Vai, Corinthians!
(Giotto, “Lamentação”) (Reprodução)
O Corinthians enfrenta hoje o Emelec pela Libertadores.
Lembrei-me de dois gigantes que muito fizeram pelo Timão: Alexandre Magnani, segundo Presidente do Clube (na verdade o primeiro, porque Miguel Bataglia ficara apenas 15 dias no cargo), que levou o Alvinegro da várzea até a conquista de seu primeiro título, em 1914. Magnani era motorista de tílburi (uma carroça, usada como táxi) e os adversários logo usaram isto para escolher o primeiro apelido para os corinthianos: Time de carroceiros. Magnani foi um heroi do Timão e a ele devemos a consolidação daquele Clube de operários, que nascia e rompia com o domínio do futebol pela elite. Sempre que temos um jogo importante, lembro-me dele e vivo sua luta decisiva no Torneio, que escolheu um novo membro do Campeonato Paulista. Naquele período, o Corinthians que nascia venceu o Minas Gerais (1×0) e o São Paulo (4×0), chegando a desafio do então maior campeonato do esporte, envolvido em muita luta e dificuldades.
Outro nome de quem sempre me lembro nestes jogos decisivos é Guido Giacominelli, Presidente do Clube no tricampeonato de 1922/1923/1924.
Giacominelli era um imigrante italiano, determinado, briguento e defensor intransigente do Timão. O Clube deve muito a este, que foi o oitavo Presidente alvinegro e que tanto contribuiu para a grandeza do Corinthians. Hoje, no Pacaembu, vamos torcer para que o espírito de luta destes dois herois esteja presente. E vamos vencer.
Vai, Corinthians!
Sem rodeios
O Presidente da CBF, José Maria Marin, trabalha sem qualquer preocupação de ser delicado.
Ao dizer que não gostou de alguns nomes nas últimas convocações do técnico Mano Menezes, praticamente “chutou o balde”. Como ao explicar que não entendia de convocações de jogadores, que estavam em times do Leste Europeu e dos quais “ele nunca havia visto falar”. Ao dizer, como disse, que eram convocações “estranhas”, o Presidente da CBF desqualificou o Técnico. E suas declarações não tem nada de improvisadas.
“Já vi listas que eu mesmo tinha dificuldade para saber quem era determinado jogador”, disse ao Estado, de terça. E completou “Não adianta dizer que tal ou tal jogador está estourando num campeonato totalmente desconhecido. Conheço todos os truques”. Não citou jogadores e campeonatos, mas, convenhamos, não precisava.
Isto é grave. Gravíssimo! Pois são declarações – sem meias palavras – do Presidente da CBF. Não se trata da opinião de um jornalista, radialista ou de um blogueiro qualquer.
O pior é que o Sr. Marin fala em todos os lugares o mesmo discurso e para qualquer jornalista. E sem nenhum compromisso de cordialidade com um subordinado. O técnico Mano Menezes, que não é nenhum principiante, já deve ter entendido os constantes recados de Marin.
E não poderá adiar por muito tempo um questionamento da mídia sobre as palavras e atos do Presidente.
Gratidão
(Jacopo Tintoretto (1518-1594) – Il Furioso, “O festim das bodas”)
Está provocando uma bruta discussão a nova camisa do Corinthians, por conter referência ao mapa de São Paulo.
Os críticos mais ferozes são pessoas que torcem contra o Corinthians, dizendo que o Timão quer ter a maior torcida no Brasil, mas mantém um símbolo regional. Não acho nada disso.
O Corinthians é Paulista até no nome. Tem as cores da bandeira paulista e apresenta um dado incomum no futebol: mesmo não tendo o nome de sua Cidade é a maior torcida, apesar de haver outro Clube com o nome de São Paulo. Isso não ocorre em quase parte nenhuma do mundo. Em geral, o Clube com o nome da Cidade costuma agregar a maior torcida.
Aqui, não.
Mas o que deveria mesmo a Cidade fazer seria construir um enorme monumento ao Corinthians, por ele tê-la salvo do que seria o maior mico de sua história.
Com a construção do seu Estádio, o Clube livrou a Cidade de um dos maiores vexames dos últimos 500 anos. Ficaria fora da Copa do Mundo em 2014, por não ter um local adequado para sediar a competição. Mesmo possuindo a cidade bons hoteis, grandes hospitais, acesso a voos internacionais etc, ficaria fora do evento por falta de estádio. Ainda que sofra todo tipo de crítica, até as mais malucas e absurdas, o Clube está livrando a Cidade do vexame. Daí decorrem expressões como “Estádio do Lula”, “dinheiro público”, “orçamento superfaturado”, “é de uma empresa, não do Corinthians” blá-blá-blá e vão por aí.
Enquanto isso, o estádio alvinegro vai sendo construído e o risco de vexame em 2014 fica cada dia mais longe.
Não devemos nos esquecer, porém, que o Corinthians está correndo todos os riscos para que a Cidade tenha um estádio digno, que faça a abertura da Copa do Mundo. Ficará com uma bruta dívida. E daí? Só um Clube grande e forte como o Corinthians poderia correr semelhante risco. Que a Cidade fica cada vez mais em débito com o Clube, não há dúvidas. E esta será uma dívida eterna.
Incalculável.
Caso Oscar
Quem está acompanhando o caso Oscar-SPFC-Inter-Giuliano Bertolucci deve ficar preparado para novos (e emocionantes lances).
Pelo que leio no Blog do Birner, vem mais briga por aí. Aliás, o Blog apresenta mais discussões jurídicas do que o sítio do Tribunais de Justiça. A Folha, pelo Painel FC, é todo apoio ao SPFC. Não sei o que dará esta briga, sem anjos, nem arcanjos.
Mas será muito interessante acompanhá-la.
Dinheiro, futebol e crise
(Cícero Dias, “Sonhos” ) (Reprodução)
A enorme crise econômica que atinge a Europa e os Estados Unidos está batendo em cheio no mundo dos esportes.
Com o encerramento da temporada de futebol na Europa, os Clubes começam a mostrar o tamanho de seus déficit. Praticamente todas as equipes estão no vermelho, e seus acionistas, proprietários etc, terão que tirar dinheiro do bolso para tapar o buraco nas finanças. Mas, tudo fica pior quando olhamos a preparação para a próxima temporada. Muitas empresas estão puxando o freio nos investimentos em futebol. Itália, Espanha, França, Portugal e outros tantos já estão vivendo os perigos de uma nova temporada, com muito menos dinheiro. E os jogadores sabem disso. Ontem, 6/5, na RAI, pela manhã, na transmissão do campeonato, o que mais falavam é… tal jogador vai para o Quatar; outro, para a China… ou outro ainda, para um país árabe.
É o fim de contratos que os Clubes (e os jogadores também) sabem que não serão renovados.
Aqui, pelo Brasil, a mídia (desconectada do mundo) vive publicando balanços dos últimos anos, onde aparecem todos os Clubes com aumento de receitas.
Isto é passado. O mar em que estamos entrando é outro. Veja-se que um grande número de equipes está sem patrocínios em suas camisas. Até nosso Corinthians. E muitos arrumam anúncios apenas por um ou dois jogos. Há uma evidente mudança no mercado, indicando contratos menores com as principais empresas que investem no futebol. E não nos esqueçamos da grande contribuição que deu (nos anos passados) o ex-Presidente Lula, incentivando empresas e mais empresas a anunciarem no futebol. Quase todos os Clubes receberam um empurrão do ex-Presidente para conseguirem melhores patrocínios. Sem Lula na Presidência e com uma crise econômica, o trabalho de conseguir grandes contratos de publicidade ficou mais complicado.
Além de redução em valores dos contratos de publicidade, os Clubes terão de administrar a enxurrada de jogadores brasileiros que estão voltando da Europa.
As declarações de amor à camisa (de qualquer Clube), os discursos do desejo de viver na Pátria etc serão normais nas próximas semanas. E todos aceitarão ganhar um pouco menos. O que não quer dizer muita coisa, pois ganhavam muito nos Clubes europeus em que atuavam.
Estádio
Dirigentes do Corinthians (não sei porque a Folha não publicou seus nomes) desmentiram hoje, na coluna do Painel FC, os valores que a Veja diz serem do contrato de nome do novo estádio.
O Clube, segundo o jornal, quer um valor equivalente ao contrato com o BNDES (400 milhões). Mas confirmam que as conversas com a cervejeira estão ocorrendo. Esta é uma informação que poderia trazer o nome de quem a deu. Afinal, nada há na matéria que indique necessidade de proteção à fonte.
Só se nada for verdadeiro.
O caso Oscar
O caso do jogador Oscar, com o São Paulo FC, o Inter e o empresário Giuliano Bertolucci (que quase não aparece na mídia) está a cada dia mais interessante.
Tenho acompanhado pelo Blog do Birner as excelente matérias sobre o desenrolar da lide. Recomendo-o, inclusive, aos estudantes de Direito, pois lá temos os detalhes de todo o caso. Agora, vejo que – segundo o blog – foi um parente do Ministro quem deu a liminar última para Oscar, contra os interesses do Tricolor. Ou melhor, um advogado que trabalha no Escritório de Advocacia que defende o Inter é sogro do Ministro. É um caso complicado. Por todo o lado. Mas será interessante vermos como terminará. Uma coisa o SPFC já ganhou. Pela primeira vez um jogador, que rompe o contrato, não é tratado como um coitadinho, iludido por um Clube. Neste caso, onde está o SPFC, é – para parte da mídia – um ingrato, esperto e coisa e tal.
Boleirada
(Clóvis Graciano (1907-1988), “Colheita”) (Reprodução)
Todo torcedor acha que sabe mais de futebol do que o técnico, o jogador e a Diretoria.
Esta é a regra no futebol e é isso que faz a beleza apaixonante do esporte. Muitos Dirigentes também se acham grandes boleiros, pretendendo entender de táticas, escalações de equipes e tudo o mais. Aí é o perigo. O Dirigente deve organizar o planejamento da temporada de sua equipe, acompanhando sua execução. Programação de treinos devem ser respeitadas, horário e período para tratamento médico etc. E o Dirigente deve evitar a bruta vontade de dar palpite nas escalações. Caso não esteja satisfeito com o trabalho da Comissão Técnica, deve mudar os profissionais. Neste caso, o status do Dirigente deve superar o de torcedor .
É duro, mas às vezes tem que ser feito.
O episódio da “retirada” de um jogador da concentração (e do time) pela Diretoria do SPFC é uma mostra destes equívocos no futebol.
Como diz hoje o Antero Grecco, no Estado (Sossega Leão), foi uma sequência de erros. “A imposição manda para o lixo o discurso que tão garbosamente se ostenta no Morumbi, de que se trata de um clube diferente, em que decisões são tomadas em conjunto e com base em perspectivas profissionais, modernas e o blablabla manjado”.
Foi coisa de torcedor amador.
Mas não é só no SPFC que essas coisas vivem acontecendo.
No Corinthians, um antigo Dirigente (Sr. Nesi Cury) tinha verdadeira obsessão por escalar times e demitir técnicos (sempre no vestiário). Nesi, que foi o “pai espiritual” das últimas direções do Corinthians, deixou uma marca de atraso para o Clube. Na década de 1960, demitiu o técnico Zezé Moreira no vestiário, por divergências na escalação de um jogador na ponta-direita do Timão. Saindo do jogo, o técnico demitido, disse uma das frases antológicas sobre este problema: “O Corinthians não necessita de técnico, mas de um psiquiatra para tratar a Diretoria”.
Até hoje guardo esta frase, e mantenho distância de Dirigentes com este perfil.
Equilíbrio
Os jogadores brasileiros, apoiados pela imprensa Tapuia, vivem acusando outros times de provocadores, catimbeiros etc.
Com isso, justificam seus descontroles e suas expulsões que tanto prejudicam as equipes. É uma situação sempre complicada, manter os jogadores calmos sem que “percam a cabeça” por excesso de faltas e erros de arbitragem. Este desequilíbrio foi a parte negativa do Corinthians no último jogo no Equador.
Expulsões, cartões etc, levam o grupo a perder a serenidade necessária para atuar bem.
Recordo-me do jogador Kleber que, em jogo contra o River (2003), atravessou o gramado para fazer uma falta infantil e grosseira num jogador argentino, que teria lhe dito uma expressão racista. Eram quase 40 minutos do segundo tempo. O Corinthians ganhava de 1×0; o River empatou na batida da falta e, dois minutos após, fez outro gol. Perdemos a partida e o atleta para o jogo de volta.
Tivemos que escalar um juvenil, que não aguentou a barra e também foi expulso.
Quando disse ontem que Emerson, Jorge Henrique e Castan reclamavam demais do árbitro, ficava pensando no discurso que adotariam se fossem expulsos.
É neste momento que você vê a importância de equilíbrio e de jogadores diferenciados.
Ausência
A dispensa de Adriano e o quadro de dificuldades de Liedson são os maiores pepinos que o Corinthians tem nas próximas partidas.
São dois jogadores que – em boas condições – fazem a diferença da equipe. Sem eles, ou apenas parcialmente com um deles, abre-se um buraco difícil de ser preenchido. Lamentavelmente, estas duas situações (saída de um e condição precária de outro) não foram adequadamente previstas e teremos que tocar com o que temos.
É quarta.
Edvard Munch (1863-1944) , “O Grito” (1893) (Reprodução)
Em torneio mata-mata, empatar fora é vitória, diz nossa mídia.
Com isso, deveríamos comemorar o empate de ontem, 2/5, do Corinthians, no Equador. Mas nosso técnico já disse que empatar fora, sem fazer gols, é ruim. Pelo sim ou pelo não, a decisão fica aberta para o próximo jogo no Pacaembu, onde o Timão tem plenas condições de vencer, e pronto.
No jogo de ontem, o ponto alto do Corinthians, foi a organização do time, especialmente da defesa.
O goleiro, que já havia atuado com precisão em jogo do Paulista no Pacaembu, saiu-se bem. E isso é bom, porque transmite tranquilidade a todo o grupo. O juiz foi caseiro, marca registrada dos torneios sul-americanos. Puxa a sardinha para a equipe da casa. Como os jogadores do Corinthians já sabem disso é de se esperar um comportamento equilibrado, mesmo quando o árbitro erra. E alguns jogadores mostraram problemas, dentre eles Emerson, Castan e Jorge Henrique. Reclamações em demasia levam a mais exageros da arbitragem. E eles não são assim novinhos para que não saibam disso. Com calma, cabeça fria, vamos para a vitória no Pacaembu.
E os lordes, que papelão
O Blog do Birner diz hoje que o jogador Paulo Miranda “foi tirado da concentração” por ordem do Presidente do SPFC.
Viram como é bom ler o Blog do Birner! Além de atualizar-se sobre decisões judiciais, ter informações sobre o Corinthians etc, ficamos sabendo do que ocorre no Tricolor. Ele não esclarece como o jogador foi tirado. Pelo colarinho? Pode ser. Numa viatura do Clube? Não sei.
Isso que é um Clube moderno, bem organizado. Um exemplo para a humanidade. E pelo que diz o blog , o técnico, não concordava com a Direção. Como lembra um leitor deste blog: o São Paulo é um Banco Central da Bolívia com mania de se achar ser o Federal Reserve. Nem lembrava desta frase , dita há nos. Mas é atual.
Justa revolta
O presidente Mário Gobbi ficou uma arara com a arbitragem e com as condições do jogo de ontem no Equador.
Disse que a Libertadores é pior que a várzea. Está certo, e é daí para pior. Só não deveria ter dito “isso aqui é povico”, numa crítica aos organizadores locais. Retirada do contexto em que foi dita, pode ser vista como uma crítica (um tanto pejorativa) ao povo de lá.
História mal contada
A mídia diz no dia de hoje que o ex-delegado Cláudio Guerra revela num livro que será lançado atos de barbárie dos tempos da ditadura militar (1964-85).
Diz que muitos presos políticos (dados como desaparecidos) foram assassinados e incinerados em usina de açúcar no Rio de Janeiro. Ele cita que alguns dos dirigentes do PCB (Partido Comunista Brasileiro) foram eliminados desta forma bárbara. Dentre eles cita David Capistrano (velho combatente da Guerra Civil Espanhola (1936-39)), pai do meu amigo David Capistrano, ex-prefeito de Santos, já falecido. Está mais do que na hora das Forças Armadas admitirem seus erros durante a repressão política. Como sabemos, o PCB era dissidente do regime, mas não fazia luta armada. Pelo contrário, combatia a extrema esquerda, que tinha alguns integrantes na luta armada. O Partidão dizia que era uma aventura irresponsável. E, o mais curioso, é ler esta notícia e lembrar que os grupos de luta armada classificavam seus adversários (como o PCB) de “traidores da classe operária e da revolução”.
E eles, que defendiam a luta pacífica para a mudança do regime, estavam sendo perseguidos e assassinados como nos revela o livro de Guerra.
Melhor é o primeiro jogo …em casa ou …fora
(Victor Brecheret)
O técnico Tite levantou a maior confusão ao dizer que prefere até perder por 2×1 do que ficar no empate de 0x0.
Está aí uma polêmica que nunca chega ao fim. Nos torneios de mata-mata há todo tipo de opinião sobre o melhor para seu time. Para alguns, o bom será jogar o primeiro jogo fora. Outros, acham que o melhor é fazer a partida em sua casa. Se olharmos as estatísticas veremos que há resultados bons para os dois lados.
Este problema fica agravado quando o regulamento valoriza o gol marcado fora de casa e o usa como um critério de desempate. Assim o bom torna-se jogar fora a primeira partida, mas… se marcar gols! Como diz nosso técnico, mesmo que perca o jogo. O 0x0 passa a ser um resultado ruim. Empate (ou derrota) com gols não chega a ser tão problemático.
O importante para o Timão na noite de hoje é fazer uma boa partida, marcar gols e vencer. Aí jogaremos no Pacaembu com boa vantagem. É o que esperamos.
Sem Liedson
Liedson é um grande jogador.
Não precisa provar nada para ninguém. Teve na temporada passada grandes momentos e foi decisivo para a conquista do título de Campeão Brasileiro. Como já havia sido grande, no Clube, em 2003. Nesta temporada sua condição física vem atrapalhando seu futebol. Em quase todos os jogos é possível ver da arquibancada o enorme sofrimento do jogador no decorrer da partida. É visível que não se encontra em condições perfeitas para atuar. Com sua saída da equipe no jogo de hoje, o técnico preserva o atleta e procura uma alternativa para o ataque. É uma pena sua saída da equipe. Agrava-se o fato de estarmos inseguros quanto ao seu futuro imediato. Após a saída de Adriano, a perda de um atacante como Liedson seria um duro golpe para o Timão.
Vamos torcer por sua recuperação rápida. A equipe necessita. E muito.
Retornados
Quem estiver dando uma olhada nos jornais do exterior pela internet, já sabe que muitos dos jogadores brasileiros estão na “linha de tiro” de seus clubes europeus.
Será um “liberô” geral. Até em troca do salário. Com o fim da temporada chegando é hora de fazer as contas e ver como se livrar dos prejuízos. Não acho que algum clube europeu lute para manter qualquer jogador brasileiro.
E os clubes brasileiros? Serão “aconselhados” pelos empresários locais a “excelentes” negócios para trazer ídolos ao Brasil. O pior é que os clubes daqui acreditam.
Ganhar e perder
(Pablo Picasso. “Guernica”. A 26 de abril de 1937, a cidade basca de Guernica sofreu um maciço e cruel ataque, executado pelas forças aéreas alemã e italiana. Entre 16 e 18h, centenas de bombas foram lançadas sobre o povoado de pouco mais de 5.000 habitantes. A devastação da cidade e as cerca de 1.500 mortes marcou este ataque, que serviu para a Luftwaffe testar o poderio de suas bombas aéreas, e para o ditador local, Franco, selar seu vínculo com Hitler, seu confrade germânico. A obra de Picasso traduz o horror deste episódio.)
O objetivo de todos os times é ganhar.
Mas a derrota é, quase sempre, uma possibilidade real. Vencer e perder são regra no futebol. Diferente de outros esportes, no futebol não há vencedor ou vencido antes do apito final.
Nos últimos tempos temos visto jogos, cujos resultados provocam controvérsias. A derrota do Corinthians para a Ponte Preta foi tida como inaceitável, embora o time campineiro seja da Primeira Divisão. A derrota do Barça também causou perplexidade.
Esta é a visão comum do torcedor, que quer sempre mais e que seu Clube vença.
Para vencer no futebol é preciso trabalhar bem (planejar, executar e controlar), mas todos devemos entender que há uma faixa grande de pequenos fatos que podem mudar tudo. Uma falha numa jogada, um gol perdido na hora errada, um deslize do goleiro, uma desatenção do beque, um erro do bandeira ou do árbitro etc.
Tudo pode levar a um resultado diverso do desejado pelo time ou do afirmado pela mídia.
Este aspecto imponderável é também o que dá beleza ao futebol. Nós vibramos nas vitórias e sofremos nas derrotas, mas, para os reveses devemos estar sempre preparados.
Por mais difícil que seja, no futebol, sempre conviveremos com vitórias e derrotas.
E o futuro?
(Botticelli, “A Calúnia de Apeles”, 1490)
Passou quase sem comentários a informação, vazada pelo tio de Ricardo Teixeira, de que o ex-Presidente da CBF acredita que o Brasil não vencerá a Copa do Mundo de 2014.
É informação importante, trazida pelo Blog do Perrone, e mostra um quadro ruim para nossa Seleção. A perspectiva de uma derrota seria um dos motivos da renúncia e da mudança para os Estados Unidos, organizada e executada pelo ex-Presidente. Não acredito muito que desempenho da Seleção no gramado tenha sido motivo para este gesto inédito de um dirigente esportivo. Acho que as razões foram outras. Mas não deixa de ser relevante a informação de descrédito na Seleção Brasileira por parte de seu comandante.
Não há dúvidas de que o futebol brasileiro não vive um grande momento.
É só olharmos para os campeonatos europeus que, no passado, eram dominados por grandes jogadores brasileiros que, nos dias atuais, não mostram nenhum destaque. Quase todos os brasileiros que atuam no Velho Continente têm atuações apagadas. Muitos são jogadores médios (até ruins), que foram levados por “empresários” através do “bom diálogo” com dirigentes de clubes europeus. Foram contratados pela Europa a partir de uma única referência: são atletas brasileiros. E isso, por muito tempo, foi sinônimo de excelência . Contudo, trata-se de um exército de jogadores, que saíram do Brasil quase sem ser percebidos.
Mas há também as estrelas, badaladas pelo mídia nacional. Qualquer passe, gol ou defesa desses grandes nomes são festejados por aqui. Quase sempre em imagens curtas, que não mostram a real e completa atuação do craque. Mas, mesmo estas estrelas (geralmente lembradas quando o assunto é Seleção), não estão jogando grande coisa.
Outro dia, vendo um jogo do Milan pela RAI, o locutor disse algumas vezes: “Dov´è Robinho?”. No dia seguinte jornais, rádios e TVs daqui destacavam a “grande partida” do atacante brasileiro. Kaká vive uma má fase e seu maior destaque limita-se ao twitter de seus familiares. Dizem que seu problema é físico. Pode ser, mas seu desempenho não é diferente dos de Ronaldinho Gaúcho, Adriano etc.
A maior prova de que não há craques brasileiros na Europa é a luta diária, permanente, compulsiva dos clubes europeus para emprestarem,venderem, darem seus craques para clubes brasileiros.
Com o fim da temporada europeia teremos uma grande leva de “retornados”. Todos com o mesmo discurso: de amor ao clube e à terra natal. Mas trazendo na bagagem pouco futebol.
Ainda há tempo de montar uma boa Seleção, mesmo sem grandes jogadores?
É o desafio do técnico Mano Menezes. Vamos acreditar na riqueza do futebol brasileiro, que sempre faz nascer craques. E faltam dois anos pra Copa.
99% acertado
A contratação da publicidade na camisa do Corinthians sumiu dos noticiários.
Há algumas semanas, tudo foi dado como tendo 99% acertado com uma montadora coreana. Surgiam inclusive valores (50 milhões por ano), estratégias, lançamentos etc. tudo foi falado. E, claramente, vazado pelo Corinthians. Teria sido um grito de gol antes do tempo? Pode ser. O marketing sabe que o maior impacto vem do silêncio. Quanto aos vazamentos, estes são muitos, fazendo a coisa perder força. Vamos torcer para que o silêncio das últimas semanas seja indicativo de que o Clube negocia um bom contrato.
É aguardar.
Choque de direção
(Carybé. “Feira de Água de Meninos”) (Reprodução)
São muitos os que defendem que os times brasileiros contratem técnico estrangeiros para nossas equipes.
Um choque na direção de nossas equipes viria, segundo essas pessoas, com profissionais não vinculados aos vícios de nosso futebol. Não há dúvida de que muitos de nossos problemas estão nos bancos dos times. Bem remunerados, como são os brasileiros, não alteraria muito as finanças dos Clubes se técnicos de fora do Brasil fossem contratados. Juca Kfouri radicaliza, no dia de hoje, 25/4, e, em seu blog, defendendo a contratação de Guardiola para a Seleção Nacional. Aí já acho difícil.
Não há dúvida que uma mudança traria um sopro de renovação ao nosso futebol, que anda precisando tanto de mudanças (inclusive dentro de campo).
Para a evolução técnica do esporte seria positivo novas formas de atuar, novas táticas, e novas técnicas de treinamento. Certamente, os italianos ajudariam muito nossos defensores a melhorar sua maneira de atuar. Ganharíamos mais eficiência na defesa. Técnicos argentinos, espanhóis, sérvios etc poderiam muito contribuir para o progresso de nosso futebol.
Mas, diferente do que pensa o Juca, isso deveria iniciar-se pelos Clubes.
E com técnicos de várias nacionalidades. Afinal, não vamos acreditar nesta bobagem que só por aqui se joga um bom futebol. Ajudaria os Clubes, também, na redução de salários dos técnicos brasileiros, que são incompatíveis com a condição econômica das agremiações.
A chegada de técnicos estrangeiros seria um vento renovador para nosso futebol. Mudaria inclusive a relação com a imprensa. Talvez aí esteja um problema grande pela frente.
CBF em mudança
A interferência do novo Presidente, José Maria Marin, na preparação de nossas seleções já está chegando em todas as áreas da entidade.
Após a sua ordem, que vai querer a lista de jogadores convocados para a Seleção em 48 horas antes de sua divulgação (para estudar, certamente), o novo Presidente mostra que já opina sobre tudo. O técnico Mano Menezes – como era esperado – não reagiu à comunicação na imprensa sobre convocações. Ficou mudo. Como também não falou nada o Diretor de Seleções, Andrés Sanchez, mesmo sabendo que a ordem foi mais para ele do que para o técnico. Mas o presidente Marin avança. Até nas questões de imprensa. E na política encontrou o caminho que chega ao Governo: o vice-presidente Michel Temer. São-paulino roxo, fala – e muito – com o Presidente da CBF. Com isso, o tradicional esforço dos cartolas de aproximação com o ex-presidente Lula ou com o Ministro do governo Dilma foi substituído por uma via sem intermediários, que o Presidente Marin conhece bem. Pode não ser a melhor. Mas é a dele.
Valha-me, São Jorge!
Que semana complicada para os times que gozam a proteção de São Jorge!
No domingo, foram o Corinthians e o Genova. Ontem, o Barça. Deve estar ocorrendo alguma briga feio contra o dragão, lá nas alturas. Por aqui o Corinthians deve seguir a máxima dos beneditinos: Reza e trabalho.
É o caminho.
O chá dos co-irmãos
(Anita Malfatti, “A Boba” (1915-16))
A mídia informa que, ontem, numa churrascaria, os quatro maiores Clubes da Cidade (Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos) fizeram as pazes.
Em tom conciliador, o Presidente do São Paulo FC, Juvenal Juvêncio, e o ex-Presidente do Corinthians, Andrés Sanches, falaram, especialmente, da necessidade de união dos Clubes. Não há qualquer surpresa nisso tudo.
A relação do grandes clubes sempre foi marcada por uma política, digamos assim, de “duas faces”. Uma pública, onde o Dirigentes fazem provocações e até críticas aos adversários, e outra – reservada, onde se abraçam, combinam tudo, e justificam suas declarações públicas. Esta é a linha adotada por todos.
Inclusive pela atual Direção do Corinthians.
O único beneficiado por esta relação hipócrita é o São Paulo.
Ele junta todos e exerce uma liderança imposta por uma alegada superioridade cultural, pessoal, postural, econômica etc. É um engodo que favorece aos tricolores e o maior prejudicado sempre é o Corinthians.
E isto não é de hoje. Recordo-me, quando era Diretor de Futebol, recebia críticas por todo lado (inclusive dentro do Timão) pela minha postura diante do SPFC.
O grupo do vice Nesi Cury, do qual a Direção do Corinthians dos últimos 4 anos é ramificação, exercia uma cobrança quase diária pela relação com o São Paulo. A cada fato era dito “precisamos respeitar o São Paulo” , “o SPFC é nosso co-irmão”, “vou ligar pro fulano, presidente do SPFC e explicar …” . Esta linha era majoritária no Clube e nos colocava em um posição subalterna perante um de nossos adversários. O auge do equívoco era narrado pelo Sr. Nesi e companhia, fora um jantar oferecido, nos anos 60 no Parque São Jorge, para o Presidente do São Paulo, Laudo Natel. Entre elogios e palmas foi decidido que muitos conselheiros comprariam carnês da construção do Morumbi, bem como cadeiras cativas. Sempre fui duro crítico deste jantar e não perdia oportunidade de falar da vergonha dele ter ocorrido. Mas esta relação “amistosa” com o São Paulo sempre foi a marca do grupo. Recordo-me do Campeonato Paulista de 2003, quando a Federação queira (porque queria) ver o São Paulo campeão. Com um regulamento confuso, deu interpretações todas favoráveis ao SPFC. Nós reagimos, embora internamente muitos defendessem que deveríamos ficar calados. Tive que assumir, por um dia, a Presidência do Clube para encaminhar um recurso a um órgão da Federação que decidiria sobre a matéria. Sabíamos que perderíamos mas, a partir daí, poderíamos recorrer à CBF e lá o jogo seria outro. Foi o que ocorreu. No julgamento, em São Paulo, todos os Clubes votaram contra o Corinthians e a favor do Tricolor. Até o Palmeiras, que se dizia inimigo dele. A reunião serviu, no entanto, para que pudéssemos recorrer ao Tribunal da CBF. Serviu, também, para que se pudesse dizer, que, naquele momento eu me lembrava que o Corinthians fora o único Clube solidário com o Palestra, quando queriam (quem?) tomar o Parque Antartica. Relembrei a reunião do Conselho Corinthiano e os membros da delegação que foram até a Rua Turiassú levando nossa solidariedade. Foi um constrangimento geral.
Mas recorremos, ganhamos no Rio e principalmente vencemos no campo, para desespero do tricolor.
Nos últimos 5 anos, a política do Corinthians não foi muito diferente, embora, para efeitos públicos, houvesse brigas para cá e para lá.
Brincadeiras de “bambi”, uma ou outra crítica, eram seguidas de telefonemas para a Direção Tricolor, conforme os própios dirigentes do SPFC vazavam para a mídia. Era a mesma politica de “duas faces”, que os cartolas tanto gostam. No entanto, com aquele episódio dos ingressos, houve um certo momento onde o atrito (que deveria ser permanente) aflorou. Pressionados pela torcida, e diante de uma decisão equivocada dos tricolores, a Direção corinthiana teve um momento de radicalização. Isso não impediu, no entanto, os permanentes elogios ao marketing e à estrutura do SPFC. Mesmo na questão do estádio, o Corinthians apoiou o SPFC para a reforma do Morumbi. Aquela cerimônia no gramado do estádio com o Presidente Lula, a Direção do São Paulo e outros dirigentes teve como seu maior destaque o ex-Presidente do Corinthians, Andrés Sanchez. Somente com a posição firme – e correta- da Fifa a questão do estádio teve outro encaminhamento.
E nisso o Presidente Lula foi o motor que mudou o quadro.
Ao se reunirem, em almoço (poderia ser um chá), os Dirigentes, especialmente do Corinthians, subscrevem uma política errada, que dá a liderança ao São Paulo.
Não há qualquer motivo para não mantermos distância de nossos adversários. Até a questão da TV não necessita mais de “união de Clubes”.
É cada um por si e a Globo do outro lado.
Nem a Diretoria passada, que adotou o esquema de “duas faces” na relação com o São Paulo, nem a Diretoria atual, que – sinceramente – não mantem nenhuma postura para confrontar-se com o Tricolor, agem de forma correta com os interesses do Corinthians. Sou contra ficar fazendo qualquer provocação barata entre os grandes Clubes, mas sou especialmente contra criar-se esta geleia geral onde todos são irmãos e iguais. Nada disso!
É confronto e pronto.
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