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Jul 18, 2012

Homenagem prematura.

Gregório Lopes, “Martírio de São Sebastião” (1536-38)  (Reprodução)
Gregório Lopes (c. 1490-1550) foi um dos mais importantes pintores renascentistas de Portugal. Formou-se na oficina de Jorge Afonso, pintor de D. Manuel I, posteriormente passando a integrar o grupo de artistas da corte lusa. Pintou altares e painéis religiosos para diversas igrejas e mosteiros de Portugal.

 

Há uma regra na Administração Pública de grande importância e que passa quase sem ser notada.
É a que proibe dar-se nomes de pessoas vivas para ruas, praças, escolas, prédios públicos etc.  Só quem já morreu deve receber este tipo de homenagem. Se os cariocas tivessem seguidos este preceito, não estariam hoje na maior saia justa que o futebol já viveu.

O tal estádio do “Engenhão” recebeu o nome de João Havelange, ex-Presidente da CBD (CBF) e da Fifa.
Havelange sempre recebeu as maiores honrarias da mídia brasileira, em especial dos cariocas, e era quase “uma instituição” do Rio de Janeiro.

Com as confusões reveladas na Justiça  suíça, comprometendo – e muito – a badalada gestão do ex-Presidente, iniciou-se uma campanha para trocar o nome da arena carioca, excluindo o do cartola e rebatizando-a como jornalista João Saldanha.
Há defensores de um e de outro, mas, está aí um problema que seria evitado se os cariocas tivessem seguidos a regra: gente viva não deve ceder seu nome para estádios ou praças públicas.

Sempre haverá o risco de ser contestado e o nome dado passa a comprometer o bem público que “recebeu a homenagem”.

Não sei no que dará esta campanha toda, mas, sempre achei, que a regra de proibição era correta.

O próprio Corinthians que, apressadamente e sem critéiros, deu o nome de um médico para o Centro de Treinamento da Airton Senna, está agora em uma outra saia justa.
O tal “facultativo” é candidato a vice-Prefeito em uma das tantas chapas que estão por aí. Obviamente a escolha para a vaga não se deve por um grande prestígio partidário.

Acho que a regra básica (nada de utilizar nome de vivos)  é o melhor caminho para os locais públicos.
Não valem apenas os elogios da mídia. Eles – em si- não são um bom critério para a escolha de nomes.

Que abatimento

Confesso que estou ficando perplexo com o abatimento de tricolores, santistas e até palestrinos.
Calma, pessoal! O mundo não acabou. Vocês precisam apenas reciclar a lista de piadas e ter um pouco mais de criatividade. Ânimo, gente ! O Brasileirão está aí e tudo pode mudar.
Ou piorar, também.

Jul 17, 2012

Este COB é de morte !

Mirou. “Paisagem com fazendeiros e cavaleiros” (óleo sobre tela)
Anton Mirou (1570–1661?). Nascido em Antuérpia, filho de um boticário, pintor barroco de origem flamenga e de família protestante, notabilizou-se ao registrar paisagens. Em decorrência de conflitos religiosos, radicou-se em Frankenthal, onde formou um grupo de artistas, reunindo Gillis e Pieter van Coninxloo Schoubroeck.

 

Quem acha que os grandes problemas da gestão do esporte brasileiro limitam-se ao futebol,  não conhece os tão falados “esportes olímpicos”.

Enquanto no futebol os dirigentes tem sua conduta diariamente analisada, o que ocorre no vôlei, no basquete, na natação, no atletismo e demais modalidades,  passa quase sem críticas ou holofotes. E esta área (dos chamados esportes olímpicos ou “amadores”) tem as piores gestões.

Foi preciso que um consultor americano, num momento de grande lucidez, dizer  poucas palavras para definir o quadro reinante,  em que é dificil promover qualquer mudança de mentalidade,  pois o sistema é contaminado pela quase perpetuação de presidentes de suas entidades.

Na Folha, de hoje, 17/7,  diz Steve Roush: “Algumas Confederações são governadas pela mesma pessoa durante um longo período. É quase uma operação familiar. É um problema infundir novas ideias, um novo gerenciamento”.

O maior exemplo é o Sr. Carlos Nuzman, presidente que  há quase duas décadas  responde pelo COB, tendo tido antes um longo (e quase interminável) reinado na Confederação Brasileira de Vôlei, onde seguiu os passos de seu papai.

Em quase todas as modalidades, isso se repete, em longo e familiar reinado de dirigentes.

Tudo mantido por dinheiro público.
E com resultados pouco animadores, como vemos nas Olimpíadas, embora o Sr. Nuzman tenha prometido – quando assumiu o COB, lá atrás, há quase 20 anos, que, em “no máximo” 4 anos, seríamos uma “potência olímpica”. Até hoje estamos esperando a chegada do paraíso.

A receita para mudar este quadro é aplicar-se a todas as entidades de esporte (Clubes, Federações, Confederações etc) o princípio adotado pelo Corinthians em seu novo Estatuto: mandato de 3 anos; fim da reeleição; e a limitação para que o Dirigente só possa se recandidatar após 2 mandatos de terceiros (um lapso de 6 anos).

Se aplicada, esta regra produziria uma grande mudança nos esportes olímpicos, refletindo-se também no futebol.
Bastaria ao Governo querer e agir pela mudança na legislação do Esporte.

O Ministro Aldo Rebelo, alegre pela recente vitória do Palestra na Copa do Brasil, poderia enviar um projeto de lei promovendo uma revolução no Esporte.

Vamos lá, Ministro!

May 10, 2012

Vitória e Secagem

 

(Claude Monet (1840-1926), “Almoço na relva” (1865-66))  (Reprodução)

Retornei há pouco do Pacaembu, onde o Timão venceu o Emelec por 3×0.
Com este resultado o Corinthians avança na Libertadores e enfrentará o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro. O jogo com estádio cheio é sempre melhor. A vibração da torcida, a presença de mulheres,  jovens e pessoas idosas dão sempre uma cor especial ao espetáculo.  Foi isto o que ocorreu no Pacaembu.

O Corinthians, em nenhum momento do jogo, esteve ameaçado pela equipe equatoriana. Os gols foram saindo, sem que o adversário reagisse em qualquer parte dos 90 minutos. Não foi lá uma partida brilhante do Timão mas, também, sempre estava clara sua vitória. A equipe  tem na sua organização (especialmente na defesa e meio de campo) o ponto forte de seu jogo. Vencida esta etapa ,vamos para o jogo contra o Vasco.

Secagem

No Pacaembu, vendo o jogo do Timão, ouvia em meu radinho a transmissão da partida. Que sofrimento da mídia!  É uma bruta torcida contra o Timão o tempo todo. Uma luta contra os fatos,  só para desqualificar o Corinthians. O comentarista da tal rádio lembrava o tempo todo que o Corinthians tinha perdido para o Tolima, que a torcida exigia que ganhasse a Libertadores, que o Timão tinha traumas no Torneio  e aquele blá-blá-blá conhecido.

Acho que estes radialistas deveriam exigir um adicional salarial de sofrimento nos jogos do Timão. Mas este não seria pela dramaticidade do jogo, mas pelo desejo-permanente- de ver o Corinthians perder. E como sofrem! Acho que para a mídia transmitir jogos do Timão é pior do que chegar aos círculos do Inferno da Divina Comédia, de Dante. Ao ver e transmitir os jogos do alvinegro, eles vão assistindo ao desenrolar do horror  dos piores crimes.
E o mal maior, para eles, é o Corinthians vencer.

Intervenção

A mídia anuncia que o Governo decretou uma intervenção branca (informal) no tal Comitê Organizador da Copa.
Nada mais justo. Só o Governo está gastando e sendo cobrado  por todo lado. Não faz sentido a CBF e a Fifa controlarem o negócio onde elas não colocam um mísero tostão. Quando foi anunciada a Copa do Mundo no Brasil o ex-Presidente da entidade brasileira, Ricardo Teixeira, disse que a Copa de 2014 seria “praticamente” privada. O Governo nada gastaria, exceto em aeroportos, policiamento etc.  Nada disso ocorreu (ou está ocorrendo). Só o Governo gasta, em tudo e por todo lado. Estão aí as reformas e construções de estádios para provar. Não há nenhuma grana privada, ou da Fifa e da CBF nessas obras.  Quem banca é o Governo e ele quer mandar. E está certo.
E terá cada vez mais poder.

Apr 26, 2012

E o futuro?

 

(Botticelli, “A Calúnia de Apeles”, 1490)

Passou quase sem comentários a informação, vazada pelo tio de Ricardo Teixeira, de que o ex-Presidente da CBF acredita que o Brasil não vencerá a Copa do Mundo de 2014.
É informação importante, trazida pelo Blog do Perrone, e mostra um quadro ruim para nossa Seleção. A perspectiva de uma derrota seria um dos motivos da renúncia e da mudança para os Estados Unidos, organizada e executada pelo ex-Presidente. Não acredito muito que desempenho da Seleção no gramado tenha sido motivo para este gesto inédito de um dirigente esportivo. Acho que as razões foram outras. Mas não deixa de ser relevante a informação de descrédito na Seleção Brasileira por parte de seu comandante.

Não há dúvidas de que o futebol brasileiro não vive um grande momento.
É só olharmos para os campeonatos europeus que, no passado, eram dominados por grandes jogadores brasileiros que, nos dias atuais, não mostram nenhum destaque. Quase todos os brasileiros que atuam no Velho Continente têm atuações apagadas. Muitos são jogadores médios (até ruins), que foram levados por “empresários” através do “bom diálogo” com dirigentes de clubes europeus. Foram contratados pela Europa a partir de uma única referência: são atletas brasileiros. E isso, por muito tempo, foi sinônimo de excelência . Contudo, trata-se de um exército de jogadores, que saíram do Brasil quase sem ser percebidos.

Mas há também as estrelas, badaladas pelo mídia nacional. Qualquer passe, gol ou defesa desses grandes nomes são festejados por aqui. Quase sempre em imagens curtas, que não mostram a real e completa atuação do craque. Mas, mesmo estas estrelas (geralmente lembradas quando o assunto é Seleção), não estão jogando grande coisa.
Outro dia, vendo um jogo do Milan pela RAI, o locutor disse algumas vezes: “Dov´è Robinho?”.  No dia seguinte jornais, rádios e TVs daqui destacavam  a “grande partida” do atacante brasileiro. Kaká vive uma má fase e seu maior destaque limita-se ao twitter de seus familiares. Dizem que seu problema é físico. Pode ser, mas seu desempenho não é diferente dos de Ronaldinho Gaúcho,  Adriano etc.

A maior prova de que não há craques brasileiros na Europa é a luta diária, permanente, compulsiva dos clubes europeus para emprestarem,venderem, darem seus craques para clubes brasileiros.
Com o fim da temporada europeia teremos uma grande  leva de “retornados”. Todos com o mesmo discurso: de amor ao clube e à terra natal. Mas trazendo na bagagem pouco futebol.

Ainda há tempo de montar uma boa Seleção, mesmo sem grandes jogadores?
É o desafio do técnico Mano Menezes. Vamos acreditar na riqueza do futebol brasileiro, que sempre faz nascer craques. E faltam dois anos pra Copa.

99% acertado

A contratação da publicidade na camisa do Corinthians sumiu dos noticiários.
Há algumas semanas, tudo foi dado como tendo 99% acertado com uma montadora coreana. Surgiam inclusive valores (50 milhões  por ano), estratégias, lançamentos etc. tudo foi falado. E, claramente, vazado pelo Corinthians. Teria sido um grito de gol antes do tempo? Pode ser. O marketing sabe que o maior impacto vem do silêncio. Quanto aos vazamentos, estes são muitos, fazendo a coisa perder força. Vamos torcer para que o silêncio das últimas semanas seja indicativo de que o Clube negocia um bom contrato.
É aguardar.

Apr 25, 2012

Choque de direção

(Carybé. “Feira de Água de Meninos”) (Reprodução)

São muitos os que defendem que os times brasileiros contratem técnico estrangeiros para nossas equipes.
Um choque na direção de nossas equipes viria, segundo essas pessoas, com profissionais não vinculados aos vícios de nosso futebol. Não há dúvida de que muitos de nossos problemas estão nos bancos dos times. Bem remunerados, como são os brasileiros, não alteraria muito as finanças dos Clubes se técnicos de fora do Brasil fossem contratados. Juca Kfouri radicaliza, no dia de hoje, 25/4, e, em seu blog, defendendo a contratação de Guardiola para a Seleção Nacional. Aí já acho difícil.

Não há dúvida que uma mudança traria um sopro de renovação ao nosso futebol, que anda precisando tanto de mudanças (inclusive dentro de campo).
Para a evolução técnica do esporte seria positivo novas formas de atuar, novas táticas, e novas técnicas de treinamento. Certamente, os italianos ajudariam muito nossos defensores a melhorar sua maneira de atuar. Ganharíamos mais eficiência na defesa. Técnicos argentinos, espanhóis, sérvios etc poderiam muito contribuir para o progresso de nosso futebol.

Mas, diferente do que pensa  o Juca, isso deveria iniciar-se pelos Clubes.
E com técnicos de várias nacionalidades. Afinal, não vamos acreditar nesta bobagem que só por aqui se joga um bom futebol. Ajudaria os Clubes, também, na redução de salários dos técnicos brasileiros, que são incompatíveis com  a condição econômica  das agremiações.

A chegada de técnicos estrangeiros seria um vento renovador para nosso futebol. Mudaria inclusive a relação com a imprensa. Talvez aí esteja um problema grande pela frente.

CBF em mudança

A interferência do novo Presidente, José Maria Marin, na preparação de nossas seleções já está chegando em todas as áreas da entidade.
Após a sua ordem, que vai querer a lista de jogadores convocados para a Seleção em 48 horas antes de sua divulgação (para estudar, certamente), o novo Presidente mostra que já opina sobre tudo. O técnico Mano Menezes – como era esperado – não reagiu à comunicação na imprensa sobre convocações. Ficou mudo. Como também não falou nada o Diretor de Seleções, Andrés Sanchez, mesmo sabendo que a ordem foi mais para ele do que para o técnico. Mas o presidente Marin avança. Até nas questões de imprensa. E na política encontrou o caminho que chega ao Governo: o vice-presidente Michel Temer. São-paulino roxo, fala – e muito – com o Presidente da CBF. Com isso, o tradicional esforço dos cartolas de aproximação com o ex-presidente Lula ou com o Ministro do governo Dilma  foi substituído por uma via sem intermediários,  que o Presidente Marin conhece bem. Pode não ser a melhor. Mas é a dele.

Valha-me, São Jorge!

Que semana complicada para os times que gozam a proteção de São Jorge!  
No domingo, foram o Corinthians e o Genova. Ontem, o Barça. Deve estar ocorrendo alguma briga feio contra o dragão, lá nas alturas. Por aqui o Corinthians deve seguir a máxima dos beneditinos: Reza e trabalho.
É o caminho.

Apr 24, 2012

O chá dos co-irmãos

 

(Anita Malfatti, “A Boba” (1915-16))

A mídia informa que, ontem, numa churrascaria, os quatro maiores Clubes da Cidade (Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos) fizeram as pazes.
Em tom conciliador, o Presidente do São Paulo FC, Juvenal Juvêncio,   e o ex-Presidente do Corinthians, Andrés Sanches, falaram, especialmente, da necessidade de união dos Clubes. Não há qualquer surpresa nisso tudo.

A relação do grandes clubes sempre foi marcada por uma política, digamos assim, de “duas faces”. Uma pública, onde o Dirigentes fazem provocações e até críticas aos adversários, e outra – reservada, onde se abraçam,  combinam tudo, e justificam suas declarações públicas.  Esta é a linha adotada por todos.
Inclusive pela atual Direção do Corinthians.

O único beneficiado por esta relação hipócrita é o São Paulo.
Ele junta todos e exerce uma liderança imposta por uma alegada superioridade cultural, pessoal, postural, econômica  etc. É um engodo que favorece aos tricolores e o maior prejudicado sempre é o Corinthians.

E isto não é de hoje. Recordo-me, quando era Diretor de Futebol, recebia críticas por todo lado (inclusive dentro do Timão) pela minha postura diante do SPFC.
O grupo do vice Nesi Cury, do qual a Direção do Corinthians dos últimos 4 anos é ramificação, exercia uma cobrança quase diária pela relação com o São Paulo. A cada fato era dito “precisamos respeitar o São Paulo” ,  “o SPFC é nosso co-irmão”, “vou ligar pro fulano, presidente do SPFC e explicar …” . Esta linha era majoritária no Clube e nos colocava em um posição subalterna perante um de nossos adversários. O auge do equívoco era narrado pelo Sr. Nesi e companhia,  fora um jantar oferecido, nos anos 60 no Parque São Jorge, para o Presidente do São Paulo, Laudo Natel. Entre elogios e palmas foi decidido que muitos conselheiros comprariam carnês da construção do Morumbi, bem como cadeiras cativas. Sempre fui duro crítico deste jantar e não perdia oportunidade de falar da vergonha dele ter ocorrido. Mas esta relação “amistosa” com o São Paulo sempre foi a marca do grupo. Recordo-me do Campeonato Paulista de 2003, quando a Federação queira (porque queria) ver o São Paulo campeão. Com um regulamento confuso, deu interpretações todas favoráveis ao SPFC. Nós reagimos, embora internamente muitos defendessem que deveríamos ficar calados. Tive que assumir, por  um dia, a Presidência do Clube para encaminhar um recurso a um órgão da Federação que decidiria sobre a matéria. Sabíamos que perderíamos mas, a partir daí,  poderíamos recorrer à CBF e lá o jogo seria outro. Foi o que ocorreu. No julgamento, em São Paulo, todos os Clubes votaram contra o Corinthians e a favor do Tricolor. Até o Palmeiras, que se dizia inimigo dele. A reunião serviu, no entanto, para que pudéssemos recorrer ao Tribunal da CBF. Serviu, também, para que se pudesse dizer, que, naquele momento eu me lembrava que o Corinthians fora o único Clube  solidário com o Palestra,  quando queriam (quem?) tomar o  Parque Antartica. Relembrei a reunião do Conselho Corinthiano e os membros da delegação que foram até a Rua Turiassú levando nossa solidariedade. Foi um constrangimento geral.
Mas recorremos, ganhamos no Rio e principalmente vencemos no campo, para desespero do tricolor.

Nos últimos 5 anos, a política do Corinthians não foi  muito diferente, embora, para efeitos públicos, houvesse brigas para cá e para lá.
Brincadeiras de “bambi”, uma ou outra crítica, eram seguidas de telefonemas para a Direção Tricolor, conforme os própios dirigentes do SPFC vazavam para a mídia. Era a mesma politica de “duas faces”, que os cartolas tanto gostam. No entanto, com aquele episódio dos ingressos, houve um certo momento onde o atrito (que deveria ser permanente) aflorou. Pressionados pela torcida, e diante de uma decisão equivocada dos tricolores, a Direção corinthiana teve um momento de radicalização. Isso não impediu, no entanto, os permanentes elogios ao marketing e à estrutura do SPFC. Mesmo na questão do estádio, o Corinthians apoiou o SPFC para a reforma do Morumbi.  Aquela cerimônia no gramado do estádio com o Presidente Lula, a Direção do São Paulo e outros dirigentes teve como seu maior destaque  o ex-Presidente do Corinthians, Andrés Sanchez. Somente com a posição firme – e correta- da Fifa a questão do estádio teve outro encaminhamento.
E nisso o Presidente Lula foi o motor que mudou o quadro.

Ao se reunirem, em almoço (poderia ser um chá), os Dirigentes, especialmente do Corinthians, subscrevem uma política errada, que dá a liderança ao São Paulo.
Não há qualquer motivo para não mantermos distância de nossos adversários. Até a questão da TV não necessita mais de “união de Clubes”.
É cada um por si e a Globo do outro lado.

Nem a Diretoria passada, que adotou o esquema de “duas faces” na relação com o São Paulo, nem a Diretoria atual, que – sinceramente – não mantem nenhuma postura para confrontar-se com o Tricolor, agem de forma  correta com os interesses do Corinthians. Sou contra ficar fazendo qualquer provocação barata entre os grandes Clubes, mas sou especialmente contra criar-se esta geleia geral onde todos são irmãos e iguais. Nada disso!
É confronto e pronto.

 

Apr 20, 2012

A rosca do parafuso

 

(Georgina de Albuquerque (1885-1962)) (Reprodução)

A declaração feita aos jornalistas, no dia de ontem, sobre a Seleção, pelo  atual presidente da CBF  José Maria Marin, não deixa dúvidas.
O novo grupo no poder na entidade não está para brincadeira. “Quero ver a lista (de convocados) antes da divulgação oficial”, disse Marin.  E ponto final. Sinal mais claro de mudança, e  que o parafuso está apertando pelos lados da Seleção Brasileira de Futebol, não precisa mais ser destacado. Completou Marin: “Não vou  convocar nem escalar ninguém…  mas hierarquia é fundamental e quero ver a lista antes… não abro mão”.
Mensagem mais direta não poderia ser dada.  O técnico Mano Menezes sabe o que o presidente fala de seu trabalho e que  sua vida não será fácil na direção da seleção. O diretor de seleção Andrés Sanchez (que antes falava em autonomia de seu trabalho) já percebeu que a área está minada. A forma Marin de administrar é essa. Vai, pouco a pouco, tomando pé das coisas e criando formas de controlar.  O que fará ao receber a lista? Vai ver o horóscopo de cada jogador? Procurar algum conhecido de Santo Amaro ? No início, nada fará.
Mas, vai avançando até os incomodados pedirem pra sair.

E o Triunvirato?

A entrevista do ex-secretário da CBF, Marco Antonio Teixeira,  hoje, no blogdoperrone.blogosfera.uol.com.br, responde muitas das perguntas para os que querem entender as mudanças da CBF.
Aquela fantasia (de um triunvirato na CBF) anunciada pela Folha, no dia posterior à renúncia do ex-presidente Teixeira, cai por terra. Acho que a UOL (que anda errando muito na questão do estádio do Timão) deveria colocar uma chamada – o dia todo – em seu portal. A ideia dos cartolas de deixar qualquer mudança no nosso futebol para depois da Copa está cada dia mais ameaçada. E a entrevista do tio de Teixeira mostra a complexidade dos acordos para costurar o futuro. Interessante é ver que hoje todos reconhecem o efeito devastador da entrevista do ex-presidente na Revista Piauí. O futebol vivia num mundo próprio, com uma ou outra voz em contrário.
Bastou uma jornalista – que estava fora do futebol- fazer uma matéria e o caldo entornou.

Mata-mata

Começa, neste final de semana, uma nova fase no futebol brasileiro.
Vencido o período de classificação das principais competições agora é matar ou matar. O Corinthians – que venceu bem – a etapa inicial vai – num bom momento – para as disputas mais complicadas. Vamos torcer, porque, domingo  começa a aumentar a emoção. E temos boas condições de avançar. Até hoje não sei se o melhor é fazer o jogo decisivo em casa ou fora. Nem os técnicos têm opinião comum nesta história se “é melhor a primeira partida em casa”  … “melhor a primeira partida fora”. Há exemplos positivos e negativos dos dois lados. Creio que o importante é estarmos num bom momento. E esquecer esta bobagem de que a Libertadores é diferente… blá-blá-blá.
Vamos jogar bola. E pronto.

 

Apr 18, 2012

Mudanças: sim ou não

 

(Juan Miró)(Reprodução)

Para a  maioria dos Dirigentes de Clubes e Federações não devemos discutir qualquer mudança no futebol brasileiro: tudo ficaria para depois da Copa de 2014.
A renúncia, e mudança para Miami, do ex-presidente Ricardo Teixeira desorientou  todo mundo. Liga, novo Clube dos Trezes, projetos A, B, C foram todos para o arquivo. Dirigentes que eram inimigos (na maioria das vezes só para efeito público) voltam a sorrir e a se abraçar. É hora de curar as feridas, pois a renúncia atingiu todo mundo. Fica apenas a esperança de  que as coisas continuem no mesmo lugar, sem grandes solavancos.

Mas já aparecem dois fatos que podem antecipar as mudanças no futebol brasileiro, desrespeitando a trégua até o final da Copa .

O primeiro fator preocupador é o governo com sua ideia de editar  uma nova legislação para o esporte. É uma mudança que atingiria em cheio o “poder” nos Clubes, Federações e Confederações. A declaração do Ministro Aldo Rebelo, ontem no Estadão, provocou urticária em muitos Dirigentes. Uma nova legislação pode democratizar os Clubes e Federações e trazer uma dose grande de transparência na gestão esportiva.  Os dirigentes pouco podem fazer , além de figa. Se o Governo for em frente será um transtorno – e grande- para a cartolagem.

O segundo ponto que preocupa é esta disputa por um vice na CBF. O que parecia pacífico, sem problemas, pode tornar-se numa sinalização do novo poder no futebol. Embora todos digam que as decisões ficam para o pós- Copa, as pedras no tabuleiro estão sendo colocadas agora. E haverá reações. Quais e de onde nós veremos mais claramente nas próximas semanas.
Mas a consolidação do poder “Marin” nesta gestão pode ser, também, uma reeleição fácil de seu grupo em 2014.

Fritando

As declarações do presidente Marin – no início discretas, agora quase públicas -,  sobre o técnico da Seleção, Mano Menezes, são constrangedoras.
O novo presidente da CBF não esconde – de ninguém – que não gosta de Mano. Por enquanto o técnico está “fingindo-se de morto”, mas, se vierem maus resultados e a campanha continuar, não terá como não falar. Neste caso, o presidente Marin não se mostra nada discreto e cordial.
É crítica o tempo todo.

Caso Oscar

Quem acha que teremos emoções somente no “Caso Cachoeira” é porque não está acompanhando a confusão Oscar-SPFC-Inter-Bertolucci.
Já apareceu de tudo: gravações, traições, contratos frios, comissões, participações, decisões judiciais  e tudo mais. Não perco nenhum lance, acompanhando a mídia, inclusive o www.blogdobrirner.net. Este vive um momento raro: parece o Consultor Jurídico, com decisões, sentenças, opiniões de juristas etc.
E vêm mais emoções por aí.

O UOL fraquinho

Hoje pela manhã fui dar uma olhada no UOL para ver a notícia do dia sobre as “dificuldades” do estádio do Corinthians.
A matéria do dia está fraquinha: “Para MP, lista de obras sociais do Corinthians não preenche padrão de acordo judicial”. Fraca, não? Estava esperando que anunciasse que o foguete da Coreia do Norte, lançado recentemente, estava se dirigindo para Itaquera e o choque destruidor estava por ocorrer. Bom, menos mau.
Vamos aguardar a matéria de amanhã.

Publicidade na camisa

Nos últimos meses foram publicados notas e notas sobre o novo patrocinador da camisa do Timão.
Há um mês o assunto esquentou e a mídia – praticamente toda – garantia um contrato do Clube com uma montadora coreana. Números, prazos e estratégia de marketing, tudo foi anunciado em jornais, rádios, TVs e blogs. Passados alguns dias o assunto desapareceu. Hoje ninguém fala mais nada. É possível que a atitude certa seja a dos dias atuais. Bico calado até terminar a negociação. Aquela divulgação prévia – de que tanto o marketing gosta – não ajudou em nada ao Clube.
Só as empresas ganham com as divulgações antecipadas.

 

Apr 17, 2012

O Estado pode mudar o futebol

 

(Djanira da Motta e Silva) (Reprodução)

Durante décadas, os clubes de futebol, as Federações e os Dirigentes alimentaram a balela de  que a Constituição garantia a eles “autonomia” e poderiam fazer o que quisessem.
Sem qualquer controle do Estado. Era, segundo os Dirigentes, um mundo auto-regulado, sem interferências de ninguém. Diziam-se “entidade privadas”, imunes a qualquer controle ou regulamentação. Uma parte significativa da mídia entrou nesta lorota, que era um dogma do futebol. Com esta  “interpretação criativa” da cartolagem chegou-se  a dizer que não poderia haver CPI sobre o Futebol, pois a autonomia seria atingida.  
Puro equívoco.

No último dia 23 de fevereiro, o Supremo Trinal Federal, enterrou – de uma vez – este conjunto de ideias malucas dos Dirigentes. Ao julgar a constitucionalidade do Estatuto do torcedor, o STF disse que o Estado pode legislar sobre Futebol e tudo mais. Não poderia ser diferente. Aquela autonomia das entidades, de que fala a Constituição de 1988, é mero instrumento ou meio para a concretização do esporte, definido como direito do cidadão. A ideia de que a regulamentação do Poder Público é uma “interferência estatal no funcionamento das associações desportivas” caiu por terra.
E mais , o Estado pode e deve regulamentá-las.

Hoje, em longa entrevista no Estadão, o Ministro Aldo Rebelo diz que o que mais incomoda o Governo é a ” perpetuação de cartolas no comando das entidades”.
Períodos de “10, 15, 20 anos de uma pessoa na mesma cadeira são considerados um abuso”. Entre outros pontos, este fará parte de um conjunto de normas e diretrizes que regulamentará a Gestão de Clubes, Federações e Confederações. Viva! O Governo, finalmente, entendeu que pode mudar o Futebol. E, após a decisão do STF, caiu por terra qualquer pretensão “independentista” do esporte. Será uma grande revolução se o Governo inovar e estabelecer normas para o estatuto das entidades desportivas.

O fim da reeleição de Dirigentes deve ser um objetivo claro. Sugiro que seja adotado o modelo do Corinthians: os dirigentes têm um mandato de 3 anos, sem reeleição, somente podendo recandidatar-se após 2 gestões. Isto deveria valer para Clubes,  Federações e Confederações. E também deveria estabelecer novas normas de transparência e controle destas entidades. Seria uma revolução e tanto no Esporte brasileiro.

Devemos lembrar que os problemas no Futebol são de menor grau quando comparados aos de  outras modalidades. No Futebol, o torcedor e a opinião pública estimulam mudanças, especialmente em clubes grandes. Em outros esportes olímpicos o quadro é desolador. Veja-se o COB, onde há mais de décadas e décadas segue o domínio do Sr. Nuzman. Nas Federações não é diferente.

O Ministro Aldo Rebelo poderá fazer uma revolução.
E será um marco no Futebol. O Estado pode mudar o Futebol. Só é preciso querer. Nas últimas décadas, os Ministros da área queriam ser paparicados pelos cartolas. E isso os Dirigentes esportivos  sabem fazer muito bem. É trocar festas e elogios por uma revolução. Vamos torcer para que o Ministro faça a sua.
O Futebol agradecerá.

Apr 11, 2012

Líbia tropical

(Tarsila do Amaral)(Reprodução)

Após a renúncia do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira,  e sua mudança para os Estados Unidos, a principal entidade de nosso futebol ficou numa situação de “caos do poder”.
Caos similar ao vivido na Líbia, desde o final do governo Kadafi  aos dias atuais. Há um número incalculável de grupos brigando, cada um defendendo seu espaço. Os órfãos do ex-presidente juraram fidelidade ao novo dirigente (Marin), com o anterior afirmando que tudo continuaria tranquilo e bem. As Federações dividiram-se entre os nomes, mas todas continuam querendo manter seu status. Os clubes, que nunca apitaram muito, passaram a lutar por um espaço maior. Poucos acreditavam que o presidente Marin conseguiria sobreviver por algum tempo. A Folha, por exemplo, dizia que a entidade seria dirigida por um triunvirato.

O novo presidente – que não é nenhum iniciante – sentiu a insegurança de todos os grupos e passou a compor com cada um. Sua meta é equilibrar o barco e navegar com pouca velocidade. Mas não significa que esteja parado. Compõe com todos, mas não satisfaz (em 100%) a nenhuma das pretensões. Começou, aos poucos, trocando nomes, aproximando-se de Federações, agradando clubes, enfim, pretendendo acalmar a todos.
Em suma só quer uma coisa: continuar no cargo.

Esta política de aparente pacificação cancelou todos os projetos futuros de vários grupos do futebol brasileiro.
Com isso os clubes jogaram a Liga para o espaço; arquivaram a reconstrução do Clube dos 13. Nada mudará! Nenhuma mudança no futebol brasileiro até a Copa do Mundo. Nada de revolucionário virá, somente se tocará o barco até chegar 2014. Mas o futebol é um esporte que apresenta surpresas (nos campos e nos escritórios).
A Seleção Brasileira, e seu sucesso ou fracasso, é o motor para todo tipo de festa ou choro. E nossa Seleção está numa situação pior do que o quadro herdado com a saída de o ex-presidente Teixeira. E aí mora o perigo.  O novo presidente “não vai com a cara” do técnico atual, Mano Menezes. Não vai demiti-lo por qualquer motivo. Mas, se algum motivo aparecer (uma derrota), ele dança.
O artigo do Antero Grecco (“Fogo Brando”), no Estadão de hoje, 11/4,  mostra bem este quadro. E uma mudança de técnico sempre traz turbulências. Maiores ainda, se estiver próxima a Copa do Mundo.
É esse o problema do novo presidente da CBF: mudar devagar, sem fazer barulho, para não provocar a ira de vários grupos de nosso futebol.

Consultor Jurídico?

Sempre que posso dou uma olhada no blog do Birner (www.blogdobirner.net).
Ele tem muitas fontes no São Paulo e – principalmente – no Corinthians (basicamente em sua Diretoria). Por esta razão, traz boas matérias. Mas confesso que, esta semana, tomei um susto. Seu blog só tem notícias jurídicas. Advogados falam, Juízes declaram, Desembargadores afirmam, Ministros despacham etc. Tudo pela luta judicial, que ocorre entre  São Paulo-Oscar-Inter. Parece um suplemento do Consultor Jurídico.
É bom, mas inusual.

Sem sigilo

Fez bem a Odebrecht em concordar com o Banco do Brasil e abrir o sigilo bancário do contrato de financiamento do BNDES para a construção do estádio do Corinthians.
Não é comum, para ser mais preciso, nunca vi isso. Mas é o melhor caminho. O Banco empresta para todos; a linha de crédito é conhecida; os juros são os cobrados em qualquer contrato similar e a forma de pagamento também é usual. O Banco do Brasil é somente um agente obrigatório para este tipo de contrato. Seu ganho é seguro e seu risco é nulo. Imagino com que dor no coração o UOL colocou esta nota no seu portal na manhã de hoje (11/4/12). Veja que diferença: quando falavam da reforma do Morumbi o São Paulo apresentou o Banco que participaria da operação. Sinceramente, não me lembro nem do nome. Era um Banco de internet, que trabalha com câmbio em lojas da cidade. Mas isso não significa nada.
Vão continuar falando aos borbotões, porque a dor é muito grande.

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