Boleirada
(Clóvis Graciano (1907-1988), “Colheita”) (Reprodução)
Todo torcedor acha que sabe mais de futebol do que o técnico, o jogador e a Diretoria.
Esta é a regra no futebol e é isso que faz a beleza apaixonante do esporte. Muitos Dirigentes também se acham grandes boleiros, pretendendo entender de táticas, escalações de equipes e tudo o mais. Aí é o perigo. O Dirigente deve organizar o planejamento da temporada de sua equipe, acompanhando sua execução. Programação de treinos devem ser respeitadas, horário e período para tratamento médico etc. E o Dirigente deve evitar a bruta vontade de dar palpite nas escalações. Caso não esteja satisfeito com o trabalho da Comissão Técnica, deve mudar os profissionais. Neste caso, o status do Dirigente deve superar o de torcedor .
É duro, mas às vezes tem que ser feito.
O episódio da “retirada” de um jogador da concentração (e do time) pela Diretoria do SPFC é uma mostra destes equívocos no futebol.
Como diz hoje o Antero Grecco, no Estado (Sossega Leão), foi uma sequência de erros. “A imposição manda para o lixo o discurso que tão garbosamente se ostenta no Morumbi, de que se trata de um clube diferente, em que decisões são tomadas em conjunto e com base em perspectivas profissionais, modernas e o blablabla manjado”.
Foi coisa de torcedor amador.
Mas não é só no SPFC que essas coisas vivem acontecendo.
No Corinthians, um antigo Dirigente (Sr. Nesi Cury) tinha verdadeira obsessão por escalar times e demitir técnicos (sempre no vestiário). Nesi, que foi o “pai espiritual” das últimas direções do Corinthians, deixou uma marca de atraso para o Clube. Na década de 1960, demitiu o técnico Zezé Moreira no vestiário, por divergências na escalação de um jogador na ponta-direita do Timão. Saindo do jogo, o técnico demitido, disse uma das frases antológicas sobre este problema: “O Corinthians não necessita de técnico, mas de um psiquiatra para tratar a Diretoria”.
Até hoje guardo esta frase, e mantenho distância de Dirigentes com este perfil.
Equilíbrio
Os jogadores brasileiros, apoiados pela imprensa Tapuia, vivem acusando outros times de provocadores, catimbeiros etc.
Com isso, justificam seus descontroles e suas expulsões que tanto prejudicam as equipes. É uma situação sempre complicada, manter os jogadores calmos sem que “percam a cabeça” por excesso de faltas e erros de arbitragem. Este desequilíbrio foi a parte negativa do Corinthians no último jogo no Equador.
Expulsões, cartões etc, levam o grupo a perder a serenidade necessária para atuar bem.
Recordo-me do jogador Kleber que, em jogo contra o River (2003), atravessou o gramado para fazer uma falta infantil e grosseira num jogador argentino, que teria lhe dito uma expressão racista. Eram quase 40 minutos do segundo tempo. O Corinthians ganhava de 1×0; o River empatou na batida da falta e, dois minutos após, fez outro gol. Perdemos a partida e o atleta para o jogo de volta.
Tivemos que escalar um juvenil, que não aguentou a barra e também foi expulso.
Quando disse ontem que Emerson, Jorge Henrique e Castan reclamavam demais do árbitro, ficava pensando no discurso que adotariam se fossem expulsos.
É neste momento que você vê a importância de equilíbrio e de jogadores diferenciados.
Ausência
A dispensa de Adriano e o quadro de dificuldades de Liedson são os maiores pepinos que o Corinthians tem nas próximas partidas.
São dois jogadores que – em boas condições – fazem a diferença da equipe. Sem eles, ou apenas parcialmente com um deles, abre-se um buraco difícil de ser preenchido. Lamentavelmente, estas duas situações (saída de um e condição precária de outro) não foram adequadamente previstas e teremos que tocar com o que temos.
É quarta.
Edvard Munch (1863-1944) , “O Grito” (1893) (Reprodução)
Em torneio mata-mata, empatar fora é vitória, diz nossa mídia.
Com isso, deveríamos comemorar o empate de ontem, 2/5, do Corinthians, no Equador. Mas nosso técnico já disse que empatar fora, sem fazer gols, é ruim. Pelo sim ou pelo não, a decisão fica aberta para o próximo jogo no Pacaembu, onde o Timão tem plenas condições de vencer, e pronto.
No jogo de ontem, o ponto alto do Corinthians, foi a organização do time, especialmente da defesa.
O goleiro, que já havia atuado com precisão em jogo do Paulista no Pacaembu, saiu-se bem. E isso é bom, porque transmite tranquilidade a todo o grupo. O juiz foi caseiro, marca registrada dos torneios sul-americanos. Puxa a sardinha para a equipe da casa. Como os jogadores do Corinthians já sabem disso é de se esperar um comportamento equilibrado, mesmo quando o árbitro erra. E alguns jogadores mostraram problemas, dentre eles Emerson, Castan e Jorge Henrique. Reclamações em demasia levam a mais exageros da arbitragem. E eles não são assim novinhos para que não saibam disso. Com calma, cabeça fria, vamos para a vitória no Pacaembu.
E os lordes, que papelão
O Blog do Birner diz hoje que o jogador Paulo Miranda “foi tirado da concentração” por ordem do Presidente do SPFC.
Viram como é bom ler o Blog do Birner! Além de atualizar-se sobre decisões judiciais, ter informações sobre o Corinthians etc, ficamos sabendo do que ocorre no Tricolor. Ele não esclarece como o jogador foi tirado. Pelo colarinho? Pode ser. Numa viatura do Clube? Não sei.
Isso que é um Clube moderno, bem organizado. Um exemplo para a humanidade. E pelo que diz o blog , o técnico, não concordava com a Direção. Como lembra um leitor deste blog: o São Paulo é um Banco Central da Bolívia com mania de se achar ser o Federal Reserve. Nem lembrava desta frase , dita há nos. Mas é atual.
Justa revolta
O presidente Mário Gobbi ficou uma arara com a arbitragem e com as condições do jogo de ontem no Equador.
Disse que a Libertadores é pior que a várzea. Está certo, e é daí para pior. Só não deveria ter dito “isso aqui é povico”, numa crítica aos organizadores locais. Retirada do contexto em que foi dita, pode ser vista como uma crítica (um tanto pejorativa) ao povo de lá.
História mal contada
A mídia diz no dia de hoje que o ex-delegado Cláudio Guerra revela num livro que será lançado atos de barbárie dos tempos da ditadura militar (1964-85).
Diz que muitos presos políticos (dados como desaparecidos) foram assassinados e incinerados em usina de açúcar no Rio de Janeiro. Ele cita que alguns dos dirigentes do PCB (Partido Comunista Brasileiro) foram eliminados desta forma bárbara. Dentre eles cita David Capistrano (velho combatente da Guerra Civil Espanhola (1936-39)), pai do meu amigo David Capistrano, ex-prefeito de Santos, já falecido. Está mais do que na hora das Forças Armadas admitirem seus erros durante a repressão política. Como sabemos, o PCB era dissidente do regime, mas não fazia luta armada. Pelo contrário, combatia a extrema esquerda, que tinha alguns integrantes na luta armada. O Partidão dizia que era uma aventura irresponsável. E, o mais curioso, é ler esta notícia e lembrar que os grupos de luta armada classificavam seus adversários (como o PCB) de “traidores da classe operária e da revolução”.
E eles, que defendiam a luta pacífica para a mudança do regime, estavam sendo perseguidos e assassinados como nos revela o livro de Guerra.
Melhor é o primeiro jogo …em casa ou …fora
(Victor Brecheret)
O técnico Tite levantou a maior confusão ao dizer que prefere até perder por 2×1 do que ficar no empate de 0x0.
Está aí uma polêmica que nunca chega ao fim. Nos torneios de mata-mata há todo tipo de opinião sobre o melhor para seu time. Para alguns, o bom será jogar o primeiro jogo fora. Outros, acham que o melhor é fazer a partida em sua casa. Se olharmos as estatísticas veremos que há resultados bons para os dois lados.
Este problema fica agravado quando o regulamento valoriza o gol marcado fora de casa e o usa como um critério de desempate. Assim o bom torna-se jogar fora a primeira partida, mas… se marcar gols! Como diz nosso técnico, mesmo que perca o jogo. O 0x0 passa a ser um resultado ruim. Empate (ou derrota) com gols não chega a ser tão problemático.
O importante para o Timão na noite de hoje é fazer uma boa partida, marcar gols e vencer. Aí jogaremos no Pacaembu com boa vantagem. É o que esperamos.
Sem Liedson
Liedson é um grande jogador.
Não precisa provar nada para ninguém. Teve na temporada passada grandes momentos e foi decisivo para a conquista do título de Campeão Brasileiro. Como já havia sido grande, no Clube, em 2003. Nesta temporada sua condição física vem atrapalhando seu futebol. Em quase todos os jogos é possível ver da arquibancada o enorme sofrimento do jogador no decorrer da partida. É visível que não se encontra em condições perfeitas para atuar. Com sua saída da equipe no jogo de hoje, o técnico preserva o atleta e procura uma alternativa para o ataque. É uma pena sua saída da equipe. Agrava-se o fato de estarmos inseguros quanto ao seu futuro imediato. Após a saída de Adriano, a perda de um atacante como Liedson seria um duro golpe para o Timão.
Vamos torcer por sua recuperação rápida. A equipe necessita. E muito.
Retornados
Quem estiver dando uma olhada nos jornais do exterior pela internet, já sabe que muitos dos jogadores brasileiros estão na “linha de tiro” de seus clubes europeus.
Será um “liberô” geral. Até em troca do salário. Com o fim da temporada chegando é hora de fazer as contas e ver como se livrar dos prejuízos. Não acho que algum clube europeu lute para manter qualquer jogador brasileiro.
E os clubes brasileiros? Serão “aconselhados” pelos empresários locais a “excelentes” negócios para trazer ídolos ao Brasil. O pior é que os clubes daqui acreditam.
Ganhar e perder
(Pablo Picasso. “Guernica”. A 26 de abril de 1937, a cidade basca de Guernica sofreu um maciço e cruel ataque, executado pelas forças aéreas alemã e italiana. Entre 16 e 18h, centenas de bombas foram lançadas sobre o povoado de pouco mais de 5.000 habitantes. A devastação da cidade e as cerca de 1.500 mortes marcou este ataque, que serviu para a Luftwaffe testar o poderio de suas bombas aéreas, e para o ditador local, Franco, selar seu vínculo com Hitler, seu confrade germânico. A obra de Picasso traduz o horror deste episódio.)
O objetivo de todos os times é ganhar.
Mas a derrota é, quase sempre, uma possibilidade real. Vencer e perder são regra no futebol. Diferente de outros esportes, no futebol não há vencedor ou vencido antes do apito final.
Nos últimos tempos temos visto jogos, cujos resultados provocam controvérsias. A derrota do Corinthians para a Ponte Preta foi tida como inaceitável, embora o time campineiro seja da Primeira Divisão. A derrota do Barça também causou perplexidade.
Esta é a visão comum do torcedor, que quer sempre mais e que seu Clube vença.
Para vencer no futebol é preciso trabalhar bem (planejar, executar e controlar), mas todos devemos entender que há uma faixa grande de pequenos fatos que podem mudar tudo. Uma falha numa jogada, um gol perdido na hora errada, um deslize do goleiro, uma desatenção do beque, um erro do bandeira ou do árbitro etc.
Tudo pode levar a um resultado diverso do desejado pelo time ou do afirmado pela mídia.
Este aspecto imponderável é também o que dá beleza ao futebol. Nós vibramos nas vitórias e sofremos nas derrotas, mas, para os reveses devemos estar sempre preparados.
Por mais difícil que seja, no futebol, sempre conviveremos com vitórias e derrotas.
E o futuro?
(Botticelli, “A Calúnia de Apeles”, 1490)
Passou quase sem comentários a informação, vazada pelo tio de Ricardo Teixeira, de que o ex-Presidente da CBF acredita que o Brasil não vencerá a Copa do Mundo de 2014.
É informação importante, trazida pelo Blog do Perrone, e mostra um quadro ruim para nossa Seleção. A perspectiva de uma derrota seria um dos motivos da renúncia e da mudança para os Estados Unidos, organizada e executada pelo ex-Presidente. Não acredito muito que desempenho da Seleção no gramado tenha sido motivo para este gesto inédito de um dirigente esportivo. Acho que as razões foram outras. Mas não deixa de ser relevante a informação de descrédito na Seleção Brasileira por parte de seu comandante.
Não há dúvidas de que o futebol brasileiro não vive um grande momento.
É só olharmos para os campeonatos europeus que, no passado, eram dominados por grandes jogadores brasileiros que, nos dias atuais, não mostram nenhum destaque. Quase todos os brasileiros que atuam no Velho Continente têm atuações apagadas. Muitos são jogadores médios (até ruins), que foram levados por “empresários” através do “bom diálogo” com dirigentes de clubes europeus. Foram contratados pela Europa a partir de uma única referência: são atletas brasileiros. E isso, por muito tempo, foi sinônimo de excelência . Contudo, trata-se de um exército de jogadores, que saíram do Brasil quase sem ser percebidos.
Mas há também as estrelas, badaladas pelo mídia nacional. Qualquer passe, gol ou defesa desses grandes nomes são festejados por aqui. Quase sempre em imagens curtas, que não mostram a real e completa atuação do craque. Mas, mesmo estas estrelas (geralmente lembradas quando o assunto é Seleção), não estão jogando grande coisa.
Outro dia, vendo um jogo do Milan pela RAI, o locutor disse algumas vezes: “Dov´è Robinho?”. No dia seguinte jornais, rádios e TVs daqui destacavam a “grande partida” do atacante brasileiro. Kaká vive uma má fase e seu maior destaque limita-se ao twitter de seus familiares. Dizem que seu problema é físico. Pode ser, mas seu desempenho não é diferente dos de Ronaldinho Gaúcho, Adriano etc.
A maior prova de que não há craques brasileiros na Europa é a luta diária, permanente, compulsiva dos clubes europeus para emprestarem,venderem, darem seus craques para clubes brasileiros.
Com o fim da temporada europeia teremos uma grande leva de “retornados”. Todos com o mesmo discurso: de amor ao clube e à terra natal. Mas trazendo na bagagem pouco futebol.
Ainda há tempo de montar uma boa Seleção, mesmo sem grandes jogadores?
É o desafio do técnico Mano Menezes. Vamos acreditar na riqueza do futebol brasileiro, que sempre faz nascer craques. E faltam dois anos pra Copa.
99% acertado
A contratação da publicidade na camisa do Corinthians sumiu dos noticiários.
Há algumas semanas, tudo foi dado como tendo 99% acertado com uma montadora coreana. Surgiam inclusive valores (50 milhões por ano), estratégias, lançamentos etc. tudo foi falado. E, claramente, vazado pelo Corinthians. Teria sido um grito de gol antes do tempo? Pode ser. O marketing sabe que o maior impacto vem do silêncio. Quanto aos vazamentos, estes são muitos, fazendo a coisa perder força. Vamos torcer para que o silêncio das últimas semanas seja indicativo de que o Clube negocia um bom contrato.
É aguardar.
O chá dos co-irmãos
(Anita Malfatti, “A Boba” (1915-16))
A mídia informa que, ontem, numa churrascaria, os quatro maiores Clubes da Cidade (Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos) fizeram as pazes.
Em tom conciliador, o Presidente do São Paulo FC, Juvenal Juvêncio, e o ex-Presidente do Corinthians, Andrés Sanches, falaram, especialmente, da necessidade de união dos Clubes. Não há qualquer surpresa nisso tudo.
A relação do grandes clubes sempre foi marcada por uma política, digamos assim, de “duas faces”. Uma pública, onde o Dirigentes fazem provocações e até críticas aos adversários, e outra – reservada, onde se abraçam, combinam tudo, e justificam suas declarações públicas. Esta é a linha adotada por todos.
Inclusive pela atual Direção do Corinthians.
O único beneficiado por esta relação hipócrita é o São Paulo.
Ele junta todos e exerce uma liderança imposta por uma alegada superioridade cultural, pessoal, postural, econômica etc. É um engodo que favorece aos tricolores e o maior prejudicado sempre é o Corinthians.
E isto não é de hoje. Recordo-me, quando era Diretor de Futebol, recebia críticas por todo lado (inclusive dentro do Timão) pela minha postura diante do SPFC.
O grupo do vice Nesi Cury, do qual a Direção do Corinthians dos últimos 4 anos é ramificação, exercia uma cobrança quase diária pela relação com o São Paulo. A cada fato era dito “precisamos respeitar o São Paulo” , “o SPFC é nosso co-irmão”, “vou ligar pro fulano, presidente do SPFC e explicar …” . Esta linha era majoritária no Clube e nos colocava em um posição subalterna perante um de nossos adversários. O auge do equívoco era narrado pelo Sr. Nesi e companhia, fora um jantar oferecido, nos anos 60 no Parque São Jorge, para o Presidente do São Paulo, Laudo Natel. Entre elogios e palmas foi decidido que muitos conselheiros comprariam carnês da construção do Morumbi, bem como cadeiras cativas. Sempre fui duro crítico deste jantar e não perdia oportunidade de falar da vergonha dele ter ocorrido. Mas esta relação “amistosa” com o São Paulo sempre foi a marca do grupo. Recordo-me do Campeonato Paulista de 2003, quando a Federação queira (porque queria) ver o São Paulo campeão. Com um regulamento confuso, deu interpretações todas favoráveis ao SPFC. Nós reagimos, embora internamente muitos defendessem que deveríamos ficar calados. Tive que assumir, por um dia, a Presidência do Clube para encaminhar um recurso a um órgão da Federação que decidiria sobre a matéria. Sabíamos que perderíamos mas, a partir daí, poderíamos recorrer à CBF e lá o jogo seria outro. Foi o que ocorreu. No julgamento, em São Paulo, todos os Clubes votaram contra o Corinthians e a favor do Tricolor. Até o Palmeiras, que se dizia inimigo dele. A reunião serviu, no entanto, para que pudéssemos recorrer ao Tribunal da CBF. Serviu, também, para que se pudesse dizer, que, naquele momento eu me lembrava que o Corinthians fora o único Clube solidário com o Palestra, quando queriam (quem?) tomar o Parque Antartica. Relembrei a reunião do Conselho Corinthiano e os membros da delegação que foram até a Rua Turiassú levando nossa solidariedade. Foi um constrangimento geral.
Mas recorremos, ganhamos no Rio e principalmente vencemos no campo, para desespero do tricolor.
Nos últimos 5 anos, a política do Corinthians não foi muito diferente, embora, para efeitos públicos, houvesse brigas para cá e para lá.
Brincadeiras de “bambi”, uma ou outra crítica, eram seguidas de telefonemas para a Direção Tricolor, conforme os própios dirigentes do SPFC vazavam para a mídia. Era a mesma politica de “duas faces”, que os cartolas tanto gostam. No entanto, com aquele episódio dos ingressos, houve um certo momento onde o atrito (que deveria ser permanente) aflorou. Pressionados pela torcida, e diante de uma decisão equivocada dos tricolores, a Direção corinthiana teve um momento de radicalização. Isso não impediu, no entanto, os permanentes elogios ao marketing e à estrutura do SPFC. Mesmo na questão do estádio, o Corinthians apoiou o SPFC para a reforma do Morumbi. Aquela cerimônia no gramado do estádio com o Presidente Lula, a Direção do São Paulo e outros dirigentes teve como seu maior destaque o ex-Presidente do Corinthians, Andrés Sanchez. Somente com a posição firme – e correta- da Fifa a questão do estádio teve outro encaminhamento.
E nisso o Presidente Lula foi o motor que mudou o quadro.
Ao se reunirem, em almoço (poderia ser um chá), os Dirigentes, especialmente do Corinthians, subscrevem uma política errada, que dá a liderança ao São Paulo.
Não há qualquer motivo para não mantermos distância de nossos adversários. Até a questão da TV não necessita mais de “união de Clubes”.
É cada um por si e a Globo do outro lado.
Nem a Diretoria passada, que adotou o esquema de “duas faces” na relação com o São Paulo, nem a Diretoria atual, que – sinceramente – não mantem nenhuma postura para confrontar-se com o Tricolor, agem de forma correta com os interesses do Corinthians. Sou contra ficar fazendo qualquer provocação barata entre os grandes Clubes, mas sou especialmente contra criar-se esta geleia geral onde todos são irmãos e iguais. Nada disso!
É confronto e pronto.
Pane geral
(Michelangelo, “Capela Sistina” (detalhe)) (Reprodução)
Não gosto de ficar procurando um culpado quando o time perde.
Igualmente, não apoio a tese de ficar discutindo regulamento quando o time é eliminado. O que houve ontem no Pacaembu foi uma pane geral. Um ou outro jogador falhou em exagero, mas todos falharam. Foi a derrota de um desacerto completo. E não devemos ficar buscando um culpado aqui ou acolá.
É bola prá frente, que temos muitas competições no ano.
Este time que perdeu ontem é – basicamente – o mesmo que foi campeão brasileiro no ano passado.
E que fez a melhor campanha na primeira fase do Paulista. A principal qualidade do time atual do Corinthians é sua organização dentro do gramado. Compacto, aguerrido e difícil de ser vencido. Esta vem sendo a razão do seu sucesso que – embora muitos não gostem – devemos ao técnico. Mas, como este blog diz (e não é de hoje), faltam alguns jogadores de melhor qualidade no grupo. Uns 2 ou 3 craques dariam um salto na produção da equipe. E isso faltou ontem, como faltará sempre em jogos difíceis. Quando a situação complica no jogo (ou quando as duas equipes são iguais) é o craque (o jogador diferenciado) que aparece para colocar “ordem na casa”. E isso falta a esta equipe. Mesmo quando ganhamos o Brasileiro do ano passado não tínhamos jogadores com estas qualidade. Nem sei se existe no futebol brasileiro.
Mas é o que precisamos.
Vamos contar com a competência – que não tem faltado – da comissão técnica para fazer uma boa preparação dos próximos jogos.
E não vamos ficar querendo cabeça de jogadores que erraram.
É este elenco que está aí – e que venceu no ano passado – que o time dispõe para a batalha.
Gols e sofrimento
A goleada do Corinthians ontem no Pacaembu, foi uma boa preparação para os próximos confrontos que terá o Timão.
Agora, no campeonato Paulista e na Libertadores, os jogos serão mata-mata. Ao golear o Timão frustou a mídia, que vive dizendo que o Corinthians só ganha de 1×0. Bom, primeiro é melhor vencer com o placar mínimo, do que perder ou empatar. Mas, ontem, quem estava no Pacaembu vendo o jogo e ouvindo rádio, como eu, teve uma noite para lá de agradável. Além de belos gols, a boa notícia foi que alguns jogadores – que vinham jogando abaixo do esperado – estão entrando em forma. E isto é muito importante para o Timão nas próximas partidas. No rádio a ladainha é a de sempre: “a Libertadores é uma disputa diferente” (tá bom, não é, mas, e daí?); “só quem joga a Libertadores pode entender este clima” (bom, como todos já jogaram, todos entenderam); “Libertadores é para jogador catimbeiro” (eu pensava que era para bom jogador); e daí pra frente. E a frustração midiática pela goleada? Quase chorei… de rir.
Agora é tocar pra frente que os jogos vão ser cada vez melhores.
Vampeta, Edilson e Fábio Luciano
O Corinthians faz bem em homenagear seus ídolos.
Jogadores que marcaram sua história com a camisa alvinegra e merecem ser sempre lembrados. Neste próximo sábado (dia 21), às 11 hs no Parque São Jorge entrarão para a Calçada da Fama os craques Vampetas, Edilson e Fábio Luciano. Os três devem ser ter o aplauso eterno do Timão. Deixaram um enorme legado de dedicação e brilho com a camisa do Corinthians. Creio, também, que o Clube não deve se esquecer dos jogadores da geração de 1950 – que tantas glórias trouxeram para os alvinegros – e não podem ser esquecidos.
FoxRio
O canal de esportes Fox, que começa a funcionar no Brasil, poderia ser um passo à frente na mídia do futebol.
Mas não é. Não sei o que esse pessoal tem na cabeça, mas chega a lembrar a década de 1950/60 , quando o rádio vivia de brigas bairristas entre São Paulo e Rio. As transmissões da Fox relembram o pior daquele período. Parecem um bate papo em Madureira ou na Pavuna. Falam como se o Brasil todo vibrasse com um craque do Flamengo dos anos 50, que nunca foram craques, exceto nas mesas de bar do Andaraí. Nem falo do sotaque chiado, com uma explosão de ssss por todo lado. Tudo bem. Se a Fox quer ser uma nova emissora carioca – transmitindo do Rio para o mundo – não há problemas.
Mas não sei se este é o melhor caminho para alguém chegar no Brasil.
A novela Oscar
Continua a lendária questão do jogador Oscar, SPFC, Inter e Guiliano Bertolucci.
Ontem o Blog do Birner (www.blogdobirner.net) realizou quase uma transmissão em tempo real das decisões jurídicas que moldam o caso. Consultores são ouvidos, juízes são citados, desembargadores lembrados, tudo para dar um ar mais técnico ao problema. Como já disse, nesta confusão não há anjos. Mas creio que este jogador esteja pagando o maior mico processual da história do futebol. Com o Tricolor fora da Libertadores – que eles promovem tanto – o grande acontecimento do clube “Mais Querido… da mídia” que sobrou foi este processo contra Oscar.
Aguardemos os próximos lances.
UOL na muda
Hoje, 19/4, pela manhã, dei uma olhada no Portal UOL , da Folha e não vi nenhuma notícia nova sobre o estádio do Corinthians. Será que ocorreu alguma coisa?
Já fiquei preocupado.
O Estado pode mudar o futebol
(Djanira da Motta e Silva) (Reprodução)
Durante décadas, os clubes de futebol, as Federações e os Dirigentes alimentaram a balela de que a Constituição garantia a eles “autonomia” e poderiam fazer o que quisessem.
Sem qualquer controle do Estado. Era, segundo os Dirigentes, um mundo auto-regulado, sem interferências de ninguém. Diziam-se “entidade privadas”, imunes a qualquer controle ou regulamentação. Uma parte significativa da mídia entrou nesta lorota, que era um dogma do futebol. Com esta “interpretação criativa” da cartolagem chegou-se a dizer que não poderia haver CPI sobre o Futebol, pois a autonomia seria atingida.
Puro equívoco.
No último dia 23 de fevereiro, o Supremo Trinal Federal, enterrou – de uma vez – este conjunto de ideias malucas dos Dirigentes. Ao julgar a constitucionalidade do Estatuto do torcedor, o STF disse que o Estado pode legislar sobre Futebol e tudo mais. Não poderia ser diferente. Aquela autonomia das entidades, de que fala a Constituição de 1988, é mero instrumento ou meio para a concretização do esporte, definido como direito do cidadão. A ideia de que a regulamentação do Poder Público é uma “interferência estatal no funcionamento das associações desportivas” caiu por terra.
E mais , o Estado pode e deve regulamentá-las.
Hoje, em longa entrevista no Estadão, o Ministro Aldo Rebelo diz que o que mais incomoda o Governo é a ” perpetuação de cartolas no comando das entidades”.
Períodos de “10, 15, 20 anos de uma pessoa na mesma cadeira são considerados um abuso”. Entre outros pontos, este fará parte de um conjunto de normas e diretrizes que regulamentará a Gestão de Clubes, Federações e Confederações. Viva! O Governo, finalmente, entendeu que pode mudar o Futebol. E, após a decisão do STF, caiu por terra qualquer pretensão “independentista” do esporte. Será uma grande revolução se o Governo inovar e estabelecer normas para o estatuto das entidades desportivas.
O fim da reeleição de Dirigentes deve ser um objetivo claro. Sugiro que seja adotado o modelo do Corinthians: os dirigentes têm um mandato de 3 anos, sem reeleição, somente podendo recandidatar-se após 2 gestões. Isto deveria valer para Clubes, Federações e Confederações. E também deveria estabelecer novas normas de transparência e controle destas entidades. Seria uma revolução e tanto no Esporte brasileiro.
Devemos lembrar que os problemas no Futebol são de menor grau quando comparados aos de outras modalidades. No Futebol, o torcedor e a opinião pública estimulam mudanças, especialmente em clubes grandes. Em outros esportes olímpicos o quadro é desolador. Veja-se o COB, onde há mais de décadas e décadas segue o domínio do Sr. Nuzman. Nas Federações não é diferente.
O Ministro Aldo Rebelo poderá fazer uma revolução.
E será um marco no Futebol. O Estado pode mudar o Futebol. Só é preciso querer. Nas últimas décadas, os Ministros da área queriam ser paparicados pelos cartolas. E isso os Dirigentes esportivos sabem fazer muito bem. É trocar festas e elogios por uma revolução. Vamos torcer para que o Ministro faça a sua.
O Futebol agradecerá.
Agora é pra valer.
Quem gosta e quem não do gosta do Campeonato Paulista (Paulistinha ou Paulistão) sabe que esta primeira fase é longa e pouco atraente.
Agora, com a fase final, o campeonato ganha uma outra ordem. O Corinthians venceu a primeira fase, o que chega a ser uma surpresa. Disputa a Libertadores, viaja muito e, em vários jogos, colocou a equipe “B” para atuar. Como fez ontem, quando venceu a Ponte em Campinas. Mas os outros vacilaram (ou não estão jogando grande coisa) e o Corinthians ganhou sem jogar tudo o que pode jogar. Vamos esperar esta segunda fase para vermos os melhores jogos. Será? O importante para o Timão foi testar alguns jogadores da base que poderão ser aproveitados nos próximos jogos e temporada.
E ficou claro que alguns reservas, mesmo com nome, não estão em boas condições físicas para atuar o jogo todo.
Briga feia
Nesta briga sem quartel entre o jogador Oscar, o São Paulo Futebol Clube, o Inter e o empresário Giuliano Bertolucci, as surpresas são diárias.
Agora o Clube paulista, alertado por uma entrevista dada para um certo jornalista, vai usar as palavras do atleta para fazer prova contra o Inter. Pelo que vi no Blog do Perrone a entrevista nunca teria sido colocada no ar. Ôpa! Que radialista bonzinho este que dá ao SPFC uma declaração que os ouvintes nunca ouviram.
Vale tudo. Até o ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez, que nunca teve o problema de escancarar as categorias de base do Clube às parcerias com empresas, agentes, empresários etc, segundo o Painel FC da Folha, mudou de ideia e entrou na cruzada do Presidente do Tricolor, Juvenal Juvêncio. Agora defende a necessidade de “mais medidas de proteção aos clubes”. Como ele anda lá pela CBF, é só pedir pro presidente Marin fazer como a Fifa: proibir qualquer contrato de jogador que não seja só com o Clube. E mandar as agremiações ignorarem estes acordos de empresas e empresários que atletas e clubes tanto vivem fazendo.
O UOL e a guerra do estádio
Nesta segunda-feira, pela manhã, o portal UOL publica mais uma manchete sobre o estádio do Corinthians em Itaquera.
E, no padrão escândalo, diz que o Clube pode perder o terreno se não…
Li as duas primeiras linhas e mudei de matéria. Vamos aguardar a próxima.
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