não sei porque a Folha não publicou seus nomes) desmentiram hoje, na coluna do Painel FC, os valores que a Veja diz serem do contrato de nome do novo estádio.
O Clube, segundo o  jornal, quer um valor equivalente ao contrato com o BNDES (400 milhões). Mas confirmam que as conversas com a cervejeira estão ocorrendo. Esta é uma informação que poderia trazer o nome de quem a deu. Afinal, nada há na matéria que indique necessidade de proteção à fonte.
Só se nada for verdadeiro.

O caso Oscar

O caso do jogador Oscar, com o São Paulo FC, o Inter e o empresário Giuliano Bertolucci (que quase não aparece na mídia) está a cada dia mais interessante.
Tenho acompanhado pelo Blog do Birner as excelente matérias sobre o desenrolar da lide. Recomendo-o, inclusive, aos estudantes de Direito, pois lá temos os detalhes de todo o caso. Agora, vejo que – segundo o blog –  foi um parente do Ministro quem deu a liminar última para Oscar, contra os interesses do Tricolor. Ou melhor, um advogado que trabalha no Escritório de Advocacia que defende o Inter é sogro do Ministro. É um caso complicado. Por todo o lado. Mas será interessante vermos como terminará. Uma coisa o SPFC já ganhou. Pela primeira vez um jogador, que rompe o contrato, não é tratado como um coitadinho, iludido por um Clube. Neste caso, onde está o SPFC, é – para parte da mídia – um ingrato, esperto e coisa e tal.

May 6, 2012

Pedras e Pedreiras

A maior dificuldade que o Corinthians enfrentará nos próximos jogos é a falta de atacantes. Com a saída de Adriano  e a precária condição física de Liedson,  a capacidade de decisão do ataque do Timão fica comprometida. Adriano- como ficou claro no final do campeonato passado- mesmo não estando  cem por cento em forma, poderia ajudar em momentos decisivos. Sua saída (certa ou errado) em pleno início das disputas do ano, e a impossibilidade de reposição, abriu um buraco no ataque. A condição física de Liedson -precária a olhos visto- quase no mesmo espaço de Adriano, agrava o quadro. Restam, no atual elenco, poucas (reduzidíssimas, na verdade) alternativas para o técnico.  E em momento em que  as competições tendem a ficar cada dia mais duras, com jogos mais disputados e mais desgaste dos jogadores. É neste quadro de dificuldade que devemos lutar para superar os adversários e os problemas de elenco que apareceram. Vamos esperar que cada jogador alcance a sua melhor forma para render tudo nos próximos jogos. É acreditar, rezar e torcer.

Nova camisa

Já ouvi de tudo sobre o novo uniforme do Corinthians. Alguns gostaram, outros nem tanto. Visto pela internet- que não dá uma ideia precisa- parece-me bonita. Fui, neste sábado, ao clube- na nossa loja- para compra-lo. E, acreditem, após o barulho enorme pela internet o novo material só estará à venda na terça-feira. Que visão esquisita da Nike ! Faz um barulho de lançamento e não coloca na loja para vender o produto. Falaram-me que é para dar impacto na véspera do jogo de quarta com o time equatoriano. Não entendi muito, mas vamos esperar até lá para comprar.

Zizao

Os que dão uma olhada neste bolg sabem que não achei “uma boa” aquele barulho todo que fizeram com a chegada do jogador chinês, no início do ano. Foi uma barulheira claramente desproporcional a importância futebolística e econômica da contratação. Dizer que com ele o Corinthians abria o mercado chinês era lorota pura. Parecia-pelo tamanho da festa- que o Corinthians estava fazendo uma parceria estratégica com o governo da China. Era nada. Daí não sairia- como não saiu – um contrato ou um negócio. O pior é que ficaram promovendo-com evidente exagero- um jogador que ninguém conhecia. Chegaram a dizer que se tratava de um novo Messi. Como já haviam dito o mesmo do Defrederico ( caríssimo mico )  embora este tivesse pelo menos alguns dvds. Mas a verdade é que além de ninguém conhecer este Zizao, ele  é para lá de azarado. Com uma nova lesão (no ombro, disseram) ficará todo o primeiro semestre sem jogar. Era melhor ter feito uma festa menor.

Estádio

A Veja desta semana traz uma informação, no mínimo, preocupante. Na coluna Radar, tradicionalmente abastecida com informações do Marketing do Corinthians, diz  que, finalmente, o clube  “engatou uma negociação consistente com uma empresa para dar o nome ” do novo estádio. Afirma a revista que o valor seria 40 milhões por contrato de vinte anos, com uma cervejaria. É uma valor muito abaixo do que a direção do Timão andou falando aos quatros ventos. Deste contrato dependerá o valor da dívida que o Corinthians herdará com a construção do estádio. Quanto menor for o arrecadado com o nome, maior será a parcela que sobrará para o Timão pagar de seu caixa.

Ronaldo

O Corinthians encerrou o contrato de publicidade na camisa que manteve nos últimos meses. E, pelo que vemos, aquela noticia de “um contrato com uma montadora coreana, por 50 milhões por ano”, tão propagandeado era…”propaganda”. Da empresa e do Marketing corinthiano.  Como faz falta um Ronaldo, diriam os deuses ! Faz falta, sim. Jogando ou não jogando.

May 4, 2012

Boleirada

 

(Clóvis Graciano (1907-1988), “Colheita”) (Reprodução)

Todo torcedor acha que sabe mais de futebol do que o técnico, o jogador e a Diretoria.
Esta é a regra no futebol e é isso que faz a beleza apaixonante do esporte. Muitos Dirigentes também se acham grandes boleiros, pretendendo entender de táticas, escalações de equipes e tudo o mais. Aí é o perigo. O Dirigente deve organizar o planejamento da temporada de sua equipe, acompanhando sua execução. Programação de treinos devem ser respeitadas, horário e período para tratamento médico etc. E o Dirigente deve evitar a bruta vontade de dar palpite nas escalações. Caso não esteja satisfeito com o trabalho da Comissão Técnica, deve mudar os profissionais. Neste caso, o status do Dirigente deve superar o de torcedor .
É duro, mas às vezes tem que ser feito.

O episódio da “retirada” de um jogador da concentração (e do time) pela Diretoria do SPFC  é uma mostra destes equívocos no futebol.
Como diz hoje o Antero Grecco, no Estado (Sossega Leão), foi uma sequência de erros. “A imposição manda para o lixo o discurso que tão garbosamente se ostenta no Morumbi, de que se trata de um clube diferente, em que decisões são tomadas em conjunto e com base em perspectivas profissionais, modernas e o blablabla manjado”.
Foi coisa de torcedor amador.

Mas não é só no SPFC que essas coisas vivem acontecendo.
No Corinthians, um antigo Dirigente (Sr. Nesi Cury) tinha verdadeira obsessão por escalar times e demitir técnicos (sempre no vestiário). Nesi, que foi o “pai espiritual” das últimas direções do Corinthians, deixou uma marca de atraso para o Clube. Na década de 1960, demitiu o técnico Zezé Moreira no vestiário, por divergências na escalação de um jogador na ponta-direita do Timão. Saindo do jogo, o técnico demitido, disse uma das frases antológicas sobre este problema: “O Corinthians não necessita de técnico, mas de um psiquiatra para tratar a Diretoria”.
Até hoje guardo esta frase, e mantenho distância de Dirigentes com este perfil.

Equilíbrio

Os jogadores brasileiros, apoiados pela imprensa Tapuia, vivem acusando outros times de provocadores, catimbeiros etc.
Com isso, justificam seus descontroles e suas expulsões que tanto prejudicam as equipes. É uma situação sempre complicada, manter os jogadores calmos sem que “percam a cabeça” por excesso de faltas e erros de arbitragem. Este desequilíbrio foi a parte negativa do Corinthians no último jogo no Equador.
Expulsões, cartões etc, levam o grupo a perder a serenidade necessária para atuar bem.

Recordo-me do jogador Kleber que, em jogo contra o River (2003), atravessou o gramado para fazer uma falta infantil e grosseira num jogador argentino, que teria lhe dito uma expressão racista. Eram quase 40 minutos do segundo tempo. O Corinthians ganhava de 1×0; o River empatou na batida da falta e, dois minutos após, fez outro gol. Perdemos a partida e o atleta para o jogo de volta.
Tivemos que escalar um juvenil, que não aguentou a barra e também foi expulso.

Quando disse ontem que Emerson, Jorge Henrique e Castan reclamavam demais do árbitro, ficava pensando no discurso que adotariam se fossem expulsos.
É neste momento que você vê a importância de equilíbrio e de jogadores diferenciados.

Ausência

A dispensa de Adriano e o quadro de dificuldades de Liedson são os maiores pepinos que o Corinthians tem nas próximas partidas.
São dois jogadores que – em boas condições – fazem a diferença da equipe. Sem  eles, ou apenas parcialmente com um deles, abre-se  um buraco difícil de ser preenchido. Lamentavelmente, estas duas situações (saída de um e condição precária de outro) não foram adequadamente previstas e teremos que tocar com o que temos.

May 3, 2012

É quarta.

Edvard Munch (1863-1944) , “O Grito” (1893) (Reprodução)

Em torneio mata-mata, empatar fora é vitória, diz nossa mídia.
Com isso, deveríamos comemorar o empate de ontem, 2/5,  do Corinthians, no Equador. Mas nosso técnico já disse que empatar fora, sem fazer gols, é ruim. Pelo sim ou pelo não, a decisão fica aberta para o próximo jogo no Pacaembu, onde o Timão tem plenas condições de vencer, e pronto.

No jogo de ontem, o ponto alto do Corinthians, foi a organização do time, especialmente da defesa.
O goleiro, que já havia atuado com precisão em jogo do Paulista no Pacaembu, saiu-se bem. E isso é bom, porque transmite tranquilidade a todo o grupo. O juiz foi caseiro, marca registrada dos torneios sul-americanos. Puxa a sardinha para a equipe da casa. Como os jogadores do Corinthians já sabem disso é de se esperar um comportamento equilibrado, mesmo quando o árbitro erra. E alguns jogadores mostraram problemas, dentre eles Emerson, Castan e Jorge Henrique. Reclamações em demasia levam a mais  exageros da arbitragem. E eles não são assim novinhos para que não saibam disso. Com calma, cabeça fria, vamos para a vitória no Pacaembu.

E os lordes, que papelão

O Blog do Birner diz hoje que o jogador Paulo Miranda “foi tirado da concentração” por ordem do Presidente do SPFC.
Viram como é bom ler o Blog do Birner! Além de atualizar-se sobre decisões judiciais, ter informações sobre o Corinthians etc,  ficamos sabendo do que ocorre no Tricolor. Ele não esclarece como o jogador foi tirado. Pelo colarinho? Pode ser. Numa viatura do Clube? Não sei.

Isso que é um Clube moderno, bem organizado. Um exemplo para a humanidade. E pelo que diz o blog , o técnico, não concordava com a Direção. Como lembra um leitor deste blog: o São Paulo é um Banco Central da Bolívia com mania de se achar ser o  Federal Reserve. Nem lembrava desta frase , dita há nos. Mas é atual.

Justa revolta

O presidente Mário Gobbi ficou uma arara com a arbitragem e com as condições do jogo de ontem no Equador.
Disse que a Libertadores é pior que a várzea. Está certo, e é daí para pior. Só não deveria ter dito “isso aqui é povico”, numa crítica aos organizadores locais. Retirada do contexto em que foi dita, pode ser vista como uma crítica  (um tanto pejorativa) ao povo de lá.

História mal contada

A mídia diz no dia de hoje que o ex-delegado Cláudio Guerra  revela  num livro que será lançado atos de barbárie dos tempos da ditadura militar (1964-85).
Diz que muitos presos políticos (dados como desaparecidos) foram assassinados e incinerados em usina de açúcar no Rio de Janeiro. Ele cita que alguns dos dirigentes do PCB (Partido Comunista Brasileiro) foram eliminados desta forma bárbara. Dentre eles cita David Capistrano (velho combatente da Guerra Civil Espanhola (1936-39)), pai do meu amigo David Capistrano, ex-prefeito de Santos, já falecido. Está mais do que na hora das Forças Armadas admitirem seus erros durante a repressão política. Como sabemos, o PCB era dissidente do regime, mas não fazia luta armada. Pelo contrário, combatia a extrema esquerda,  que tinha alguns integrantes na  luta armada. O Partidão dizia que era uma aventura irresponsável. E, o mais curioso, é ler esta notícia e lembrar que os grupos de luta armada classificavam seus adversários (como o PCB) de “traidores da classe operária e da revolução”.
E eles, que defendiam a luta pacífica para a mudança do regime, estavam sendo perseguidos e assassinados como nos revela o livro de Guerra.

May 2, 2012

Melhor é o primeiro jogo …em casa ou …fora

(Victor Brecheret)

O técnico Tite levantou a maior confusão ao dizer que  prefere até perder por 2×1 do que ficar no empate de 0x0.
Está aí uma polêmica que nunca chega ao fim. Nos torneios de mata-mata há todo tipo de opinião sobre o melhor para seu time. Para alguns, o bom será jogar o primeiro jogo fora. Outros, acham que o melhor é fazer a partida em sua casa. Se olharmos as estatísticas veremos que há resultados bons para os dois lados.

Este problema fica agravado quando o regulamento valoriza o gol marcado fora de casa e o usa como um critério de desempate. Assim o bom torna-se jogar fora a primeira partida, mas… se marcar gols! Como diz nosso técnico, mesmo que perca o jogo. O 0x0 passa a ser um resultado ruim. Empate (ou derrota) com gols não chega a ser tão problemático.

O importante para o Timão na noite de hoje é fazer uma boa partida, marcar gols  e vencer. Aí jogaremos no Pacaembu com boa vantagem. É o que esperamos.

Sem Liedson

Liedson é um grande jogador.
Não precisa provar nada para ninguém. Teve na temporada passada grandes momentos e foi decisivo para a conquista do título de Campeão Brasileiro. Como já havia sido grande, no Clube, em 2003. Nesta temporada sua condição física vem atrapalhando seu futebol. Em quase todos os jogos é possível ver da arquibancada o enorme sofrimento do jogador no decorrer da partida. É visível que não se encontra em condições perfeitas para atuar. Com sua saída da equipe no jogo de hoje, o técnico preserva o atleta e procura uma alternativa para o ataque. É uma pena sua saída da equipe. Agrava-se o fato de estarmos inseguros quanto ao seu futuro imediato. Após a saída de Adriano, a perda de um atacante como Liedson seria um duro golpe para o Timão.
Vamos torcer por sua recuperação rápida. A equipe necessita. E muito.

Retornados

Quem estiver dando uma olhada nos  jornais do exterior pela internet, já sabe que muitos dos jogadores brasileiros estão na “linha de tiro” de seus clubes europeus.
Será um “liberô” geral. Até em troca do salário. Com o fim da temporada chegando é  hora de fazer as contas e ver como se livrar dos prejuízos. Não acho que algum clube europeu lute para manter qualquer jogador brasileiro.
E os clubes brasileiros? Serão “aconselhados” pelos empresários locais a “excelentes” negócios para trazer ídolos ao Brasil. O pior é que os clubes daqui acreditam.

May 1, 2012

Mudar ou Morrer

A fórmula de disputa do Campeonato Paulista não agrada (quase) ninguém. Um número grande de clubes, numa primeira fase sem jogos de retorno e uma fase de mata-mata que é só mata, levaram ao descrédito do evento. Há muitos que defendem- pura e simplesmente- o fim da competição. Acho difícil. Muitos interesses seriam feridos e -no atual quadro do futebol- seria improvável.

Há muitos ( e relevantes) motivos que sustentam a manutenção dos campeonatos regionais. O mais fraco é o que se baseia na questão histórica. Campeonatos nascem e morrem. São importantes, perdem a importância e desaparecem.

Mas o Brasil é um pais de dimensões continentais e uma competição regional atende as rivalidades dos locais. Os críticos lembram que na Europa só existe campeonato nacional e não da Catalunha, do Lázio, da Toscana etc. É verdade. Mas são todos países menores que os Estados brasileiros. No campeonato italiano- apenas para citar o mais famoso- as equipes viajam de trem ou ônibus para qualquer partida. Até mesmo no dia do jogo,  uma vez que , as distâncias são pequenas. Apenas um ou outro jogo ultrapassa a quilometragem de São Paulo- Ribeirão Preto.

Mas até os que são pela extinção dos Campeonatos Estaduais defendem alguma mudança na fórmula de disputa. O melhor caminho seria fazer o que foi feito em 2002  com alguns Torneios por regiões do país. Teríamos o Rio- São Paulo e as Copas do Sul, Sudeste, Norte e Nordeste. Foi um sucesso a disputa naquele ano. O Timão- como já é marca do time- venceu a competição na sua primeira edição. Lamentavelmente a tv- por problemas pontuais – resolveu implodir o Rio- São Paulo. E voltamos para a velha fórmula do campeonato por Estados. Foi um lamentável retrocesso na organização do nosso futebol. Se aquele modelo tivesse sido mantido (como fez a Fifa com o Mundial de clubes que começou em 2000), hoje estaríamos numa situação muito melhor.

Um Torneio Rio- São Paulo é sempre atrativo para o público e para a tv. Mas ela não entendeu assim e voltamos para um passado com fórmula vencida. Não acho que as Federações aceitem mudar o campeonato. Isso é obra para os clubes grandes. E eles estão para lá de domados( todos) pelas cúpulas das Federações.

No fígado

A eliminação do São Paulo pelo Santos, dirigido por Muricy Ramalho, deve ter doído muito lá pelos lados do Morumbi. Como sempre leio o blog do Birner ( muito bem informado-pela mesma fonte- sobre o São Paulo e Corinthians)  recordo-me da campanha terrível que fazia um dirigente tricolor contra o técnico. O atual treinador santista sabe de tudo. Nome , posto, profissão etc. Mas esta tática de dirigente tentar derrubar técnico já é antiga por lá. Recordo-me que todas as vezes que tentei falar com Parreira sobre sua passagem pelo Morumbi ele- elegantemente- desconversava. Na época tinha sido -recentemente- campeão do mundo (94) e seu prestígio era imenso. Mas, mesmo com a recusa de Parreira, bem informados do futebol contaram-me como foi a queda do técnico no Morumbi. Os dirigentes fizeram um churrasco com os jogadores e tramaram a derrubada do técnico. E a equipe começou a jogar um futebolzinho vagabundo. Era a trama direção e jogadores. Não tinham coragem de demitir o técnico- educado, cordial e competente- geraram uma crise no futebol para desculpar-se.  Por ai dá para conhecer a conduta deste pessoal. E o técnico Muricy sabe tudo. Nos mínimos detalhes.

Apr 30, 2012

Mi Buenos Aires Querido

Sempre gosto de retornar à Buenos Aires. É uma bela cidade, cosmopolita como São Paulo, e com uma noite de fazer inveja. Bons restaurante – e incrivelmente baratos, se considerarmos os de São Paulo – teatros, livrarias e o tango que dá um sabor forte aos portenhos. Está invadida por brasileiros. Por todo lado só se ouve o português e conversas sobre “reais”. Nas lojas, restaurantes e na rua é uma capital “tomada” por brasileiros. Os paulistas são maiorias e chegam com aquela vontade de fazer compras que deixa todo mundo doido. Compra tudo, em pacotes e poucos discutem os preços. Sabe que está barato e vão naquela arrogância consumista que já virou a marca dos brasileiros. Os gaúchos são minorias .mas não menos indelicados. Tudo que aparece é comparado com algo do Rio Grande. O churrasco ( ou parrilla) o “melhor” é o de Porto Alegre; o caneloni “não tem igual” ao do Rio Grande”; o café da manhã não é igual “ao café colonial” da Serra; e por ai adiante em comparações que só mostra o provincianismo gaúcho. Não chegaram ainda a dizer que o vinho do Rio Grande é melhor que o argentino, mas está perto.

Fui ao Teatro Colón ver a ópera “A Força do Destino”, de Verdi. Bons cantores, boa orquestra, mas uma montagem muito conservadora. Pesada, como gostam os argentinos. Com muita gente no palco (um coral imenso, que poderia ser menor) que faz a produção  perder o impacto que esta obra traz. Mas enfim uma bela montagem num Teatro que os argentinos (com justa razão) amam. É o maior e o melhor teatro de ópera da América, que me perdoem os gaúchos. Uma pena que a crise econômica tenha reduzido o número de produções e também comprometido a qualidade dos elencos.

Os argentinos são muito simpáticos nesta invasão de brasileiros. Quando a discussão é futebol volta sempre o papo de Maradona e Pelé. Isso é uma bobagem. Pelé não participa desta disputa. Esta acima dos deuses do futebol. Sempre gostei do futebol argentino. Considero que o mundo tem duas grandes escolas de futebol: Brasil e Argentina. Acho que somos melhor que eles, pois temos o que falta na Argentina: a presença de jogadores negros. Eles fazem a diferença à favor do Brasil.

Os clubes estão em crise e a seleção também. Faltam craques, dizem eles, que tem o Messi. A fragilidade financeira dos clubes leva a venda de jogadores cada vez mais jovens para o exterior. E a seleção perde. Uma situação que lembra a nossa. Como o Brasil, também estão apreensivos com o desempenho na próxima Copa. Mas acham que farão um bom papel. Vamos ver.

A Copa de 2014 no Brasil é motivo de esperança para os argentinos. Acham que muita gente irá para Buenos Aires – que teria melhor infraestrutura- fugindo de ficar no Brasil. Não acredito. O Aeroporto de Buenos Aires consegue ser mais atrapalhado do que o de São Paulo e a rede hoteleira não é das mais modernas. A banda larga (ou lenta) deles é tão ruim quanto a nossa. Mas a verdade é que eles acreditam que terão um “naco” de vantagens com a Copa. É sonho.