Mudar ou Morrer
A fórmula de disputa do Campeonato Paulista não agrada (quase) ninguém. Um número grande de clubes, numa primeira fase sem jogos de retorno e uma fase de mata-mata que é só mata, levaram ao descrédito do evento. Há muitos que defendem- pura e simplesmente- o fim da competição. Acho difícil. Muitos interesses seriam feridos e -no atual quadro do futebol- seria improvável.
Há muitos ( e relevantes) motivos que sustentam a manutenção dos campeonatos regionais. O mais fraco é o que se baseia na questão histórica. Campeonatos nascem e morrem. São importantes, perdem a importância e desaparecem.
Mas o Brasil é um pais de dimensões continentais e uma competição regional atende as rivalidades dos locais. Os críticos lembram que na Europa só existe campeonato nacional e não da Catalunha, do Lázio, da Toscana etc. É verdade. Mas são todos países menores que os Estados brasileiros. No campeonato italiano- apenas para citar o mais famoso- as equipes viajam de trem ou ônibus para qualquer partida. Até mesmo no dia do jogo, uma vez que , as distâncias são pequenas. Apenas um ou outro jogo ultrapassa a quilometragem de São Paulo- Ribeirão Preto.
Mas até os que são pela extinção dos Campeonatos Estaduais defendem alguma mudança na fórmula de disputa. O melhor caminho seria fazer o que foi feito em 2002 com alguns Torneios por regiões do país. Teríamos o Rio- São Paulo e as Copas do Sul, Sudeste, Norte e Nordeste. Foi um sucesso a disputa naquele ano. O Timão- como já é marca do time- venceu a competição na sua primeira edição. Lamentavelmente a tv- por problemas pontuais – resolveu implodir o Rio- São Paulo. E voltamos para a velha fórmula do campeonato por Estados. Foi um lamentável retrocesso na organização do nosso futebol. Se aquele modelo tivesse sido mantido (como fez a Fifa com o Mundial de clubes que começou em 2000), hoje estaríamos numa situação muito melhor.
Um Torneio Rio- São Paulo é sempre atrativo para o público e para a tv. Mas ela não entendeu assim e voltamos para um passado com fórmula vencida. Não acho que as Federações aceitem mudar o campeonato. Isso é obra para os clubes grandes. E eles estão para lá de domados( todos) pelas cúpulas das Federações.
No fígado
A eliminação do São Paulo pelo Santos, dirigido por Muricy Ramalho, deve ter doído muito lá pelos lados do Morumbi. Como sempre leio o blog do Birner ( muito bem informado-pela mesma fonte- sobre o São Paulo e Corinthians) recordo-me da campanha terrível que fazia um dirigente tricolor contra o técnico. O atual treinador santista sabe de tudo. Nome , posto, profissão etc. Mas esta tática de dirigente tentar derrubar técnico já é antiga por lá. Recordo-me que todas as vezes que tentei falar com Parreira sobre sua passagem pelo Morumbi ele- elegantemente- desconversava. Na época tinha sido -recentemente- campeão do mundo (94) e seu prestígio era imenso. Mas, mesmo com a recusa de Parreira, bem informados do futebol contaram-me como foi a queda do técnico no Morumbi. Os dirigentes fizeram um churrasco com os jogadores e tramaram a derrubada do técnico. E a equipe começou a jogar um futebolzinho vagabundo. Era a trama direção e jogadores. Não tinham coragem de demitir o técnico- educado, cordial e competente- geraram uma crise no futebol para desculpar-se. Por ai dá para conhecer a conduta deste pessoal. E o técnico Muricy sabe tudo. Nos mínimos detalhes.
Mi Buenos Aires Querido
Sempre gosto de retornar à Buenos Aires. É uma bela cidade, cosmopolita como São Paulo, e com uma noite de fazer inveja. Bons restaurante – e incrivelmente baratos, se considerarmos os de São Paulo – teatros, livrarias e o tango que dá um sabor forte aos portenhos. Está invadida por brasileiros. Por todo lado só se ouve o português e conversas sobre “reais”. Nas lojas, restaurantes e na rua é uma capital “tomada” por brasileiros. Os paulistas são maiorias e chegam com aquela vontade de fazer compras que deixa todo mundo doido. Compra tudo, em pacotes e poucos discutem os preços. Sabe que está barato e vão naquela arrogância consumista que já virou a marca dos brasileiros. Os gaúchos são minorias .mas não menos indelicados. Tudo que aparece é comparado com algo do Rio Grande. O churrasco ( ou parrilla) o “melhor” é o de Porto Alegre; o caneloni “não tem igual” ao do Rio Grande”; o café da manhã não é igual “ao café colonial” da Serra; e por ai adiante em comparações que só mostra o provincianismo gaúcho. Não chegaram ainda a dizer que o vinho do Rio Grande é melhor que o argentino, mas está perto.
Fui ao Teatro Colón ver a ópera “A Força do Destino”, de Verdi. Bons cantores, boa orquestra, mas uma montagem muito conservadora. Pesada, como gostam os argentinos. Com muita gente no palco (um coral imenso, que poderia ser menor) que faz a produção perder o impacto que esta obra traz. Mas enfim uma bela montagem num Teatro que os argentinos (com justa razão) amam. É o maior e o melhor teatro de ópera da América, que me perdoem os gaúchos. Uma pena que a crise econômica tenha reduzido o número de produções e também comprometido a qualidade dos elencos.
Os argentinos são muito simpáticos nesta invasão de brasileiros. Quando a discussão é futebol volta sempre o papo de Maradona e Pelé. Isso é uma bobagem. Pelé não participa desta disputa. Esta acima dos deuses do futebol. Sempre gostei do futebol argentino. Considero que o mundo tem duas grandes escolas de futebol: Brasil e Argentina. Acho que somos melhor que eles, pois temos o que falta na Argentina: a presença de jogadores negros. Eles fazem a diferença à favor do Brasil.
Os clubes estão em crise e a seleção também. Faltam craques, dizem eles, que tem o Messi. A fragilidade financeira dos clubes leva a venda de jogadores cada vez mais jovens para o exterior. E a seleção perde. Uma situação que lembra a nossa. Como o Brasil, também estão apreensivos com o desempenho na próxima Copa. Mas acham que farão um bom papel. Vamos ver.
A Copa de 2014 no Brasil é motivo de esperança para os argentinos. Acham que muita gente irá para Buenos Aires – que teria melhor infraestrutura- fugindo de ficar no Brasil. Não acredito. O Aeroporto de Buenos Aires consegue ser mais atrapalhado do que o de São Paulo e a rede hoteleira não é das mais modernas. A banda larga (ou lenta) deles é tão ruim quanto a nossa. Mas a verdade é que eles acreditam que terão um “naco” de vantagens com a Copa. É sonho.
O mundo gira
A devastadora crise econômica que vive a Europa terá um grande impacto no futebol. Sem saída para seus problemas, vários países importantes- na economia e no futebol- vivem uma década perdida e caminham para voltarem a ser nações do “terceiro mundo”. Nada indica que Espanha, Portugal, Itália, Inglaterra, França e outro menos cotados possam solucionar seus problemas no curto prazo. O que estamos vendo é um empobrecimento desses povos e o impacto no futebol será evidente.
O grande crescimento europeu começou logo após o fim da guerra. Diante do perigo do comunismo, os Estados Unidos e seus aliados, trataram de levantar aquela Europa caída. Nestes últimos 50 anos, quase todos os países europeus viveram um “milagre” econômico. Itália, França, Inglaterra, Espanha, Portugal foram superando seus problemas com grande progresso econômico e social. A reconstrução da Europa veio com a implantação de um Estado Social onde os trabalhadores, a classe média e os ricos tiveram um salto na qualidade de vida. Este novo mundo trouxe a crescimento econômico e a distribuição de renda. Todos os países europeus passaram a viver melhor. E o futebol seguiu o mesmo caminho. Mais dinheiro para os clubes, melhores jogadores, melhores estádios etc tudo numa marcha que levaria a uma vida melhor.
É este “novo mundo” construído após a segunda gerra que esta sendo destruído. Ou melhor, desconstruído. A brutal crise nos Bancos,e Seguradoras e Mercado financeiro levou a uma situação de quase falência dos Estados. E o caminho até agora percorrido para resolver os problemas foram cortes de tudo: dos gastos em saúde, educação: corte nos salários e pensões; cortes nos investimentos em estradas, empresas, trens etc. A crise européia atinge todos os lados mas quem esta perdendo mesmo são os assalariados, pensionista e a classe média. Com isso a base do Estado social construído no pós-guerra vai ao colapso. E o lazer( onde entra o futebol) é uma grande vítima.
É neste novo quadro de dificuldades por todo lado que vivera o futebol após o final da temporada 11/12. A partir do meio do ano, os grandes clubes europeus viveram a realidade de estarem num continente cada vez mais pobre. A Liga das Estrelas da Espanha perderá o brilho ,o campeonato português será ainda menos atraente do que é nos dias atuais. E a Itália, sempre importante no futebol e na dolce vita, perderá muito do seu charme.
Esta crise profunda deixa as empresas sem grana e um governo sem condições de socorro. Empresas sem dinheiro é menos recurso no futebol, na publicidade, nas contratações de craques etc. Mesmo a Inglaterra com seus oligarcas já começa a sentir o corte de dinheiro. Sem condições de contratações milionária muito coisa mudará no futebol mundial. A América do Sul que tradicionalmente “exporta” craques viverá, também, este impacto. As vendas serão menores e muitos “craques” que atuam nos clubes europeus voltaram para sua terrinha.
É neste mundo que passaremos a viver após o fim da atual temporada. Os grandes campeonatos europeus, com craques por todo lado “o vento levou”. E o mundo, viverá uma nova fase do futebol, exatamente ao tempo, em que o Brasil organiza a Copa do Mundo.Viva .
Vampeta, Edilson e Fábio Luciano
Quem foi ao Teatro do Corinthians, no Parque São Jorge, ontem, para a homenagem a Vampeta, Edilson e Fábio Luciano viveu uma agradabilíssima manhã. Três grandes jogadores que muito honraram a camisa alvinegra e, também, três figuraças. Vampeta e Edilson mais descontraídos e Fábio Luciano, mais tímidos, mostraram o valor do ato. Destacaram a importância do Corinthians nas vida de cada um. Além de história deliciosas os torcedores viveram a explosão de alegria que estes três trouxeram para o Timão. Viva!
Vampeta, Edilson e Fábio Luciano
O Corinthians presta justa homenagem a três grandes jogadores que honraram a camisa alvinegra: Vampeta, Edilson e Fábio Luciano.
Vampeta
Foi um dos grandes volantes que o Corinthians teve em toda sua história . Atuou de 1998/2.000 e 2002/2003. Jogou 248 partidas com a camisa do Timão. Era um volante refinado que marcava, carregava a bola e armava belas jogadas. Ganhou o Mundial de 2.000;os Brasileiros de 1998/1999; a Copa do Brasil de 2002; o Rio-São Paulo de 2002; e os Paulistas de 199/2003. Atuou em vários clubes mas sua grande identidade foi (é) com o Corinthians.
Edilson
Grande atacante do Timão que jogou com a camisa alvinegra de 1997/2000. Atacante talentoso teve participação inesquecível em conquistas do Timão. Aquela bola por entre as pernas do francês Karembeu tornou-se antológica. Conquistou o Mundial de 2.000; os Brasileiros de 1998 e 1999; e o Paulista de 1999. Como Vampeta, atuou em outros clubes, mas a marca de sua carreira é o Corinthians.
Fábio Luciano
Grande zagueiro que brilhou no Timão onde atuou de 2.000 a 2003. Defensor clássico, jogava com elegância e chegou a marcar muitos gols pelo Timão. Ganhou o Mundial de 2.000; a Copa do Brasil em 2002; o Rio-São Paulo, de 2002; e os Paulista de 2001 e 2003. Foi, por inúmeras vezes, capitão da esquadra do Timão, onde atuou em 167 partidas.
A crise na Europa
A Copa Santander Libertadores terá outro nome no próximo ano. É o que dizem os jornalistas da área econômica dos jornais. A crise na Europa esta cada dia pior. O sistema bancário só está em pé pelo socorro trilhardário do Banco Central Europeu. Sem esta ajuda, iriam pra cucuia.
Itália e Espanha, dois gigantes do futebol, estão no centro da crise. E a capacidade dos governos em socorrer bancos, seguradoras, montadoras etc está se exaurindo. E o futebol será atingido em cheio. Empresas que tradicionalmente apoiam o futebol estão “puxando o breque” ou até “saindo de campo”. Outras, que são tradicionais proprietárias de clube, estão cortando tudo. De salário a gastos em hoteis. Até concentração e viagens estão tendo seus gastos reduzidos. Com esta crise toda a esperança de venda de jogadores para a Europa está reduzida. Um ou outro clube inglês, propriedade de oligarca russo ou árabe exótico, é o que sobrou. Bom para o futebol sul americano, especialmente brasileiro e argentino, que poderão dar um salto nesta crise toda. Ficarão com jogadores melhores e, pela força da economia local, ganharão outro padrão mundial.
Que briga !
A confusão SPFC-Oscar- Inter-empresário está ficando cada dia mais quente. Como ja foi dito por aqui , nesta luta, não existe anjos. A diferença é que parte da mídia- que tradicionalmente apoia o jogador- desta vez está dividida. O SPFC conseguiu ganhar o ar de vítima numa situação onde outros clubes sempre foram vilões. A única unanimidade é a ausência de crítica midiática ao empresário envolvido. Nem os clubes envolvidos ousam criticá-los. Vai que lá prá frente, estejam unidos- em outros negócios- e não é bom atacar um agente tão forte.
Ainda Adriano
Continua rendendo todo tipo de discussão a saída do jogador Adriano do Timão. A Folha de hoje (sábado), no seu caderno de esporte, informa a nova cirurgia do atleta com discussão interessante. O médico do Corinthians, para rebater críticas, diz que o atleta foi tratado por ” dois problemas : a lesão e a obesidade”. Ué ! Para o Departamenteo médico do Timão alcoolismo não é doença e depressão deve ser uma descida rápida. Com esta visão- que esquece as verdadeiras doenças- seria impossível cura-lo.
Informa- também a Folha- que o ex- presidente Andrés- enviou um SMS ao empresário do jogador com a frase ” Se estivesse no Corinthians, nada disso teria ocorrido. Teria resolvido de outra maneira”. A divulgação desta mensagem causa surpresa pois poderia indicar divergência na diretoria do Timão. Não acho, não. O vazamento do SMS foi para o Ronaldo que não estaria satisfeito com o que ocorreu. E, como todos sabemos, o jogador sempre agiu de forma correta com o clube. Inclusive quanto a procura de patrocinadores. O melhor, então, é não irrita-lo.
Suor, glória ou derrota.
Não gosto muito de ficar falando de seleção brasileira. Torço, apoio e vibro, mas tudo sem a mesma carga de emoção do Timão. Acho que após aquela tragédia de 1982 na Espanha, perdi um pouco o pique de acompanhar nossa seleção. Como sabemos, a vitória da Itália naquela Copa é o marco que levou o mundo há (pelo menos) duas décadas de futebol medíocre. Quando o time de Sócrates, Zico e outros perdeu a mídia tupi, passou a atacar o futebol bonito, jogado e criativo. A Itália havia vencido com um anti-futebol retranqueiro, feio e chato. E todos passaram a aplaudir times aguerridos, sem criação, com chuveirinho por todo lado.
Passado aqueles 20 anos de penitência, nunca mais voltei a ter o mesmo envolvimento com a seleção nacional. Mas a proximidade com a Copa de 2014, que será no Brasil, instiga qualquer brasileiro. Não acho que o nosso futebol viva um grande momento. Dentro e fora do gramado. Entre os jogadores temos a mais fraca geração de “craques” desde 1950. É só darmos uma olhada no que está passando com os mais conhecidos jogadores brasileiro na Europa. Nenhum destaque. Quase todos são reservas (alguns de luxo) e poucos atuam. Mesmo com nossa mídia tentando “bombar” os destaques são os argentinos e europeus. Não há -nem aqui nem na Europa- um jogador brasileiro que possa ser classificado como “fora-de-série”. Temos bons jogadores, médios e alguns prá lá de médio, mas craque feito, nenhum. Algumas promessas, outros jogadores famosos, mas craque mesmo, estamos esperando. E sem jogador “fora-de-série” fica difícil ganhar uma Copa. E não adianta a mídia procurar promover os jogadores. Vamos torcer mas tenhamos os pés no chão. A Copa de 2014 pode ser um sucesso de público, festa etc, mas futebol que encante está complicado. Os problemas do Dunga na Copa da África são os mesmos do Mano na seleção atual. E nada indica que irá melhorar.
Sem comentário
Muitos internautas vivem cobrando que eu escreva sobre mais variados temas que ocorre no futebol e no Corinthians. Primeiro, é preciso dizer, que não é possível escrever sobre tudo. Este blog não é profissional e só escrevo quando sobra tempo do trabalho. Agora, tenham dó, pedir que escreva sobre “invasão do MST”, ou sobre “estátua no Parque São Jorge” não dá. Vamos guardar o tempo neste blog para assuntos mais interessantes. No mínimo.
Aumenta o ódio
A Folha de hoje ( sexta-feira santa), no caderno de esporte, publica um extensa entrevista com o jornalista Chico Malfitani, sobre o problema das torcidas organizadas em São Paulo. O título- “os cartolas se provocam, e a Gaviões que é violenta? “- é furado. Nada disso é relevante no conjunto da reportagem. O jornal esclarece que o Chico é um dos 15 fundadores da Gaviões da Fiel , em 1969. Pode ser, embora tenha conhecido milhares, que digam o mesmo. Mas o jornalista diz coisas da maior importância sobre o atual conflito, sendo o principal ponto o “aumento do ódio” contra o Corinthians, que vem sendo manifestado, por todo lado, nos últimos anos. Esta aí o ponto que deveria ser a manchete. Nas últimas décadas há um generalizado ataque ao Timão. E este pode ser a motivação para os atuais conflitos.
É fácil conferir na mídia em geral (jornais, rádios, tv e internet) o aumento dos ataques contra o time do Parque São Jorge. Nesse ponto o jornalista Chico Malfitani está certo. Infelizmente, o jornal perdeu uma boa oportunidade de discutir tal questão. Ficou no periférico e não entendeu o principal. Divirjo de algumas afirmações do jornalista. Ao tentar falar do último conflito, dá uma explicação que é de difícil aceitação. Como também erra ao falar das ligações da diretoria do clube com as Gaviões. Mas tudo isso é de menor importância diante da identificação de um problema maior (“o ódio contra o Timão”) . E o jornal quase nada destacou as afirmações de Malfitani. Sobre as relações com a polícia, o entrevistado sai por uma discussão politico-partidária. Não é o caso, pois torcidas organizadas e clubes têm relações com todo o mundo politico-partidário. A proposta de uma UPP é um equívoco, até porque, esta fórmula tem muito apoio de mídia, mas pouca melhoria nos números da criminalidade. Todavia, foi uma boa entrevista onde o mais importante foi escondido pelo jornal. Por último, fez bem o jornalista ao não colocar- como já se tornou comum- as organizadas como grandes instituições que lutaram contra o regime militar. Não foram. Aquela faixa no estádio, pedindo anistia politica, já nos meses finais do regime, foi obra do MR8 e não teve boa acolhida na direção das torcidas. A Folha – que esta meio perdida na área do esporte- poderia ter aproveitado melhor as opiniões do jornalista. Só quem lê tudo, e em detalhes, vai encontrar.
De novo a UOL
O portal UOL (do Grupo Folha) volta com noticias sobre o estádio do Timão. Notícia nova e assunto velho. Agora antecipando novas ações- segunda após a páscoa- proposta por adversários do Timão. Vão discutir o já discutido e, em alguns casos, até julgado. Vamos aguardar nos próximos dias. A UOL está pronta pra qualquer aventura jurídica. Contra o Timão vale tudo.
Salgado & Doce
O preço dos ingressos, para os jogos do Corinthians, esta dando o que falar por ai. O clube, como é sabido, necessita de receita para manter um elenco competitivo nos vários campeonato que disputa. A renda de bilheteria sempre foi um ponto forte do Timão. Mesmo com jogos às 10 horas da noite,com televisionamento direto, o público é muito grande. Nos últimos tempos- especialmente agora na Libertadores- o preço do ingresso ficou “salgado” para o torcedor que vai ao estádio. Creio que não há similar em todos os clubes ou competições do Brasil. Mesmo comparado com outros países da Europa, nosso ingresso não é um “doce”. O complicado nesta questão, é encontrar um ponto de equilíbrio entre as necessidades do clube e a capacidade de sua torcida. O importante é que não podemos esquecer(nunca) nossa história, que esteve sempre ligada as classes populares. Creio que o melhor caminho é um preço “salgado” para o setor VIP e numeradas, e um preço “menos salgado” ou “doce” para a geral(tobogã) e arquibancada. Acho que não podemos aumentar- indefinidamente- os ingressos, especialmente os mais populares. Os atuais níveis são quase proibitivos. Não podemos também esquecer da luta para acabar com esses ingressos gratuitos, que ganham os conselheiros e diretores, bem como, não podemos fazer qualquer distribuição-igualmente gratuita- entre torcedores ( organizados ou não). O clube não pode perder sua forte ligação com as camadas de menor renda, mas ingressos neste preço dificulta muito ( e põe muito nisso). A necessidade de grana do clube- para manter uma equipe competitiva- deve estar no nível de nossa torcida. É difícil, é. Mas é o caminho.
Como está?
Quando o ex-presidente Ricardo Teixeira renunciou e deixou o país, a Folha publicou que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) seria tocada por um triunvirato; Del Nero, Ronaldo e Andrés. Ainda não vimos isso. Mas o jornal deve ter lá suas fontes pra bancar uma informação tão clara, na primeira página. Vamos aguardar os próximos dias, semanas e meses. Pode ser !
Vida dura
A crise econômica que atingiu a Europa ( e não chegou ao fundo,ainda) já esta batendo no futebol. A Espanha é a maior vítima. Durante anos e anos os clubes espanhóis receberam todo tipo de ajuda dos governos. Direta ou indireta, com empréstimos ou doações, os vistosos clubes ibéricos resolveram seus problemas de grana nos cofres do Estado. O novo orçamento do Estado anunciado ontem (com cortes brutais em todas áreas) mostra o tamanho das dificuldades. Nunca tiveram um orçamento tão apertado nos últimos 30 anos. O mesmo ocorre na Itália, ainda que os italianos façam um ar de pouco caso. Portugal é um caso desconcertante. Uma crise sem tamanho que a única saída é a porta da rua (isto é, sair da comunidade econômica européia). Outros países, também, em menor ou maior grau estão no buraco. Inglaterra, França, Alemanha e a quebrada Grécia, todos, vivem o drama de uma crise sem rumo. O grande problema é que esta crise não é só dos Estados. Já seria preocupante se assim fosse pois, como já foi dito, são os governos que socorrem os clubes sem grana. Mais difícil, é a situação das empresas. Grandes bancos( que tradicionalmente apoiam o futebol) estão -claramente – quebrados. Só ficam em pé porque o Euro está sendo impresso dia e noite para socorro bancário. Empresas, com tradicional presença no futebol, estão com grave dificuldade de caixa. E os clubes europeus já estão vendo que o mar não está prá peixe. Na última porta para contratações , quase não houve negócios. Só escambo. Troca de um jogador por outro, perdão de dívida (com liberação de pagamentos futuros), enfim, negócios de quem está sem grana. O futebol sul-americano, que sempre é vendedor de jogadores para a Europa, já esta sentindo o tamanho do problema. Exceto um ou outro clube inglês,onde reinam aqueles oligarcas, ninguém contrata ninguém. Pelo contrário. Clubes espanhóis vivem oferecendo jogadores em troca de não pagarem os atuais contratos. Esta problema não é de todo negativo para os clubes brasileiros, argentinos e uruguaios. Com saída menor de craques, com suas economias crescendo, poderemos ter um novo quadro no futebol mundial. E a América do Sul pode tornar-se um pólo mais importante do que é para o futebol.
Interessante
O vice-presidente de futebol do São Paulo Futebol clube, conseguiu uma proeza. Ontem e hoje, a Folha de São Paulo publicou, na seção Painel do Leitor, duas extensas cartas do dirigente. Ele protesta contra nota do Painel FC, que teria publicado nota errada, sobre declaração feita num clube de São Paulo. As cartas ocuparam mais de 20% de toda seção num procedimento pouco comum. Ao final, numa nota de rodapé, o jornal confirma que o dirigente tricolor não estava no clube, e, portanto, não poderia ter feito aquela declaração. Acho justo que um dirigente queira que suas palavras editadas de forma correta. Mas eu , em todo tempo que ocupei cargo no futebol, jamais procurei enviar carta cobrando retificações. Conhecendo o futebol( e o jornalismo) e, se tivesse o mesmo procedimento, ficaria escrevendo carta o dia todo. Por esta razão não dou crédito absoluto pra tudo que leio. E não desminto nada. O tempo se encarrega de retificar as inverdades .
Corinthians e Palestra.
Neste domingo teremos mais um duelo de Corinthians e Palestra. Para muitos é o maior “clássico” do nosso futebol. E há motivos. Há quase cem anos se enfrentam com toda a emoção que só o futebol é capaz de apresentar. Alcântara Machado, grande escritor modernista, encantou todos com seu famoso conto Corinthians 2 X Palestra 1 . Um marco para o clássico do futebol e para a literatura brasileira. Pela primeira vez num livro, uma partida de futebol, seus jogadores e torcedores são os elementos da narrativa do conto. Um clássico com histórias de todo tipo. Começou no inicio do século passado numa cidade que era quase italiana e dois times com as mesmas origens. O Corinthians, fundado em 1910, quase só por italianos, e o Palestra, alguns anos após , também pelos “oriundi”. Dividiram a liderança em nosso futebol acompanhado pelo Paulistano ( time da “elite” da cidade). Nos primeiros 40 anos, com o dinheiro fácil dos imigrantes italianos enriquecidos, o Palestra pode mostrar enorme poder de fogo. Enquanto o Corinthians crescia na periferia, o Palestra se enrolava com a ascensão do facismo de Mussolini. O dinheiro fácil dos comentadores deu sucesso, porém, plantou o vírus que levaria a comprometer seu futuro. Enquanto os italianos da Zona Leste abriram-se para outras colônias, o compromisso dos ricos “oriundi” da zona oeste, fecharam-se num mundo de exclusividade e racismo. Dinheiro e facismo cobraram um preço alto. O Timão passou a receber árabes, armênios, judeus, espanhóis, brancos, negros e amarelos e, com a industrialização em massa da região, foi tornando-se o clube dos nordestinos e dos baianos. O que era um orgulho de ser um clube ” sem mistura” virou um pesado ônus. Permitiu ao Corinthians dar um salto à partir dos anos 30 e 40 e tornar-se a maior torcida da cidade. O clássico deste domingo – mesmo sendo um jogo do “Paulistinha”, como diz o Juca- é , e sempre será, um encontro que renova a rivalidade de séculos. Tem o sabor dos primeiros jogos, e isso, torna o futebol um esporte singular que toca a alma do torcedor.
Na veia.
O artigo de hoje de Tostão na Folha não será lido com muito agrado pelos dirigentes de nosso futebol. Ele aponta que um dos grande problemas de nosso futebol é o campo confuso em que ficam dirigentes com interesses nos negócios do futebol. E diz que é preciso decidir “ser empresários do esporte ou dirigente. ” Existindo os dois há “um nítido conflito de interesse”. Cada dia mais o Tostão mostra que, além de bom de bola, tem rara qualidade no jornalismo atual. Viva!
Mesa redonda ou quadrada
A Folha de hoje , no Caderno Ilustrada, publica longa matéria sobre os programas esportivos da TV. É uma boa narrativa mais faltou colocar o problema da queda de audiências dos tais programas. A transmissão exaustiva de jogos de futebol atingiram os programas de esporte que, hoje, perdem audiências aos montes. E são todos os canais. Na TV aberta ou fechada tudo tem seu público reduzido. Seria importante que a Folha tivesse entrado neste espinhoso problema. Não foi o que ocorreu. Ficou uma matéria do óbvio e nada mais.
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